As três próximas semanas passaram muito mais rápido do que nós imaginávamos. Os meus dois primeiros meses haviam passado quase de forma imperceptível.
Kara estava super babona e mais protetora do que o normal comigo, enquanto minha pequena Kyra não saía do meu lado para quase nada, o que era surpreendente pois antes ela era muito mais grudada com a mãe loira.
As únicas pessoas entre nossos amigos e familiares que sabiam até agora eram Alex, por motivos óbvios, Maggie e Ky.
Nós estávamos planejando em contar para todos quando tivéssemos mais certeza que tudo estava realmente ocorrendo bem.
Hoje finalmente teríamos nossa primeira ultrassom para saber como estava nosso bebê, e Kara parecia bem mais nervosa do que eu.
Enquanto esperávamos Alex preparar tudo na ala médica, a perna dela balançava freneticamente e eu estava com um pouco de medo dela acidentalmente fazer um buraco no chão.
– Amor, fica calma. – Coloquei minha mão em sua coxa tentando inutilmente diminuir sua agitação que era extremamente óbvia.
Ela não disse nada, porém segurou a mão que estava em sua coxa e começou a acariciar suavemente com seu dedão, deitou a cabeça em meu ombro e deu um beijo casto ali.
Desde que descobriu da gravidez estava mais carinhosa do que o normal, e eu sempre me derretia com essas pequenas demonstrações de afeto dela.
– Mama, tadê mamá? – A vozinha manhosa de Kyra preencheu meus ouvidos, me assustando um pouco ao me arrancar de meus pensamentos subitamente.
A pequena loirinha estava sentada no meu colo daquele jeito despojado que só ela conseguia se sentir confortável.
– Está aqui, bebê. – Revirei a bolsa que havia trago para ela, até encontrar finalmente a mamadeira de dinossauro que ela tanto amava.
Me certifiquei que o leite ainda estava morno e dei na mãozinha dela, que me agradeceu com um tímido e adorável "obigada".
Kyra estava começando a tomar mais a mamadeira agora e eu sinceramente não estava me importando muito em tirar dela pois sabia do conforto que a trazia.
Ela se virou para sentar de frente para mim e deitar a cabeça em cima de um dos meus seios, que incrivelmente estava muito sensível.
Fiz uma pequena careta de dor ao sentir ela ajeitar a cabeça, porém não disse nada e permiti que ela continuasse naquela posição.
Levei minha mão que não estava na coxa de Kara em direção aos cabelinhos macios, começando a fazer um cafuné.
Ela soltou um pequeno sorriso por trás do bico da mamadeira, e eu senti meu coração se aquecer na hora.
Como eu amo essa menina.
– Desculpa interromper o momento família, mas as coisas lá na ala médica já estão prontas. Vamos lá ver meu sobrinho! – Alex veio em nossa direção e puxou a mão da irmã, que permitiu ser puxada pela ruiva.
Me levantei com Kyra ainda mamando em meu colo e segui as duas irmãs que conversavam animadamente.
– Lena, por favor deita ali e levanta a camisa o máximo que conseguir para podermos ver como está esse pequeno. – Alex apontou para a maca bem no cantinho, quase perto da parede.
Tinha uma cortina separando aquela parte do restante da ala, nos dando um pouco mais de privacidade.
A parte coberta estava equipada com alguns aparelhos que foram postos ali especialmente para o acompanhamento do nosso novo pequeno Kriptoniano.
– Fica um pouco com a sua ma, meu amor. Vamos ver seu irmãozinho. – Expliquei para o meu pequeno carrapatinho, que negou freneticamente.
Nessas últimas semanas ela estava detestando ficar longe de mim, e até para ficar sozinha com alguns minutos com Kara fazia drama.
– Não, mama. Eu fito ati com vuxê. – Ela me abraçou um pouco mais forte, porém cuidadosa para não me machucar.
– A mama vai estar deitada ali, amor. Nós vamos ver seu irmãozinho, você não queria? – Perguntei beijando sua bochecha, e ela apenas assentiu com um biquinho emburrado.
