Após deixar o quarto corri para o elevador e após as portas se fecharem soquei o espelho.
-Idiota!-Gritei. Ao olhar minha mão vi os cacos de vidro e o sangue escorrendo, mas não por muito tempo, logo os cacos começaram a sair e as feridas cicatrizarem.
-Realmente, para que você mancha sua pele com essas marcas? -Olho para o espelho quebrado e Renver esta me olhando.-Você é superior a elas e esta renegando suas origens.Papai realmente teve motivo para te expulsar e tirar a localização das portas da sua memória.
-Sai. -Digo me virando para as portas de metal do elevador.
Renver ri. -Você nunca será um caçador Lucas ou devo dizer Lutrin, um semi demônio tão poderoso como você,um pecado, vivendo como mortal. Sua habilidade de ilusão é incrível. Como você consegue usar uma estela?
-Minha parte humana me permite. -Cerro os punhos com as lembranças do passado, não podia deixar ele saber sobre Gus.
-É, você tirou a sorte grande e vive como um caçador de sombras. -Ele vira de costas, mas antes de ir vira o rosto para trás e fala. -Um dia... você vai rever nosso pai e ele vai te destruir.
-Eu sei. -Digo, quando as portas se abrem e ao atravessa-las dou de cara com o cassino e o bar.
Me dirijo para o bar e sento em um banco no balcão.
-Uma vodka. -Peço para o barman.
-Você tem idade? -O homem que não parece ter mais de vinte e dois anos coloca os braços no balcão e me encara.
-E se eu for mais velho do que você pensa, o que você diria? -Digo encarando a escuridão de seus olhos pretos. Ele então se vira e pega a garrafa de vodka e a despeja em um copo grande.
-O que eu ganho se te der esse copo? -Ele sorri para mim e toca minha mão com as pontas dos dedos.
-O que você quiser. -Digo pegando o copo e virando metade de uma vez só.
-Eu saio as três.Você me espera? -Ele pergunta.
-Vou estar bêbado até lá.Então vou precisar de alguém para me apoiar.-Então viro o resto do copo e entrego a ele que enche até a boca.-Qual o seu nome?
-Ben. E o seu?
-Lucas.-Respondo .Começo a ficar tonto após meu quinto copo.
-Belas tatuagens. -Ele aponta com a cabeça para meus braços.
-Isso?- Pego minha mão e passo por cima das marcas e elas somem instantaneamente. -Sai fácil. Menos essa. -Me levanto e tiro a camisa e mostro a "marca" que eu tatuei.-É um símbolo de ligação. Mas já perdi a pessoa para quem fiz ele.
-Meu turno acabou. -Diz ele pulando por cima do balcão e puxando minha mão.
Andamos para mais fundo no hotel, até chegarmos em um pequeno quarto, quando ele bateu a porta, me jogou contra ela me beijando.
-Agora posso tirar o resto das suas roupas.-Diz ele, sinto suas mãos passarem por meu abdômen. No começo achei que a saliva dele estava com um gosto diferente, mas deixei de lado essa dúvida pois estava muito bêbado. Então ele passou a beijar meu pescoço, mas logo depois gravou seus dentes entre o pescoço e o ombro, senti ele penetrar cada camada de minha pele, que instantaneamente começou a arder.
-O que você esta fazendo? -Afasto ele de mim, quando coloco as mãos na mordida vejo sangue em meus dedos.
-Acha que me engana caçador de sombras. -Diz ele, então noto as pontas de seus dedos onde garras cinzas estavam crescendo, seus olhos estavam totalmente tomados pela escuridão e seus dentes afiados como espinhos.
-O que você é? -Pergunto ainda me concentrando para me curar da bebedeira.
-Caçador, ninguém nunca passou pelas gárgulas desse hotel. -Diz ele.
Abro um sorriso imediatamente.
-Você é um idiota mesmo. -Digo encarando ele, e estralando o pescoço, então sinto a mordida cicatrizar.
-O que é você? -Ele da dois passos para trás.
-Alguém que você não devia ter irritado. -Digo indo para cima dele e levantando-o pelo pescoço com uma das mãos.-De lembranças ao inferno.
-Não, eu faço o que você quiser. -Diz ele com medo.
