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História Lição - Narusasu Sasunaru - Lição 15 - João está apaixonado por Carlos


Escrita por: DianeWiliie

Notas do Autor


Oi gente bonita! Aproveitando o intervalo do cursinho vim trazer um capítulo lindão para vocês.
Provavelmente vou postar agora nas sextas a noite, mas não é de certeza. Aproveitando que amanhã é feriado vou tentar adiantar os capítulos finais (para vocês ainda vai rolar muita água, mas para mim tem coisa ainda pouca coisa para escrever).
É isso, aproveitem!

Betagem pela @MazeQueen

Site do blog: https://www.wonderfuldesigns.com.br/

Capítulo 15 - Lição 15 - João está apaixonado por Carlos


Fanfic / Fanfiction Lição - Narusasu Sasunaru - Lição 15 - João está apaixonado por Carlos

 

Revisado ✅

Lição 15 - João está apaixonado por Carlos

inveja (i.n.v.e.j.a)

substantivo

Significado: algo que Neji acha que Sasuke tem por ele

Aplicação em uma frase: Inveja de você? Quer que eu doe um espelho pra ver se tu se enxerga? 

 

[ Neji]:  Vc ainda tá c raiva de mim?

[Neji]: Como vou melhorar se vc n me deixa aprender com os meus erros

[Neji]: ??

— Realmente, é uma desculpa bem bosta — concordou Deidara.

Estava na fisioterapia com o irmão, o dia estava bem cansativo para o Uzumaki. Rin estava ajudando Deidara, insistindo no movimento do seu ombro já que foi uma das partes que não perdeu completamente o movimento. Mas o irmão afirmou que estava enjoado,  daquela cara sorridente o tempo todo dela. Sem contar que hoje era o dia que finalmente iria usar o estabilizador de talheres e outra coisa que o loiro mais velho reclamava era que aquele troço era muito esquisito. Se tratava de um suporte que ficava preso a sua mão, bem na palma e envolvia toda a região por conta de uma cinta elástica e possuía um espaço bem no meio que dava para colocar um talher, qualquer que fosse.

— Sem enrolação, Dei — Rin chamou sua atenção. — Vamos lá.

— Eu vou ter que usar esse treco feio toda vez para comer?

—  Por enquanto sim, pelo menos até sua musculatura ficar mais forte.

— Me sinto uma criança aprendendo a comer de novo — E um biquinho emburrado.

— Deixa de reclamar, você nem tentou ainda — afirmou Naruto. — Vamos deixar minha vida amorosa para depois.

— Saber da sua péssima vida amorosa é o auge do meu dia — disse.

O Uzumaki do meio apenas lhe mostrou a língua. Rin indicou o prato para o mais velho, mostrando que deveria tentar de uma vez, ela não tinha o dia todo e tinha outros pacientes. Era visível a melhora do rapaz, ele já movimentava bem o punho e os ombros, e a morena queria muito ver até onde ele chegava. Era uma conquista profissional para si.

Estavam na lanchonete da clínica, na mesa tinha um bolo todo fatiado em pedacinhos, era bem cremoso para facilitar a perfuração do garfo para Deidara levar a boca. A morena estava ansiosa de verdade, queria muito dizer a Obito dos avanços do rapaz, já que era um dos pacientes em que o Senju mais dava atenção.

— O auge do seu dia deve ser suas próprias conquistas também — argumentou uma voz bem atrás dele.

Falando no diabo.

Obito tinha acabado de chegar, usava ainda uma roupa bem formal. Uma camiseta preta de manga longa que destacava o peitoral e uma calça jeans, os cabelos pareciam úmidos. E ele chamou a atenção de todo o lugar, porque era inegável toda a beleza e a simpatia do Senju. 

— Posso? — perguntou Obito puxando uma cadeira do lado de Deidara, o irmão de Naruto apenas assentiu. — Vai, me dá um pedaço.

Nessa hora Naruto decidiu gravar a cena, seria uma vitória e tanto para os seus pais que estavam ocupados demais trabalhando para conseguirem apoiar o filho nesse momento, muito dificilmente conseguiriam sair do trabalho para acompanhar o mais velho até a fisioterapia ou as consultas, ou até mesmo passar a tarde cuidando dele como Naruto fazia. 

Obito sentou-se ao lado esquerdo de Deidara, ficando em uma aproximação razoável, o suficiente para o Uzumaki conseguir se aproximar com o talher de sua boca. Com uma resignação desconhecida, de forma bem lenta o loiro conseguiu perfurar o bolo, tudo que precisava era deixar o punho estável e levantar o braço com os ombros. Naruto notou a força que ele fazia, parecia muito concentrado.

— Abre a boca — pediu Deidara.

O ombro e o braço faziam uma inclinação de 90° certinho, o médico obedeceu e facilmente conseguiu capturar o pedaço da massa. Mastigou, sorrindo satisfeito sem de fato abrir a boca, dando uma piscadela para Deidara. Naruto tinha parado de gravar quando viu um e-mail chegando, tinha sido bem na hora que tinha apertado o pause.

Deidara sorriu satisfeito e Obito e Rin incentivaram o rapaz a continuar, a fisioterapeuta dizia que ele deveria sempre treinar comer em sua casa com aquilo, para pegar o costume e isso contaria como um exercício. Se afastou rapidamente, para que o mais velho não visse a expressão arrasada do irmão. Tinha chegado um e-mail do programa “Abrace o Mundo” dizendo que não poderia participar do intercâmbio por ter faltado à prova.

Assim que voltou sua atenção novamente para a lanchonete encontrou o sorriso largo do irmão. 

— Ei, dr. Tobi, eu não mereço um abraço? — perguntou Deidara.

O médico sorriu sem jeito e tirou o garfo do apoio, abraçou o Uzumaki mais velho com um braço só na cintura e seu irmão moveu o braço direito novamente, inclinando-o de uma forma estranha, a palma não ficou estendida como geralmente as pessoas faziam quando abraçavam e sim em punho.

Deidara deu uma piscadela para o irmão.

Algumas coisas valem a pena perder.

