Os intelectuais de Westeros costumavam se reunir apenas na Cidadela, localizada na Campina. Porém, na última década, com as constantes inovações feitas pela Fundação Speedhorse, as academias desta passaram a ganhar mais prestígio. A de Porto Branco era considerada a melhor instituição acadêmica de todo o reino, e pessoas vinham de toda parte para tentar conseguir uma vaga. Isso não impedia que alguns de seus estudantes ficassem insatisfeitos.
- Aqui há apenas três quartos da quantidade de livros que há na Cidadela…
Nycoler Machavellis era um desses. Havia vindo do outro lado do Mar Estreito para estudar, e queria ir para Vilavelha. No entanto, seu pai o colocou na Academia Speedhorse de Porto Branco, por ser mais próxima de Tyrosh, sua cidade natal.
“Pare de reclamar sobre você ter passado em uma instituição boa e mais perto de casa. Em minha época, minhas únicas opções eram ficar sem escolaridade ou estudar em Braavos”.
“E as outras cidades-livres?! E a nossa?! Por que tudo tem que acontecer em Braavos?!”
“Porque Lys só tem puta e Volantis só tem retardado?” Senhor Bennad Machiavellis o respondeu com uma pergunta.
A Cidadela já formou os melhores meistres e intelectuais do reino. Quem importante essa tal ASPB já formou? Seu pai deu graças aos deuses por não ter o colocado na Campina, pois agora a mesma estava sob ataque da frota Greyjoy. As academias da Fundação Speedhorse estavam seguras, por ora, mesmo ameaçadas pelos Boltons.
Nycoler odiava isso. Odiava aquela divisão do reino em várias regiões praticamente independentes, com seus exércitos próprios, em um cenário totalmente suscetível ao caos e à barbárie. E era isso o que ocorria. Em todas as guerras e disputas pelo trono que ocorriam em Westeros, os reinos abusavam de seu poder, se aliando com outros para colocar no trono um usurpador que lhes fosse mais favorável. Isso nunca ocorreria, se esses protetores regionais não tivessem tanto poder.
Nas cidades-livres de Essos, a situação era pior. Não havia nenhum símbolo de unidade maior entre as nove filhas de Valíria, e tinham guerras mais frequentes do que os reinos de Westeros. Questões como essa eram discutidas na mesa da taverna da cidade.
- Se vocês tivessem que escolher qualquer pessoa, viva ou morta, da história recente para governar Westeros, quem seria? - perguntou aos colegas.
- Então, eu escolheria Rhaegar Targaryen – disse um dos veteranos. - Acredito que ele era uma boa pessoa.
- Ele sequestrou e estuprou a Lyanna Stark – outro colega entrou na discussão.
- Já discutimos que isso talvez não seja verdade – o veterano pontuou. - Eu tenho estudado sobre a Casa Targaryen e devo fazer um artigo sobre isso aqui na academia. Rhaegar acreditava na tal profecia do Dragão de Três Cabeças, e então viu que precisava ter três filhos. Porém, sua esposa tinha problemas de gravidez e não poderia ter mais crianças, e então ele seduziu Lyanna e queria fazê-la mãe de seu terceiro filho. Ele ouviu que da linhagem de Rei Aerys II nasceria o Azor Ahai, que tiraria o mundo da escuridão. Tudo o que Rhaegar fez foi porque queria salvar o mundo.
A mesa de cinco pessoas ficou em silêncio. Nycoler olhou um dos colegas tomar outro gole de cerveja e então responder:
- Bem, se ele realmente queria salvar o mundo e precisava ter outro filho para isso, por que ele não simplesmente pegou uma mulher qualquer? Tipo uma prostituta? Precisava ser especificamente a Lyanna Stark? Ele causou uma guerra por conta disso.
- Ele não causou a guerra de fato, foi só um dos motivos – contrapôs o teórico de Rhaegar. - A guerra já tava para rolar, e o motivo real foi por Aerys ter queimado vivos Lorde Stark e os herdeiros do Norte e do Vale…
- Sim, e isso só aconteceu porque eles foram atrás da Lyanna. Imagino que Rhaegar saberia das consequências de sumir por aí com uma mulher nobre e comprometida.
- Ainda mais que o pai dele era chamado de “Rei Louco” - o outro completou.
- Tinha isso também. Ele colocou a família dele em risco por correr atrás de profecias e deu no que deu – bebeu outro gole e fitou o teórico. - Então eu pelo menos não o escolheria como meu governante.
Como Nycoler Machavellis imaginava, seus colegas estavam presos à visão moralista dos Deuses. Mas seguir seus ensinamentos, ser gentil e solidário era algo que definia alguém como um bom líder? Imaginava que não. Um príncipe deve ser inteligente. Com “príncipe”, referia-se a governantes em geral, já que havia títulos diversos em cada lugar do mundo. Ele deve ser pragmático, astuto, soberano e de autoridade inquestionável. Sim, são essas as virtudes de um bom líder.
Era nisso que estava trabalhando há meses, e queria trazer a discussão para a academia quando fosse a hora certa. No momento, continuou a conversar com eles, mas continuou sóbrio. Se havia algo que Nycoler odiava, eram beberrões. A Cidadela é uma instituição renomada com centenas de anos de história. Duvido que, após anos de estudos, você ainda encontre vagabundos como estes de Porto Branco. A bebida não lhe irritava tanto quanto a falta de apreço deles pela própria carreira intelectual. Embora ele começasse a discutir algo sério, em seis falas de conversa o assunto era mudado para outro genérico.
- Essa fixação de Rhaegar e Robert na Lyanna parece um cara que não tem capacidade mental de esquecer a ex – disse um colega.
- Ei, Nycoler – outro o chamou. - Falando nisso, a senhorita Mariyett Corsennys perguntou por você.
- Poxa, ele ainda não tá dando atenção para a pobre moça? Toma cuidado, que se você demorar demais a tentar algo, quando chegar nela ela já vai ter deixado de ser donzela.
Os estudantes riram enquanto ele bufou. Odiava quando falavam sobre mulheres. Para Nycoler Machavellis, o que acontecia com o país durante o governo do príncipe, situações de sorte ou azar, formavam o conceito de Biarves, algo que o príncipe poderia usar ao seu favor. E nisso, exemplificava dizendo “A Biarves é como uma mulher e convém, se a queremos subjugar, batê-la e humilhá-la”. Aguentou a discussão por mais um tempo e se retirou, dizendo que voltaria aos estudos.
Em seus aposentos, se viu novamente com o seu livro em progresso. Ele precisava de um título, algo que desse a ideia geral do que se tratava. Pensou que, ao centro disso tudo, quem estava era o próprio governante. Então nomeou seu livro: O Príncipe.
Oberyn Martell fitou novamente o rosto do marido de sua irmã.
- Finalmente apareceu… - dos degraus da escada, o chamou no topo. - Rhaegar!
Ele respondeu batendo três palmas.
- Parabéns, Oberyn – tinha um sorriso breve e sedutor colado ao rosto. - Você conseguiu vingar sua irmã e os filhos dela, e chegar até aqui em segurança.
Oberyn cuspiu, abrindo um sorriso irônico. Mas não se enganava, por dentro estava em chamas.
- Você sabia do assassino deles, e mesmo assim o empregou para si. Desprezível – pôs a palma da mão próxima ao peito. - Se quer me presentear pelo feito, por que não me dá sua vida?
Assou o nariz na cortina, borrando esta com sangue. Rhaegar semicerrou os olhos, mas começou a dar uma risada, mostrando um dedo.
- Darei-lhe uma chance como consideração por meu matrimônio a Elia. Dobre seu joelho, e deixarei que sirva a mim novamente. No entanto, se quiser morrer, basta apenas subir os degraus.
O dornês se enfureceu com a proposta.
