Sal’s view (12:00a.m):
-Falando assim até parece aquele boneco assassino que fala: “Protos para jogar?” – disse Todd imitando cara de psicopata e nos fazendo rir.
-Ele não fala “Que os jogos comecem?” – questionou Neil confuso arqueando uma sobrancelha.
-Não lembro direito, mas acho que eu falei certo. Né Sal? – perguntou o ruivo me olhando.
-Cara eu não sei nem de que filme vocês estão falando. – respondi rindo.
-Enfim! – disse a morena chamando a atenção para si. – Vamos entrar que eu tô com frio. - disse começando a caminhar para a porta já com sua mochila nas costas.
Terminamos de pegar as coisas no porta-malas do carro e entramos logo em seguida. A porta dava direto para a sala, onde havia um sofá grane e marrom, uma televisão e um tapete felpudo e preto. A cozinha era aberta e dela se tinha visão direta para a sala.
-Tô com sono. – comentou Neil sentando-se ao lado de Todd no sofá.
-Também estou... – disse o ruivo aconchegando-se no namorado.
-Tua mãe não mandou avisar quando chegássemos? – perguntou Ash olhando para Larry que se acomodava ao meu lado.
-Não? –“respondeu” franzindo o cenho confuso enquanto passava seu braço por cima dos meus ombros.
-Ah, então foi a minha. – concluiu a garota rindo e pegando o celular no bolço de sua leggin preta. – Vou ligar pra ela. – comunicou se levantando e indo para o corredor.
-Está com sono? –perguntei olhando Larry. Não sabia distinguir se o preto abaixo de seus olhos era lápis de olho, olheira ou uma mistura dos dois.
-Um pouco, eu dormi no carro. – respondeu me encarando. Seus olhos brilhavam e havia um pequeno sorriso em seus lábios, seus longos cabelos castanhos estavam bagunçados e meio caídos sobre o rosto. Como pode ser tão lindo?
Podia ouvir as vozes de Todd e Neil conversando sobre algum assunto aleatório enquanto Larry continuava me encarando. Mas por quê? Eu estou de mascara então ele não está apreciando meu “rosto”.
-Para de me encarar. – falei brincando e colocando as duas mãos nos olhos dele.
-Ah, mas eu gosto tanto de ficar olhando esses seus olhos azuis. – reclamou fazendo bico e tirando minhas mãos de seus olhos.
-Meus olhos? –repeti.
-Isso mesmo. Seus olhos são tão lindos, parece um oceano. – comentou acariciando meus cabelos anil.
-Esse não é o nome de uma musica? –perguntei intrigado.
-Como é eu vou saber? – perguntou franzindo o cenho e rindo.
-Pronto, falei com ela. – disse Ash chegando à sala e sentando-se na poltrona que havia ao lado do sofá. – Minha mãe disse que temos que comparar comida se não quisermos morrer de fome. – comentou.
-Haha, eu te levo no mercado amanhã então. – disse Neil.
-Ash eu tô sono, onde são os quartos? – perguntou Todd empurrando os óculos para mais perto do rosto.
-São lá em cima, tem três quartos e um banheiro. Os três quartos tem cama de casal, escolham qual quiserem. - explicou a morena e depois bocejou.
-Vamos subir também? Estou com sono. – perguntei aos dois morenos que ainda estavam na sala.
-Sally você dormiu a viajem inteira! – disse Ash com os olhos arregalados nos fazendo rir.
-Me deixe em paz! Só quero dormi. – falei ainda rindo.
-Bom, podem subir na frente. Vou trancar as portas e fechar as janelas. –disse Ash se levantando e indo em direção de porta.
-Vem, meu baixinho. – disse Larry se levantando do sofá e me estendendo a mão.
-Estou indo, meu poste. – falei pegando sua mão e começando a subir as escadas junto dele depois que pegamos nossas mochilas.
Neil e Todd haviam se alojado no quarto do meio, então ficamos no quarto dos fundos. Entramos e fechamos a porta. No quarto havia a acama de casal um criado-mudo do lado esquerdo (havia um abajur em cima dele), da mesma e uma cômoda do lado direito. Também havia portas de correr que davam acesso à varanda.
Tirei minha mascara e a coloquei em cima do tampo da cômoda e minha mochila ficou largada ao lado da cama na qual me sentei.
-Ah, o-o que tá fazendo? –perguntei ao ver Larry tirar sua camisa.
-Pode ficar tranquilo, só vou trocar de roupa carinha. – disse sorrido maliciosamente enquanto pegava alguma coisa em sua mochila. Meu rosto estava quente e ardendo.
Não é a primeira vez que o vejo sem camisa, mas é a primeira vez que sinto que vou derreter por causa disso.
-Vai dormir de jeans? – perguntou o moreno arqueando uma sobrancelha enquanto sentava na cama.
-Ah é. – falei me levantando e pegando uma calça de pijama na mochila. – Para de me encarar! – falei envergonhado quando tinha acabado de me trocar e senti o olhar de Larry sobre mim.
-Você fica tão bonitinho corado. – falou começando a caminhar para perto de mim. – Agora me diz... Por que tanta vergonha? –perguntou a centímetros de mim colocando o dedão em meu lábio inferior. Puta que me pariu! Eu vou derreter.
-É... Eu... Não sei. – respondi tentando manter uma linha de pensamento enquanto ele me olhava com os olhos levemente pesados pelo sono.
- Eu te amo, okay? – disse me dando um rápido selinho – Não precisa ficar com vergonha na minha frente – comentou sorrindo.
-O-okay. – falei me afastando e subindo novamente na cama e soltando meu cabelo que estava preso em uma meia-taça.
-Não é a primeira vez. – disse Larry depois de deitar ao meu lado.
-Quê? –perguntei confuso.
-Que dividimos a cama. – esclareceu colocando o braço ao redor de minha cintura e me puxando para perto de si.
-É a primeira vez que deita assim comigo. – cometei olhando levemente para cima para poder ver seus olhos e ainda sentindo minhas bochechas quentes.