– Então fica aqui com a ma pra gente ver o nenê. – Kara estendeu a mão para ela, que pegou ainda meio emburrada.
Minha esposa pegou nossa pequena no braço, e sussurrou algo no ouvido dela que com que ela negasse freneticamente.
– Não, ma. Kyla ama vuxê. – Ela beijou a bochecha da mãe várias vezes e eu quase explodi de amor por essas meninas.
Kara a abraçou e meu sorriso ficou ainda maior.
Como eu as amo.
– Deita ali, Lena! Agora quem está ansiosa sou eu. – Ela apontou novamente em direção a cama.
Obedeci as instruções da minha cunhada e me deitei na maca, desabotoando um pouco minha calça jeans e levantando a camisa o máximo que consegui.
Alex ainda não havia voltado ao trabalho, porém fez questão de vir até o DEO apenas para que pudesse fazer nossa primeira ultrassom.
A pequena Jamie havia completado seu primeiro mês a duas semana atrás, e estava cada vez mais adorável e parecida com Maggie.
Kara se posicionou ao meu lado com Kyra ainda no colo para que ela pudesse ver detalhadamente tudo que estava acontecendo.
A pequena olhava atentamente para tudo que a tia fazia, e vez ou outra me encarava para se certificar que tudo estava bem comigo.
Adorável.
– Como a gente já tem o tempo de gestação bem calculado, por enquanto não vamos precisar do exame mais invasivo.
Mas se algo parecer diferente daqui duas semanas precisaremos fazer de novo. – Alex apertou minha mão de forma carinhosa, e eu sorri para ela enquanto assentia.
A ruiva passou o gel extremamente gelado em minha barriga e começou a passar a maquininha.
Meu coração batia acelerado e inquieto, tensa até finalmente visualizar o pontinho na tela antes toda preta.
Ela passou a maquininha por alguns segundos e franziu as sobrancelhas em dúvida.
– O que aconteceu? Tem algo de errado? – Kara se pronunciou pela primeira vez desde que o exame começou, vendo a cara nada boa que a irmã fazia.
Alex não respondeu e ficou mais alguns segundos olhando para a tela, até que sua expressão confusa foi substituída por um enorme sorriso.
– Mamães, vocês estão vendo esses dois pontinhos bem aqui? – Ela apontou para a tela onde consegui ver realmente os dois pontinhos.
Meu coração batia forte em meu peito após perceber finalmente o que aquilo significava.
– Sim. O que tem? – Kara assentiu e perguntou confusa, aquela ruga adorável surgindo em sua testa.
– O que tem é que você vai ser mãe de dois bebês, irmã. Lena vai ter gêmeos. – Olhei em direção da minha esposa e só não ri pois vi o quão pálida ela ficou.
Kyra a encarava confusa e toda preocupadinha, passando a mãozinha no rosto dela.
– Você ouviu isso, filha? Você vai ter dois irmãozinhos! – Kara jogou nossa filha para o alto, que soltou um grito surpreso seguido da gargalhada mais gostosa desse mundo.
O som da risada dela ainda é meu som favorito em todo o mundo.
– Obrigada, amor. Obrigada. – Ela se abaixou para me dar um selinho demorado e eu senti lágrimas inundando meus olhos.
Ela estava tão radiante.
– Obrigada você. – Sussurrei para ela.
– Então, antes de você me interromper... – Alex encarou a irmã com uma cara feia, porém logo foi substituída por um sorriso após ser abraçada por Kara.
– Eles são gêmeos fraternos, o que quer dizer que eles não serão idênticos. Aparentemente está tudo bem e é isso. Parabéns. – A ruiva estendeu a mão para me ajudar a levantar, porém parou ao parecer se lembrar de algo.
– Espera, vocês querem escutar os coraçãozinhos? Quase me esqueci. – Alex nem terminou de falar e Kara já estava assentindo freneticamente, sorrindo tão grande que estava surpresa de suas bochechas não doerem.
– Sim, claro! – Exclamei animada, sentindo minha esposa apertar minha mão.