- Quando eu o conheci, no casamento de minha irmã, já tive uma má impressão sua, por ter servido à minha família uma merda açucarada que você ousou chamar de vinho. E quando eu o reencontrei, quase duas décadas depois, ainda estava revoltado por nunca terem trazido justiça à morte de Elia, e me deixei enfraquecer. Daquele dia em diante, passei a viver como um perdedor, um pau-mandado juramentado a alguém sem qualquer valor. Isso é pior que a morte! - dizia isso enquanto o Targaryen apenas o assistia, na mesma posição de antes. - Uma vida em que sou usado por você, como um soldado imaculado! - cuspiu na cortina, e logo a soltou. Então fitou Rhaegar com determinação. - Mas agora, eu não me sinto abalado. Tudo o que sobrou foi o meu instinto de luta. Conhecer o Lorde Arryn, embarcar nessa viagem e, pela primeira vez, lutar por algo que em que realmente acreditava, dando sangue e suor contra oponentes, presenciando a morte de amigos, tudo isso e continuei insubmisso, não curvado e não quebrado!
Rhaegar lambeu os lábios.
- É verdade? Então, basta subir a escada.
Oberyn moveu a perna que não estava ferida e deu um passo. Rhaegar riu.
- Entendi, entendi, Oberyn! Haha… - cruzou os braços e o observou lá de cima. - Você dobrou o joelho, o que significa que quer se aliar a se Darilaros Rhaegar!
Não entendeu o que o homem queria dizer com aquilo, e então olhou para o chão. Seu joelho estava em contato com o degrau da escada, e seu corpo curvado. Evitou que Rhaegar sentisse algum medo vindo de si e se levantou, novamente dando passos para cima. Porém, de novo apareceu ajoelhado, no lugar que havia saído.
- O quê?! - questionava as próprias pernas e a escada. - Mas… Eu tenho certeza de que subi um degrau!
- O que foi? Você está hesitando, Oberyn… Seria essa hesitação um sinal de que está com medo? - perguntou, deixando o dornês ainda mais tenso. - Ou será que você tem a impressão de que está subindo as escadas, mas o seu sentimento interno de lealdade por mim é tão forte que está se ajoelhando inconscientemente?
- Impossível! - ele gritou. - E-Eu sei que subi as escadas!
Correu para cima, e novamente apareceu ajoelhado. O que está acontecendo? Isso é um stand? Não, não pode ser esse… Lembrou-se da carta primária do baralho do maegum, com a representação de um homem jovem e belo, com uma coroa modesta, trajes de ouro e uma espada. E vendo o Targaryen agora, só pensavam nisso. O stand de Rhaegar… O Príncipe! Sentiu uma pressão vindo da aura dele, maior do que havia sentido de Estrela Negra ou de qualquer outro inimigo. O que está havendo?
Carta: o – O Príncipe
Usuário: Rhaegar Targaryen
A primeira carta da seção dos homens e do baralho do Maegum, representa a figura central da sociedade. Não apenas no sul de Westeros e Essos, onde esse jogo se popularizou, mas no mundo todo, cada nação precisa de uma figura maior, alguém que a lidere, faça suas instituições funcionarem e garanta a paz. Nessa categoria se enquadram o Rei dos Sete Reinos de Westeros, o Almirante de Braavos, o Príncipe governante de Pentos, os príncipes das Ilhas de Verão, a Tríade de Volantis, o khal de cada khalasar do Mar Dothraki, entre outros. “O stand reflete a personalidade de seu usuário” havia dito Cão de Caça, e sua mãe, Maggy Clegane, tinha o mesmo pensamento. Rhaegar, o exilado Príncipe de Pedra do Dragão, ter ganhado essa carta, foi apenas o destino lhe dando o sinal de qual seria seu caminho. Embora não tivesse essa informação na carta em si, Maggy dizia que ele havia a recebido por ser o lendário Príncipe que foi Prometido, que na tradição westerosi era alguém que um dia salvaria o mundo da escuridão.
- Oberyn, você já chegou a refletir sobre a condição camponesa? Eles vivem esperando apenas em colheitas boas, filhos saudáveis e um longo verão – foi caminhando até se sentar em uma cadeira almofadada, feita com madeira de Sothoryos e detalhes em ouro. - Todos eles buscam algo mais, invejando os grandes senhores e reis. Os homens entram em suas guerras sem sentido, as mulheres viram seus amantes, almejando algum espólio disso, qualquer tipo de riqueza que os faça poder sair de seu estado. Se colocando um degrau acima dos comuns, eles alcançam seu objetivo final, que é ter uma paz de espírito.
Sentado e observando seu hesitante súdito de cima, o príncipe continuou.
- Você não é um camponês, é um príncipe de Dorne. Mas o que fará de sua vida quando sair daqui? Voltará para sua terra natal e ser envolvido na guerra sem rumo de Westeros, que seu irmão logo deverá querer entrar? Ficará com a companhia de filhas rebeldes, que têm desgosto por ti? Ou sairá novamente para lutar pequenas guerras em Essos? Está com pouco mais de quarenta anos, se não me engano. Acha que quando encontrarem seu corpo aleijado, desgastado pela idade e morto, o mandarão de volta para casa? - seus argumentos eram lançados como flechas em alvos parados. - Sabendo disso, por que ainda hesita em me servir, Oberyn? Comigo, você poderia obter sua paz de espírito facilmente. Não lhe parece mais seguro e compensatório do que se arriscar em uma luta contra mim, para receber nada em troca?
Oberyn franziu o rosto e cruzou os braços, com a respiração pesada.
- Você sempre foi um exímio lutador, e agora um usuário de stand – Rhaegar o cumprimentou. - Por que não larga o grupo dos Connington e se junta a mim, para viver por toda a eternidade?
- Cala a boca, Rhaegar! Não tem como eu te levar a sério! - apontou para o tal. - Você arrastou uma cadeira da sala de jantar até a escadaria só para parecer fodão enquanto fala comigo! - deu um pulo para alguns degraus acima da escada, e fazendo uma pose, o fitou. - Eu estava disposto a morrer para matar o assassino de Elia! Se eu tiver que dar a minha vida para acabar com o homem que começou a guerra que resultou na morte dela, o farei sem medo algum!
Lanceiro se afastou de seu mestre e foi aos poucos diminuindo a distância entre si e Rhaegar Targaryen.
- Então não me resta escolha – ele disse com uma curta risada, enquanto se levantava. Atrás de seu corpo surgiu um espírito muito parecido consigo. Era uma criatura humanoide com a pele da cor de ouro. Seu rosto tinha aspecto nobre como o do dono e era predominantemente normal, até que abriu as pálpebras e mostrou um brilho dourado escuro no lugar dos olhos. Tinha um cabelo também dourado, mas em um tom mais claro, como o dos Targaryen, e ele se estendia até seu peito. No topo da cabeça, tinha uma coroa digna de alguém da posição que ele representava. Seu corpo era coberto com um traje negro com detalhes vermelhos, que alguém da Casa de Rhaegar usaria. Também tinha o emblema do Dragão de Três Cabeças no peito. - Terá de ser executado, Oberyn!
- Então esse é O Príncipe? Venha!
- Daor! Daor! Daor! Daor! Daor! Daor!
Enquanto ele dizia que os esforços de Oberyn eram inúteis, os stands foram se aproximando para se enfrentar no centro da escadaria. Isso foi interrompido por uma quebra de parede. Os três homens do outro lado dela, iluminados pela luz solar, apontaram suas mãos para frente.
- J-Jon Arryn! - Oberyn sorriu.
- Não se preocupe, Oberyn – Arryn respondeu com bom humor.
Ao vê-los, Rhaegar sorriu e saiu levitando no ar, com seus poderes vampíricos, para outra sala.
- Rhaegar! - Oberyn o chamou.
- Aquele era Rhaegar?! - perguntou Jon Arryn, sendo o primeiro a dar alguns passos na escadaria. - Vamos atrás dele!
O Martell pediu um momento, e eles o olharam com atenção.
- Eu senti o stand de Rhaegar. Não foi bem uma sensação… Foi algo muito além da minha compreensão, e ainda estou confuso. Vou explicar o que aconteceu: Eu pensei que tinha subido um degrau na direção dele, mas todas as vezes em que fiz isso, eu me vi ajoelhado. E-Eu não sei se entenderam bem o que quis dizer, e não faço ideia do que aconteceu comigo. Não foi algo como hipnose ou super velocidade, sinto que foi bem mais complicado…
Aquilo os titubeou.