-Fazer o que né? – falou sorrindo.
-Te amo, sabia? –comentei.
-Ah é? –perguntou brincando.
-É... Já notou como é bom saber que o motivo de seus sorrisos bobos te ama? –perguntei olhando seus lindos olhos castanhos.
-Eu juro que minha vontade agora é te abraçar até você virar pudim. – falou serio me fazendo rir.
-Vamos dormir? Estou com sono. – sugeri.
-Vira aí. – disse.
-C-como é? –perguntei rindo de nervoso.
-Pra dormir de conchinha uai. Seu mente poluída! – disse também rindo enquanto eu ficava de costas para ele.
-Não me julgue. – reclamei enquanto ele apagava o abajur.
-Aiai... Boa noite carinha. – disse acomodando-se atrás de mim e colocando o braço por cima de minha cintura.
-Boa noite. – falei fechando os olhos.
***
-Bom dia! – disse Ash toda alegre quando chegamos à cozinha. Todos estavam sentados nas banquetas do balcão, então assim fizemos.
-Anima hein? – comentou Larry.
-Acho que é por causa da vizinha. – provocou Todd sorrindo de canto enquanto tomava seu café.
-Vizinha? Que vizinha? –perguntei bocejando, mas a mascara atrapalhou.
-Eu juro que só não corto tua língua por dó do Neil. – disse Ashley com os olhos cerrados encarando o ruivo. – E eu não estou feliz por causa da vizinha.
-Mas meu amor, quem é essa vizinha? – perguntei novamente confuso.
-É uma das universitárias que moram aqui do lado. – respondeu. – Eu fui pedir pó de café emprestado, para nós podermos pelo menos tomar café agora de manhã, e ela toda fofa e meiga me deu o pó de café. – explicou sorrindo.
-Hummm, okay né. – disse Larry colocando café para nós.
-Bom, eu no mercado daqui a pouco para comparar comida para esses quatro dias e a comida pro Ano Novo. – desconversou a morena.
-Sabe dirigir? –perguntou Neil.
-Mais ou menos, eu tentei uma vez, mas não deu muito certo. Me dou melhor com motos. – explicou Ash.
-Motos? –perguntou Todd.
-Minha mãe tem moto ué. – esclareceu. – Mas isso não tem importância agora. Vamos ver um filme?
-Vamos. – concordamos em coro.
***
Estávamos na sala, sentados no sofá vendo um filme bem bizarro sobre um cara que se casa com um cadáver sem querer. Já estava no final e estávamos todos concentrados, até que meu celular começou tocar e o peguei para ver quem era.
-Sua mãe? –perguntou Sal.
-Não, ela sempre manda mensagem e esse nem é o numero dela. – falei estranhando. – deve ser engano, vou atender rapidinho, já volto. – falei me levantando do sofá e indo para o corredor que levava à área atrás da casa.
Lá havia um gramado que possuía pequenos flocos de neve, o gramado dava para uma pequena floresta que havia atrás das três casas. O céu estava nublado, mas não parecia que iria chover, o ar soprava frio de minuto em minuto e a vista era linda... Provavelmente irei pintala quando voltarmos à Nockfell.
-Alô? –falei atendendo o celular.
-Ahn... Oi. Sou eu... Jim. – disse a voz do outro lado da linha. A voz que há quatro anos eu não escutava.
-O-o que você q-quer? –perguntei gaguejando e tentando entender o que ele poderia querer comigo.
-Falar com filho talvez? –falou com ironia.
-Você deixou de ser pai quando abondou eu e minha mãe em Florence. – falei ríspido de respirar fundo.
-Qual é Larry... Me diz aí, em qual cidade vocês estão? –perguntou.
-Como é?! Eu ouvi direito? – questionei sem acreditar que realmente havia perguntado aquilo.
-Eu quero te encontrar Larry... Conversar sobre o que houve uns anos atrás sabe? Sua avó me disse que se mudaram, mas se recusou a dizer para onde. – explicou.
-Eu não quero te encontrar, muito menos conversar sobre o porquê ter nos abandonado. E eu não sei como conseguiu meu numero, mas acho melhor você nunca mais me ligar. – falei e desliguei a ligação antes que pudesse falar mais alguma coisa.
Sentindo as pernas falharem e o ar me faltar, me sentei rapidamente no chão e abrasei minhas pernas. Como ele pôde achar que depois de anos podia tentar falar comigo como se nada houvesse acontecido? A ultima coisa que ele deveria querer era conversar comigo, provavelmente iria tentar se encontrar comigo e pedir alguma coisa...
Ouvi passos atrás de mim e logo em seguida vi Sally se sentar com ao meu lado com “pena de índio”. Ele não falou nada, apenas tirou a mascara e ficou observando a vista.
-Quer me falar quem era? –perguntou calmamente ainda olhando a floresta.
-Meu pai... – respondi depois de respirar fundo.
-Seu pai?! – perguntou chocado e me olhando com olhos arregalados.
-É... – concordei desviando o olhar. – Nunca te falei sobre ele, não é? –perguntei só para ter certeza.
-Nunca. – afirmou voltando ao seu tom de voz normal.
-Onde estão os outros? –perguntei.
-Foram ao mercado, o filme acabou. – respondeu. Eu sentia seu olhar sobre mim.
Eu e Sally já passamos por tanta coisa juntos, mas nunca pensei que iria contar à ele sobre meu pai.
-Okay... – concordei mais uma vez respirando fundo. – O nome do meu pai é Jim, ele é careca e tem um bigode ruivo... Bom, pelo menos ele tinha na ultima vez que o vi. Ele sempre foi um ótimo marido para minha mãe e um ótimo pai para mim, mas quando eu tinha dez anos ele desenvolveu um vicio por jogos de azar e ele apostou tudo que podia e tudo que tinha nesses jogos, mas perdeu tudo. – falei e vi que Sally continuava quieto esperando eu continuar. – Um certo dia, quando eu tinha treze anos, ele já estava afundado em dividas que eram constantemente cobradas e então, quando eu e minha mãe estávamos fora de casa, ele arrumou uma mala e fugiu... Nos abandonou. – falei segurando as lágrimas nos meus olhos. – Uma vez você me perguntou o porquê de fumar, lembra? –perguntei.