A ruiva apertou algum botão na máquina e o ruído começou. Antes era um som muito confuso, porém o áudio melhorou e logo consegui escutar os sons rápidos.
A frequência era acelerada, e um coraçãozinho batia quase ao mesmo tempo do que o outro.
– Olha, filha! São seus irmãozinhos. – Kara disse com a voz embargada, era óbvio que ela estava chorando.
Eu não estava muito diferente dela, soluçando a cada batida acelerada.
– Os corações estão batendo a 123 e 130 por minuto, está tudo normal.
Mas a gente vai ter que acompanhar mais de perto, quinze em quinze dias. Nessas próximas semanas vão ser exames e mais exames, mas pelo que consigo ver está tudo bem. – Alex disse tentando disfarçar seu sorriso, porém eu escutei um fungado vindo dela assim que começou a falar.
– Ah, para com essa linguagem profissional Alexandra. Todo mundo sabe que você está doidinha de felicidade pelos seus sobrinhos. – Kara brincou indo em direção a irmã para abraça-lá, que apenas riu e retribuiu seu carinho.
– Mãe de três, quem diria? Parabéns, Ka! Eu tô muito feliz por você mesmo. – A ruiva encheu o rosto da caçula de beijos, que só ria enquanto tentava afasta-la.
Me levantei ainda sem limpar minha barriga do gel e me juntei ao abraço, apertando as duas fortemente enquanto a pequena Kyra resmungava praticamente sendo esmagada por todas nós.
DEZOITO SEMANAS
– E pensar que antes só existiam eu, Clark e Sam de Kriptonianos na Terra. Agora temos Kyra, Jon e os gêmeos. – Kara comentou enquanto brincava com os meus dedos.
Eu estava deitada com a cabeça no peito dela e Kyra adormecida ao meu lado com o rostinho escondido ao lado de meu corpo e as duas mãozinhas em minha barriga.
Agora as dezoito semanas, mais conhecida como cinco meses, minha barriga estava visivelmente bem maior.
As mudanças no meu corpo eram perceptíveis, e se eu dissesse que não estava extremamente insegura estaria mentindo.
As estrias que começavam a aparecer me deixavam extremamente insegura assim como os inchaços.
Porém esse sentimento foi rapidamente deixado de lado ou perceber o cuidado e atenção que Kara estava me dando. Todos os dias ela fazia questão de dizer que estava linda, ou me assegurar que as mudanças no meu corpo significavam que nossos bebês estavam crescendo saudáveis.
Toda nossa família e mídia já sabiam que estávamos grávidas, a notícia felizmente foi recebida com muito carinho e felicidade por todos. Nosso relacionamento estava cada vez melhor e em dois meses iríamos completar um ano de casamento.
– Você está ganhando de volta um pouquinho do que perdeu, amor. – Comentei de volta dando um beijo no queixo de Kara, onde pude alcançar.
– Eu amo você. Está cada dia mais linda, mais perfeita. – Ela beijou minha testa de forma carinhosa.
– E eu amo vocês também, bebês. – Minha esposa colocou sua mão por cima da de Kyra em minha barriga, e acariciou a pele ali.
– Você acha que eles vão se parecer com quem? – Passei minha mão em seus cabelos loiros, inciando um carinho ali.
– Eu espero que pelo menos um dos dois venham com seus olhinhos verdes e o cabelinho escuro. Já temos uma mini eu, agora eu espero uma mini você. – Pude ver o sorriso dela se alagar, enquanto as três mãos em minha barriga se moviam cuidadosamente.
Kyra só conseguia dormir assim agora, e eu achava a coisa mais adorável do mundo o quão protetora ela já era com os irmãos.
Em falar nela, a pequena Kriptoniana já não era mais tão pequena assim.
Em poucos meses faria seus três aninhos e já havia evoluído muito em vários aspectos. A fala estava cada vez melhor, estava crescendo mais rápido do que eu esperava e a habilidade dela de me fazer feliz todos os dias aumentava mais.