- Onde estão Moqorro e Nymeria? - perguntou Snow.
Mordendo o lábio e fitando o chão, Oberyn se esforçou para dar a temida e já esperada resposta:
- Moqorro sofreu um ataque mortal antes de cair junto a vários destroços da pirâmide, não sei se ele ainda está… - interrompeu a fala. - Quanto a Nymeria, ela morreu na minha frente. Isso só aconteceu porque eles quiseram me salvar…
Todos ficaram em um profundo silêncio.
- Entendo – disse Arryn.
- Lorde Arryn… - Robb chamou o tio. Estava tão abalado quanto todos, mas tinham que focar no seu objetivo principal. - O sol está se pondo, temos que ir.
- Está certo… - Arryn concordou, mas fez uma última pergunta. - Esse inimigo era realmente forte, não era?
- Bastante – Oberyn olhou para Jon Snow. - Jonjon, o nome dele era Estrela Negra, um bastardo de Aerys II Targaryen que vivia sob o falso nome de Gerold Dayne – Snow percebeu de quem se tratava ao escutar o nome da Casa. - Ele usurpou a senhoria de Tombastela de sua mãe. Mas não se preocupem, ele está morto.
- Outro falso Dayne? - perguntou Snow, olhando para o que Robb trazia. - Que coincidência.
Jogando a tralha no chão e dando um chute, a prisioneira colocou a cabeça fora do saco de pano.
- M-Meu filho não está morto! - Shiera Seastar gritou a eles. Ela não parecia sentir luto, estava totalmente crente em suas palavras. - Homens comuns como vocês jamais conseguiriam m-matá-lo!
- Cale a boca, lagartixa! - Robb a respondeu. - Para onde levam estas escadas?
- O t-topo da pirâmide. Tem uma sala nele, apenas – ela respondeu. - É onde Príncipe Rhaegar costuma passar o dia.
- Há algum outro caminho até lá?
- N-Não, este é o único.
- Então vamos por ele.
Logo, as cinco pessoas estavam no salão do topo da pirâmide. Com vários livros, velas, e poltronas, se encontrava todo fechado, pelas condições do habitante. Este jazia deitado dentro de um caixão com o símbolo do dragão de três cabeças. Fantasma quebrou a madeira que cobria a janela, e Shiera recuou da luz do sol.
- Este homem que enfrentamos… - disse Jon Arryn. - Eu já havia visto ele algumas vezes há anos, mas hoje é a primeira vez que eu o vejo sabendo quem ele é, de fato.
Sim, eu sabia dele, pensou Arryn. Desde que encontrei Speedhorse em Vila Gaivota e ele me contou sua história. E Jon Snow também a ouviu… Ele não é apenas um antigo rival. É um inimigo que nós, descendentes de Connington, temos que enfrentar.
Robb ainda usava seus óculos de lentes escuras, nas quais o sol estava refletido. Não guardo arrependimentos, ele pensou. Nem da jornada, nem dos eventos que resultaram no fim de meu reinado e me trouxeram até aqui. Oberyn se lembrava das palavras de Rhaegar e em seu motivo de lutar. É a primeira vez que estou em uma batalha em Essos em que luto por algo de verdade, com pessoas nas quais acredito. E apesar de ferido, minha vontade de lutar continua firme.
- Assim que ele sair do caixão, atacaremos – disse Jon Arryn. - Mas tenham cuidado, não há garantia de que ele esteja lá. Lagartixa, remova a tampa!
Encolhida no chão e tremulando, ela grunhiu.
- P-Príncipe Rhaegar, eu prometi nunca trair o senhor! - disse Shiera. - Eu acredito que foi o seu poder que os trouxe até aqui, assim como quando você faz uma guerra contra os Targaryens sendo um Blackfyre, você está condenado a perder! Por favor, entenda!
- Não respeito sua honra por um desgraçado desses, remova logo a tampa! - Arryn berrou.
- C-Certo! T-Trate d-de m-matar esses u-usurpadores, Príncipe Rhaegar!
Ela foi lentamente puxando a tampa do caixão para fora, e a escuridão de seu interior foi aos poucos sendo revelada. Arryn temeu que ele fosse sair voando dali e Snow esperava um ataque. Mas o que viram após a Lagartixa ter aberto o caixão foi a própria, com a mandíbula quebrada e sangrando.
- H-Hã?! - ela estendeu as mãos para fora. - E-Eu estava dentro do caixão? M-Mas, como eu o abri, então?!
Os calafrios que sentiram remontaram a quando ainda estavam no Norte, e o medo os corroía.
- O quê?! M-Mas como isso é possível?! - perguntou Arryn. - Minha visão ficou ruim com a idade?!
- N-Não, e-eu também vi a cena toda – disse Oberyn. - Mas eu não vi ele entrando no caixão!
- E-Eu não vi Rhaegar colocando ele lá dentro, mas imagino que seja isso que tenha acontecido– disse Robb. - E é como Oberyn disse! N-Não é um truque ou supervelocidade!
- Isso é ruim… - disse Snow. - T-Tem algo muito errado aqui!
Todos se entreolharam, com medo.
- Velho, me diga que tem alguma estratégia de batalha para isso! - pediu-lhe Snow.
- Na verdade, eu tenho sim – disse Arryn. - É uma que ensinei aos meus pupilos, e Robert Baratheon a usou durante…
- Já saquei!
Juntos, os quatro homens pularam da janela, levando estilhaços de vidro consigo. Oberyn havia ficado paralisado, mas Arryn o puxou com o Vinheiro. Foram descendo juntos os vários blocos empilhados da pirâmide, vários por vez, com a ajuda de seus stands.
- O que foi aquilo?! - perguntou Robb. - Se que víssemos, ele atacou a Lagartixa e podia tê-la matado! Parece mais poderoso que qualquer stand que já enfrentamos!
- Eu senti aquele medo avassalador… - disse Arryn. - Foi como quando estava nevando em Braavos e durante um treinamento de descida de um edifício com a técnica Hamon, Ben pegou uma estalactite de gelo e enfiou na minha… Enfim, se continuássemos lá, teríamos sido todos mortos!
Se agarraram com os stands para alcançar o muro de uma das laterais da pirâmide. No topo dele, seus corações tremularam quando viram o sol se pondo no horizonte.
- Fodeu, agora fodeu de vez!
- A hora dele está chegando… - Robb comentou.
- Não me diga… - Oberyn cerrou o punho. - Não me diga que não vamos fazer nada até a alvorada! Estou te avisando, Jon Arryn! Nada vai me fazer fugir desta luta!
- Eu concordo com Oberyn – disse Robb.
Arryn grunhiu e pensou no pouco tempo que tinha.
- Eu entendo vocês, mas a situação mudou. Nós defrontamos o stand dele, O Príncipe, e não sabemos qual a dimensão de seu poder! Se você manda seu exército para a batalha em território estrangeiro, sem saber nada de seu terreno e dos soldados inimigos, sem saber qual a dimensão de seu poder, você vai ser derrotado, sem dúvida alguma! É tão certo quanto perder de primeira um torneio após ter jogado sua lança fora antes do primeiro embate!
Oberyn engoliu em seco.
- Rhaegar vai nos atacar, é claro – continuou Lorde Jon. - Vai tentar nos eliminar antes do sol nascer. E então será nossa chance de descobrir o segredo de sua carta. É a nossa chance!
- Não vou fugir! - Oberyn gritou. - Moqorro e Nymeria se sacrificaram por mim! Eu faço o que for necessário, nem que eu vá aos Sete Infernos por conta disso, mas eu não fugirei!
- Espere, Oberyn! - Arryn o chamou enquanto ele corria.
- Velho, não adianta impedí-lo – disse Snow.
- Jonjon, explique seu raciocínio – Robb pediu com receio.
- Oberyn vai perseguí-lo e atacá-lo, e nós fugiremos de ser atacados, ou seja… - juntou as mãos. - Cercaremos o inimigo.
