História Jealous - Jealous

JEALOUS

Will POV

O que Jason tinha para roubar tanto a atenção de Nico? Quantas missões perigosas para salvar o mundo eu tinha que completar até ser tão bom quanto o filho de Júpiter, ou mesmo que Percy Jackson?

Argh! Meu humor azedava só de pensar em Percy. Ele era um cara legal, corajoso, tinha bonitos olhos verdes? Que ótimo! Como eu poderia competir com alguém tão bom?

Tudo bem que Nico já era meu namorado e eu deveria estar seguro do amor dele por mim. Só que como eu deveria me sentir tendo que competir todos os dias com os grandes heróis do acampamento?

Jason e Percy já haviam rodado o mundo lutando contra os mais diversos monstros para salvar o que chamamos de casa, enquanto eu só servi para correr e assobiar na guerra contra Gaia.

Sejamos sinceros, eu não era nada comparado aqueles dois.

Não era comigo que Nico treinava arco e flecha, era com Jason Grace. Nem para ensinar meu namorado o dom de meu pai eu prestava, pois nem lutar eu sabia. Não era comigo que ele treinava luta, era com Percy Jackson, pois eu era um inútil quando se tratava de lutas.

Quiron dizia o tempo todo que eu era o melhor curandeiro do acampamento, senão eu nem seria conselheiro chefe do chalé de Apolo, mas de que adiantava se era com eles que Nico preferia ficar?

N&W

- Oi Raio de Sol - Nico disse encostando no batente da porta da enfermaria. Ele era a única pessoa que conseguia falar um apelido tão feliz com uma voz tão monótona, mas eu o amava por todas as particularidades daquele ser sombrio que eu chamava de namorado.

- Oi - eu não me virei para olhá-lo.  Não queria que ele visse meus olhos marejados. Seria no mínimo vergonhoso ter que explicar que eu estava morrendo de ciúmes dos tão próximos amiguinhos dele. 

- Tá tudo bem? - ele perguntou se aproximando e se encostando nas minhas costas. Era engraçado de se ver, já que ele era menor que eu. Era fofo quando ele me ameaçava por eu ficar tirando vantagem disso. Percy também ria dele quando colocava a espada mais alta do que ele conseguia alcançar.  As ameaças infundadas que me faziam tão feliz não eram exclusividade minha.

Minha vontade era de afundar no chão e sumir, mas só coloquei um sorriso quase verdadeiro no rosto e me virei confirmando que estava tudo bem. Ele sorriu também. Até uns meses atrás, ele mal sorria. Só comigo que ele abria o mínimo repuxar de lábios. Até Jason Grace começar a fazê-lo sorrir também. Nem o lindo sorriso de Nico era um privilégio só meu mais.

- Claro, amor - ele revirou os olhos. Ele odiava quando eu o chamava assim. Sem romantismo falso, por favor, ele dizia. Mesmo que Raio de Sol fosse tão romântico quanto - o que faz aqui? Não devia estar treinando com Percy?

Me esforcei o quanto pude para não demonstrar minha repulsa àquele nome. 

- Eu me cortei - ele disse mostrando seu braço com um corte na altura do biceps não tão definido - Percy e Jason tentaram estancar o sangramento, mas eles não são nenhum curandeiro, então eu vim aqui.

Quer dizer que Percy e Jason haviam tocado em meu namorado?

- Claro,  Percy Jackson tocou em você - as palavras saíram antes que eu pudesse frear. Nico olhou curioso e questionou com o olhar sobre o que se tratava aquele tom sarcástico que eu havia usado.

Eu saí do abraço dele.

- Nico, é sempre eles! - eu gritei e ele se assustou. Eu tentava sempre manter um sorriso idiota no rosto. Acho que nunca havia gritado com alguém perto dele depois de Octavian - Percy fez isso, Jason fez aquilo! Seu namorado sou EU! Você ainda se lembra disso?

Nico continuou me olhando enquanto eu saia da enfermaria pisando duro. Eu estava errado de ter falado daquele jeito com ele? Estava! Uma hora eu ia acabar pedindo desculpas, mas não seria agora.  Ele tinha que saber como eu me sentia.

Por um momento ele pensou que eu só queria algo que fosse só nosso? Se seu sorriso não era só meu, nem as ameaças engraçadas eram, o que sobrou pra mim?

N&W

Dois dias haviam se passado.  Nico não se sentou na mesa de Apolo. Ele se sentou na mesa de Zeus, com Percy e Jason.  Mesmo depois de eu ter dito aquilo ele ainda andava tão próximo deles. Era como se eu não tivesse dito nada, como se estivesse tudo bem entre nós dois.