As vezes eu olhava algumas fotos de quando ela havia chegado em nossa vida e sentia muita falta do ser pequenininho que praticamente deu seus primeiros passos ao meu lado. Porém tinha muito orgulho da criança inteligente que ela estava se tornando.
– Com quem vocês vão ser parecidos, hein? Vão ser lindos iguais sua mamãe? – Ela perguntou olhando para onde suas mãos estavam, e eu senti meus olhos marejados assim que senti um movimento súbito.
– Amor, me fala que você sentiu. – Eu disse com a voz embargada, pronta para chorar. Porém nada precisou ser dito, ao olhar para o rosto de Kara ela me abraçou mais perto de si e chorou como uma criança.
Um dos dois havia chutado. O movimento era pequeno, provavelmente involuntário da parte de algum deles, porém era perceptível e emocionante.
Nosso bebê havia chutado!
– Eu senti. Esse foi fraquinho, mas eu sei que daqui umas semanas você e seu irmãozinho vão estar fazendo a festa aí na sua mamãe. – Minha esposa disse entre uma pequena fungada, e eu não consegui evitar antes de puxar seu rosto em minha direção e a beijar com todo o amor que sentia por ela.
Nossos pequenos estavam crescendo, e a ansiedade de vê-los logo só aumentava.
VINTE E SEIS SEMANAS
– Jeju, vamo ver os imãozinho hoje? – Kyra perguntou empolgada, um enorme sorriso estampado em seu rostinho.
Nos últimos meses Kara havia decidido que ensinaria Kryptonês para Kyra, assim como faria com os pequenos gêmeos.
Obviamente não me opus a idéia afinal nós duas havíamos tomado a decisão de que nossos filhos, os três, saberiam exatamente de seus poderes, ancestrais, e histórias mais complexas no caso da nossa loirinha.
Por isso agora a pequena Kyra chamava a mãe de "jeju", o que eu achava extremamente adorável. E era perceptível o quão feliz Kara ficava quando escutava a pequena usar qualquer nova palavra que aprendia em sua língua extinta.
– Eu espero que sim, princesa.
Vinte e seis semanas, seis meses, e toda consulta as perninhas dos dois estavam fechadas. Parecia que estavam fazendo suspense para a descoberta ser mais emocionante.
Hoje o exame seria diferente em uma tentativa de ver o sexo e como os bebês estavam,
ao invés de uma ultrassonografia comum faríamos uma com Doppler, onde conseguiríamos ver melhor os rostinhos e todos os membros.
– Bebês deixa eu ver vuxês hoje, tá bom? – Antes de Alex iniciar o exame Kyra disse no tom de voz mais fofo do mundo, sendo abaixada por Kara para dar um beijinho carinhoso em minha barriga.
Assim que ela se afastou eu senti o chute e foi possível ver um pézinho mesmo pelo material da camisola.
– Você viu? Seu irmãozinho respondeu você! – Kara beijou a bochecha da nossa loirinha e a colocou no chão para que ela pudesse brincar.
Hoje Kyra tinha a companhia de Maggie e Jamie, que com seus sete meses estava cada vez mais inteligente e apegada a prima.
Mesmo com a diferença de idade minha filha conseguia ser extremamente delicada e brincar sem muitos problemas com a pequena.
– Eu te amo. – Kara beijou minha testa antes do exame se inciar.
Diferente da ultra normal, precisamos esperar quase quinze minutos para ver os resultados, porém quando vimos tudo valeu a pena.
– Os nenéns são completamente saudáveis e a gravidez está perfeitamente normal. – Alex sorriu e estendeu os papéis em nosss direção.
Eu olhava para as fotos com os olhos cheios de lágrimas, um deles estava chupando o dedinho e na próxima foto consegui ver o outro com um pequeno sorriso.
– Amor, olha o sorrisinho dele! – Exclamei finalmente deixando as lágrimas escaparem.
– Na verdade é "dela". Olha a próxima. – Alex comentou e eu olhei para ela incrédula.
Virei para a próxima folha e realmente me deparei com duas fotos bem diferentes. Um menino e uma menina.