- Isso não faz sentido nenhum! - gritou Arryn. - O que você sabe sobre estratégias de batalha? Isso nunca vai funcionar se não houver comunicação entre nós! Se os dois grupos se juntassem nele na mesma hora, seria a mais pura sorte!
- Cale a boca, velho! Apenas siga o meu plano, porque você não tem um melhor!
O sol já havia se posto, e as luzes noturnas das ruas principais de Meereen foram acesas pelos guardas. Uma carruagem estava fazendo entregas de sacos de farinha para uma taverna ter pão pela manhã. Tendo tirado toda a carga, viu dois homens se aproximando.
- Ei, senhor – Arryn o chamou no que sabia falar da língua local. - Pode nos emprestar essa carruagem?
- O que está pensando, seu westerosi intrometido?! Essa carruagem é necessária para o sustento meu e de minha família! Eu nunca a daria para um estrangeiro convencido como… - sentiu as moedas gélidas de ouro tocando a palma de suas mãos. - Oi, oi, calma aí…
Ambos sentaram no banco do guia.
- Apresse esses cavalos, Robb!
Do alto da pirâmide, Rhaegar Targaryen os observava. Os trajes de quando sua dinastia ainda reinava Westeros o cobriam, junto a uma capa negra com o dragão vermelho. E havia posto a réplica que havia mandado fazer da coroa que possuía quando vivia em Porto Real. Hoje era, de fato, o dia em que seu reinado começava. O observando atrás do muro de uma casa, Oberyn o viu descer pelo ar.
- Aí está você, Rhaegar… Nem fodendo que fugirei até o amanhecer! Mesmo que não conheça o poder de seu stand, ainda posso derrotá-lo. Vou te assassinar!
Virou-se quando uma mão tocou seu ombro.
- Não se precipite, Martell – disse Jon Snow. - Eu disse que alguém como você daria conta sozinho, mas o velho e Robb insistiram que eu o acompanhasse, então eu vim.
- Jon Snow! - Oberyn sorriu pela ajuda bem-vinda.
- Yara yara kjaere – Snow sorriu de volta.
O Príncipe Rhaegar andava pelas ruas de Meereen. Claro, o povo da cidade não achavam estranho um homem de aparência valiriana, cabelos prateados, com uma coroa e roupas incomuns andando pelas ruas da cidade. E por que achariam? Era apenas o seu príncipe, e se ainda sabiam que ele os governava, logo tomariam conhecimento. Não andava sem rumo. Desde o dia anterior, já sabia para onde o alvo havia ido, e se a hora estivesse certa, estariam saindo de lá agora.
- Ilyn Payne, obrigado por ter me tirado daquela pirâmide, ficar preso por lá foi horrível…
Em resposta, o mudo Ilyn Payne assentiu. Não precisava agradecer, havia prometido lhe pagar por isso, e um Lannister sempre paga suas dívidas.
- Enfim, vamos sair daqui logo – dizia isso sentado no banco traseiro da carrugem. Ilyn ainda estava de pé na calçada, e dois guardas ao lado dele, checando os cavalos antes de entrarem. - Ah, mais uma coisa, você ajudou meu irmão, como eu pedi, não é? Ele te mandou dizer alguma coisa para mim, antes de ir embora?
Ilyn Payne lhe entregou um pedaço de papel, que ele pegou com a mão esquerda, que ainda lhe restava. Dizia apenas:
“Tem fodido Osmund Kettleblack, Lancel Lannister, e até o Rapaz Lua, tanto quanto sei”.
- Não, ele… O que ele quer dizer com isso?!
Rhaegar Targaryen se aproximou daquela carruagem.
- Na minha época, tudo o que tínhamos eram cavalos, e atualmente… Bem, também temos cavalos. Eu queria mesmo era um dragão para sair voando atrás dos Connington, cuspindo fogo. Porém o que eu tinha morreu – lamentou. - Pelo menos foi depois de muita luta. Em um sonho profético que tive, eu vi meu pai dizendo que Rhaegal morreria após seu montador ser sonso e não ver um navio, e duas lanças comuns rasgarem a pele dele, antes mesmo de alguma batalha começar. Bem, eu não sei o que ele quis dizer com isso, mas estava errado.
Rhaegar tocou no vagão, e Ilyn Payne o agarrou pelo ombro. Era um homem pálido, careca e de expressões medonhas. O mudo queria que ele se afastasse, mas Rhaegar não lhe disse nada, apenas usou da força física para torcer seu braço ao contrário e rasgar suas veias. Sempre me perguntei se um mudo gritaria caso lhe dessem um golpe de espada. Bem, eu tenho a resposta agora. Os outros dois guardas meereeneses contratados apenas fugiram, enquanto Rhaegar entrou no banco de trás, junto ao outro passageiro.
- Calma, calma… - ele pediu. - Esses jovens de hoje são tão violentos… Espere um pouco, eu conheço você!
Rhaegar respondeu dando um soco na boca dele.
- Apenas guie logo a carruagem.
- Seu desgraçado! - ele gritou, cuspindo sangue. - Acha que vai se safar depois de tudo o que fez comigo?!
Não, claro que não vai! O guarda pensou. Ninguém me maltrata assim e sai impune! Eu ganhei o meu primeiro corpo a corpo num torneio aos treze anos! Aos quinze, eu enfrentei a Irmandade da Mata do Rei, salvei o Lorde Crakehall e enfrentei o Cavaleiro Sorridente! Fui feito cavaleiro por Sor Arthur Dayne, e aos dezesseis me tornei o mais jovem membro da história da Guarda Real! Enquanto guarda, qualquer mulher dos Sete Reinos queria transar comigo, mas eu fui capaz de ignorar todas e foder apenas minha irmã, com quem tive três filhos e destruí a dinastia daquele desgraçado do Robert Baratheon! Sobrevivi ao Rei Louco me jogando do céu como se fosse um condenado dos Portões da Lua do Vale, fui torturado, bebi mijo, tive a mão cortada, ganhei uma nova de ouro que foi roubada e vendida! Pago cinquenta vezes menos impostos que qualquer cidadão comum! Eu derrotei todos os inimigos que já enfrentei, e quando voltar a Westeros serei Comandante! EU SOU O GUARDA REAL JAIME LANNISTER!
- Escute aqui, seu valiriano de merda! - apontou para ele. - Você vai para…
Rhaegar o agarrou pelo nariz e quebrou.
- Vou dizer mais uma vez… - o jogou no banco do guia, quase acertando os cavalos. - Dê a partida.
Eu não devia duvidar desse desgraçado… Ele vai me matar! Se eu não fugir, ele vai me matar! Ele com certeza vai me matar!
- Socorro! - ele gritou, abrindo a porta e se colocando para fora. - Alguém me ajude!
Pulando para fora, de repente se viu caindo de volta no banco de guia, dentro da carruagem. Ao tentar fazê-lo novamente, obteve o mesmo resultado.
- C-Como isso aconteceu?! Eu juro que pulei para fora da carruagem, mas como estou aqui dentro de novo?!
- Jaime Lannister, seu miserável, você nunca mudou. Não vai obedecer uma ordem do seu príncipe? Talvez seja a hora de puní-lo por sua desobediência, e também por ter matado meu pai, como eu soube, seu Regicida, homem sem honra alguma. Alcance aquela carruagem. Se não o fizer, eu o matarei.
- S-Sim, V-Vossa Graça! - ele deu partida nos cavalos.
Por que estou preso aqui dentro? Por quê? Já sei, é porque sou um guarda real! Não há nada que um cavaleiro da Guarda Real não possa fazer! Percebendo isso, começou a rir histericamente e a chicotear os cavalos para que acelerassem. Na carruagem mais a frente, Jon Arryn sentia-se perturbado.
- A aura negra que emana dele está se aproximando.
- Rhaegar sabe exatamente onde você está, Lorde Arryn? - perguntou o sobrinho.
- Não. O corpo dele pertencia ao meu primo, Jon Connington. Graças às ondas que emanam dele, sentimos sua presença. Sei que ele está por perto, mas não sei onde. E como o espírito de Connington passou para cada um de nós, ele não consegue diferenciar eu e Snow. E também não deve ter percebido que eu e Snow nos separamos.
