Seu peito doía unicamente por imaginar que teria de abrir mão de seus planos, objetivos e sonhos. No entanto, por mais que ansiasse estar ao lado de Sasuke e se vingar de sua “família”, Naruto jamais sacrificaria um inocente.
O pequenino não tinha culpa por crescer dentro de alguém como ele, que até pouco tempo atrás, nem sabia o que era amar e ser amado.
E embora compreendesse que não havia nada de errado consigo ou com suas escolhas, o Uzumaki era incapaz de se desfazer daquele bebê.
— Amor, o que aconteceu? – Suas mãos repousaram sobre seu ventre, temendo que o moreno o comparasse à irmã e exigisse que ele fizesse um aborto.
— E-Eu vou manter o meu filho! – Sua voz saiu trêmula, evidenciando o receio que inundava seu pobre coração.
— Nós iremos, meu amor. — As mãos gélidas do maior tocaram sua face com ternura. Gesto que o aqueceu por dentro e lhe trouxera um pouco de paz. — Quem te disse o contrário?
— E-Estou com medo. – De olhos fechados, confessou em um tom quase inaudível.
— Eu também, Naru. Mas, tenho certeza que conseguiremos passar por tudo isso juntos. – Entendendo a fragilidade de seu loirinho, Sasuke beijou-o castamente e continuou acarinhando o rosto bronzeado até que o menor adormecesse.
***
— Como ele está? – O patriarca da família Uchiha inquiriu ao se aproximar do filho, que velava o sono da “mãe” de seu neto ou neta.
— Abalado, pai. Ele chorou até a medicação fazer efeito. Provavelmente, pensou que eu o deixaria ou qualquer coisa do tipo. – O mais novo comentou num tom pesaroso e um tanto magoado, dado que, jamais abandonaria o homem que tanto amava.
— Isso é um absurdo! — Fugaku exclamou de modo contido, se controlando para não perturbar o sono do genro grávido, ao mesmo tempo em que se recusava a crer que o loiro duvidou dos sentimentos de seu caçula. — Até um cego percebe que você é apaixonado por ele.
— Pai, a família do Naru nunca foi amorosa com ele. Sempre o trataram como um empecilho. E em virtude disso, ele tem dificuldade em enxergar o quanto as pessoas o amam. – O acadêmico de Direito justificou a reação do amado, que não era culpado por ter crescido em um ambiente hostil e cruel, ladeado por seres desprezíveis que sequer lhe deram amor.
— Que lamentável! Pois diferente de Karin, ele é um homem muito esforçado, inteligente e trabalhador. – O advogado admirou ainda mais o jovem Uzumaki, que apesar das dificuldades financeiras, conseguia se manter entre os melhores alunos de seu ano.
— Sim, ambos nem parecem partilhar um laço de sangue. Aquela lá é uma cobra peçonhenta, igual aos Uzumaki, enquanto o meu Naru é um anjo na terra. – Os olhos de Sasuke brilharam como dois faróis quando repousaram sobre o corpo adormecido de seu sol.
***
— Naruto Uzumaki ficará em observação por essa noite e receberá alta hospitalar pela manhã. – O médico especialista pontuou depois de ter avaliado os resultados do hemograma que solicitou horas atrás.
— Contudo, lembrem-se que ele precisa de tranquilidade, além de evitar discussões ou qualquer situação que venha o pressionar. – Preocupado com o bem-estar do paciente, ele utilizou um tom que não dava margem para contestações.
— Faremos o possível e o impossível para que o meu namorado tenha uma gravidez calma e muito feliz. – Um sorriso caloroso surgiu nos lábios finos do mais novo, que estava a ponto de saltitar de felicidade por estar tendo um filho com a pessoa que havia conquistado seu coração.
— Amanhã estarei lhes passando as recomendações necessárias. No entanto, o pré-natal deve ser iniciado o mais rápido possível. – O Yamanaka afirmou com os olhos azuis brilhando em admiração, tocado com o comportamento maduro e extremamente protetor do moreno a sua frente.
— Desse modo, minha equipe conseguirá montar um acompanhamento mais adequado para o caso dele. – Finalizou ao sorrir minimamente, satisfeito com o atendimento realizado por aqueles que trabalhavam consigo.
— Desculpe-me pela intromissão. Mas, não deveríamos procurar um especialista em gravidez masculina? – Mikoto questionou ao olhá-lo nos olhos, almejando que o loiro grávido fosse assistido pelos melhores profissionais.
— Posso aparentar ser jovem, porém sou obstetra e ginecologista há quase dez anos, e sou um dos treze especialistas nesse tipo de gravidez. – O médico loiro explanou com altivez, compreendendo que a mulher pensava na saúde do Uzumaki.
— Quer dizer que o meu genro está em ótimas mãos? – A matriarca da família Uchiha sentiu como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros, pois, não se perdoaria se algo acontecesse ao doce loiro que gestava seu neto ou neta.
— Creio que sim. Enfim, evitem elevar o tom de voz e permitam que ele acorde em seu tempo, ok? – Deidara nem se deu ao trabalho de ocultar sua animação, afinal de contas, eram raras as vezes em que conseguia pôr em prática toda a experiência adquirida na Universidade de Harvard.
[...]
Na manhã seguinte – Mansão Uchiha
Passou a noite em claro, velando o sono do amado, que dormiu feito um anjo. E quando, finalmente, os primeiros raios solares iluminaram aquele quarto, Sasuke esperou até que seu loirinho teimoso acordasse.
No segundo que as belas esferas azuis de seu homem se abriram, ele seguiu as instruções do médico, e auxiliou o menor no banho e na hora de vestir as roupas trazidas por sua mãe.
Durante o trajeto até a casa de seus pais, o Uchiha desejou esclarecer as coisas entre eles. Mas sabia que não era o momento.
Então, não querendo pressioná-lo, Sasuke se manteve em silêncio e respeitou o espaço de seu sol.
— Naru, você quer comer alguma coisa? – Ajudou sua raposinha a sair do carro e conduziu-o até a entrada da suntuosa residência de sua família.
— Sinto-me enjoado, Sasu. – Respeitou o ritmo lento do menor e se manteve atento a qualquer mudança no semblante do mesmo.
— O remédio para enjoo levará alguns minutos pra fazer efeito, amor. — Seu coração se enchia de ternura toda a vez que olhava para o Uzumaki. — Quer descansar um pouco mais?
— Eu não queria. Porém, sinto que vou capotar de sono a qualquer momento. – Um leve rubor cobriu as bochechas de Naruto quando sentiu o corpo do maior contra o seu. O segurando como se ele fosse o ser mais precioso do universo.
— O-O que você tá fazendo, Sasuke?! – Quase morreu de vergonha ao ser carregado pelo moreno, que ignorava as risadas dos empregados.
— Te levando pro nosso quarto, meu amor. – O Uchiha beijou-o docemente antes de subir pela vasta escadaria com sua pessoa preciosa nos braços.
— O que ele veio fazer na MINHA CASA?! – A ruiva bufou de raiva, ansiando escorraçar aquela aberração para bem longe dali.
— Cobra...Quer dizer Karin, a casa pertence aos meus pais, não a ti. Então, pare com o teu show porque a única intrusa interesseira aqui é você, sua mocreia! – Sasuke reverberou num tom venenoso, satisfeito ao pôr aquela golpista em seu devido lugar.
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