O pior daquele dia foi Jason Grace e Percy Jackson chegando com aqueles rostinhos tão bonitos na enfermaria.

- O que você fez com Nico? - Jason perguntou bravo. Como se ele tivesse algum direito de estar bravo. Era eu o namorado trocado ali. Piper não o estava tocando pelos amigos como o meu namorado fazia. Annabeth também não o fazia com Percy. Que direito eles tinham de me julgar?

- O que eu fiz? - Larguei as gazes sobre a mesa e tentei manter a coragem enquanto enfrentava os dois - eu não fiz nada! Quem fez foi ele! Quem passa o tempo todo com vocês dois é ele, quem ele pensa primeiro até na hora de fazer um curativo é em vocês. E vocês ainda perguntam o que eu fiz? O que vocês tem que eu não tenho, afinal?

E Percy riu. Sim, ele riu das minhas palavras revoltadas.  Jason o acompanhou, o que me deixou ainda mais possesso.

- Você está com ciúmes de nós? - Jason perguntou rindo - Cara, isso nem faz sentido! Ele te ama tanto.

- Se amasse tanto assim não ficaria se jogando tanto pra cima de vocês. - eu continuei com raiva - tudo o que era só nosso, não é mais. A gente não tem mais nada que seja só nosso, porque tudo que era mais íntimo de nos dois ele faz com vocês. Aquele sorriso que só eu conseguia arrancar, foi comigo que começou às brincadeiras com a altura dele e agora ele divide esses momentos. Até os curativos dele vocês fazem!

Jason e Percy se olharam, antes de tentar em dizer algo.  Foi Jason quem começou a falar. Eu não queria escutar desculpas por eles terem roubado tudo que era mais íntimo entre eu e meu namorado.

- Eu gosto de ver Nico sorrir também, Will - ele falou e isso só fez meu ciumes aumentar - mas sabe qual foi a primeira vez que eu vi ele sorrir tão aberto assim? Foi no dia que ele chegou perto de mim pra dizer que você havia pedido ele em namoro. Ele nunca sorriu pra mim do jeito que eu vi ele sorrir pra você quando ele finalmente disse que aceitava.

Eu queria odiar Jason, mas não dava pra ter algo além de admiração por alguém que fez Nico aceitar meu pedido de namoro.

- E eu só fiquei sabendo o quanto ele ficava irritado por ser tão baixo porque ele veio reclamar que queria ser mais forte e mais alto, pra ser mais bonito pra você. Porque ele sempre quis ser alguém que irá te proteger e ser seu herói, já que você se recusa a machucar alguém com uma espada.

Desse jeito fica muito difícil odiar esses dois.  Eu já havia entendido que eu estava errado.

Não devia ter duvidado de Nico e seu amor..

- E no dia que ajudamos com o corte, foi porque ele não queria ter que vir aqui. Ele não queria que você achasse que ele é fraco. - Jason ainda disse.

Eu nunca acharia isso. Baixinho, marrento e sombrio foi como eu me apaixonei por Nico.

Tá, talvez eu tenha sido um idiota!

Algumas ameaças depois, eles saíram dali, me deixando sozinho a pensar um jeito de falar com Nico.

N&W

- Amor - eu chamei baixo na porta do chalé de Hades.

Nico sempre reclamou da decoração do chalé. Quando terminou a guerra contra Gaia, ele mudou a decoração e agora parceria menos a casa de um vampiro. Tinha um sol desenhado no lado da cama dele, era eu quem tinha feito. Era a única coisa ali que não era preto, cinza ou branco.

Ele abriu a porta no segundo que eu ia bater. Estava lindo com a camisa preta do Guns N' Roses e aqueles jeans rasgados no joelho que eu havia dado.

- Oi, posso entrar? - perguntei.
Ele não respondeu. Só deu um espaço para eu passar. A vontade era de puxar Nico pra mim e roubar um beijo. Eu estava a dois dias sem aí menos tocá-lo! Mas me controlei e só disse baixo pela vergonha.

- Você me desculpa?

- Você nunca gritou comigo - ele falou também baixo - eu não me esqueci que você é meu namorado. Eu me lembro disso todos os dias. E é por isso que eu me levanto com um sorriso idiota no rosto. Não é por causa do Jason e nem de Percy. É por causa de você.

Foi só então que eu puxei meu namorado e o dei um beijo urgente, rápido e todo cheio de amor.  Agora eu via o quão idiota eu tinha sido de imaginar que não havia algo que fosse só nosso. Havia sim.

E o que era só nosso era o amor.

FIM