-Lembro. – respondeu.
-Eu comecei a fumar alguns meses depois que ele os largou, foi para tentar esquecer a dor do abandono... Tentar esquecer ele... E foi meio que por isso que a Lisa nunca achou ruim ou reclamou do fato de eu fumar, mas ela também estava em situação de meda então não faria diferença. – expliquei.
-Isso é uma merda... – comentou abatido.
-Bom, depois que ele foi embora um monte de donos de Casas de Aposta vinham em nosso apartamento cobrar as dividas dele e em algumas vezes até nos ameaçaram. Minha mãe trabalhava dia e noite tentando juntar dinheiro o suficiente para pagar as dividas, mas aí, tivemos a ideia de nos muda para uma cidade pequena e pouco conhecida para esquecermos esses problemas... – expliquei. – Nesses quatro anos, ele nunca nos procurou nunca ligou em nenhuma situação, nunca tentar saber como estávamos nem nada, mas agra ele me liga do nada querendo conversar sobre o que houve. O que eu faço? – perguntei confuso.
-Sabe, e estou feliz que tenha se sentido seguro para me contar isso. – disse ficando de joelhos atrás de mim e me abraçando. - Eu não sei o que te falar, mas, não querendo defender o Jim, mas... Talvez ele não estivesse com todas as faculdades mentais em ordem naquele dia e a intenção dele poda não de fato abandonar vocês... Ele foi um babaca? Sim. Merece um soco? Com certeza... Mas ele ainda tem uma ligação com você e, apenas se estiver disposto a ver o que ele tem pra te dizer, eu acho válido que o encontre. –falou calmamente enquanto brincava com meus cabelos.
-Desculpa carinha, mas vê-lo está fora de cogitação. Uma pessoa que vai embora sem explicar o porquê, deixando tudo para trás e nem se quer se importando com o que isso pode gerar não merece o mínimo de atenção... – respondi.
-Eu te entendo. – disse sentando-se ao meu lado novamente – E quero que saiba que não impostando o que vai acontecer daqui pra frente, eu vou sempre, sempre estar ao seu lado. – avisou e olhando com carinho.
Não há palavras para descrever quanto eu amo esse garoto, o quanto ele é perfeitamente perfeito no seu jeito de ser e o quanto o eu o quero por perto.
-Obrigada Sally. – falei sorrindo.
-Eu te amo, okay? –perguntou apoiando sua cabeça me meu ombro.
-Eu também te amo. – falei passando minha mão por trás de suas costas.
Ash’s view (01:25p.m):
-Eu, como incrível chefe de cozinha que sou, irei cozinhar nosso jantar de Ano Novo. – falei quando estavam em um corredor qualquer. Todd que estava pegando algumas coisas e colocando no carrinho, me olhou com a maior cara de taxo arqueando uma sobrancelha. – Que foi? –perguntei cruzando os braços e o olhando.
-Nós dois sabemos que quem vai realmente cozinhar é o Neil e o Sally. – comentou voltando a empurrar o carrinho. – Porque se juntar eu, você e o Larry a única comida que saí e um miojo com gosto de água quente. – brincou nos fazendo rir.
-Mas a Ash não cozinha tão mal assim, a comida dela é até que gostosa. – defendeu Neil.
-Eu cozinho o necessário para sobreviver. – falei enquanto entravamos em outro corredor.
-Pelo menos isso. – disse Todd pegando dois saquinhos de macarrão e colocando no carrinho-Acha mesmo que foi uma boa ideia deixar os dois sozinhos em casa? –perguntou o ruivo me encarando.
-Acho que sim. O Larry parecia preocupado com a ligação que recebeu e os dois também precisavam de um tempo sozinhos, querendo ou não, Henry e a Lisa vivem nos Apartamentos, não dá para fazer nada sem que eles escutem. – fale
-Mas você só pensa nisso! – brigou Todd segurando o riso.
-Mas você que entendeu isso! Vai que eles só queiram conversar um pouco? Hmmm? –perguntei.
-Cara ninguém te merece! – falou ruivo.
Ficamos mais algum tempo no Mercado e depois voltamos para casa. Sally e Larry estavam na parte de trás da casa, onde há um gramado.
Nós ficamos conversando até que, quando escureceu, decidimos jogar o Jogo da Vida que estava na área de serviço da casa. Ficamos jogando até de madrugada jogando, até que todo mundo se imputeceu porque o único que ganhava era o Sally e fomos dormir.
Sal’s view (aproximadamente 03:40a.m):
“O dia estava ensolarado, nós estávamos no parque e meu pai havia ido ao carro pegar seu celular que esqueceu lá. Havia um cachorro na mata, um cachorro magro e quase sem pelos, me lembro bem de que seus olhos eram vermelhos.
Depois de pedir ara ir brincar com o cachorrinho, eu e minha mãe nos levantamos e começamos a caminhar até onde o mesmo estava. Ele pulou em cima de minha mãe e a mordeu no pescoço, eu pude ouvir seu grito de pavor e, depois que o canino saiu de cima dela, pude ver seu sangue escorrendo pela grama.
Eu era um garotinho assustado de quatro anos, não conseguia me mover, apenas chorar e sentir o mais puro e extremo medo de morrer. Foi meu primeiro Ataque de Pânico.
O cachorro foi para cima de mim antes que eu pudesse perceber e começou a morder e arranhar meu rosto. O sangue quente escorria, meu rosto ardia e doía e a visão do meu olho esquerdo era embaçada e vermelha, ele também ardia.
-SAL! – gritou meu pai vindo correndo até mim depois do acidente. – Sal... – disse me pegando no colo e me abraçando forte. – V-vai ficar tudo bem... Eu estou aqui com você. – falou.
