Acordei com alguma música não muito perto de mim, identifiquei antes de abrir meus olhos pesados: Adele. Então pensei em John. Ele ama Adele com todo seu coração, assim como eu, mas o tempo não quer mais que eu escute músicas. O tempo me sufoca, assim é minha vida
- Sra. Scarlet, não vai acordar? Você terá que acabar logo com os 10% para comemorarmos.
- Ahhh... - Me espreguicei ainda com sono, colocando o cobertor por cima de mim. Odeio pessoas que me acordam. - Sr. John. Por que não sai do meu quarto? Que vergonhoso...
- Hahahaha... Já estou velho, não se preocupe. Eu vou sair, mas antes...
- O quê? - Minha curiosidade batalha comigo sendo vitoriosa.
- Quero que conheça um pessoa. - Meu coração começa a bater mais forte, mesmo sem conhecer a pessoa. A curiosidade tomou conta do meu corpo, me incentivando a levantar e tomar meu banho, já que John tinha saído do meu quarto, provavelmente indo para a sala. Desta vez, fiz alguma coisa no meu cabelo: Primeiro fiz coque para que nas postas ficasse ondulado. Claro, depois de passar o secador. Novamente meu lindo e amado lápis de olho.
Me olhei no espelho depois de tudo aquilo, sem saber o motivo de estar daquele jeito, talvez estivesse ansiosa para resolver o resto do caso, apenas 10% para me livrar da forca. Soltei o coque, ficando perfeitamente como eu queria, por mais que não estivesse arrumado, estava bonito.
- Sr. John? - Sai do quarto direto para a sala. Lá o encontrei mexendo em minhas coisas em cima da mesinha que ficava pregada na parede. Minhas coisas eram apenas fotografias da minha mãe, comigo ou não.
- Sra. Scarlet... - Ele se assusta soltando um porta-retrato. Que felizmente não quebra.
- Por que está mexendo aí? - Acelero meu passo enquanto ele se escora no sofá.
- Essa é sua mãe? - Perguntou ele depois de se acalmar, sabia que eu desconfiaria da sua voz trêmula. Virei um pouco a cabeça sem olhar para ele:
- Era. - Arrumei o que estava em cima daquela pequena mesa velha.
- Me desculpe... - Se arrependeu de verdade, percebi sua voz.
- Está tudo bem, Sr. John. - Me virei dando um sorriso. - Vamos conhecer a pessoa que deve estar nos esperando?
- Sra. Scarlet, te conheço faz tempo, não adianta dar sorrisos e dizer que está tudo bem. - Disse enquanto pegava seu casaco de cima do sofá. Relaxado. E abriu a porta. - Primeiro as damas.
- Muito obrigada.
Saí de casa mais uma vez, surpreendida com a cor bonita do céu, estava pálido. E eu não sabia onde estava o Sol. Na minha imaginação seria uma grande esfera prateada que se escondia. Aquele casaco de lã vermelho que a moça vestia, era bonito, formal, se destacava em meio a neve branca. Mas a sua pele era branca como a minha, tinha os olhos azuis como o céu na primavera, seu cabelo, loiro, me lembrava o Sol. Ela é linda.
- Scarlet. Bianca Grey... Bianca Grey. Scarlet.
- Prazer. - Falamos ao mesmo tempo, eu estava nervosa, e não conseguia juntar isso para mim mesma, simplesmente meu coração é como uma penela de pressão. Eu não sabia o que sentia, era novo, uma sensação nova, como se fosse um robô. Vivesse como um robô. Dava-me medo de mim mesma.
- Sra. Scarlet. Quer ir para um café? - Respirei enquanto fazia um sinal positivo para ele, me relaxei.
- Claro... - Ele percebeu meu nervosismo. Respirei muito. Pisquei muito - Sr. John.
Não era muito longe de minha casa. Não passava de 2 quarteirões. É bom isso, porque sou preguiçosa. Que bom que Sr. Luiz me salva todas as vezes. Sentamos em uma mesa perto da janela. Praticamente colada, curtia muito essas mesas. A janela ficava na minha esquerda.
Essas mesas têm, como posso dizer, 2 cadeiras, uma longe da outra por causa da mesa. Isso seria no máximo 2 pessoas em cada cadeira. O meu querido Sr. John me fez ficar do lado da moça. O pior não é isso, ele estava rindo de mim, percebeu que eu arrastava minhas mãos na coxa, ajeitava meu cabelo preso, e piscava muito. Ele era tão inteligente quanto eu.
Ele pediu 3 cafés e o açúcar separado. Odeio café com açúcar, se ele pediu separado ou ele gosta... Ou a moça. Neste pensamento mordi meus lábios. Eu não parava de olhar para as mãos dela batucando a mesa. Ele ria mais com isso. Ele sabia que eu era lésbica, continuo sendo. Mas ao mesmo tempo também sou tímida. Isso me fudeu totalmente.
- Então Sra. Scarlet - Deu uma risada. - Faz ideia de onde esteja o assassino?
O que a moça era? Um gravador humano? Sr.Joooohhnn! Acorde! Ela está escutando. O que ela é? Ela faz parte da equipe? Fiz a mim mesma mil perguntas sobre a moça. Revirei os olhos para me mexendo um pouco, John percebeu, mas apenas sorriu: Me assegurei.