-Onde esta a chave? -Pergunto.
-Eu... não sei. -Ele crava as garras em meu braço me fazendo sangrar.-Seus olhos! -Ele exclama encarando meus olhos.
-Você terá o pior castigo. -No mesmo instante ele começa a tremer e espumar pela boca.
-O que? -Ele consegue falar.Mas não por muito tempo, sua pele começa a ficar cinza e depois descascar, camada por camada o demônio começa a se desintegrar pouco a pouco e logo ao chão só resta pó.
-Nunca mecha com um dos pecados. -Digo agachando e pegando um pouco do pó do chão e colocando na boca, quando o pó passou pela minha garganta tossi um pouco.
-Fica melhor quando faço isso bebendo nem que seja água.-Me levanto e vou de volta ao quarto.
Todos estavam dormindo, quando cheguei o relógio marcava quatro da manhã. Me deitei ao lado de Gus, fazer aquilo de novo não era bom para mim.
-Volta, não vou aguentar assim. Uma espada não é forte sem seu escudo. -Digo e fecho os olhos.
Fui acordado por Bya as seis da manhã, eu estava com uma puta enxaqueca.
-Acorda bela adormecida. -Ela me chacoalhava loucamente na cama.
-Me deixa dormir. -Digo me virando para outro lado da cama. Mas quase que no mesmo instante sinto um jato de água gelada cair sobre meu rosto, no mesmo instante sento na cama. -Você esta louca? -Grito.
-Mas não fui eu. -Diz ela cruzando os braços e olhando para Gus que estava com um jarro de flores vazio nas mãos.
-Vamos logo, não podemos perder tempo. -Diz ele colocando o jarro de volta na mesa. -Vai tomar um banho, você está fedendo a bebida.
-O urso acordou. -Diz All sentada na cama encarando Gus e segurando uma risada.
-Você perdeu a noção do perigo? -Grito indo em direção a ele e segurando-o pela gola da camisa.
-Não tenho mais medo de você. -Diz ele sério.-Você é ridículo.Não sei como consegui ser seu parabatai.
Aquilo me deixou sem chão, tudo foi um tiro no meu peito, eu recuei imediatamente.
-Gus... -Gaguejo. Saio em direção ao banheiro para não deixar ninguém ver minhas lágrimas.
Enchi a banheira e deixei a água me cobrir.
Quando eu sai todos estavam calados, me esperando.
-O que estão olhando? Vamos! -Digo pegando minhas adagas e colocando duas no ombro como de costume, duas na perna e uma nas costas.
-Bem, vamos, Bya você vem comigo. -Digo olhando para ela e abrindo a porta.
-Na verdade... Gus vai com você. -Paro bruscamente na porta e me viro.
-Bem, Gus vem logo. -Digo saindo e me dirigindo para o elevador. Ele me alcança rapidamente.
-Combinamos de eu e você cobrimos os andares de baixo até a metade e elas o resto. -Diz ele quando entramos no elevador. -Esse hotel perdeu o luxo, que espelho quebrado é esse?
Não falei nada até chegarmos ao cassino, onde procuramos por algo que não sabíamos onde estava.
-Vamos rodar feito baratas tontas.- Digo me recostando na parede.
-Então o que você sugere?- Pergunta ele me encarando.
-Você mudou da noite para o dia, o que houve? -Pergunto começando a ficar com raiva.
- Eu te ouvi ontem a noite. -Sinto minha espinha gelar.-O que você quis dizer com aquilo?
-É nosso lema. -Digo cerrando os punhos e voltando a encara-lo.-Eu serei sua espada e você será meu escudo. Juntos para sempre.
-Como éramos? -Ele volta a perguntar.
-Nós... -Olho para trás dele e vejo outro funcionário do hotel, eu podia vê-los agora, quando eu engoli as cinzas do gárgula, eu posso identificá-los. -Vem sei como achar a chave.-Pego a mão dele e corro para tirar satisfação com o funcionário.-Ei. -Grito.
-Posso... ajudar? -Ele examina a gente cerrando os olhos.
-Pode nos dizer onde está a chave, gárgula. -Digo bem direto.
-Não sei do que o senhor está falando. -Diz ele arrumando a gravata.