Minha mãe estava morta há dez minutos quando a ambulância chegou e eu quase morri por falta de sangue... Diana Fisher morreu por minha culpa...”
No memento em que as vozes começaram a repetir: “Sua culpa, ela estaria aqui se não fosse por sua causa!”, eu acordei, como sempre. Estava ofegante, tonto e chorando. Me sentei na cama e abracei minhas pernas e em uma tentativa falha de tentar me acalmar, comecei a me balançar para frente e para trás.
-Sally! – chamou Larry assustado, ele devia estar me chamando há algum tempo.
-A-ash... C-chama a Ash. – pedi entre soluços e tentativas de recuperar o ar que tanto em faltava.
Sem pensar duas vezes o moreno correu até quarto de Ashley e os dois voltaram em disparada para o quarto.
-Sal. O que aconteceu? –perguntou Ash totalmente desperta. Nem parecia que tinha acabado de ser acordada. A ultima vez que tive um pesadelo com o acidente foi um dia depois da briga com Larry e isso já faz quase um mês.
-O acidente... – falei baixo, havia um bolo em minha garganta.
-Sonhou com o acidente, não foi? –perguntou e eu apenas assenti com a cabeça. – Respira fundo okay? Vamos lá, respira – disse me esperando efetuar o ato. – Solta. – disse depois de notar que já havia puxado o ar. Repetimos esse processo algumas vezes até que me acalmei e Ataque de pânico cessou.
-Desculpa... – falei olhando para baixo. É uma merda sentir que depende dos outros ou que os incomoda.
-Tá tudo bem, eu estou aqui para você. – disse ela erguendo meu rosto e me olhando. – Há quanto tempo não olho esse seu rosto lindo. – comentou sorrindo.
-Está melhor? –perguntou Larry que até então eu tinha notado estar ao meu lado.
-Sim. – afirmei.
-Há quanto tempo você não tinha um ataque de pânico? –perguntou a garota de olhos verdes.
-Quase três anos. – respondi evitando contato visual.
-Tenta dormir, okay? – disse dando um beijo em minha testa, saindo do quarto e fechando a porta.
Eu e Larry nos deitamos na cama novamente, eu estava com a cabeça apoiada em seu tórax e ele estava acariciando meus cabelos.
-Quer falar sobre o que aconteceu? –perguntou.
-Eu tive um pesadelo com o acidente. – respondi. – Eu tinha quatro anos e... – contei todos os detalhes do acidente para Larry, que escutou e quando terminei secou minhas lágrimas.
-A culpa não foi sua Sally, você tinha quatro anos, era um bebê ainda. Não tinha com você saber que aquele cachorro iria atacar vocês dois. – disse.
-Mas nós só fomos lá porque eu pedi... – falei sentindo novas lágrimas se formarem no canto de meus olhos.
-A culpa não é sua carinha... A culpa não é de ninguém. – disse carinhosamente afagando meus cabelos.
Conversamos por mais algum tempo até que acabamos dormindo e acordamos apenas de manhã.
Sal’s view: (30 de dezembro, 02:00p.m)
Esses dias que se passaram foram extremamente divertidos, fomos no mercado de noite e apostamos corrida com os carrinhos na garagem (O Larry me empurrou e o Neil empurrou o Todd enquanto a Ash ficava como juiz), também fomos ao parque e ficamos fazendo várias coisas idiotas tipo dançar, correr atrás dos patos e fugir deles depois que ficaram putos e também apostamos corrida com os braços para trás (sim, nós temos sérios problemas quando se trata de corrida).
Ficamos em casa também, vendo filmes, brincando de verdade ou desafio, de beber (não façam isso crianças, a Ash achou que era o Homem- Aranha o Todd achou que era o Batman e por muito pouco os dois não caíram na pancada). Enfim: Foi extremamente divertido e eu realmente não queria que acabasse amanhã.
Nesses dias a reação entre eu e o Larry ficou mais... Ahn... Porra como é que eu falo isso? Ah, nós “ficamos” mais e eu tenho certeza do que quero fazer. E é por isso que vou aproveitar que estamos só nos dois em casa e tentar.
Larry’s view:
O Sally estava lavando a louça do almoço e eu estava no quarto que dividimos, falando com minha mãe. Ela fez perguntas normais do tipo: Como está aí? Estão se divertindo? E coisas do gênero. Ache melhor não comentar com ela sobre a ligação do Jim, falando no diabo, ele graças à Deus não me ligou mais.
-O-oi?! – disse assustado quando Sally sentou em meu colo. Eu nem se quer havia notado que ele estava no quarto.
-Oi. – disse sorrindo. – Com estava falando? Nem notou que entrei no quarto. – perguntou calmamente.
-Com a Lisa – respondi enquanto ele aproximava seu rosto do meu.
-Está muito lindo hoje. Sabia? – comentou e logo em seguida começou a me beijar.
Como quase todos que demos nos últimos dias, esse beijo essa cheio de desejo. A boca de Sally parecia implorar por atenção. Minhas mãos estavam em sua cintura e as dele ao lado de minha cabeça para apoia-lo.
O azulado começou a descer os beijos pelo meu pescoço, até que chegou a um ponto no qual eu não estava mais aguentando apenas isso.
Sal’s view:
Larry rapidamente inverteu as posições, ficando por cima de mim e segurando minhas mãos acima da cabeça. Não posso negar que tê-lo em cima de mim era estranho e, ao mesmo tempo, bom. O moreno descia os beijos por meu pescoço, então tirou minha blusa e voltou a me beijar.
O ambiente já estava quente, minha calça já estava apertada e eu podia sentir em mim.
-Tem certeza disso? –perguntou depois de um tempo. Eu podia sentir sua respiração e seus olhos nublados de desejo.
-Absoluta. – respondi sorrindo – Se tem alguém com quem quero fazer isso, esse alguém é você.
Acho você já pode imaginar o que aconteceu depois disso...
Ash’s view: (06:00p.m)
Depois do almoço eu saí parra andar pela rua e o Todd e Neil saíram pra... Bem, “comemorar” ( se é que você me entende) o aniversário de namoro deles.