Vamos pensar um pouquinho… Homens, raça miserável, viu? Imagina só um cara que não lava a bunda porque não quer “receber visita em casa” podendo ter uma infecção porque é um imbecil; imagina também o cara que pede foto de agora; que fala que as caras são “presenças” porque se doem de ter que admitir que um outro homem pode ser bonito; imagina um cara que diz que se a mulher não toma o “leite” dele não gosta do relacionamento… Então, pensando nesses casos, querido leitor, você acha mesmo que alguém em sã consciência ia gostar de homem? Por escolha própria?

Me faça rir! Quem porra ia querer gostar de uma racinha como essa, sacanagem sua pensar isso! Por isso, digo e repito que sexualidade é uma orientação e não uma opção e se você terminar esse livro e ainda errar, uma árvore morreu em vão. Não se escolhe ser gay, lésbica, bissexual, pan… você acha que alguém um belo dia acordou e pensou: nossa, me odeio tanto, o que posso fazer para minha vida piorar? Acho que vou ser gay para ser expulso de casa, para correr risco de apanhar na rua, de escutar um monte de gente chata me dizendo que vou para o inferno…

— Filho, está na hora de ir para a escola e… — Mikoto interrompeu a fala.

Sasuke estava sentado em sua cama lendo “O mínimo para deixar de ser babaca: orientação sexual e gênero” e sua mãe não poderia estar mais satisfeita de o ver se esforçando tanto. Quase se arrependeu da bronca de dois dias antes, porque percebeu que seu filho mais novo estava realmente se esforçando para entender mais sobre Itachi. Sentia orgulho do seu bebê estar procurando se informar, as pessoas eram tão preconceituosas e se baseiam em ideias tão fúteis para justificar seus preconceitos, se ao menos buscassem estudar, ler um pouquinho já faria uma grande diferença.

Sem contar que os dois estavam se aproximando de novo, Sasuke sempre tentava incluir Itachi em seus planos e os dois até se matricularam em uma academia. Tinha notado o filho mais vaidoso, querendo se arrumar mais, cuidar do corpo — perguntado se era magro demais e ossudo — e passando tanto perfume que parecia uma auto propaganda da Boticário.

— Ah, mãe! — O filho escondeu o livro rapidamente, como se fosse uma playboy. — Não te vi aí.

— Não faça isso — repreendeu em tom doce. — Não tem nada de errado você estar lendo isso, está se esforçando pelo bem dessa família e isso é muito lindo. 

Mikoto foi em direção a Sasuke e o abraçou firme, sentindo o cheiro de perfume exagerado. Tinha certeza que seu filho estava apaixonado por alguém e quando fez menção de perguntar, ele negou de uma forma tão estúpida que sabia que o tinha pego no pulo. Ainda achava que o mais novo estava naquela fase de não admitir, por isso sempre que pudesse iria dar um empurrãozinho.

— Todo cheiroso de novo, hein? — disse dando uma fungada em seu pescoço. — Quem é?

Certamente Sasuke estava estranhando o fato de Mikoto estar tão carinhosa, ela não costumava ser assim. Só que estava tão feliz, dando pulinhos mentais por ver seu pequeno evoluindo. Queria que o marido fizesse o mesmo, mas eram passos demais para Fugaku ainda, estava feliz que pelo menos um dos dois estivesse subindo mais degraus.

— Quem é quem? — perguntou o moreno se fazendo de sonso.

— A garota especial que você está gostando? Ainda é aquela rosinha? — induziu. 

— Não, não estou mais a fim da Sakura, vi que ela não quer e é melhor não insistir, vou apenas ser um chato que não consegue aceitar um fora de uma garota — explicou dando de ombros.

Queria morrer ali mesmo. Seu filhinho finalmente virando um homem maduro. Não sabia qual foi a chave que virou naquela cabecinha ali, mas só poderia agradecer a Deus por seja qual for a mudança que tenha acontecido a ponto de Sasuke buscar melhorar como pessoa.

— Então, outra garota? 

A forma como os ombros de Sasuke abaixaram e ele desviou o olhar foi o suficiente para Mikoto. Não tinha notado na primeira vez, só que agora não cometeria o mesmo erro, Itachi deu sinais claros a vida toda e fez questão de ignorar. Deu no que deu. Não faria isso nunca mais.

— Ou outro garoto…? — sugeriu e automaticamente as bochechas do filho ficaram bem vermelhas.

Sasuke se levantou de supetão querendo ir embora dali e Mikoto o puxou pelo pulso. Negativo. Não deixaria a conversa acabar por ali, não o pressionaria muito a ponto de deixá-lo desconfortável, só não deixaria tão quieto a ponto do filho achar que não seria aceito.

— Para com isso, mãe, me solta aí! — exclamou o filho, sua voz saiu mais fina que o normal, sinal que estava nervoso.

— Calma, Sasuke. Vem aqui —  O puxou até fazê-lo cair na cama de novo e o fez questão de abraçá-lo. — Só quero dizer que se for ou não um garoto, para mim isso não importa. Não muda a visão que tenho de você.

    Apertou firmemente o filho em seus braços, até tentou acariciar seus cabelos. A questão do toque físico realmente precisava ser resolvida nessa família, onde já se viu não abraçar o próprio filho? Iria se esforçar também na prática para fazer tudo dar certo. Sentiu o corpo do filho tenso, como se estivesse em choque, acariciou também as costas em movimentos circulares.

— Se por um acaso fosse um garoto… Não teria problemas? — perguntou baixinho se apertando mais na mãe. — Não que eu esteja apaixonado por um cara, longe disso, só uma hipótese.

— O único problema que teria é esse garoto não perceber o quanto você é incrível — murmurou.

— Só que não estou apaixonado por menino nenhum — O tom não convenceu Mikoto, ainda bem que o filho não pôde ver o sorriso debochado da mãe.

A Uchiha se afastou do filho e arrumou sua franja.

— Eu não estou dizendo que está apaixonado por um garoto, só quero deixar claro que se isso acontecesse não teria problema. Você continuaria sendo o meu Suke.