Perto dali, Oberyn lidava com um animal desobediente.
- Mas que droga… - no teatro, quando um herói parte para uma batalha decisiva, o cavalo dele nunca empaca.
Jon Snow bufou, já se montando no seu. Era o preço de terem pego montarias que não os conheciam, do primeiro lugar que encontraram. Só queria saber se isso os atrapalharia a perseguir Rhaegar. Este não estava muito próximo dos outros dois. A carruagem de Jaime estava parada em frente a uma grande movimentação de guardas e civis.
- É o horário de saída dos operários da nova pirâmide que está sendo construída, e que os comerciantes de fora guardam suas barracas e vão embora – explicou ao príncipe. - A movimentação de carroças nessa rua nessa hora é um horror.
- Ande – disse Rhaegar.
- M-Mas como? - perguntou Jaime. - Tem cinco carroças na minha frente!
- A calçada é bem larga – ele apontou. - Vá logo.
- P-Pela calçada?! M-Mas ali tá cheio de escravos voltando do trabalho...
- Está tudo bem, eles também são súditos de seu príncipe e devem estar dispostos a morrer por ele. Ande, e acelere o passo desses cavalos.
- S-Sim, Vossa Graça… - os cavalos relincharam e galoparam pelo caminho dos cidadãos.
Longe dali, o cavalo de Oberyn havia desempacado e partia atrás do inimigo junto a Jonjon. Os de Lannister estavam com as patas sujas de sangue, resultado de ter pisoteado algumas pessoas na rua, até que estas saíram correndo, quando tiveram noção de que não deviam entrar no caminho de um príncipe.
- Haha! Hahahahaha! HAHAHAHAHAH! - Jaime Lannister estava em um profundo estado de euforia, após ver várias pessoas sendo esmagadas pelos cavalos e as rodas da carruagem, pintando sua carroceria de vermelha. Outras fugiam e acabavam atacando umas as outras, ou então se jogando nas outras carroças em movimento, ao lado. Outra vez estava servindo a aquela Casa. Já esperava isso quando Hizdahr zo Loraq, um nobre local, o comprou por ordem Rhaegar numa feira de escravos há algum tempo. Pensava ter escapado, mas novamente estava ali. Sim, não importa o que fizesse, o destino sempre o jogava de volta aos Targaryens. - Agora que eu te obedeci, você vai me deixar ir embora livre, não é?
- Não.
Ele voltou a rir, com seus dentes da frente arrancados e sangrando. Entendi! Isto é um sonho! Quer dizer, ter que servir a Aerys no passado, e então no presente ao meu filho psicopata, à minha irmã que virou regente, e agora ao Rhaegar, que devia estar morto?! Um Guarda Real como eu jamais seria obrigado a servir a tanta gente louca sim ao longo da vida!
- Ali está ele – disse Rhaegar, avistando a carruagem na rua. - Aproxime-se mais e mais… Caso contrário, não poderei usar O Príncipe.
- Ele se aproxima – Arryn disse a Robb no veículo da frente. - Rhaegar está logo ali! Espere, Robb!
Rhaegar Targaryen viu uma nuvem cinza se esticando para fora do veículo da frente, indo até a porta ao lado da qual estava. Ela assumia uma forma de um lobo-gigante de cor cinzenta, e ele o reconheceu.
- Robb Stark…
E sua voz veio de volta do stand.
- Rhaegar, tome isso! - apontou as patas de Vento Cinzento para ele. - Brisa da Manhã!
A ventania atirou pedras e pedregulhos, rápidos e pesados o suficiente para perfurar a porta e continuar seu percurso no ar. Ao vê-los se aproximando, Rhaegar apenas levantou o dedo e tocou em um. Em seguida, todos os projéteis caíram no chão, foram desviados e bateram em outros lugares. Um quebrou o banco de Jaime, que se assustou um pouco.
- Que absurdo! - Robb pensou alto. - Ninguém pode simplesmente defletir a Brisa da Manhã! Ainda mais sem sequer se mover do assento, desse jeito!
Atirou novamente, e mais uma vez pedras, barras de ferro e cacos de vidro foram desviados pela mão do valiriano, destruindo o teto da carruagem e fazendo Jaime se encolher ainda mais, enquanto guiava os cavalos. Deuses antigos e novos, ele defletiu até mesmo o meu ataque concentrado! Diante de seus olhos, uma figura dourada, preta e vermelha surgiu, o encarando. Quando ele ativou o stand?! Impossível, eu teria percebido!
O Príncipe o socou no peito, que Vento cinzento defendia com seus braços cruzados.
- Argh! - Robb sentiu a dor de atingir o solo em alta velocidade.
- Ele estava longe – Rhaegar comentou. - Fora do alcance d'O Príncipe.
Um pedestal com uma placa, acertado por Vento Cinzento enquanto este havia sido empurrado, havia caído e quase acertado o guarda.
- O-O que está acontecendo?! - Jaime perguntou.
- O que eu ganho em explicar algo para você? - perguntou Rhaegar. - Concentre-se na rua e dirija.
- Tome cuidado, Robb! - Arryn corrigiu o jovem, que estava ofegante. - Você se aproximou demais!
- M-Me desculpe, tio…
Viu o sangue em suas mãos e cabeça. Meses atrás, ele me disse… “Não fique apavorado na hora de atacar, ou você perderá toda a sua estratégia e irá como um desordenado bando dohtraki para cima de um exército Imaculado. Mantenha a calma, Robb”. Desgraçado! Nunca mais me dobrarei a ele!
- Está bem, Robb? - perguntou Arryn. - Você chegou a ver O Príncipe?
- Sim, fui atacado a uns 10 metros de distância… Mas, se tivesse mais perto, seria meu fim – disse, ainda assustado com o que vira. - Por mais que o fato de todos nós termos ganhado esses poderes recentemente por si só já seja estranho, posso dizer que o stand dele tem um poder ainda mais bizarro que os nossos. Porém, descobri outra coisa: Ele não tem o alcance de Vento Cinzento. É uma habilidade de corpo a corpo, como Fantasma. E outra: Ele me atacou com o punho, então provavelmente não é um poder de ataque à distância. Se conseguirmos ficarmos a mais de dez metros de Rhaegar, teremos uma chance de derrotá-lo.
- Continue analisando com calma – pediu Arryn. - Cuidado contra esse cara nunca é demais…
Robb olhou para trás e viu o vagão da carruagem parado, com seus cavalos soltos. Achou aquilo estranho, e de repente uma sombra cobriu seu rosto.
- Cuidado, tem algo vindo!
Eles se abaixaram enquanto o corpo de Jaime Lannister quebrava a carruagem, após ter sido arremessado. Aquilo assustou os cavalos, que perderam o controle e foram em direção a uma parede. Os animais caíram, a carruagem tombou e desfez em pedaços. Rhaegar se aproximou sem pressa. Seus olhos estavam vidrados em seu destino, que conseguiria após cumprir seu objetivo naquela noite. Arrancou uma porta da carruagem caída, atrás dos dois, mas não os encontrou lá dentro, vendo apenas o seu bastantemente ferido guarda real. Ouviu um som à distância e então os percebeu subindo o telhado de um edifício com a ajuda de seus stands.
O Príncipe deu um pequeno sorriso sarcástico com a coragem aparente do jovem Stark. Teria que dar-lhe uma lição, como haviam prometido ao seu antepassado Torrhen, caso algum de seus descendentes tentasse enfrentar o dragão novamente. Lá de cima, Robb continuou olhando para Rhaegar, em vez de se esconder. Arryn o chamou.
- O que está fazendo, Robb?!
- Eu acho que já sei – ele disse. - Pensei em como podemos descobrir o poder do stand de Rhaegar.
- Como assim?