Sempre achei esse lugar lindo, cheio de árvores e plantas em todos os lugares, bem calmo e com pessoas legais e meigas... Sinto falta de quando visitávamos minha avó aqui, uma pena que câncer a levou há dois anos.
Eu estava caminhando tranquilamente pelas ruas, observando a paisagem enquanto escutava Girl in Red. Fiquei mais ou menos uma hora andando até que decidi voltar para casa.
Estava tudo quieto, a única coisa que se conseguia escutar era o barulho do chuveiro vindo de cima, então apenas ignorei o estranho fato do silencio e fiquei sentada no sofá passeando pelo twitter.
Depois de um tempo Neil e Todd chegaram e Sal e Larry desceram. O ruivo e o azulado estavam na cozinha pegando algo para comer enquanto nós montávamos o WAR (jogo de tabuleiro) na mesa de centro para jogarmos.
-Você sabe que vai dar briga, né? –perguntou Neil.
-Na verdade a intenção de jogar WAR é ter um motivo pra xingar seus amigos. – brinquei.
-Isso é verdade, nunca vi um jogo pacifico de WAR. –acrescentou Larry quando os meninos começaram a se aproximar.
Todos nós já havíamos visto o rosto de Sal, mas ele nunca se sentiu confortável para ficar direto se mascara, porém, hoje, por incrível que pareça, ele está sem. Isso pra mim é ótimo, é um sinal de que ele está aos poucos se recuperando dos traumas.
-Senta Sally. – disse Todd depois que o azulado ficou em pé apenas nós olhando.
-Eu... Ahn... Eu não consigo. – falou baixinho e envergonhado enquanto suas bochechavas ficavam rapidamente vermelhas e Larry segurava o riso.
-Eita porra... – falei me dando conta da situação – Vocês transaram! – falei alegre e sorrindo.
-Ai meu deus porque é que eu fui falar? –lamentou Sally escondendo o rosto com as mãos.
-Não quer gritar logo pra vizinhança inteira? –brincou Larry levemente constrangido também.
-Bem que você disse que eles iriam ser os próximos. – comentou Todd me cutucanto com o cotovelo.
-Viu só como eu sou ótima? Além de uma amiga maravilhosa e casamentei eu também sou vidente. – brinquei vendo Sally sentar-se meio de lado.
-Meu deus. – disse Neil rindo.
-Okay, vamos mudar de assunto. – comecei – As pecinhas pretas são minhas. – fale pegando-as. Logo em seguida eles também pegaram suas pecinhas e começaram a jogar e brigar e se xingar muito e rir muito. Não sei nem dizer o quanto eu amo esses idiotas.
Todd’s view: (31 de dezembro, 03:00p.m)
Neil e Sally fizeram a comida de hoje à noite, logo a louça suja sobrou para mim, Ashley e Larry. Eu estava lavando, a morena secando e Larry guardando. Em pouco tempo terminamos e ficamos na cozinha conversando.
-Esses quatro dias foram muito bons, né? –comentou Ash.
-Foi legal mesmo. – concordei.
-Será que vai ser tipo assim quando morarmos juntos? –perguntou a garota de olhos verdes.
-Morar juntos é? –perguntei.
-Ah, sei lá. A conversa do dia que ficamos na escola pra arrumar as coisas do Show de Talentos ficou na minha cabeça... Seria legal morarmos juntos, né? Tipo: cada um na sua casa, ou no mesmo prédio, algo assim. – explicou.
-Seria legal nos mudarmos quando formos para faculdade. – comentou Larry.
-Podemos ver isso com mais calma quando chegarmos em Nockfell, querendo ou não ainda temos um ano! – disse.
-É... – disse a morena suspirando. – Bem, eu vu tomar meu ultimo banho do ano! – disse em tom de brincadeira descendo da bancada e indo em direção do corredor.
-Vou fumar okay? – avisou Larry saindo da cozinha e indo em direção do corredor para ir nos fundos.
-Oi meu amor. – disse Neil me abraçando por trás e me beijando no pescoço.
-Oi... – falei sorrindo e sentido cocegas no lugar beijado – Mais um Ano Novo que passamos juntos notou? –comentei.
-O terceiro para ser exato, - disse me virando de frente para ele. – A diferença é que dessa vez não temos seus pais chapados.
-Verdade. – falei rindo e passando a mão por seus lindos cabelos cacheados e negros.
-Sou por você, tá? –perguntou.
-Eu também sou louco por ti! – falei o beijando.
***
Sal’s view: (31 de dezembro dois minutos pra meia noite)
-CORRE CARIO, FALTAM DOIS MINUTOS! – disse Ash batendo palmas nos mandando levantar do sofá. E foi mais ou menos o que fizemos nos levantamos correndo e fomos para os fundos.
-Pegou o champanhe? –perguntou Todd olhando para Neil que respondeu levantando a garrafa.
-Eu trouxe as taças. – disse a morena. – Cara eu acho que nunca fiquei tão animada com uma virada de ano!
-Estão todos torcendo para esse ano acabar. – comentou Larry.
-Esse ano foi uma merda mesmo, só espero que quando der meia-noite não vire pra 32 e dezembro. – falei e eles começaram a rir.
-Bora sentar na grama que eu sou sedentário demais para ficar de pé. – disse o ruivo sentando seguido de nós.
-Eu te amo muito. – falei olhando Larry.
-Eu também te amo. – disse sorrindo.
-Eu nunca na minha vida vou querer ficar longe de ti. – disse entrelaçando nossos dedos.
-Eu te prometo que nunca vou ir pra longe. Vou ficar do seu lado até você ser um velhinho enrugado. – brincou nos fazendo rir,
-DEZ SEGUNDOS! – disse Ash.
-10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! – contamos juntos gritando junto com os vizinhos.
-FELIZ ANO NOVO CARALHO! – gritou Ash enquanto Neil estourava o champanhe.
-Feliz Ano Novo meu amor – disse Larry.