Deu um peteleco em sua testa. Sempre via Itachi fazendo isso e sempre quis imitar também, os dois possuíam um vínculo forte e queria apenas participar, um pouquinho que fosse disso. Queria proteger seus meninos do mundo, mesmo que Sasuke também sentisse atração por garotos e viesse a se apaixonar queria ser um porto seguro, alguém para quem ele pudesse confiar, não queria outro incidente como o de Itachi que namorou escondido e deu no que deu.

— Nos vemos depois — disse sua mãe. — Mas sendo hipotética… se fosse um garoto seria aquela coisa fofinha que levou ao meu consultório e que me fez falar com meu amigo oftalmologista para conseguir as medidas do óculo e da lente?

— Você está muito enxerida, mãe! — exclamou o filho.

Sorriu.

Tinha sua resposta.

— Depois me empresta esse livro, quero deixar no escritório do seu pai — afirmou. — Gostando ou não de meninos, fico feliz que esteja buscando se informar, isso vai ser de muita ajuda para o Itachi. Nós seremos uma família melhor para ele — E lembrando de algo completou: — Não se esqueça de visitar o centro recreativo do Tobirama, tá? Para as fotos. Ele disse que amanhã vai estar bem vazio.

Sasuke assentiu, desviando o olhar. Por alguma razão a conversa com sua mãe o tinha ajudado a se sentir bem melhor, sentia que cada dia dava um passo em frente, em direção ao que ainda não sabia. Mas sentia que era bom, sentia isso no coração. No começo foi por puro egoísmo, queria conhecer mais sobre sua sexualidade e só, apenas para ter certeza que nunca em sua vida iria querer alguma coisa com aquele dobe maldito.

Ainda estava muito confuso. Era muita coisa para assimilar, nunca na vida tinha pensado em beijar um garoto e agora não só tinha feito isso como via gradativamente seus sentimentos mudando, aos poucos, sem nem notar. Também queria chegar na escola cedo para Neji não roubar sua cadeira, queria sentar perto dele, queria pedir suas canetas emprestadas e ver ele revirar os olhos como se isso fosse óbvio, mas depois acabaria sorrindo. Gostava da atenção que Naruto tinha nas aulas, sabia quando o loiro estava em dúvida pelo jeito que o cenho ficava franzido, sabia quando estava louco para a aula terminar enquanto remexia a caneta entre os dedos.

Eram bastantes detalhes que tinha reparado.

Tinha chegado a conclusão que realmente precisava de uma consulta com aquele tal de Hagoromo. Entender o que tinha de errado em sua cabeça. Deveria ter, mesmo que tenha alguma atração por caras em algum nível, por que tinha que ser logo com Naruto? Por que de tantas pessoas tinha que ser logo aquele embuste? Será que tinha algo a ver por Sasuke saber que ele cortava para os dois lados e isso trazia, sei lá, uma segurança para que pudesse “explorar seu outro lado?”

Quando chegou na sala foi logo colocando sua mochila ao lado da carteira do Uzumaki, o loiro estava lendo alguma coisa, os olhos atentos e os óculos pendendo sob o nariz, pareciam prestes a cair. Queria chamar sua atenção quando sentiu uma puxada em seu ombro, era seu primo, Neji. Desde ontem o moreno parecia querer conversar seriamente consigo, mas não tinha paciência para ter que aturar logo aquele primo.

— Vem aqui, rapidão — pediu o Hyuuga.

Naruto tinha olhado de rabo de olho a interação dos dois, quis intervir, mas depois se recolheu. Deveria ser muita prepotência achar que os dois iriam falar logo sobre ele, como se estivessem disputando pelo seu amor ou coisa do tipo. Com certeza deveria ser efeito daqueles livros de romance que Hinata estava o incentivando a ler — agora que a morena estava “namorando” com Sakura os dois viraram bons amigos.

Voltando novamente a Sasuke. Ele acompanhou o primo até o refeitório, as aulas ainda não tinham começado e no começo do dia escolar era oferecido um café da manhã para os alunos — principalmente aqueles que vinham de fora —; os dois sentaram-se no lugar mais vazio que encontraram.

— O que você quer? — perguntou de uma vez. Se tinha uma coisa que não faria era puxar papo com aquele otário. Nem morto. — Anda que eu  não tenho o dia todo.

— O que você quer com o meu namorado?

A pergunta doeu, o tom como Neji se referia como se o Uzumaki e ele realmente tivessem engatado uma relação não o agradou nenhum pouco. Bem, não iria demonstrar isso logo àquele verme, manteve a postura confiante e fez a melhor cara de paisagem que conseguia. Porém, o embrulho no estômago não era tão fácil de ignorar.

— Que namorado? — Viu a sobrancelha do primo arquear, ele não parecia muito amigável como deixava transparecer nas reuniões de família.

— Você é idiota ou o quê? — O Hyuuga cruzou os braços. — Claro que estou falando do Naruto, a quem você se agarrou que nem um coala antes de ontem.

— Não sabia que vocês dois namoravam, não está se emocionando à toa? — debochou. — Um teste do Spotify parece durar mais que o “namoro” de vocês, então acho melhor puxar o freio aí.

Sorriu ao lembrar que aquela alfinetada tinha vindo do próprio Naruto. Sempre soube que Neji era um merdinha, agora que ficava intimidando os outros por conta de ficante era demais. Ia se levantar quando o primo prosseguiu, a voz desdenhosa que o irritava tanto quando os dois eram crianças:

— A Hinata me disse que achava que rolava alguma coisa entre vocês, eu tinha certeza que não, já teu pai pastor e todo homofóbico — lambeu os lábios. — Já basta ter um filho gay agora outro? Ele que faria questão de te matar ag…

Não deixou o primo terminar, deu um soco bem certeiro no nariz dele. Sentiu os ossos estalando sob o punho e rapidamente as poucas pessoas que estavam ali se amontoaram. Neji revidou e logo eles deram um punhado de socos e chutes, até puxões de cabelo. Os alunos entoaram “briga! Briga” e formaram uma rodinha, muitos até pensaram em gravar. Escondendo o celular de forma estratégica para não deixar Orochimaru mais puto ainda.

A briga só parou quando Shikamaru a muito contragosto ajudou a segurar Neji e Choji a segurar Sasuke. O Nara resmungou que nunca tinha conhecido pessoas tão problemáticas quanto as daquela família. 