– Amor, olha pra isso! – Coloquei as fotos em frente ao rosto de Kara enquanto soluçava, sendo abraçada por ela no mesmo momento.
– Um casal! Meu Rao, isso é incrível! – Ela me levantou um pouco do chão e me beijou carinhosamente, acariciando meu rosto e secando minhas lágrimas.
– A sorridente é a menininha, que curiosamente é maior e mais gordinha. O que estava chupando o dedinho é o menino.
Um menininho e uma menininha.
Rao, minha vida é incrível.
VINTE E NOVE SEMANAS
– Amor, você não acha que eu estou muto gorda? – Perguntei enquanto me encarava no espelho, passando minhas mãos inchadas pela minha barriga.
– Claro que não, princesa. Já conversamos sobre isso, você grávida está mais linda do que o normal e eu amo você de qualquer jeito. – Minha esposa disse enquanto terminava de colocar o tênis no pézinho de Kyra.
– Mesmo se eu estiver toda inchada e feia? – Perguntei com minha visão embaçada pelas lágrimas.
Nessas últimas semanas eu rstava mais chorona e irritada do que o normal, o que infelizmente acabava refletindo em como eu tratava minha esposa e filha.
Felizmente minha pequena Kyra é uma princesa e entendeu perfeitamente quando a expliquei que não era minha intenção magoar ela com minhas broncas desnecessárias.
– Não tem a mínima possibilidade de você ficar feia. Eu viajei planetas, galáxias e nunca em nenhuma delas encontrei uma mulher tão linda quanto você.
Não importa o que aconteça, você sempre vai ser perfeita pra mim.
Ela veio por trás de mim e abraçou minha cintura, beijando meu pescoço.
Aparentemente os gêmeos perceberam a presença da mãe, pois assim que ela colocou suas mãos em mim senti os chutes agressivos.
– Calma meus pequenos super-heróis, assim vocês machucam sua mamãe. – Ela disse calmamente, passando a mão pela minha barriga.
E como os bons filhos que eram, os dois depois de alguns minutos cessaram seus chutes empolgados pelo som da voz dela.
– Vamos? O pessoal todo já deve estar lá. – Ela me ofereceu a mão, a qual eu prontamente peguei e entrelaçei nossos dedos.
Kara pegou Kyra no colo que deitou a cabeça no ombro dela e começou a brincar com os cabelos agora novamente curtos.
Hoje era o nosso aniversário de casamento porém às 29 semanas, sete meses, decidimos que ao invés de comemorarmos a sós faríamos uma festinha com todos os nossos amigos e familiares.
Obviamente no fim de semana teríamos um tempinho a sós, porém decidimos fazer uma espécie de chá de bebê para revelar o sexo dos bebês para todos que não sabiam ainda.
– Lena, você está brilhando! – A primeira pessoa que comprimentei assim que entrei no salão foi Cat Grant, a mulher que fez questão de literalmente atravessar o oceano para estar presente.
A relação dela e Kara era incrivelmente adorável, e eu ficava muito feliz de saber que mesmo depois de anos elas continuavam próximas.
– Obrigada, Cat! – Sem hesitar abracei a mulher, que me abraçou de volta no mesmo instante.
– E linda também. – Kara chegou por trás de mim abraçando minha cintura, enquanto soltava Kyra no chão que corria para abraçar a loira mais velha.
Eu usava um vestido um pouco largo, bem simples, porém minha esposa a todo momento dizia que eu estava linda para me deixar mais confortável com minha aparência.
– Como você cresceu, Keira! Está tão grande! – Eu e minha esposa rimos alto ao ver a carinha de brava que nossa loirinha fazia.
Obviamente Cat sabia como ela se chamava, porém dizia o nome errado apenas para arrancar aquela carinha dela.
– É Kyla, vovó! – Ela corrigiu balançando um dedinho em frente ao rosto de Cat e nos fazendo rir.
Sim, vovó. Como Kara e ela conversam por Skype quase todos os dias, assim como minha mãe fazia comigo, Ky começou a associa-la com avó e como a rainha das mídias não se importou nem um pouco e até gostou, não fizemos questão de corrigí-la.