Deviam continuar o plano de fuga, e dessa vez o Stark tomou a dianteira. Esticando os braços do stand, agarrava-se nas janelas e se lançava para cima dos telhados. Pisando nas telhas sobre os conjuntos de habitação e os edifícios diversos que havia ali, procurava o inimigo em seu campo de visão. À distância o viu, sorrindo, balançando uma tocha tirada da torre de guarita daquela parte da cidade. Aproximando-se à pequena torre no topo da qual Rhaegar estava, olhou mais uma vez para seu stand, que estava usando de apoio para se locomover.
Toda vez que Robb Stark olha para seu Vento Cinzento, ele se lembra...
"Nosso filho voltou da Vila de Inverno, e mais uma vez, foi uma ida rápida. Ele não pode sair sem os guardas, mas as crianças tem medo de chegar perto com eles ali"
"Eu não sei, Ned... Não há crianças do pessoal do castelo com a idade dele, e Sansa é uma garota, vive num mundo diferente. Desse jeito, acho que ele vai ser sozinho"
"Ele tem o irmão, Jon, e Theon Greyjoy também o faz companhia. Infelizmente, ele não tem mais que isso, mas é o preço de ser o herdeiro de um Senhor"
Eu pensava que, sendo herdeiro de uma Casa nobre, seria alguém popular e teria muitas pessoas ao redor de mim. Mas quantas pessoas realmente entendem umas às outras a ponto de terem uma amizade verdadeira?
Minha mãe tinha meu pai, e meu pai tinha minha mãe. Os dois contavam sobre amizade que tinham com pessoas de lugares distantes, e como sentiam sua falta.
Mas eu era diferente.
Quando eu ia a torneios, via famosos cavaleiros do reino sendo aplaudidos só de aparecerem em frente ao público. Eles conheciam várias pessoas por onde viajavam.
Mas eu era diferente.
Até mesmo as crianças pobres do lado de fora das muralhas de Winterfell tinham algo do tipo. Quando eu as via, ora estavam brincando em grupo, ora algum desentendimento surgia e começavam uma briga. Elas viviam tudo aquilo.
Mas eu era diferente, porque era filho do Senhor.
E como filho do Senhor, eu precisei me separar e perder as pessoas que eu tinha. A minha imagem de Rei do Norte foi mantida até mesmo com as pessoas próximas a mim, como minha família e minha esposa, a qual só me foi dada por esse motivo. Eu não sentia próximo nem mesmo de Jeyne Westerling, com a qual meus aliados e meus inimigos disseram que me casei por amor. Até minha morte, no salão de Walder Frey, eu não tive um amigo que poderia me ver como realmente era, porque ninguém conseguia me ver como algo além do futuro Senhor de Winterfell. Me era impossível imaginar o que essas pessoas pensariam de mim se eu tivesse nascido em outra condição.
Até eu reencontrar Jon Snow e conhecer Lorde Arryn, Oberyn e Moqorro, eu me sentia sempre assim. Eu me pergunto por que me arrepio quando lembro de Moqorro e Nymeria. Talvez porque tenham sido os primeiros amigos que tive que me viam como um igual e se uniam a mim num mesmo objetivo.
Essa jornada para derrotar Rhaegar... Em sua cabeça, veio novamente como aquilo havia começado. Ter sido feito de escravo para matar o próprio irmão, e como havia sido salvo por ele. Jon Arryn e sacerdote Moqorro, e a busca por uma figura conhecida no reino. A bondade da bela e gentil Senhora Ashara Dayne, e o mal que lhe atacou, por conta da maldição do inimigo. Como aquele grupo havia se reunido para ir até o outro lado do Mundo Conhecido para derrotar o Targaryen, e a darem suas vidas por isso. Apesar de ter levado apenas alguns meses, eles se tornaram as primeiras pessoas com quem realmente pude ter uma ligação de verdade.
Robb Stark olha para seu Vento Cinzento e pensa: Manterei-o escondido para todo mundo, assim como eu costumava me esconder. Com isso, descobrirei o segredo do stand do Rhaegar!
Jon Snow e Oberyn passaram por uma rua suja de sangue, com um acidente no final.
- Ei, Snow, essa carruagem está em pedaços… - era a de seus aliados. Já não havia mais alguém dentro dela.
- Se eu tivesse que chutar – disse Snow. - O velho e Robb foram pro telhado.
Rhaegar caminhou por alguns telhados próximos, procurando por alguém.
- Vejo apenas Robb Stark e Jon Arryn perto de mim, Snow e Oberyn deve estar vindo por outro lado… Entendi. Eles pensaram que vindo de ambos os lados, poderiam acabar comigo me flanqueando. Daor nak to… - e então chamou por ele em voz alta. - Não é, Jon Snow?! Iles nyke Rhaegar!
Pulou até o topo de uma construção de pedra, mas acabou pisando onde não deveria. Uma ventania carregando várias pedras veio em sua direção, e teve que se defender de todas. Andando para o lado, outra rajada veio, quase o pegando desprevenido.
- O Vento Cinzento de Robb… - pensou alto.
Levitando-se no ar para sair dali, acabou esbarrando em mais armadilhas, e mais projéteis foram atirados em si. Defendeu mais uma vez, e em seguida outra. Sua perna direita se agarrou num filete de aspecto cinza e por isso mais objetos trazidos pelo vento vieram, e se defendia deles até seu braço direito também ter se agarrado.
- Isso é aquela barreira de vento dele! - grunhiu.
Sete pedras vieram em alta velocidade, e conseguia as rebater para a estátua de uma divindade de Meereen, provavelmente relacionada à guerra, por estar acima do local de treinamento dos soldados. Enraiveceu-se com um dos disparos ter furado o emblema da Casa Targaryen de sua capa. Havia voltado à torre de guarita, e viu que seu pé direito estava bem próximo a um dos filetes do stand, assim como sua cabeça e seu torso. Percebeu que seus arredores estavam totalmente cobertos com essa barreira, de forma que não poderia passar sem ser atacado.
- Mas isto é…
- Exatamente!
Robb Stark o fitou, em cima de outra torre de mesma altura, do outro lado da rua.
- Essa barreira do Vento Cinzento é sensível ao toque, e cercou toda a região num raio de vinte metros – apontou para o inimigo. Já não usava seus óculos escuros, que perdeu durante a fuga, e agora Rhaegar podia ver as cicatrizes de quando Aurane Waters quase o havia cegado.
Cercado, o príncipe agora via o jovem que havia tido coragem de enfrentá-lo, e que ele mesmo havia salvado da morte, meses antes, pensando que lhe seria útil.
- Agora eu posso ver os seus movimentos e os de O Príncipe! – disse sem hesitação.
Não parecia mais o rei destruído e assustado que conhecera. Robb tinha plena confiança no que estava fazendo. Rhaegar deu uma breve risada após recuperar a postura. De trás de um prédio, Jon Arryn observava a estratégia do nortenho em ação. Ficaram alguns segundos esperando uma ação vinda do Targaryen, mas este apenas ficou parado, sorrindo.
Enfim Robb tomou uma ação, assim que a estátua da divindade desmoronou.
- TOME ISSO, RHAEGAR! - gritou a ele, o apontando e o fitando com seus olhos cinzentos. - Brisa da Manhã de um raio de vinte metros!
Todos os filamentos nos quais seu stand havia se transformado passaram a atirar simultaneamente, de várias direções. Com tantos projéteis vindo, seria impossível Rhaegar defletir todos, mas não perdeu a postura.
- Sua escória nortenha! Vocês esperam o retorno do Kivio Darilaros, o Príncipe que foi Prometido, para que ele derrote a escuridão - ele o zombou. - Logo você perceberá que o real destino Príncipe é exercer seu domínio sobre todo o mundo!
Robb estava esperando a resposta que ele buscava. Mostre-me seu stand, Rhaegar!
Sua aura brilhou, e seu stand entrou em ação.
- SE DARILAROS!
O príncipe dragão apareceu na frente de Rhaegar, e logo ambos desapareceram, com suas rochas acertando o vazio. Na sequência, Robb sentiu a dor de um golpe em seu peito, enquanto era arremessado no ar, para outro ponto daquela rua.
- Hã?! - Arryn questionou sua visão. - Robb! Ele foi arremessado de repente?! Impossível!