Sentia o sangue ferver e se remexeu para tentar se livrar dos braços do Akimichi que tinha um aperto forte. Conseguia sentir o sangue escorrer pela testa até pingar brilhante em sua camiseta da farda. Nunca sentiu tanto ódio na vida inteira.

 Neji poderia falar dele o quanto quisesse, aguentava o tranco sem problemas, agora de Itachi? Isso não! Seu irmão tinha voltado agora e estava melhorando aos poucos, tinha vacilado uma vez com o mais velho, não o faria de novo.

☀☾

— Amigo, você não sabe! — Sakura chegou animada.

Deveria ser algum fuxico, ela só ficava assim quando acontecia alguma coisa interessante — geralmente brigas — na escola que não fosse aulas. Fechou o caderno e prestou atenção, sempre tentava chegar o mais cedo e resolver as lições no tempinho que sobrava no seu dia. Sabia que sua rotina era exaustiva e que se deixasse de lado uma coisa ou outra poderia descansar mais, só que o abrigo era sua paz e seu lugar confort e a academia era a responsável pelo menos 60% por ser um grande gostoso — humildade passou longe, ele tem espelho em casa — e os outros 40% era genética abençoada.

Voltando a Sakura a amiga estava com aquele olhar brilhante nos olhos jade.

— Se você puder falar, eu agradeço — murmurou.

A garota sentou-se em cima da sua mesa.

— O Neji e o Sasuke brigaram feito dois gorilas no refeitório, eu não entendo direito o que foi, mas tem dedo daquele Uchiha no meio — explicou Sakura.

Por alguma razão a notícia não o deixou tão animado quanto a Haruno estava. Engoliu em seco umas três vezes e sentiu um gosto amargo em sua boca. Não sabia o que era aquilo, não identificava se era uma preocupação com Neji — ao qual tinha uma relação, embora estivessem afastados no momento — ou por Sasuke — que sempre arrumava um jeito de confundir sua cabeça.

— Por que acha que foi o Teme o culpado? — Quis perguntar de uma forma que não estivesse dando uma de advogado do diabo, como se estivesse defendendo o Uchiha, embora pelo franzir de cenho da rosada tenha soado exatamente assim.

— Naruto, isso nem deveria ser pergunta, né? O Sasuke é um lixo! Está sempre andando com o Sasori e o Juugo, sem contar que sempre passou pano para o bullying dos dois, aqueles imbecis mexem com qualquer um sem precisar de motivo. Por que com ele seria diferente?

— Porque ele é diferente — murmurou para si mesmo e Sakura revirou os olhos, sabia que estava soando ingênuo. Mas poxa, será mesmo que ninguém confiava no seu senso de valor? — O Sasuke nunca mexeu com ninguém, ficava calado, o que não contribui para limpar a ficha dele, mas pelo menos não era tão pau no cu quanto aqueles dois. Sem contar que faz tempo que anda só com Suigetsu.

— Quando o assunto é pessoal não parece isso — A Haruno cruzou os braços. — Lembra que no começo do ano ele te disse que se você não fosse “bicha” essas coisas não aconteceriam? Inclusive foi nesse dia que esse otário tá te enchendo desde então.

Assentiu. Não iria dar bola para que Sakura falava, a rosada parecia ter sua opinião sobre Sasuke muito bem formada e as palavras de Lee estavam em sua mente, girando como planetas ao redor do sol. Mesmo Gaara e a Haruno sendo seus bons amigos e querendo seu bem, não poderia aceitar tudo que eles pensavam e aconselhavam como uma verdade universal. Por alguma razão, acreditava sim nas mudanças que o Uchiha vinha tendo. Parecia se controlar para não falar mais nenhum xingamento homofóbico, estava mais próximo de Sui — que todo mundo sabia ser um cara super foda e respeitador, nada como aqueles dois.

— Os únicos que realmente sabem o que aconteceu são os dois. Seja qual for o motivo da briga não é da nossa conta — concluiu Sakura. — Você não quer mais nada com o Neji, tá na cara e o Sasuke nem se fala, fora de jogo faz tempo.

Mais um aceno positivo.

Sakura lhe abraçou de uma forma desengonçada, depois se afastou e continuou mantendo contato visual por um tempo, ponderando sobre o que ia dizer, por fim, reuniu coragem para falar, conhecia o Uzumaki muito bem para saber que o amigo realmente estava depositando a fé na pessoa errada:

— Só vê se não caí na história de pescador que o Sasuke está contando.

Deu um beijo em sua bochecha e foi para o fim da sala onde costumava ficar.

 Naruto queria acreditar que não era tão fácil de se ludibriar assim, seus amigos não viam como o Uchiha agia na sua frente. Ninguém era tão bom ator a ponto de fingir ter totalmente outra personalidade, via as mudanças ocorrendo, aos poucos, mas via. Queria acreditar no que seus olhos estavam vendo.

Pela primeira vez, acreditaria mais em seu julgamento do que no dos amigos.

Esperava não ter realmente caído no canto da sereia ou qualquer outra analogia com farsa e mar que existisse. Só uma vez, disse a si mesmo, confiaria nele só mais uma vez e se quebrasse a cara. Bom, era orgulhoso o suficiente para levantar a cabeça e seguir em frente como se nada tivesse acontecido.

☀☾

Com certeza não era o plano de Sasuke que seu irmão fosse resolver um problema seu a tão poucos dias que tinha voltado para casa. Mesmo assim, era o único responsável disponível; Mikoto tinha uma consulta inadiável e Fugaku não respondia as mensagens que o diretor mandava. Então, Itachi tinha aparecido — para a felicidade de Orochimaru, uma poc muito emocionada, por sinal — e seu tio Hizashi. No fim, ficou fora da sala do diretor em uma salinha de espera sob a supervisão de Kabuto, o coordenador. 

Estavam um de frente para o outro, sentados sob os olhos atentos do Yakushi. Sui tinha dado uma passadinha lá para dar um “oi”— na verdade ele queria saber um pouquinho da fofoca e tinha pedido para o professor Kakashi um tempinho para ir ao banheiro. 