Ela definitivamente é mais presente do que Eliza tanto na vida da minha filha quanto da minha esposa.
– Srta. Grant, já conversamos sobre isso. – Minha esposa me soltou com uma carinha de brava idêntica a de Kyra, e eu tive que me segurar para não rir.
As duas se encaravam seriamente, porém Cat quebrou primeiro com um sorriso enorme no rosto.
Ambas loiras se abraçavam com força, a mais velha visivelmente sussurrando algo no ouvido de Kara.
– Obrigada, Cat. Nós vamos falar com o pessoal e daqui a pouco nos vemos de novo. – Kara beijou a testa da mulher e nós lentamente fomos falando com todos os convidados.
Eliza estava presente, mas não falou muito comigo além de se desculpar por aquele dia. Eu obviamente disse que não tinha problemas, pois já haviam se passado anos e nem Kyra de lembrava mais daquilo.
Apesar disso, ela estava bem mais acanhada com Eliza do que com qualquer outra pessoa.
Mas mesmo assim Kara ficou muito feliz e agradeceu muito por ela ter aparecido, o que pra mim já fazia valer a pena o clima meio estranho.
– Mamãe! – Abracei minha mãe com força ao finalmente vê-la entre os convidados.
– Você está linda, minha filha. – Ela acariciou meu rosto e eu inclinei minha cabeça em direção ao contato. – Como estão meus três netinhos lindos? – Mamãe perguntou, sua mão que não estava ocupada pelo meu rosto migrando em direção a minha barriga onde pude sentir um pézinho em minha costela.
Algum dos dois adorava atenção e fazia questão de chutar sempre que sentia a mão de alguém.
– Kyra está andando por aí com a tia dela e esses dois aqui estão cada vez mais fortes e grandes. – Sorri orgulhosa, encarando minha barriga que agora era mais do que visível.
Três filhos. Eu tenho três pessoinhas para cuidar e proteger. Amor multiplicado por três, literalmente.
– Oi, amor da titia! – Peguei Jamie no colo e a enchi de beijos para arrancar aquele sorrisinho cheio de covinhas dela.
– Tititi... – A pequena agora estava na fase dos balbucios e era a coisa mais fofa.
Ela deitou a cabeça em meu ombro e por boa parte da festa rejeitou ir no colo de alguém que não fosse eu.
Quando eu engravidei me disseram que as crianças iriam se apegar mais a mim, porém não acreditei muito.
Mas agora no sétimo mês havia percebido que aquilo realmente era verdade, pois Jamie quando nasceu era bem mais grudada em Kara assim como Kyra meses atrás.
Aproveitamos muito a noite e recebemos vários elogios e felicitações após anunciarmos para todos que teríamos um casal.
A experiência daquela gravidez ainda parecia um pouco surreal.
Óbvio que tinham partes ruins mas tudo corria perfeitamente perfeito. Assustadoramente.
TRINTA E DUAS SEMANAS
– Amor, você acha que quer manter a tradição do "L"? – Kara perguntou enquanto acariciava meu cabelo.
Minha cabeça estava deitada em seu colo enquanto Kyra estava toda esparramada em cima da minha barriga.
Sim, minha filha adora me fazer de travesseiro.
Porém agora que a gravidez estava em sua fase final ela estava cada vez mais protetora com os dois irmãozinhos.
– Eu acho que iria gostar, desde nova mamãe sempre pediu pra eu manter a tradição se tivesse um filho.
Mas pensando melhor a "tradição do LL" só me trouxe más experiências. Eu não quero que meus filhos sejam associados as coisas horríveis que minha família já fez. – Falei começando a acariciar os cabelinhos de Kyra, que se aconchegou mais em minha barriga.
Agora eu estava com trinta e duas semanas, mais conhecido como oito meses, e desde o dia da nossa festa discutíamos sobre qual nome poderíamos dar aos nossos pequenos brotinhos de amor.
Estávamos no final de março, e eu estava um pouco agoniada com o fato da data prevista de parto ser fim de abril para início de maio.