-Feliz Ano Novo. – falei colocando minhas mãos em sua nuca para beija-lo.
***
Bom, um ano se passou desde o dia da viajem. Nós estamos no final do nosso ultimo ano na escola, no ultimo dia na verdade.
Depois de seis meses de namoro eu e Larry ficamos sabendo que o Henry e Lisa estavam namorando também e eu acho isso ótimo. Eles não merecem ficar sofrendo por causa de pessoas que amaram no passado. Por causa disso eu me mudei para o apartamento do Larry e a Lisa vive com meu pai no nosso antigo apartamento.
Esse ano foi incrível, definitivamente o ultimo ano do ensino médio foi um dos melhores anos da minha vida. Nós rimos muito, estudamos, fomos para festas, bebemos e fizemos um mote de merda!
-Acorda carinha. – disse Larry me cutucando.
-Bom dia. – falei me levantando e bocejando.
-Bom dia. – disse sorrindo. – Pronto para o ultimo dia?
-Nem vamos ter aula direito. – falei pegando minha roupa de sempre no armário.
-Fazer o que né? – disse dando de ombros. – Vamos nos formar hoje de noite... É estranho pensar que finalmente acabou, né?
-Um pouco... Passamos esses quatro anos pedindo para acabar e agora que acabou nos sentimos estranhos. Vai entender. – falei terminando de me vestir.
Nós terminamos de nos arrumar e fomos caminhando até a escola como sempre. Colocamos os materiais desnecessários no armário e fomos para a sala de aula, a mesma sala na qual vi Larry pela primeira vez.
Hoje teremos apenas a primeira aula e depois disso o resto dia vai ser uma palestra e um pequeno ensaio da formatura.
-Oi meus lindos. – disse Ash vindo por trás de nós e apoiando ambos os braços em nossos ombros. Ela havia cortado cabelo nesse um ano que se passou, ela conseguiu ficar ainda mais bonita – Finalmente o ultimo dia, né? – disse sorrindo..
-É – concordou Larry.
-Onde tá Todd? –perguntei.
-Ah é, ele já foi para sala pra guardar os lugares do fundo para nós já hoje todas as turmas do quarto do médio vão estar juntas. – respondeu.
-Ah, okay. – concordamos e continuamos indo para a sala.
Sentamo-nos nos últimos quatro lugares que haviam no fundo. Dois na parede e dois do lado dos da parede, Ash se sentou atrás de mim e Larry atrás de Todd. A aula não iria adiantar em nada já que já estávamos passados mesmo, então ficamos conversando a aula toda, assim como parte dos alunos.
Quando o sino do almoço tocou começamos a caminhar até o refeitório, mas quando eu estava quase indo me sentar o Travis me puxa para trás pela gola da camisa.
-Mas nem no ultimo dia você me deixa em paz... – reclamei quando ele me colocou contra a parede. Por incrível que pareça o Travis praticamente não implicou com nosso grupo esse ano.
-Eu quero conversar com você, idiota. – disse revirando os olhos.
-Ahh... Conversar? –perguntei estranhando.
-É. Vai para a mesa com seus amiguinhos e finge que ir ao banheiro e me encontra na biblioteca. – disse se afastando de mim e indo em direção da biblioteca da escola.
Ele não me bate há um ano será que vai me matar na biblioteca e esconder meu corpo na escola? Eu não sei o que esperar dele e isso m deixa e nervoso e levemente ansioso para descobrir o que quer.
-Gente eu vou ao banheiro, beleza? –disse passando pela massa na qual meus amigos estvam.
-Não vai comer? –perguntou a morena.
-Não estou com muita fome, já volto. – respondi voltando pelo caminho que vim, e indo para a biblioteca.
Chegando lá estava vazia como sempre, as mesas com alguns livros jogados e cima, as prateleiras com pequenas escadas, a bibliotecária estagiaria que fica olhando o celular de minuto em minuto e alguns casais de pegando no fundo dos corredores formados pelas estantes.
-Oi. – disse Travis mais uma vez me puxando pela parte de trás da gola da camisa.
-Para de me puxar assim! – reclamei encostando-me à parede. – O quer comigo? – perguntei cruzando os braços e o encarando.
-Quero te pedir desculpas pelo mal que te fiz nesses anos todos. – disse evitando me olhar diretamente.
-O que? –perguntei surpreso.
-É nosso ultimo dia aqui e eu não queria que as coisas continuassem ruins entre nós... A verdade é que eu só te batia e te zoava porque tenho inveja de você. – disse olhando o gramado da “pracinha” da escola pela janela. –Você saiu do armário tranquilamente, tem um pai que te aceita de qualquer forma... Bem, se eu tentasse dizer ao meu pai que sou gay ele me bateria tanto que eu provavelmente pararia no hospital... Ele é um velho e um fanático religioso que tenta me moldar do jeito que ele quer que eu seja. – desabou e suspirou logo em seguida.
Eu sabia que o Travis não tinha uma relação boa com a família dele, mas não fazia ideia de que ele era maltratado dessa forma. Isso “explica” o jeito que ele nos tratava, mas ainda assim é difícil tentar ignorar tudo o que houve.
-E em parte eu também tinha ódio de você porque te amava... – disse em um tom quase inaudível. – Desculpa Sal. – disse finalmente me olhando diretamente.
-Eu te desculpo. Não que isso vá apagar tudo o que você fez, mas podemos por pedra em cima do assunto e seguir em frente. – falei começando a andar e parando ao seu lado. – Sobre seu pai e sua sexualidade... Você vai ir para a faculdade depois daqui e na faculdade você pode ser quem quiser ser e ignorar seu passado, ignorar essa pessoa que tanto te fez mal... Pode amar sem ser jugado por pessoas que não te conhecem. – falei e vi que ele segurava algumas lágrimas em seus olhos.
-Obrigada Sally. – disse voltando a olhar pela janela. – Por me perdoar e aconselhar. Obrigado.
-Não há de que. – falei. – Boa sorte na faculdade. – disse saindo do corredor e voltando para o refeitório.