— Nossa, sua cara tá péssima — informou o amigo.

— Obrigado, mérito todo desse merda ali — Apontou para Neji que soltou um som muito parecido com um rosnado.

— Ei, vocês dois, não comecem de novo! — repreendeu Kabuto, estava sentado mexendo em umas cartinhas sob a mesa, parecia uma criança brincando sozinho.

Tinha vontade de mandar ele voltar para suas cartas de Yu-gi-oh, mas sabia como ele era um babão de Orochimaru e como nunca escondeu que não gostava nenhum pouco dos Uchihas, então para queimar seu filme era um passo. Os dois cruzaram os braços e desviaram o olhar.

— Qual foi o motivo da briga? — sussurrou Sui baixinho, inclinando-se para saber a resposta do amigo. — Brigaram pelo amor do Naruto?

— Cala a boca, imbecil — Revirou os olhos. — Esse daí que fala muita merda.

— Eu falo muita merda, né? Eu?— retrucou Neji, mesmo sob os protestos do coordenador. — Você que sempre tem inveja de tudo que tenho, desde criança é um recalcado de merda.

— Inveja de você? Me faça rir! — resmungou. 

— A vida toda, inveja porque sempre fui melhor e mais inteligente que você, mais bonito, sempre fiquei em mais destaque — Começou a enumerar e Sasuke bufou como um búfalo irritado. — Agora até meu namorado você quer? Cara, eu tenho que tomar banho de sal grosso.

— Enfia esse sal grosso no seu olho, já que você não se enxerga mesmo! 

— CALEM A BOCA! — Kabuto bateu com força na mesa, fazendo algumas cartinhas voarem pelos ares.  — Querem mais uma advertência? Lembre-se senhor Neji que é a segunda vez em menos de um mês que vem parar na diretoria, na próxima pode ser expulsão, hein?

O Hyuuga corou e realmente pareceu sem jeito diante da briga da vice-cobra presidente. Sorriu satisfeito, vendo o perolado semicerrar os olhos para o seu lado e Sasuke aumentar seu sorriso novamente como se fosse o gato roxo da Alice.

— Então a briga foi mesmo pelo Naruto? — Sui estava muito animado para ter empatia pelo melhor amigo agora. — Cara, me sinto em um daqueles BLs que a Karin me obriga a assistir.

— Deixa de ser irritante, você acha que eu gosto daquele nerd patético?

— Bem, analisando toda a situação até agora — Sui acariciou o queixo como se fosse um investigador pensando — eu acho que é exatamente isso. 

Sasuke respirou fundo e orou internamente para que Deus desse a ele um pouco mais de paciência para não surrar outro colega de classe no mesmo dia.  

— Ele gosta do Naruto, sim — Neji cruzou os braços. — Ou acha que gosta porque ele está comigo. Você não escutou? Ele é um puta invejoso.

— Inveja de você? Quer que eu doe um espelho pra ver se tu se enxerga? — argumentou.

Uma veia parecia prestes a estourar no pescoço do primo, com a pele tão alva quanto a de Sasuke era fácil notar. Neji sempre foi altamente competitivo com os primos, com ele e Hinata, principalmente, a perolada que era boazinha demais — para não dizer palerma — sempre ficava mais passiva, aguentando tudo e tentando ver o lado positivo do primo e os dois tinham uma amizade estranha — tóxica — em que algumas vezes o Hyuuga ainda a escutava, muito raramente. 

Sasuke era o completo oposto, quando os dois se encontravam nos jantares de família sempre acabavam brigando. Não tinha paciência para dar uma de pomba bronca e ficar quieto em prol da paz. Deveria ser por isso que Mikoto evitava visitar os irmãos gêmeos. Nada contra Hizashi — que era legal e tinha um filho merda — e sim contra seu único descendente.

— Olha, não quero você perto do Naruto, seus amigos são um bando de pau no cu e ele não precisa do líder do bando enchendo o saco também, ok? — explicou Neji. — Você sabia que o Naruto pensa que está sendo todo bonzinho porque apostou com os amigos que ele ia quebrar a cara?

Fechou o semblante na hora. Ele já sabia disso, Naruto tinha dito. Mesmo assim era um saco aquele panaca esfregar isso em sua cara.

Percebendo que tinha atingido o Uchiha em cheio, Neji sorriu satisfeito. 

Suigetsu, que foi ali apenas movido pela fofoca em primeiro lugar, apertou o ombro do amigo em sinal de apoio. Poderia dizer que isso não era verdade, Neji estava sendo babaca só por ser, mas os dois saberiam que estava mentindo feio. Sasuke tinha vacilado muito com Naruto para que o Uzumaki pudesse duvidar das suas intenções, ter sido amigo de Sasori e Juugo não contava muito como ponto favorável.

— Senhor Kabuto, eu posso sair com o Sasuke? Rapidão! Por que quero conversar com ele e o ambiente não parece muito bom pra isso — sugeriu o albino.

— Cinco minutos, só isso — concordou.

Suigetsu puxou o amigo para fora, para pelo menos tentar conversar um pouco. Neji sabia como mexer com a mente de Sasuke, mas ele também sabia. Iria conversar com o amigo para tirar aquela bad que se instaurou em um piscar de olhos.
    Agora, os dois estavam no corredor da escola, perto dos banheiros. Sasuke parecia ter levado outro soco — seu olho direito estava inchado e tinha um leve corte na bochecha. Mesmo assim, Sui tinha que admitir que o melhor amigo ainda era mais bonito que ele, que estava todo arrumadinho e limpinho.

—  Você sabe que o Neji estava falando aquilo só para te abalar — tentou. — Se ficar abalado ele vai sair ganhando.

— Não me importo se ele ganha ou perde, ele que se foda! — exaltou. — Você acha que eu sou tão merda assim a ponto do Naruto não confiar em mim? Ele disse que me perdoou, mas vai que…—

Então ansioso mostrou o celular para o amigo, rolando pela tela até achar o contato do Uzumaki “loiro aguado” e clicou no play, tinha uma voz mais estridente no áudio com a voz carregada de sarcasmo, tentando disfarçar a vergonha. 

Bem, agora achava que podia ajudar. 

