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Discurso Para os Amigos

Formatura CEMA 2018

Amigos, de acordo com o dicionário, significa: alguém que ama, que demonstra afeto, amizade.

Amigos tem sua origem do latim, amicus, tendo sua etimologia como amus – amar e icus sendo o pronome masculino; Ica sendo o feminino e icum como o neutro.

Todavia, por mais que pesquisemos sobre as etimologias ou significados, definições ou até mesmo as origens de uma palavra, assim como anteriormente apresentei, é quase impossível transferir o sentimento anexado a este determinado vocábulo ou adjetivo.

Digo que falhei miseravelmente ao tentar arranhar, ao menos, a superfície desta emoção, a fim de atingir-lhe o cerne, para discursar aqui hoje.

Por mais que pareça fácil compor um discurso, arranjando letra após letra, palavra após palavra, formando sentenças e sentenças inexatas; Informo-lhes que o texto, assim escrito e discursado, nunca terá a mesma essência da afeição sentida pelas partes, assim envolvidas, do conjunto.

Afinal, uma meia dúzia de palavras parnasianas peroradas em público à frente de um microfone para uma plateia emocionada, às vezes até entediada pelo monólogo sacal, não exprimirá, de forma alguma, o real sentimento de uma amizade.

Pois não há como exprimir, de maneira tangível ou racional, o âmago desta emoção. Apenas aqueles que já tiveram este sentimento de parceria saberão como realmente é o sabor agridoce do companheirismo cordial.

Sim, existem “amigos” que vem, e que destroem, ao invés de construir. Mas não falemos deles; Hoje é um dia para celebrar a nova etapa em nossas vidas, então tratemos das amizades verdadeiras, que de tão cálidas e simplórias, trouxeram a mais pura felicidade a nós em todos esses anos cursados no colégio.

Das amizades que nos ouviram em nossos momentos de ansiedade e medo, que nos confortaram com abraços e sorrisos, e promessas de que tudo ficaria bem. Que amanhã seria um novo dia para trilhar sem temer o que poderia dar de errado.

Que fizeram uma lágrima tornar-se um riso, que da dor veio o conforto. Que da perda, veio o ganho. Que do medo, veio a coragem.

Das amizades que sempre dividiram o chocolate, mesmo ainda restando pouquíssimos pedaços. Ou das escapulidas arquitetadas aos sussurros durante a aula, ás vezes descobertas, mas sempre resolvidas juntamente.

Do tráfico de balas, das colas passadas, daqueles cinco minutinhos de revisão relâmpago antes das provas, torcendo para lembrar das milhares de formulas em química, matemática ou física. Daquele desespero mutuo perante a frase: “Mochilas na frente e celulares desligados e/ou dentro da bolsa.”.

Das brigas por coisas bobas, das palavras rudes ditas no momento de furor.

O que é uma amizade sem desentendimentos de tempos em tempos?

E dos amigos que, mesmo longe, sempre irão ouvir seus sonhos ou pesadelos, medos ou angustias as três da manhã de um dia de semana antes de uma prova importante?

Daquelas viagens escolares inesquecíveis, das cantorias no fundão do ônibus enquanto os outros reclamavam, irritados pelo barulho chato, morrendo de sono por ser tarde da noite.

Das milhares de tretas no Twitter ou nos grupos do Whatsapp, sempre em discussão sobre algo como: o porquê de não terem pago o valor daquele rolê, saber se o roteiro da Noite Cultural já estava pronto ou por questões bobas sobre politica, que praticamente virou uma Guerra Civil versão Eleições 2018.

Das zoeiras infindáveis da turma do fundão, que sempre bagunçava, parecendo um bando de “maritacas malucas”.

Daquelas frases marcantes de: “Em que aula é a prova?”, “Qual era o conteúdo da prova daquele professor?”, “Alguém chama o Paulo¹ pra ligar o ar!”, “Tinha prova hoje?!”, “Não apaga!! Estou copiando ainda!”, “Não passa o slide!”, “Pode ser em dupla de três? E trio de cinco?”, “Coloca meu nome no seu trabalho?”, “Era pra apresentar hoje?”, “Putz, esqueci a tarefa, posso entregar amanhã?”, “Que dia é hoje mesmo?”...

Das várias vezes em que pedíamos para sentar em dupla, alegando ter esquecido a apostila, apenas para ficar conversando com o coleguinha sobre a foto daquela determinada pessoa no Instagram ou Snapchat...

Daquele desespero ao ser chamado na coordenação, ou de ver a Joice² na porta e lembrar que está sem o uniforme, sempre tendo aquele amigo para emprestar o casaco na última hora.

É... A amizade é uma coisa que não se encontra com facilidade, principalmente as verdadeiras.

Amigos são como pokémons, têm todos os tamanhos, formas, cores e gostos. Alguns são raros, outros comuns, outros legendários, mas sempre há uma forma ou outra de conquistá-los.

É como um velho ditado diz: “Você não escolhe em qual berço nascerá, mas pode escolher suas amizades.”.

Infelizmente, nem sempre acertamos de primeira, e acabamos feridos por aqueles que acreditamos serem nossos melhores amigos. Mas é somente assim, furando o dedo na roca de tear, que poderemos acordar e reconhecer os verdadeiros amigos que nos circundam.

Hoje, selamos uma grande etapa em nossas vidas. Muitos de nós já têm em mente o que irão cursar e outros não. Muitos já estão discutindo sobre coisas como: morar juntos, cursar faculdade juntos ou de casar e ter filhos na mesma época para que estes, também, sejam amigos.

A formatura não é o fim, isso eu garanto a vocês, mas o prefacio de nossas histórias. As quais podem, e devem, ser sempre acompanhadas de um Dom Quixote com seu fiel Sancho Pança na busca incessante de vencer os obstáculos que a vida impõe.

Olhando para vocês agora, sentados, todos tão bem arrumados e belos, tão diferentes daquela cara de sono das segundas de manhã, resmungando por ter que acordar cedo e aturar aquela aula ou professor chato, me faz lembrar, com muita nostalgia, de tudo que passamos por todos esses anos.

Olhando para vocês, eu não vejo meus futuros concorrentes no vestibular ou enem, futuros advogados, professores ou médicos... Eu vejo meus amigos que enfrentaram comigo todas as provações de ser um adolescente em pleno século 21, com tanta tecnologia, Fake News e problemas pessoais.

Olhando para vocês agora, retomo aquele meu discurso errôneo do início do ano de que não via a hora de acabar o colégio e vazar, só para não ver a cara de certa pessoa todos os dias. Assumo, em plena consciência, que estava redondamente errada. Irei sentir saudades de vocês, assim como, eu espero, vocês sintam a minha.

É por isso que agora eu desejo a vocês todo o sucesso e felicidade para seguirem com força e confiança essa nova etapa em suas vidas. Espero que façam muitas amizades neste novo caminho, mas peço que não se esqueçam de suas antigas amizades, afinal, como certa vez ouvi em uma música: “Posso te dar o que eu sou, amigo é um cobertor bordado de estrelas...”.

Que este “Adeus” não seja uma despedida, mas um “Até logo.”.

Boa sorte, meus amigos.

Que a força esteja com vocês.

Discurso por Beatriz Moraes. 3º ano “A”