Com a cabeça jogada para trás, sentindo o vento bater em meus cabelos, aquela altura me chamando para convosco. Olhos perdidos, cansados de abismos, observava as nuvens se mexendo e um pássaro voando contra o vento. Que sofrimento, angústia e tristeza. Pensei que tudo estava fluindo, me enganei, os caminhos se transformaram em armadilhas, facas afiadas para perfurar seu corpo. Estava entorpecido pela música em meus ouvidos, melancólica, gritante. Rodei, rodei sobre mim mesmo, sentindo toda a fúria do vento, cabelo solto cobrindo o rosto, ouvidos inundados pelo castigo da dor. Desejei que todo o peso fosse embora, mas não foi. O peso sempre permanecerá, como uma mochila presa em minhas costas, sem me deixar saída. Meu peito simplesmente estava se enchendo pela música em meus ouvidos, cada nota tocada pelas mãos, pedras que foram jogadas ao abismo e nunca mais resgatadas. Pedras frias, de cor escura, mas...tinham brilho. Brilhavam no escuro, mesmo quando foram descartadas. Eu desabei, desabei completamente, com olhos perdidos na paisagem, na altura que me encontrava. Imagens de meu corpo caído daquele andar, era algo inevitável, seria eu capaz? Meus olhos cansaram de chorar, minha boca cansou de nunca sorrir mais. É egoísmo desejar estar em coma, mas queria dormir por alguns anos, anestesiado desse vazio, corroído cada vez mais pelo tempo. Todos os dias sou envenenado, pois o tempo é o tempo, não tem pressa, nem limite. Não sei dizer, se estou dormindo ou acordado, nem mesmo o quanto me encontro desacorçoado.
R.R.
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