— A questão agora é se você confia nele e não o contrário — afirmou Sui. — Ele disse que está tudo bem, que deixou no passado. Prefere acreditar no Naruto ou no Neji? 

Vendo que tinha alugado um triplex na cabeça do amigo, resolveu deixar tudo organizado. Sasuke quando se tratava de sentimentos era um completo analfabeto sentimental, não entendia como as coisas funcionam de verdade, sem contar que tinha toda a questão de descobrir sobre sua orientação sexual.

— Eu acho que o Neji está puto porque o Naruto te escolheu; e antes que você venha encher dizendo “ah, mas eu estava drogado e tal” já mando enfiar tua opinião no rabo — Foi direto. — Se ele te achasse podre assim simplesmente iria demonstrar uma preocupação normal e não aquela afobação, uma empatia como a Sakura, por exemplo. Ele quis ficar com você, ele quis cuidar de você. O Neji tá é de recalque.

A forma como Sasuke parecia aliviado fez Sui ter certeza que tinha acertado quando resolveu pensar mais um pouquinho antes de dizer qualquer coisa.

— E olha, sei que tu tem alguma coisa na tua cabeça errada, mas qual é a porra do problema de gostar do loirinho? Seria tão ruim assim gostar de um cara bonito, inteligente, malhado, que gosta de bichos e que se importa com você?

    Sasuke arqueou a sobrancelha. 

A questão é que Karin estava enchendo muito sua cabeça dizendo que os dois deveriam aproximar Naruto e Sasuke — já que eram duas amebas para tomarem qualquer iniciativa, a ruiva disse que puxaria um pouco o saco do primo e ele deveria fazer o mesmo com o amigo. Só achou que não foi nada discreto em sua propaganda, tinha ficado muito na cara que estava dando uma de cupido.

— Quer pegar a família inteira agora? Gostou tanto da Karin que quer testar o primo?

Não.

Não conseguiu segurar a risada. Sasuke Uchiha estava cadelando tanto pelo loirinho que estava com ciúmes de Suigetsu? Ah, como as pessoas gostavam de se enganar. O amor realmente mexia com a cabeça das pessoas, o seu melhor amigo que sempre foi super inteligente e detestava quando o Hozuki empurrava alguma menina para cima de si agora estava com ciúmes dele? Obrigado Deus, pensou o albino.. 

— Estou muito feliz com a minha delicinha. Relaxa, mas te digo, se eu cortasse para o outro time eu dava muito para o Naruto — a forma como Sasuke o encarou soube que tinha falado uma merda.

— Tu seria o passivo? É muito gay, nem disfarça. Deve ser por isso que a Karin resolveu namorar com você.

— Oshi, não caí o pau admitir que acha um cara bonito ou atraente. O Naruto é bonito, Sasuke, não é só Neji que repara não — cruzou os braços. — Se ele tivesse mais dinheiro, tinha passado a rola em todo mundo na escola.

— E pelo jeito você estaria bem no começo na fila, né?

— E você não?

— Humpf.

— Isso não foi um não — arguiu o albino que fez o amigo corar. 

Deu um empurrão no amigo que deu uma risada alta.

Aquele tubarão maldito falava cada coisa estúpida, mas tinha que confessar que gostava mesmo da amizade dos dois.

 

☀☾

Itachi estava estranhamente quieto enquanto ele e o irmão caminhavam para ir embora da escola. Não sabia que Neji tinha mudado de escola, era mais que óbvio que aqueles dois iriam cair no cacete. O irmão tinha ganhado uma suspensão de três dias — um tipo de punição que nunca iria entender, se tinha uma coisa que qualquer aluno adoraria era ter um bom motivo para não ir à escola e ainda não levar falta por isso. Nenhum dos dois explicou o real motivo de terem brigado, apenas o Hyuuga “porque ele é um invejoso” e Sasuke resmungou algo como “vai ficar só nisso? Grava de uma vez para poupar a voz”.

Sem paciência, Orochimaru disse que os dois iriam ficar três dias suspensos e caso voltassem a brigar iria para o histórico.

— Não acredito que você conseguiu brigar com o Neji na escola — afirmou.

— Você sabia que ser babaca é uma coisa que não muda de acordo com o ambiente? É uma parte dele — O mais novo suspirou. — Nem vem me dar bronca, só porque você era o aluno modelo do Orochimaru eu não preciso ser assim.

— Não estou pedindo para ser um aluno modelo, mas não precisa ser um aluno problema.

— Não que… Porra! 

Uma coisa que não entendeu foi porque do nada o irmão se escondeu em uma pilastra. Pedindo silêncio para Itachi disfarçar, poucos segundos depois uma garota com cabelos rosas e alguém bem familiar apareceram, conversavam alguma coisa bem animados. Foi a vez do coração do mais velho dar mais voltas que a terra pelo sol em um dia, aqueles olhos, aquela cor de cabelo e o jeito eram muito familiares. Nunca tinha encontrado Naruto pessoalmente, mas Deidara gostava muito de falar de sua família.

Meu irmão do meio, o Naru, vai ser o milionário da família, ainda bem que sempre fui um irmão mais velho muito bom para ele me bancar — lembrou do ex-namorado ter dito em uma de suas muitas conversas na lanchonete da faculdade — Ou vai arrumar um sugar daddy, porque puxou a beleza do papai.

Para provar o argumento, mostrou uma foto.

Ele só tinha visto Naruto pelas postagens do Instagram do ex-namorado, ele realmente era muito bonito. Agora o vendo pessoalmente enquanto se aproximava, viu que não era um exagero de Deidara, e era estranho, porque geralmente as pessoas ficavam mais feias pessoalmente do que em fotos. Mas o garoto era realmente muito bonito.

Naruto passou por ele sem dizer nada, muito entretido na conversa com a garota de cabelos rosáceos, mas a menina tinha encarado Itachi com desconfiança, repreendendo-o por ficar encarando e então desviou o olhar, engolindo em seco.

Quando o loiro sumiu de vista Sasuke finalmente voltou, aliviado.

— O que foi isso? 

— Eu não queria ser visto desse jeito, tô com a cara toda fodida — argumentou o irmão.