- Não tenho notícias atuais sobre ele... Sr. John. - Destaquei seu nome em minha fala, gritando um pouco mais, creio que a moça que não para de mexer em suas mãos não tenha percebido. Eu torcia para isso. O café chega e é distribuído. A fumaça que saia dele era tão artística, bonita. Inspirei para sentir o cheiro bom de um café quentinho, fechei os olhos e suspirei. Meu celular toca misteriosamente, o pego de meu bolso e olho para John, revirando meus olhos para a moça. Parece que John leu minha mente: "Atendo?". Ele faz um sinal positivo com a cabeça. Coloquei no viva-voz.
- A...
- Scarlet, te perseguirei, e então, te matarei. Quando estiver a fim de falar com alguém perigoso ligue de novo para o mesmo número. Se não, ligarei de novo.
- Quem fala? - E ele desliga. Sr. John está com uma cara assustada. A moça nem tanto.
- Pode me dar seu celular? - Ela fala segura de si, felizmente pude perceber isso antes de paralisar. Ela falou comigo!
- Claro... - Falo num tom mais baixo para que o John não percebesse minha voz trêmula, mas percebeu minha maneira de esconder, então, do mesmo jeito riu.
A moça pegou meu celular, colocando em histórico de chamadas. Pegou o número do homem estranho que me ligou, pude ver isso porque eu estava do lado dela. Sr. John deu um gole em seu café e não parava de me encarar. Dei um gole no meu café também para mostrar a ele talvez uma "moralzinha". A moça pega seu celular e tira foto da tela do meu.
- Sra. Scarlet, quando eu voltar para a casa compartilharei esta foto com o meu computador. Pesquisarei e acharei quem te ligou. - Belo vocabulário, Bianca.
- Obrigada, Srta. Bianca.
- Oh... Só Bianca por favor. - Percebi que não posso falar meu nome verdadeiro para ela. - Afinal, por que te chamam de "Sra" se você não é velha e nem casada?
- É como um disfarce, para as pessoas que não me conhecem pensarem que sou casada e velha. - Me entusiasmo.
- Bom disfarce. Sobre seu nome verdadeiro que não sei...
- Não se preocupe. Não irei revelá-lo. - Ela me olhou assustada, talvez eu tenha respondido rápido de mais. Tinha raiva naqueles olhos, em 1%. Ela deu um sorriso como um "Claro, você está certa"
- E-eu não iria forçar você a... - Ela fica nervosa, dando um pequeno sorriso do lado direito, olhando para baixo e fazendo gestos de "prosseguir". Admito que não puder segurar um sorriso. - A falar o seu verdadei...
- Tudo bem, Bianca. - Sorri para ela quando ela olhou para mim. - Tudo bem.
Brilhos habitam seus olhos azuis. Me deixando ainda mais apaixonada... Espere. Eu estava apaixonada desde que a vi? O meu tempo de risada acaba e fico nervosa, dando um gole a mais em meu café. Sr. John já tinha acabado seu café. A moça dava os últimos goles. Decidi fazer o mesmo.
Eu e John concluímos que íamos à casa de Bianca para resolver o caso número.
Durante o caminho para a casa dela, com o carro de John, tivemos uma conversa curta, a casa dela não ficava muito longe da minha. Algumas ruas e já chegava. Admito que gravei como chegar lá.
(...)
- Não liguem para a minha bagunça. - Falava enquanto retirava algumas coisas do sofá.
- Tudo bem. - Falei. - A minha casa e a de John também é assim.
- Ah... - Ela sorriu parando de arrumar algumas coisas. - Coloquem seus casacos ali.
Apontou para uns pinos pendurados na parede perto da porta. Retirou o casaco, deixando apenas sua camisa de manga longa meio para o lado deixando para fora uma parte do sutiã no ombro. John estava olhando para mim enquanto estávamos pendurando o casaco: Fechei os olhos e arrastei minha mão gelada no rosto querendo liberar todos os pensamentos estranhos que tive... Ele apenas riu da minha cara, ainda bem que o lápis de olho não está borrado. Me olho em um espelho da sala dela. Eu estava apenas com uma camisa sem mangas, e claro com uma calça jeans.
Seu quarto estava meio arrumado. Seu computador da Apple, iMacbook. Reconheci na hora, o que eu mais queria ter, para falar a verdade, mas o meu velho Dell me serve bem:
- Podem se sentar em minha cama. - John riu ainda mais, mas cobriu com a boca, olhei para ele e tivermos uma conversa muta:
- Mas que porra? - Era uma leitura labial.
- O que você está sentindo? - Fez um cara maliciosa. E eu uma cara de raiva. Estirei o dedo sem Bianca perceber. Ela estava pegando o número e escrevendo em algum lugar do computador que não sei o "programa" ou sei lá no que ela tava mexendo. Só queria parar de pensar besteiras.
- Que estranho... - Ela vira a cadeira para a cama. Sua perna direita estava dobrada, meio que para cima, e a esquerda também dobrada, mas totalmente na cadeira. Mordi os dois lábios. - O número da pessoa que te ligou está morta.
- Quem é? - Me levantei indo para mais perto dela, e do computador. Propositalmente deixei minha camisa cair um pouco, mas foi tão pouca que ela não deve ter percebido que foi de propósito. Mas ela olha, e não era um olhar normal: Lésbica. Me orgulhei.
- Ela. - Apontou para a tela do computador - A bibliotecária que foi assassinada por Daniel Smith. Você investigou esse caso.
- Sim, mas não está totalmente concluído. Não sabemos onde ele está.
O meu celular toca mais uma vez.
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