Obviamente estava nervosa com o parto, mas também um pouco preocupada pois o aniversário de Kyra seria no meio de maio também.
Pensando desse modo, eu realmente deveria conversar com ela antes do fim do oitavo mês.
– Mas você percebeu que vamos criar uma tradição nossa, não é? Não existe mais o "LL" porque agora você é uma Danvers.
Mesmo que os nomes comecem com "L", não vão instantâneamente ser associados aos Luthor's e consequentemente ao... Lex. – Percebi o quanto ela ficou tensa ao citar o nome.
– Então os dois serão com "L"? – Perguntei com um enorme sorriso no rosto, vendo o quanto os olhinhos azuis de Kara brilhavam ao falar dos nossos pequenos.
– Nada mais justo, já que literalmente temos uma pequena Kara em casa. – Minha esposa brincou.
Então com esse pensamento em mente, rapidamente peguei meu celular para começar a anotar todos os nomes que pensássemos.
Passamos quase meia hora pensando, anotando e eliminando até que tínhamos uma lista bem concretas de prováveis nomes para os nossos dois anjinhos.
– Amor, pra menino temos Lawrence; Liam; Lucca; Leonard e Leon. Enquanto pra menina temos Lana; Laura; Luna e Lauren. – Li os nomes em voz alta enquanto pensava em qual nome combinaria melhor.
– Elimina Leonard e Lawrence pra menino e pra menina tira Lauren e Lara. Eu gostei de manter só os nomes curtinhos. – Minha esposa se pronunciou, percorrendo seus dedos suavemente pela minha barriga.
Que aliás estava enorme. Todo meu corpo havia mudado completamente principalmente nessas últimas cinco semanas.
Meus seios estavam bem maiores e os primeiros vazamentos já começavam a acontecer sem contar no cansaço que eu sentia quase o dia inteiro para durante a noite ter insônia.
Tudo estava mudando rápido até demais.
– Ok, e agora? – Apaguei os nomes como solicitado e fiquei encarando os restantes.
– Agora você dá sua opinião e diz quais gostou mais, princesa. – Ela se abaixou para beijar minha testa e me dar um selinho rápido.
Estávamos presas naquela posição pois Kyra ainda dormia deitada em cima da minha barriga e eu tinha medo de me mover e acordá-la.
– Que tal você escolher um e eu outro? – Ela instantâneamente assentiu sorrindo empolgada. – Eu escolho o do nosso garotão.
– Todos os nomes são lindos, mas eu acho que gosto mais de Lucca. Lucca Danvers Luthor, soa bonito. – Eu sorri, finalmente um dos meus pequenos tinha nome.
– Ei, você ouviu filho? Gostou do seu nome? – Kara perguntou passando sua mão bem no canto da minha barriga, onde um pézinho logo foi em busca da mão dela.
Minha pele mostrou perfeitamente o relevo do pé de Lucca, e eu senti o pequeno incômodo causado pela agitação dele.
– Acho que ele gostou! – Sorri, fazendo uma careta de dor ao sentir mais um chute bem perto de onde estava a cabeça de Kyra.
– Filha, vamos fazer assim. Se você gosta de Lana chuta uma vez, se gostar de Luna chuta duas. – Kara deu duas pequenas cutucadas com seu dedo indicador como para mostrar o que nossa garotinha precisaria fazer.
E como se entendesse muito bem, senti um chute extremamente forte que acertou minha costela.
Meus olhos se encheram de lágrimas pela dor, porém respirei fundo e sorri.
– Lana então, minha menina forte. Você e seu irmão vão dar muito trabalho quando saírem daí. – Minha esposa apoiou minha cabeça em uma almofada e se ajoelhou em minha frente, de frente para o sofá.
– Eu amo vocês mais do que tudo nessa vida, meus três pequenos. Vocês me ensinaram tanta coisa e podem ter certeza que eu protegerei vocês com a minha vida. – Ela beijou o rostinho de Kyra e minha barriga com uma ternura tão grande que trouxe lágrimas aos meus olhos.