— Ah, essa é a garota que o papai disse que você gosta, né? 

— Foi uma paixonite aguda, já passou — disse. — A Sakura gosta de outra pessoa e também a gente nem combina mesmo.

Sasuke apressou o passo, rapidamente querendo sair dali. Tinha receio que o Uzumaki o visse com o rosto todo arrebentado — e isso não significava nada demais —, principalmente depois de toda a propaganda que o melhor amigo tinha feito sobre Naruto, não queria ficar feio, ou ver a cara de entojo do loiro por achar que começou a briga. Perdoando ou não, era óbvio que ficaria do lado de Neji — afinal, os dois tinham um rolo.

— Não sabia que o Naruto estudava aqui — Itachi pensou alto.

Sasuke parou.

— Você o conhece?

A resposta veio rápida.

— Ele apareceu no jornal, porque participou desses concursos de palavras, tipo aquele programa do Luciano Huck — deu de ombros.

O mais velho infelizmente tinha uma mania de pensar rápido em mentiras, afinal, tinha que passar metade do tempo escondido, não demonstrando o que sentia e sendo o filho exemplo do pastor; um bom filho e cristão acima de tudo. Nem sabia se o Uzumaki tinha parado em um jornal mesmo, parecia uma desculpa plausível no momento e felizmente seu irmão engoliu.

— Então por que se escondeu? — resolveu perguntar. — Você nunca foi de ligar para a opinião de ninguém, a não ser quando está interessado em uma pessoa, aí fica todo vaidoso. Tem certeza que a chama da paixão se acabou pela rosada?

— Chama da paixão? Que coisa brega — Balançou a cabeça. — Tenho certeza que não sinto mais nada pela Sakura, não teve chama nenhuma, acho que nem uma faísca.

Sasuke parecia muito pensativo, parecia querer dizer mais ao irmão. Depois que finalmente os dois entraram no carro foi que o mais novo depois de uns três minutos teve coragem de perguntar de forma hesitante:

— Você sempre soube que gostava de caras? Ou foi só quando encontrou aquele cara da faculdade?

Ainda bem que Itachi tinha uma boa concentração ao dirigir, porque caso contrário teria acontecido um acidente muito feio. Seu pai tinha dito em uma das visitas que viu o mais novo ler livros sobre orientação sexual e tudo mais, já tinha uma desconfiança que não era apenas para ser mais “inclusivo” com o Itachi.

— Bem, sempre tive atração, mas tinha muito medo e travava por conta da religião mesmo, isso sempre pesou muito em mim — falou. — Mas se tem um lugar que tem gay é na igreja, um monte de gente bem oprimida que só quer ser “consertado” e encontrei um cara assim, aquele filho do açougueiro, Kisame, lembra? Foi o primeiro que fiquei.

Pelo menos Sasuke não fez uma expressão de repulsa. 

— Só que evitei a todo custo que se repetisse e ele mudou de igreja também logo depois e tive que me convencer de que não aconteceria mais — O sinal tinha ficado vermelho. — Foi só quando entre na UFK que meu mundo se abriu mais um pouco, lá as pessoas levantavam muito a bandeira da aceitação, não parecia que eu era um peixe fora d ́água e sim mais um peixe no aquário como tantos outros. Foi mais fácil “sair do armário”.

Como Sasuke parecia propenso a ouvir, Itachi resolveu falar mais um pouco:

— Era realmente um mundo novo, como se eu tivesse saído da caverna que Platão falava. Imagina eu, um garoto que cresceu na igreja de repente encontrar um banheiro para pessoas não binárias? — Ele fez uma expressão de surpresa como se estivesse revivendo novamente o momento. — Foi um choque.

O mais novo sorriu ao imaginar a cara de bobo do irmão, mesmo sendo o prodígio dos Uchihas às vezes ele poderia ser tão ignorante como os outros familiares quando o assunto era esse… O que foi bom, porque deu uma esperança a Sasuke de poder melhorar, de saber que não era o único ignorante no mesmo barco.

O sinal ficou verde novamente e deu partida.

— Claro que nem tudo foi flores, tinha gente babaca lá como tem em todo canto, fiquei receoso depois que o cara apanhou — explicou. — Acho que falei demais. Você me perguntou uma coisa só e fiquei falando demais, acho que ainda estou me acostumando a voltar a falar com você de novo.

— Eu não me importo que fale muito — murmurou Sasuke.

— Mas por que a pergunta? Curiosidade só? — Quis saber.

Era bem provável que o irmão fechasse a cara e não dissesse nada, porém tinha que tentar um pouco. Se Sasuke estivesse tendo as mesmas dúvidas quanto a sexualidade como um dia teve, não ia querer que o irmão mais novo passasse pelos mesmos perrengues que passou, longe disso. Queria ajudar. Principalmente sabendo que tinha o apoio irrestrito da mãe e que Fugaku pelo menos estava querendo se situar um pouco, para mudar para melhor.

— Tem um amigo meu — Começou o mais novo e Itachi sabia na hora que era mentira, mas assentiu — que tem uma rixa com um colega de classe nosso. Eles já foram até amigos, mas assim como a gente cresceu em uma família religiosa.

— Certo, esse seu amigo então deixou a amizade de lado por conta do outro cara ser gay?

— Tipo isso — concordou. — Mas aí esse meu amigo estava afim de uma garota e essa garota era amiga desse cara.

Itachi era considerado uma pessoa com inteligência acima da média e considerava mesmo que tinha um bom raciocínio, mas seu irmão conseguiu o feito de deixá-lo atordoado. 

— Você pode pelo menos dar um nome de mentira para eles? Ficou confuso assim — pediu.

— Meu amigo é João, o outro garoto é Carlos e a menina é Maria, tá bom assim? — questionou impaciente e Itachi concordou. — João percebeu que se fosse escroto com Carlos nunca ficaria com Maria e pediu ajuda para Carlos para chegar nela.

— Que porra é isso? E Carlos simplesmente aceitou ajudar mesmo sendo João escroto?

— Ele não foi um escroto de propósito! Foca Itachi — repreendeu.

— Tá, tá.