Robb acertou um viveiro de corvos mensageiros, o destruindo. Os animais bateram as asas em retirada, enquanto o nortenho ocupava os seus lugares. No chão, o seu sangue se misturava à madeira, comida e dejetos das aves. Não havia ido muito longe, ainda podendo ver Rhaegar e Arryn de onde estava.
- Robb! - Arryn o chamou outra vez.
O que diabos aconteceu? Stark se perguntou. Fui derrotado? Com dificuldade, viu a cratera que havia sido feita em seu peito, de onde saía um rio de sangue. Não pode ser, são lesões fatais… Logo eu, que jamais perdi minha força numa batalha, agora não posso falar, me mover, nem mexer um dedo sequer… Olhando para os telhados do prédio militar, viu um relógio de sol, usado pelos soldados para organizar seus planos de patrulha e ataque a outras cidades, em caso de guerra. Agora não daria para ver que horas eram, pois estava de noite.
Também deve estar escuro em Westeros, se aquela teoria louca que surgiu uma vez na Fundação Speedhorse não for verdade. Será que eles já levaram Arya para o Norte? E Sansa, será que ela está bem, onde quer que esteja? Eu prometi a vocês duas, e também a pessoas que já se foram, que eu honraria a alma de nosso pai e as traria de volta para casa. Desculpem-me por ter mentido... Manter promessas sempre foi o meu problema.
Os últimos pensamentos de Robb Stark não foram sobre suas irmãs vivas em Westeros, nem sobre seus falecidos irmãos, pais e esposa. Embora ele se importasse muito com toda essa gente, precisava deixar esses pensamentos de lado e usar sua mente para resolver um difícil enigma. Consigo perceber qualquer toque que é dado na barreira de Vento Cinzento. Porém, Rhaegar arrebentou ela inteira de uma vez. Agora ela se despedaçava, e o vento de cor cinza dela se misturava ao ar ambiente. Por que não o vi fazendo isso? Por que ele não foi quebrando um de cada vez? Não teve nenhuma diferença de tempo? Como ele arrebentou de uma vez só toda uma barreira de vinte metros? Como?! Em sua mente a cena dele desaparecendo antes de ser acertado, e no mesmo momento estando em sua frente. Como ele fez isso?
- Robb! Com essa forma ele não deve aguentar por muito tempo – estendeu a mão na direção do outro prédio. - O Vinh…
Parou quando o valiriano surgiu de repente próximo a ele, o pegando de surpresa.
- Jon Arryn, você é o próximo – mostrou a cicatriz no pescoço. - Concorda comigo que o sangue de um Connington é tudo o que preciso para me unir de vez ao corpo de JonJon?
Como ele fez para arrebentar a barreira toda sem que eu percebesse? Robb continuava a raciocinar, enquanto seu corpo perdia a força. Foi tudo num instante… Seus olhos se moveram involuntariamente ao tal relógio de sol. Instante… A cena se repetia na sua cabeça várias vezes, para que ele tentasse entender. Ele não gastou tempo algum. Entendi! Parece impossível, mas é só o que consigo pensar… Olhou novamente para Arryn. Preciso avisar a eles… Lorde Arryn, você precisa saber! Caso contrário, serão todos derrotados…
- Como pode fazer aquilo ao Robb?! - gritou Arryn. - Vou te tirar desse corpo, pelo bem de Lyanna Stark!
- Lyanna? - Rhaegar cuspiu. - Aquela criatura nortenha… Que tolice. Se você não é útil a seu príncipe, Arryn, o seu sangue será.
Robb invocou novamente Vento Cinzento. O stand com o rosto de seu falecido lobo estava fraco e mal conseguia se mexer, e ao tentar fazer um movimento, o usuário acabou cuspindo sangue. O tio percebeu aquilo, mas agora tinha Rhaegar o ameaçando.
- MORRA, JON ARRYN! - o príncipe voava na direção dele.
Stark viu que era o tempo limite para tomar alguma ação. Sua energia foi canalizada em um lançamento de uma ventania na peça do exército meereenita. Aquilo estranhou a ambos Arryn e Rhaegar.
- O que foi isso? Ele errou totalmente o alvo – analisou Rhaegar. - Parece que ele usou a força que restava para dar um tiro desesperado.
Impossível! Arryn pensou. Robb jamais faria algo tão aleatório num momento como esses. No momento, o filho de Ned e Catelyn havia guardado seu stand. Robb, por que você mirou ali?! Há algum sentido nisso? Há algo que esteja tentando me dizer?!
É uma mensagem, pensou o nortenho. É o melhor que pude fazer. Cerrou os olhos. Por favor entenda, Lorde Arryn…
- Robb…
Robb Stark, ex-Rei do Norte e do Tridente, herdeiro da Casa Stark
Morto em combate
- O Vinheiro!
Jon Arryn prendeu o príncipe Targaryen nas vinhas de seu stand.
- Sinta agora a energia do sol, seu vampiro desgraçado! - gritou. - Hamon!
- Velho tolo! Seu stand é o mais fraco de todos! - riu, conseguindo se soltar. - Você não me escapa!
Jon Arryn esticou suas vinhas para se jogar até outro prédio, e então para aquele em que Robb havia atirado. Com Rhaegar no encalço, passou rapidamente e viu que se tratava de um relógio de sol. Robb, por que você destruiu isso? Olhou para trás novamente, para o corpo morto do ruivo. Você queria me dizer o quê com isso?
- Rhaegar, você acha mesmo que meu stand é o mais fraco? - perguntou, enquanto fugia. - Você contratou um cara que o poder dele era literalmente virar uma ratazana!
- Ele ainda é melhor que o seu Vinheiro!
Arryn ainda tinha em mente a imagem do relógio de sol destruído.
- De todas as coisas, ele destruiu logo um marcador de tempo… Robb, então o poder de Rhaegar era esse? - novamente lembrou-se dele surgindo em um instante, quebrando toda a barreira de uma só vez. - Ele para o tempo?!
Rhaegar aumentou o sorriso ao ouvir isso. Lembrou-se de como havia sido.
“-”TOME ISSO, RHAEGAR! Brisa da Manhã de um raio de vinte metros!”
“SE DARILAROS!”
Os movimentos de todas as criaturas do mundo pararam. Naquele momento, apenas o Príncipe Rhaegar se movia. Tirou a capa Targaryen, que o Stark havia desonrado, e se levitou pelo ar com seu stand, quebrando todas as barreiras no caminho. Encarou Robb e começou um monólogo, embora ele não pudesse ouvir.
“Este é Se Darilaros, que no seu idioma significa O Príncipe. Como o tempo parou, você é incapaz de vê-lo ou sentí-lo, mas não faria diferença. Os selvagens do Norte desconhecem o tratamento devido para com um nobre.” um sorriso labial se abriu. “Humpf. Quando eu cheguei ao carro de vocês, encontrei meu guarda real ferido e ainda respirando. Ele é só mais uma falha de servo que mando para matar meus inimigos. Ele me perguntou sobre as pessoas que ataquei, e citei seu nome. Ele disse que era impossível você estar ali, pois estava morto. Isso me fez lembrar de como lhe dei sua vida, e por isso também é meu direito tirá-la. Jaime Lannister manda seus cumprimentos.”
O Príncipe abriu um buraco em seu peito, e sangue estourou atrás dele.
“Você ainda não percebeu que morreu, e será incapaz de compreender o que se passou.”
Agora, seu segredo havia sido revelado.
- A mensagem que Robb se sacrificou para me mandar é que ele para o tempo? Um stand capaz de se mover com o tempo parado? - se enfureceu. - Você nem dá a chance do oponente lutar de volta! Isso é o máximo da desonra!
Acalme-se… Acalme-se e raciocine! Fugir pela cidade era algo difícil, quando você precisava se agarrar nas estruturas para se locomover, enquanto o seu inimigo apenas voava. Se eu tivesse mais daquela poção que aquele alquimista me deu há dezessete anos, não teria esse problema… De repente, Rhaegar desapareceu, e Lorde Jon parou para ver onde havia ido. Acabou por estar atrás de si. Seu stand lançou um soco, mas parou no último segundo.