Talvez ele amadurecido e entendido que agiu de forma errada, mas ainda assim é muito estranho pensar que o babaquinha Travis Phelps se desculpou.
-Oi azulzinho! – disse Ashley sorrindo quando cheguei à mesa.
-Oie. – falei me sentando ao lado de Larry.
-Então Sally, nós estávamos pensando aqui: Depois que a cerimonia de formatura acabar, nós vamos sair para beber ou para uma festa? – perguntou a morena curiosamente e alegre.
É tão bom ver a Ash be depois de uma fase tão difícil da vida dela. O tal de Stan, namorou com ela por uns sete meses, mas quando ela deu passagem e ele fez o que tanto queria, ele simplesmente desapareceu da vida dela. A morena ficou mal por bastante tempo, mas decidiu arregaçar as mangas e seguir em frente.
-Beber? – sugeri – Bem, nas festas da turma só vai ter gente que não gostamos mesmo. – expliquei.
-Eu falei para você, não falei? – provocou Todd. Esses dois discutem iguais duas crianças, pelo menos sabem que se amam.
***
-Está pronto? Já posso olhar? –perguntou Larry pela centésima vez. Ele já estava pronto para a formatura, mas eu ainda estava me trocando e não queria que ele me visse ainda.
-Ainda não. – falei terminando de marrar meu tênis e parando em frente à ele. – Agora pode. – falei mordendo o lábio, levemente envergonhado.
-Uau. – disse depois de tirar as mãos de frente dos olhos.
Eu estava com um vestido preto de magas longas que ia até meus joelhos em uma saia rodada, meu cabelo estava solto, caindo sobre os ombros e vestia tênis como sempre.
-Você está lindo. – disse se levantando do sofá, me puxando pela cintura para mais perto dele e me dando um beijo.
-Você também está. – falei depois do beijo.
Larry estava com uma camisa social de mangas curtas vermelha e uma calça jeans preta, seu longo cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo.
-Muito obrigada, agora vamos? Temos que encontrar Todd e Ash na escola. – disse me estendo a mão.
-Espera um pouco. – falei pegando minha máscara em cima da mesa da cozinha e a colocando. – Agora vamos.
Quando comecei a usar vestidos (tinha por volta de treze anos), eu ficava meio mal por causa a forma que as pessoas me olhavam, tipo: “Um garoto de vestido, que coisa absurda!”, mas depois de um tempo me dei conta de que se eu fosse ficar me importando com o que as pessoas dizem, eu nunca faria nada.
-Meu Deus você está lindo! – disse Ash vindo me abraçar assim que chegamos na sala indicada pelo porteiro. Ela estava usando um vestido preto de alcinha por cima de uma camisa social branca na qual havia uma gravata preta.
-Você também. – falei saindo do abraço e indo abraçar Todd que estava com uma camisa social verde de mangas curtas e uma calça jeans preta.
-Seus pais já chegaram? –perguntou a morena nos olhando.
-Acho que já, eles ficam no fundo do auditório, né? –perguntou Larry.
-Acho que sim. – concordou Todd.
-Venham pegar suas becas, por favor! – pediu a professora de educação sexual que estava com uma lista em mãos.
Passamos alguns minutos pegando e vestindo as becas e colocando aqueles chapéus quadrados e engraçados. Despois disso todos os alunos foram para o auditório e sentamos nos locais indicados.
-E é com todo o orgulho e alegria que eu digo: Parabéns formandos! – disse o diretor finalmente terminando aquele discurso enorme.
Todos jogaram seus chapéus para cima e começaram a gritar, os pais que estavam no fundo do auditório e os professores que estavam no palco com o diretor começaram a bater palmas.
-Nos formamos puta que pariu! – gritou Ash.
-Isso ae caralho! – exclamei.
-Finalmente cacete! – disse Larry.
-Porque estamos xingando porra? –perguntou Todd entrando na brincadeira.
-Nem sei caceta! – respondeu Ash enquanto riamos.
***
Acordei na nossa cama com os olhos pesados e o corpo doido e... Ah é! Eu estava nu.
-Bom dia meu amor. – disse Larry beijando minha testa quando notou que eu havia acordado.
-Tô morrendo de dor. – disse me sentando na cama e coçando a cabeça.
-Não foi que você disse ontem enquanto eu...
-Okay! – interrompi fazendo o rir.
-Não se lembra de ontem de noite? –perguntou.
-Lembro vagamente que fomos ao bar depois que nossos pais disseram parabéns, e começamos a virar shots de tequila. – falei coçando os olhos e já sentindo a dor de cabeça me pegar.
-Isso mesmo, mas você e a Ash são fraquinhos com bebida e ficaram bêbados depois de três shots, então o Neil e Todd largaram a Ash na casa dela e eu te trouxe para casa. – explicou.
-Você ficou bêbado? –perguntei.
-Mais ou menos, lembro vagamente das coisas também. – disse bocejando.
-A mãe da Ash vai nos matar por ter a deixado ficar bêbada. – comentei rindo.
-Nem... A morena disse que estava liberada pra encher a cara. – disse.
-Pera ai... Como voltamos para casa? –perguntei me dando conta de que o bar era longe.
-Minha mãe emprestou o carro dela já que ela e seu pai saíram para jantar ontem. E que sorte a nossa, porque se estivessem em casa teriam te escutado e...
-Já chega Larry! – falei envergonhado.
-Hehe. – riu. – Pronto para a mudança? –perguntou.
-Verdade... É hoje. – falei suspirando.
-Isso mesmo. – afirmou. – Temos sorte de termos empacotado praticamente tudo. – comentou.
-Huhum. – concordei me espreguiçando. – Vamos tomar banho? Quero tomar banho antes de irmos. – perguntei me levantando.
-Nem precisa perguntar duas vezes. – falou se levantando e indo atrás de mim.
Tomamos nosso banho, trocamos de roupa, arrumamos o que faltava arrumar e fomos para o apartamento de nossos pais.
-Oi meninos! – disse Lisa atendendo a porta e nos abraçando.
