História Meu amado vizinho - Danares

Danares sempre teve uma personalidade muito forte e impetuosa... Mas como a maioria das crianças de sua época ela havia sido "crastada" e moldada para se adequar.

Assim ela cresceu... E aprendeu bem o seu lugar na equação da vida. Tanto. Que as vezes esquecia de viver... mergulhava em cálculos... E tentava manter tudo na mais perfeita ordem.

Como toda mulher ela tinha sonhos... Sonhos que os romances ensinam... E que a maioria das mulheres acreditam, porque se há algo que ninguém lhes pode tolhir ou arrancar são os pensamentos.

Na vida real lhe induziram a estudar. E disso ela gostava: tinham conclusos: um curso profissionalizante, um técnico, uma extensão, uma graduação, duas especializações e ainda fazia planos para o mestrado. E por que não um doutorado? Ainda pensava sobre o assunto.

Apesar do cansaço de todos os dias amava seu trabalho. E lá encontrava as suas melhores pessoas do mundo. Beth e Luizy. As amava. Por mais distintas que cada uma fosse. Se amavam... De igual para igual. E cuidavam umas das outras: fosse nas práticas do trabalho ou no suporte com o ombro amigo nos dias mais difíceis... Partilhavam quase tudo! E se não fossem os gostos tão distintos e as formas físicas igualmente, compartilhariam muito mais.

Danares sentia-se sempre muito grata. Seja pelo trabalho. Ou pelas amigas... No auge dos seus 30 anos ainda se questionava como havia acertado tão bem nessas escolhas... E seu coração se enchia ainda mais de gratidão.

Tinha muitos projetos profissionais e pessoais ainda não conclusos. No entanto ela sabia que se parasse naquela altura do campeonato da vida profissional, certamente, já estaria bom (não que esse fosse o objetivo).

Podia-se dizer que era uma excelente profissional. Dedicada. Educada. E muito empática. Atendia a todos com o mesmo zelo, presteza e logicamente não recebia nada além por isso. Bem como desenvolvia várias atividades que não lhe eram inerentes a profissão, porém tinha muito prazer no que fazia... E assim eram quase todos os dias.

Durante as reuniões ou discussões do trabalho sua forte personalidade imperava. E não eram incomuns os aborrecimentos, pois gostava de deixar claras as suas opiniões e contrariedades (isso ela levava consigo em todas as suas relações).

E lá estava o espírito ariano: que mesmo tolhido não se calava. E na ausência de sons reverberavam nela com postura e expressões faciais cheias de emoções. Porque mesmo tolhida ela sempre buscava uma forma de não se calar.

E basicamente era isso... Seus dias... Suas relações... Seu ciclo: Casa. Trabalho. Casa.