Eu me casei com uma mulher fantástica.
Naquela mesmo noite, tínhamos um pequeno problema: três crianças extremamente agitadas.
Kyra estava com febre e enjoadinha, enquanto os gêmeos me chutavam a cada três segundos como se percebessem a situação caótica que tomava conta de nossa casa.
– Jeju, não quelo banho. – Minha loirinha disse emburrada e eu já ia começar a falar, quando fui interrompida por Kara.
– Você fica aí quietinha tentando relaxar e fazer esses dois pequenos dormirem, enquanto eu lido com minha baixinha aqui. – Minha esposa puxou nossa filha para seu colo e eu invejei momentaneamente.
Tudo que eu queria era voltar a ter capacidade de pegar minha não-tão-pequena no colo e protegê-la de tudo que poderia causar dor,
mas como a vida não funcionava assim voltei a focar em tentar relaxar e adormecer meus dois pequenos ligados em 220V.
Pouco tempo depois Kara voltou com Kyra já vestida, uma carinha de sono adorável e uma mamadeira entre os lábios.
– Imãozinhos, vuxês vão ouvir a jeju cantar tamém? – A loirinha perguntou diretamente para minha barriga, e eu sorri mesmo durante a dor ao sentir um deles chutar para a irmã.
– Então quer dizer que a jeju vai cantar pra gente? – Perguntei encarando Kara, que corou no tom de vermelho mais fofo.
– Vai sim, não é jeju? Vuxê vai cantar pra eu, mama e os bebês mimir. – Ela disse animada, indo se deitar na cama e como sempre apoiando a cabeça em minha barriga.
Como a cama era bem espaçosa, Kara se deitou ao lado de Kyra porém sem estar em cima da minha barriga, ao invés disso grudada na lateral do meu corpo.
A pequena se ajeitou melhor para colocar uma mão em minha barriga e a outra no rosto da mãe.
Kara respirou fundo e começou a cantar.
A voz linda dela preencheu todo o quarto com uma canção de ninar em Kryptonês que já escutei ela cantando para Kyra quando era menorzinha.
Na metade da música, minha pequena loirinha já roncava enquanto sugava o ar de sua mamadeira vazia e a este ponto os gêmeos estavam bem mais calmos.
Pelo posicionamento, Lucca era o que ainda estava um pouco agitado mas se aquietava aos poucos.
Ao final da música, os gêmeos já provavelmente dormiam e eu estava quase indo pelo mesmo caminho dos meus três pequenos quando percebi Kara parar de cantar.
– Eu preciso ir, tem alguém pedindo ajuda. Amo vocês quatro mais do que tudo nesse Universo, tá bom? – Ela me deu um selinho demorado e eu apenas assenti sonolenta.
– Eu também amo você. – Foi a última coisa que lembro ter dito antes de adormecer e ela sair voando pelo nosso apartamento.
No dia seguinte, fui despertada às sete da manhã com o toque insistente do meu celular e um enjôo que não sentia há meses.
– Bom dia, ruiva! – Eu coçei meus olhos com um sorriso estampado no rosto ao olhar para a cama e ver minha pequena toda esparramada.
– Eu preciso te avisar isso, mas você tem que ficar calma. Maggie está chegando para buscar vocês e trazer pra cá pro DEO. – Alex dizia tudo pausadamente, e eu já sentia o vômito em minha garganta.
Kara. Algo havia acontecido.
– Fala logo. – Eu disse simples, sentindo os meus dois pequenos bebês começarem a chutar.
– Kara está vindo pra cá, Lena. Ela foi pega em uma armadilha do CADMUS e segundo os agentes que fizeram o resgate ela está muito mal. Eles não sabem se ela vai sobreviver. – Escutei um soluço do outro lado da linha e instantâneamente senti uma pontada no estômago enquanto meus dedos trêmulos quase deixavam o telefone cair.
Fiquei alguns minutos estática, porém ao sentir novamente a fisgada olhei para baixo e me deparei com líquido.
Não poderia ser. Era muito cedo.
– Alex, eu acho que minha bolsa estourou.
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