— Carlos ajudou porque sabia que Maria não gostava de João, na verdade Maria gosta de outra pessoa. Fez isso para dar uma lição em João, tipo uma vingança.

— Que vingança bosta.

— Também acho.

— Continua.

Mais um sinal vermelho. Itachi estava indo pelo caminho mais longo de forma proposital.

 — E aí o João que nunca sentiu atração por outro cara simplesmente hm… pode ter batido uma com um ator que parecia muito com o Carlos em um vídeo gay — Itachi corou e Sasuke também, com a voz mais baixa que o normal continuou: — E isso foi crescendo e crescendo, João viu lados de Carlos como o fato dele amar os animais e ser muito gentil e um dia pá! Se beijaram.

— E…? 

— O que você com toda a sua grande sabedoria tira disso? — ironizou.

— Eu acho que João gosta do Carlos, acho que está com medo porque nunca sentiu isso por ninguém do mesmo sexo antes e tem a questão religiosa — deu partida novamente. —  Mesmo que a cabeça do seu amigo esteja super lelê da conta eu acredito que realmente goste do ex-amigo e só tem vergonha de admitir.

— Ele não gosta! — O irmão quase gritou.

— Vejamos, não conheço o João, mas acredito que quando ele soube que não gostava mais da Maria teve certeza disso. Se ele não gostasse do Carlos ia se esforçar tanto para provar a si mesmo que não sente nada? Ficaria tão confuso sendo que sempre teve certeza sobre como se sentia com outras pessoas?

Pela expressão de Sasuke sabia que tinha acertado em cheio. 

— E qual sua conclusão, meu querido irmãozinho? — devolveu o mais velho.

Demorou muito para responder.

— Que João realmente gosta do Carlos.

☀☾

Naruto tinha acabado de dar banho em Deidara quando o celular brilhou com uma mensagem de Sasuke. Não entendeu sua reação de quase tropeçar para pegar o aparelho ganhando uma cara de desconfiado do irmão, acabou sorrindo sem jeito e ajudou o mais velho a colocar a bermuda e deitar. Não precisava de muito. 

— Agora vai falar com teu crush, anda.

— O Teme não é meu crush — explicou corando. — Você escutou as histórias da mamãe, né?

— E do Boruto também, soube de primeira mão que estavam dormindo agarradinhos.

Sentou-se na beira da cama de Deidara, juntando as mãos enquanto segurava o aparelho como se fosse um tesouro. Ainda estava muito confuso com o que tinha acontecido hoje e porque do nada Sasuke resolveu se esconder no meio de uma pilastra quando o viu passar, o que levava a pensar que minimamente o boato da Haruno de brigarem por ele tenha sido verdade.

— A mamãe teve uma impressão e tanto dele, viu? Falou bem demais, então das duas uma: ou tu deu um chá que curou a heterossexualidade dele ou o cara é um psicopata manipulador — continuou. — Acho que é mais o primeiro caso, o Gaara disse que se beijaram.

— Meu Deus! Eu sou rodeado de gente boca de sacola, misericórdia, nada escapa, valha!

Deidara riu.

— Deixa de afobação, vê logo o que ele quer.

[Sonic da Shopee]: Olha, se teu namorado imbecil não tiver feito tua cabeça

[Sonic da Shopee]: Quer ser meu modelo amanhã?

[Sonic da Shopee]: Vou tirar fotos de um centro recreativo, lá tem tênis e lembrei de vc

[Sonic da Shopee]: Mas só se quiser

[Sonic da Shopee]: To obrigando não

[Sonic da Shopee]: Vc já visualizou

[Sonic da Shopee]: Vai cair o dedo se responder logo

[Sonic da Shopee]: ???

— Um fofo — brincou Deidara. — Você vai?

— Trabalhar como modelo? Eu não sei se levo jeito — Coçou a nuca sem jeito. — Tem que ser gente bem bonita e talentosa para essas coisas.

— Meu anjo, são umas fotos feitas por um fotógrafo amador, não te chamaram para desfilar no São Paulo Fashion Week — Deidara revirou os olhos.

Naruto olhou para o irmão com um ar de deboche. Deidara tinha um jeitinho tão único de demonstrar afeição.

 Não era só as fotos, seu irmão não entendia isso, era tudo que vinha junto. Os dois sozinhos tirando fotos, com Sasuke de olho em cada boa expressão dele. Sem contar que se queria tirar fotos para uma campanha é que o achava bonito o suficiente para “vender” o produto.

— Mas eu tenho que cuidar de você amanhã — informou.

— Aceita, porra. Não vou morrer se você não for minha babá por um dia — Deidara revirou os olhos. — Sem contar que todo mundo aqui de casa ia adorar te ver todo modelo. Deixa de coisa, vai ganhar um ensaio de graça com uma coisa que ama. Pelo menos vai lembrar o quanto gostava de tênis, sei que deixou por minha causa, para ter mais tempo cuidando de mim.

— Se deixei ou não foi uma escolha minha, não vai se culpar — reiterou.

— Mas pelo menos vá, por favor.

— Tá.

[Naruto]: q hrs?

[Naruto]:  N posso demorar muito

[Naruto]:  Tenho q cuidar do meu irmão

[Sonic da Shopee]:  16h30

 [Naruto]: blz

[Sonic da Shopee]:  N vai perguntar nada sobre o Neji

[Naruto]:  Pq? Sou o pai dele?

[Sonic da Shopee]: Pensei q ia ficar do lado dele

[Naruto]: N sou um quadrado para ter lados

[Naruto]: Amanha vou estar lá

[Naruto]: Manda a localização

[Sonic da Shopee]: Pensei que ia ta bravo por ter deformado o rosto do seu amado

[Naruto]: N namoramos 

[Naruto]: Se insistir nisso

[Naruto]: Vou achar q é ciúmes

[Sonic da Shopee]: ����

 

— Você acha que estou sendo idiota por acreditar que ele pode mudar? —  perguntou.

—  Acho.

—  Ah, Dei, você é péssimo!

 


Notas Finais


Agora que o Suke saiu do estágio de negação a pegação vão rolar solta
Prometo compensar vocês 😏

Beijão para os leitores mais cheirosos que existem (eu sei que vocês são)


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