Você decidiu que era melhor ir para algum barzinho e comer coisas de verdade, e não um pão de queijo murcho e café frio.
Seu chefe tirou a gravata e o colete, dobrou e deixou em cima de sua cadeira. Você percebeu novamente o peitoral dele, na verdade toda sua estatura, desde os braços fortes, ombros largos… os pelos… Pode-se dizer que você estava o comendo com os olhos, na verdade.
— Tem um bar aqui perto que costumo ir com a Mia, podemos ir caminhando?
— Claro.
(…)
O tal bar era bem menor do que você imaginava, e estava até quieto pelo horário. Uma luz um pouco avermelhada, quase luxuriosa, iluminava uma placa neon escrita em letras cursivas. Uma coisa meio retrô, talvez por isso o senhor Veríssimo gostasse.
Estava bem calor, porém o ambiente era aberto e bem ventilado. Estar caminhando ao lado dele te fez sentir quente, ele era quente o suficiente para você reparar até quando estava longe de seu espaço pessoal.
Vocês se sentaram e senhor Veríssimo conversou com o rapaz atrás do balcão, se apressou em pedir uma porção de batatas-fritas com tudo que vocês tinham direito. O cheiro era de óleo novo, cheiro de fritura que abre o apetite. Mesmo você estando ou não acostumado a comer essas coisas gordurosas, aquilo parecia ter um toque de mágica que te deixou com mais fome do que você esteve antes. Se é que isso fosse possível…
— Vai querer beber alguma coisa, agente?
— Você vai?
— Sim — você ficou em silêncio, ele continuou — Sou particularmente bom nisso de beber. Não do jeito ruim, claro, porém… é.
— Entendi — você riu. Ele sem graça era uma coisa realmente adorável — Ok. senhor. Já que você é um expert’, escolha alguma coisa para mim. Pode fazer isso?
— Com certeza, você não irá se arrepender.
Você observou enquanto ele cobrindo a boca parcialmente, de forma que você não pudesse ver ou ouvir o que ele falou. O funcionário sorriu e concordou com a cabeça.
Enquanto isso, você pode perceber uma pista de karaokê no fundo do bar. Um grupo de amigos estava sentado, um parecia encorajar o outro para começar a cantoria. Que ridículo.
— Você vem aqui por causa do karaokê, senhor Veríssimo? — você provocou com um sorriso nos lábios, ele sorriu no mesmo tom.
— No meu tempo eu era ótimo nessas coisas.
— Nem a pau! Você? No karaokê?
— Claro que sim, eu nem sempre fui um velho ranzinza. Isso foi há vinte anos.
— Eu só acredito vendo… — Com certeza você acha que é uma ótima ideia colocar ele para cantar.
— Talvez algum dia, porém este dia não é hoje.
O que vocês pediram chegou, as batatas, um copo alto para você e um copo de whisky para ele. Você viu que havia um pequeno papelzinho preso com um prendedor, nele havia um desenho simples de um coração. Inevitavelmente você sorriu.
— Gostou? — Ele perguntou envergonhado.
— Foi você quem pediu?
— Foi.
— Adorável, senhor Veríssimo. Obrigada!
Vocês continuaram conversando enquanto jantavam. Em um certo momento as pessoas que estavam no karaokê começaram a cantar, desafinado que dói, mas era uma trilha sonora, definitivamente.
Além dos cantores amadores, várias pessoas dançavam em passinhos que você nem conhecia. Sua bebida, cuba-libre, desceu como se fosse água: refrescante, ao mesmo tempo que aumentava o calor pelo teor alcoólico. Você encarava o Veríssimo enquanto ele parecia bem menos animado do que você.
Mas ele estava. Ruborizado, suado, gotinhas do suor transparente desciam pelo peito definido, o barulho do tilintar dos copos, você queria…. fica ao seu crítério.
É difícil dizer como, mas em um dado momento o karaokê ficou vazio. Você, ainda consciente, tocou no assunto novamente:
— Canta uma pra mim, senhor Veríssimo! Isso me faria feliz!
— Não.
— Por favor, ninguém está olhando….
E como se tivesse tirado um crítico em diplomacia, ele respirou bem fundo e se levantou. Mesmo se você não for muito expressivo, é inevitável encará-lo com um sorriso besta quando ele selecionou a música, e aquele ritmo que é a marca dos anos 80.
Senhor Veríssimo deu um show. Cantou “Never gonna give you up”, a voz bem máscula e viril fez você se arrepiar por completo! Ele até deu uma reboladinha durante o refrão, uma cena que você nunca pensou que veria.
Ainda bem que você viu, porque foi lindo! Ele cantou para você! Não está lisongeade?
Quando a música acabou, você aplaudiu enquanto o via voltando. Ele estava ainda mais suado do que antes, cheirando forte junto da colônia masculina super forte. Junto da luz vermelha do local, dava um ar ainda mais erótico.
— Gostou?
— Eu deveria ter filmado para ficar vendo o dia todo!
— Outro dia eu canto para você de novo.
— Promete?
Silêncio….
— Prometo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.