-Oi. – falamos enquanto éramos esmagados por ela.
-E foi legal ontem de noite? –perguntei quando entramos no apartamento.
-Foi sim, bebemos um pouco e voltamos para casa. – respondeu Larry enquanto eu abraçava meu pai. – Que horas voltaram ontem?
-Lá pelas três da manhã. – responde meu pai. Mentalmente agradeci por termos chegado bem mais cedo do que eles.
-Ainda não acredito que vão se mudar... – comentou Lisa meio triste.
-Fica assim mãe. – falou Larry enquanto nós três a abraçávamos.
-Pois é, vamos voltar para visitar o mais rápido possível. – confortei.
-Ah, como vocês cresceram. – comentou nos olhando. – Um ano faz muita diferença.
-Okay, então vão pegar a Ash na casa dela e ir ao aeroporto? –perguntou meu pai quando fomos para a garagem.
-Isso mesmo. – respondi. – Vamos pegar seu carro emprestado e no aeroporto te devolvemos, pode ser? –perguntei só para confirmar.
-Claro né. – disse. – Amanhã cedo enviamos as caixas que precisam pelo correio. - avisou -Tem certeza de que o Gizmo vai ficar bem nessa caixinha? – perguntou apontando para a mesma.
-Tenho sim, ele é um gatinho forte. - falei olhando o mesmo que tinha uma grandesissima cara de taxo.
Calmamente dirigimos até a casa de Ash enquanto nossos pais iam para o aeroporto. Pouco mais de um ano atrás quando eles tocaram no assunto de se mudar, eu não acreditei que fosse realmente dar certo, mas aqui estamos nos indo para Portland juntos.
Felizmente conseguimos alugar dois apartamentos em um prédio, um de frente para o outro, e vamos morar todos juntos. Neil, Todd e Ash em um apartamento e eu e Larry em outro. Um mês atrás fizemos as provas e fomos aprovados nas faculdades que queríamos.
Acho que quando recebemos as cartas de aprovação foi um dos melhores momentos da minha vida! Ash vai cursar fotografia, Larry artes, eu musica e Todd engenharia química (ele é único de nós com um emprego de fato “aceitável”).
-Tchau mãe! – disse Ash na porta de casa abraçando sua mãe.
-Minha menina... Se cuida, viu? – disse chorando enquanto Ash colocava suas duas malas no porta-malas – Desculpe-me não poder ir a aeroporto me despedir, mas boa viajem para vocês! – disse enquanto Ash entrava na parte de trás do carro.
-Tudo bem mãe, te amo, tchau! – disse pela janela enquanto Larry dava partida no carro.
-Tchau! – falamos em coro enquanto íamos embora para o aeroporto.
-Finalmente está tudo dando certo para nós! – disse ela feliz e batendo palminha.
-Pois é. – falei sorrindo. – O Todd e o Neil vão de taxi, né? –perguntei.
-Isso mesmo. E antes que me pergunte: As passagens estão com o Todd porque ele é o único responsável de nós. – disse.
Durante o caminho até o aeroporto ficamos escutando musica e relembrando todos os momentos bons e ruins do ano, dando risada das desgraças e das coisas boas de verdade.
Estacionamos o carro no estacionamento, pegamos nossas malas e fomos ao local indicado por Todd que havia nos mandado mensagem dizendo que já estava lá.
-Vou sentir sua falta. – disse meu pai me abraçando quando nosso voo foi chamado. – Você é meu orgulho, okay? Eu espero que tudo dê certo lá em Portland e vocês tenham uma ótima vida lá. – ele estava com lágrimas nos olhos.
-Obrigada pai. – falei saindo do abraço. – Eu volto para visitar assim que der okay? –perguntei e o vi assentir com a cabeça.
-Se cuida meu amor, não faz nada de errado, aproveita a faculdade ao máximo e... E... – disse Lisa antes de começar a chorar abraçando Larry.
-Oh mãe. – disse ele se afastando um pouco e limpando as lágrimas dela. – Vai dar tudo certo, okay? E eu vou voltar assim que puder... Não precisa ficar triste. – disse a abarcando e fando um beijo em sua testa.
-Voo 204 para Portland, ultimo chamado, repito: Ultimo chamado voo 204 para Portland. – disse a mulher no alto-falante.
-Tchau! – falamos em coro indo para o local onde deveríamos embarcar.
Sentamo-nos nos locais indicados e conversamos um pouco sobre como a vida seria lá, nos nossos planos seria incrível. Faríamos faculdade e trabalharíamos em um café que havia ali por perto do nosso prédio. Mas confesso que dormi metade da viajem.
Chegando em Portland, pegamos um taxi e fomos direto ao apartamento (não sei como, mas Todd já estava com as chaves).
-Certeza que não querer ficar no nosso apartamento? –perguntamos mais uma vez para Ash.
-Mas meu amor, eu vou ficar transitando entre os dois apartamentos – brincou.
-Okay, vai ser igual em Friends: Portas sempre destrancadas para entramos sempre. – disse Todd.
-Okay! – concordei animado.
- E é assim que nossa nova vida começa. – disse Larry.
-Uma vida cheia de amor. – completou Ash.
-Viadagem – acrescentou Todd.
-E felicidade. – falei terminando a frase enquanto sorriamos.
Bom, essa é a história de como conheci o amor da minha vida pelo twitter, de como fiz amigos maravilhosos e de como vivi uma vida incrível em Portland.
Se quiser saber: Sim, eu e o Larry nos casamos quando terminamos a faculdade e adotamos uma linda menininha de cabelos cinza, hoje em dia ela tem cinco anos, o nome dela é Lassy.
O Neil e o Todd também se casaram e tiveram um filho chamado Luie, ele tem quatro anos. A Ash? Bem, a Ash está noiva de uma garota que conheceu na faculdade, o nome dela é Hana e ela é uma linda asiática de longos cabelos negros.
Basicamente: Minha vida é ótima e eu amo esses idiotas loucos que chamo de família.
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