-Lucas, o que você está fazendo? -Pergunta Gus. -Ele é um funcionário do hotel.
-Não é não, ontem eu descobri isso. -Digo ainda encarando o homem na minha frente.
-Quando você transou com aquele barman? -Gus pergunta, pude sentir o tom de irritação e... ciúme em sua voz.
-Eu não transei com ele... ele era um demônio, gárgula, eu o matei. -Digo olhando para ele com um sorriso no canto da boca. -Como você sabe disso? E isso é ciúme?
-Você matou um funcionário do hotel? -Perguntou o homem demônio.-Vou chamar a policia e...
-Isso já deu. -Cravo minha adaga no estomago dele enquanto ele cai no chão e começa a ter compunções.-Onde esta a chave?
-Eu... -Então ele olha em meus olhos, que instantaneamente mudam de cor para vermelho iguais aos de meu irmão.- No porão, porta vermelha.
-Obrigado. -Digo retirando minha adaga do corpo quase morto do demônio.
-Como você...?-Gustavo fica confuso e de boca aberta quando puxo ele de novo pelo braço, ele ainda mantém o olhar firme no que antes era um "funcionário do hotel".
O porão de um hotel de luxo é amontoado, tem mais teias de aranhas e baratas que qualquer coisa, caixotes de madeira cobrem as paredes, estatuas cobertas preenchem os espaços vazios e quadros as paredes a vista.
-Juro, com certeza aqui tem mais poeira que em qualquer lugar do mundo. -Diz Gus dando um golpe de caratê com a mão no ar, provavelmente desmanchando uma teia de aranha.
-É. Achei a porta. -Me dirijo ao meio de duas caixas de madeira enormes, lá estava a porta vermelha. Quando toco na maçaneta minha mão queima. -Ai. -Grito assoprando minha mão. Que merda de feitiço é esse?
-Feitiço? -Gus pergunta abrindo a porta normalmente.
-Eu... Mas essa joça me queimou. -Olho para minha mão que ainda não tinha cicatrizado, uma queimadura enorme estava amostra na minha palma.
-Deixe eu fazer uma iratze. -Ele pega a estela e toca a palma de minha mão.
-Não. -Digo recuando. -Esse tipo de queimadura boba não vai me afetar. -Ele meio desconfiado guarda a estela e juntos adentramos na sala.
A sala era quase totalmente escura, a pouca luz que lá adentrava era a da porta e a de uma pequena claraboia que não dava em lugar algum. Gus pegou uma pedra e Luz e colocou no centro da sala.
-Ah! -Grito quando olho para o lado e dou de cara com uma gárgula, a sala estava cheia delas, pelo menos dez, mas elas eram apenas estatuas.
-Olha -Gus aponta para uma pequena chave presa na parede no final da sala.- é igual a do meu sonho.
Algo estava erra com aquela chave, ela parecia tão...
-Gus, não!-Falei tarde de mais, foi ele tocar na chave que ela se desfez em névoa.-É uma ilusão.
Das paredes ouço o barulho de pedras se movendo e não me enganei, as gárgulas realmente estavam se mexendo.
"Ladrões" Elas diziam "Matar"
Eu fiquei de costas para Gustavo quando elas começaram a descer dos altares.
-Você se lembra de nenhuma técnica de combate nossa né? -Pergunto ironicamente.
-Não. -Ele responde. -Miguel. -Estendendo a espada ele chama seu nome, e um brilho intenso cobre a sala.
-Que bom. -Digo quando somos cercados pelas gárgulas.-Agacha.
Quando ele agacha me apoio em seus ombro e chuto a cabeça de uma das gárgulas, quando ele levanta a cabeça pego impulso em seus ombros e salto encima de uma cravando duas de minhas adagas nos ombros delas.
-Você reclamou que eu não falava os nomes das minhas adagas. Então tá. Pe...-Não foi necessário completar o nome a gárgula de desintegrou imediatamente. -Bem... legal.
Gus cortou uma ao meio com sua espada, e eu chutei mais uma na cabeça, elas estavam fracas, devem ter passado muito tempo se desgastando ali, um simples golpe as quebrava.