Jon Arryn se levantou.
- Oh, você está se afastando de mim? - zombou. - Em vez de se aproximar, o poderoso Rhaegar está recuando?
- Tsc, daor nak to. Acha que sou idiota, Jon Arryn? - perguntou Rhaegar. - Você está se protegendo, deixando o Hamon fluir pelo seu corpo. Você fundiu seu Vinheiro com Hamon, e agora se eu te atacar eu sofrerei os efeitos.
Arryn puxou a borda do manto, mostrando o peito rodeado pelas vinhas.
- É, é verdade sim. Mas está usando isso como desculpa? Agora pouco me disse que meu stand era o mais fraco de todos!
- Ele ainda é – Rhaegar vomitou aquelas palavras de sua boca.
- Eu descobri uma coisa, Rhaegar: Você não pode parar o tempo por quanto tempo quiser, caso contrário teríamos todos morrido em sua pirâmide!
- Então você sabe uma das característas de Se Darilaros? - disse com indiferença.
- Quem descobriu foi o Robb – Arryn corrigiu, cerrando o punho. - Não deixarei que a morte dele seja em vão!
- E que diferença fará saber meus poderes? - Rhaegar perguntou. - Como vai derrotar isso?
- O Vinheiro: Hamon! - lançou o stand no inimigo.
- Idiota! Ainda posso atingí-lo sem tocar o Hamon!
O Príncipe quebrou uma das chaminés do prédio e seus destroços atingiram Jon Arryn com força. Este ainda tomou apoio com seu Vinheiro em uma das estruturas e conseguiu reduzir a velocidade da queda. Ao vê-lo caindo, um homem gordo e cheio de trajes caros começou a rir.
- Hahahaha! Olhem isso! – apontou. - Tá chovendo velho do céu!
- Mestre, isso não é engraçado – disse um do grupo de escravos.
- Ele pode ter se machucado – disse outro. - Alguém devia ajudar ele.
- Calem a boca, seus miseráveis! - o homem socou um na mandíbula. - Vou chicotear todos quando chegar na pirâmide. Agora, circulando!
- C-Certo, mestre… - eles obedeceram.
Arryn levantou-se e olhou para trás, vendo Rhaegar em cima daquele conjunto de edifícios. Correu mais um pouco, e então viu o filho de Ashara.
- Ei, velho – disse Jonjon.
- S-Snow! - Arryn o chamou. Estava do outro lado da rua lateral, andando para perto dali com as mãos no bolso de seu manto. - Para trás! Não se aproxime de mim!
Jon Snow… Bem a tempo! Rhaegar pensava, enquanto descia no ar. Mas ele ainda está fora de meu alcance. Terei que lidar com Jon Arryn primeiro. Ao ver Rhaegar se aproximando, um gato de rua se assustou. Desesperado, Arryn só conseguiu estender o braço na direção do confuso patrulheiro da noite, pedindo para se afastar.
- Você não tem mais para onde correr, Jon Arryn! - riu Rhaegar, se aproximando. - Não tem como usar sua técnica Baratheon de fuga para fugir da luta!
- Eu ainda tenho um truque, sua lagartixa iletrada! Não percebeu que a quarta parede não foi quebrada na história até agora? Eu usarei isso ao meu favor! Toquem a abertura de novo!
(A dinastia acabada há dezesseis anos
Adormecida no mar, é erguida pelas águas
Mais firme e mais forte para o seu destino)
A chama carmesim que faz arder o destino final da viagem
Atrai mais inimigos lealistas
Cortando o medo como uma espada valiriana!
O lugar para onde seguem, guarda um destino desconhecido
Uma batalha mais importante que a do Tridente se aproxima
E aquele que dará a martelada final será... Fantasma!
Não podem retornar ao que tinham, nem por poucos segundos
Sem perder tempo, eles seguirão adiante, Crusaders!
Ou ele alcançará esta última página em branco e a tornará sua!
O mundo d'
- O PRÍNCIPE!
Jon Arryn não havia conseguido fugir, nem Jon Snow. Enquanto a abertura tocava, Rhaegar Targaryen parou o tempo, justamente quando diziam o nome de sua carta.
- Mas você não fala “O Príncipe”, e sim “Se Darilaros”!
- Eu sou bilíngue – respondeu Rhaegar. - Eu falo a merda que quiser, igual quem vai em fast food no Brasil e começa a pedir em inglês pra esnobar.
- Você é assim tão baixo?!
- Baixos são seus níveis de poder. Seu stand é fraco, e seu Hamon me deu apenas um pouco de problema há dezesseis anos.
- Se com “apenas um pouco” você quer dizer que perdeu o corpo e quase morreu depois de ter perdido de forma humilhante…
- Já chega, velho! - Rhaegar se enfureceu. - Você morrerá aqui e agora!
- Jon Snow, me escute! - ele chamou o neto. - O poder dele é de parar o tempo!
- Se Darilaros!
Com o tempo parado, esbarrou nos escravos e fez um enfiar uma lâmina na barriga do mestre. Em seguida andou até o Senhor do Vale.
- Qualquer poder ou estratégia que você teve para derrotar meu pai e seus alquimistas é incompetente diante de Se Darilaros. E qualquer esforço que lhe foi feito é inútil… Sacou uma adaga da cintura. Era feita de aço valiriano, perfeito para qualquer ocasião, até mesmo para dar cabo em um inseto.
- DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR!
A adaga voou até o pescoço de Arryn, e lá ficou parada.
- Jon Arryn, descendente de Jon Connington, logo você estará morto!
Encarou Snow. Queria a reação dele para quando aquilo estivesse terminado.
- Zero - o tempo voltou a correr.
E assim que isso foi feito, a adaga acertou o pescoço de Arryn, que passou a espirrar sangue.
- Velho! - Snow apertou o passo.
- Não venha! - Arryn ordenou. - Não venha, Jon Snow! Você deve fugir dele e ficar seguro! Fuja... - fez seu Vinheiro sair do braço, por algum tipo de instinto. - Fique longe, Snow... - seus olhos se vidraram nos dele. - Fuja...
Foi a última coisa que vira antes de sua visão se apagar e seu stand sumir. Rhaegar posou em frente ao corpo caído, encarando Jonjon. Este grunhia.
- Também dei cabo de Robb Stark - Rhaegar anunciou. - Menos um dessa raça de usurpadores - viu Snow tremer de ódio, mas continuou a conversa. - Oberyn deve estar escondido em algum lugar por aqui. Há! Como se ele importasse...
Apontou para o corvo.
- Você é o próximo, Jon Snow!
Snow cerrou o punho, e seu rosto de indiferente assumiu uma feição de raiva.
- Desgraçado seja... - andou na direção dele. - Rhaegar!
- Oh, você está se aproximando de mim? - perguntou. - Vai desonrar a última ordem do pai adotivo de sua mãe?! Mesmo ele tendo te contado o segredo de O Príncipe como Daemon II Blackfyre tentando convocar uma rebelião geral alguns segundos após ter sua identidade descoberta em um casamento?!
- Preciso me aproximar de você para quebrar sua cara - respondeu.
- Hoho! Então se aproxime o quanto quiser!
Os dois homens de grande massa muscular ficaram próximos, e Jon Snow foi o primeiro a atacar.
- NUHIN! - Fantasma tentou dar um soco, mas O Príncipe surgiu e chutou-lhe a perna, rasgando parte da calça de Snow.
- Muito lento! - gargalhou. - Se Darilaros é o stand supremo! Mesmo sem parar o tempo, ele pode te superar em força física e precisão.
- Então é um stand do tipo do Fantasma... - disse Snow. - Mesmo sem pedir, você fica despejando informações que eu quero como um escudeiro do Rei Robert despeja vinho em sua taça. Falando nele, tenho que compensar o pouco que ele te martelou na cabeça.
- Por que os usurpadores são tão mal perdedores? - bufou Rhaegar. - Terei que respondê-lo, então.
Os stands se atacaram, começando a trocar uma série de socos e chutes, até lançarem um no outro uma série de golpes consecutivos.
- NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN! NUHIN!
- DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR! DAOR!
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