Quando vi ele agachado saquei na hora, pulei em seus ombros que me ajudaram com um impulso, me fazendo ir de encontro com uma e arrancando a cabeça dela com as mãos.Em pouco tempo não sobrou nem uma para contar história.
-Bem, essa foi fácil. -Disse ele com a respiração um pouco forte.
-Vem aqui, deixa eu fazer mais marcas. -Ele sorriu e tirou a camisa. Enquanto eu passava a estela em seu corpo quase sem nenhuma marca me perguntei se ele não merecia saber do passado.-Gus...
-Não... -Ele disse chegando perto de mim, pude sentir sua respiração. -Seja como foi o passado, eu acho que ainda não.
-Terminei. -Disse me afastando.-Se a chave não estava ai onde eles esconderiam... -Penso no lugar mais obvio, o cassino tinha um carro como premio. -Eles são tão inteligentes e nós tão burros.
-O que? Onde?- Gus me segue a passos largos, enquanto saio do porão e vou para o cassino.
Tantos mundanos jogando, nem se dando conta que estão correndo perigo.
-Nós chegamos a essa conclusão primeiro seus idiotas. -Uma voz feminina vem da nossa direita.Bya e All.
-O que?-Pergunto. -Suas vacas eu cheguei a essa conclusão.
-Vai encarar? -Aline fica frente a frente comigo, não frente a frente ela é alguns míseros dez centímetros mais baixa.
-Gente... acho melhor vocês verem isso. -Gus aponta para uma ferrari preta no centro do cassino, lá estavam cerca de vinte seguranças do hotel, todos com garras afiadas, orelhas pontudas pele cinza e olhos pretos.
-Depois vemos isso. -Diz Bya que já estava com suas machadinhas em mãos.
Os braceletes de Aline descem por suas mãos como serpentes, mostrando a língua feita de adamas. Gustavo empunha sua espada e eu saco duas de minhas adagas.
-Vamos nos divertir. -Diz All correndo para as gárgulas, logo seguimos ela.
Quando as gárgulas pularam para cima de Aline ela lançou seu chicote que se agarrou ao pescoço de uma delas e a arremeçou contra outra que ameaçava Bellatriz. Bya esperava elas chegarem bem perto para raspar suas machadinhas que com um simples corte faziam um dano tremendo, sua agilidade e flexibilidade sempre foram motivo de inveja no instituto. Todos temos segredos, nós quatro guardávamos os mais profundos e poderosos.
-Como os mundanos não veem isso? -Pergunta Gus cortando as pernas de uma gárgula que tentou ataca-lo de frente.
-Magia, e das fortes.-Diz Bya.-Lucas, Aline.
Entendemos o comando, jogo minhas duas adagas em direções distintas acertando uma gárgula na cabeça e a outra no braço, Aline com sua velocidade lança seus chicotes que se enroscam no cabo de minhas adagas e as puxa dando um arremesso que corta um dos demônios ao meio.
-Gus.- Grito e me agacho, ele demora cinco segundos para entender mas faz, usa minhas costas para pegar impulso e salta despedaçando uma gárgula.
No mesmo instante uma das ultimas gárgulas remanescentes agarra Bya pelas costas.
"Ela não fez isso." Penso.
Quase que instantaneamente vejo algo no peito de Bellatriz brilhar e o demônio abre seus braços lentamente, ela então o soca no estomago abrindo um rombo nele.
Após não restar um segurança do hotel para contar história, entramos no carro.
-Onde está a chave? -Pergunta All vasculhando os bancos, enquanto eu via o porta malas e Bya o motor.
-Bem... Gente.-Gus abre o porta luvas e lá esta ela, uma chave dourada, com uma letra Ká "κ" esculpida. -Era meio óbvio.
-Um Ká? -Pergunta bya. - Mas que diabos um Ká tem haver?
-Não sei. -Diz Gus.
-Bem, vamos achar o mago que conseguiu fazer todos esses mundanos ficarem tão cegos que nem viram nosso show. -Diz All.
-Como vamos encontra-lo? -Pergunto colocando minhas adagas de volta nos ombros.
-Talvez... eu possa saber de alguém. -Diz Aline, ela começou a ficar vermelha quando nós três a encaramos.- Vamos pegar um carro, não curto ferrari.
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