História Morando com Idiotas (DraMiTake) - Capítulo III

Takemichi 

 

O silêncio estava reinando nesse quarto. Depois que eu desmaiei, o Draken e o Mikey me trouxeram para o nosso quarto. Ainda estou um pouco desnorteado e assustado, eu realmente não sei o que eles queriam comigo. Primeiro, como sabiam que eu estava lá? Eu não contei sobre isso pra ninguém. Segundo, eles podem ter mandado o Kiyomasa fazer aquilo comigo, e agora que a casa caiu, estão fingindo que não aconteceu nada.

 

Olho discretamente para Mikey, que estava deitado, com os olhos fechados na cama e com os braços cruzados sob a cabeça. Logo em seguida olhei para Draken de soslaio, ele havia colocado algumas bandanas na minha garganta e agora estava procurando algum remédio na caixa de primeiros socorros. Eu realmente estou desconfiado, ninguém seria legal comigo sem querer algo em troca. Talvez eles queiram dinheiro ou algo do tipo… Sinceramente, eu não sei. 

 

– Draken. – digo e ele continua a mexer na caixa. 

 

– Hum?

 

– Como vocês sabiam que eu tava lá? – pergunto confuso.

 

– Hã? Ah, eu vi o Kiyomasa conversando com você. – dá um sorriso ao achar o remédio. – Ele normalmente não se interessa por novatos, mas ele viu algo em você e foi conversar. Eu achei estranho, então perguntei para quem estava mais perto de você e que provavelmente ouviu. – se vira na minha direção e olha nos meus olhos. – Foi assim que eu descobri. 

 

– Oh… – faço um “o” perfeito com a boca. Agora sim fazia sentido. – Mas por que me salvar? – alterno meu olhar entre ele e o Mikey. – Se for por dinheiro, eu já disse antes que eu não tenho, tá legal?!

 

Draken levanta uma das sobrancelhas e suspira pesado. Ele levanta com as bandagens na mão e vem na minha direção, então, de repente, sem mais nem menos, ele levanta minha camisa. Sinto meu rosto todo ficar quente e tento levantar meu braço para abaixar a camisa, mas sinto uma dor nele e solto um gemido de dor.

 

– Argh! Que porra é essa? – olho para ele um pouco envergonhado.

 

– Sua barriga tá toda fodida, hein. – dá um sorriso ladino e olha para o lado, logo esticando seu braço e pegando uma espécie de pote. Ele o abre rapidamente e passa dois dedos em uma pasta que havia dentro; direciona os dedos até a superfície da minha barriga e sinto uma dor imensa.

 

– Ai! – grito alto, aquilo estava ardendo bastante. – Isso dói! – tento dar um soco na cara dele, mas ele desvia facilmente.

 

– Isso é sinal que está funcionando. – fica com uma expressão neutra. – Enquanto eu cuido disso aqui, por que você não me conta esse rolê todo da sua família, hein? Você fica falando toda hora de dinheiro e ainda falou sobre ela na hora de se apresentar na sala. 

 

Assim que ele fala isso, sinto meu corpo travar. Eu arregalo um pouco os meus olhos e sinto o olhar de Mikey sobre mim. Aquele assunto era um tanto quanto delicado para mim, mas eu sinto que se eu contar para eles, nada de ruim vai acontecer. Então, eu solto um longo suspiro e levo a minha mão até a parte de trás da minha cabeça, logo a coçando um pouco.

 

– Bem… – engulo em seco. – Não é tão complicado quanto parece. Quando eu tinha meus 13 anos, por aí, eu comecei a namorar um garoto da minha turma. – dou um pequeno sorriso. – O Kaku-chan, ele era uma pessoa incrível comigo, não poderia ter escolhido um namorado melhor. Mas… – sinto meu coração doer um pouco. – meus pais descobriram que eu namorava ele, não sei como exatamente, mas descobriram. Meus pais já não gostavam muito de mim, me deixavam totalmente avulso a tudo e não me davam carinho ou atenção, mas foi aí que minha vida virou um inferno. – coloco a mão sobre meu rosto, fecho os olhos e suspiro. 

 

– O que eles fizeram? – pergunta Draken e eu abro meus olhos. 

 

– Meus pais me proibiram de sair sem um segurança e, quando eu encontrava o Kaku-chan, o segurança tinha a obrigação de afastar ele de mim. Mas chegou o dia em que eu consegui escapar e encontrar o Kaku-chan. – dou uma breve risada. – Aquele encontro foi incrível e divertido, mas quando cheguei em casa, meu pai me bateu; foi aí que eu percebi que não pertencia aquele lugar. Demorou alguns anos, e esses foram os piores anos da minha vida, mas eu consegui durar até a maioridade e saí de casa, indo morar com meu melhor amigo. 

 

– Sua vida foi dura, hein? – dá uma risada e me olha com um sorriso. – Fico feliz que tenha conseguido sair do controle dos seus pais idiotas. 

 

Ele tem um sorriso bem bonito… Sinto meu rosto corar e desvio meu olhar para um lugar aleatório.

 

– O Kaku-chan teve que se mudar de cidade no ano passado. – cruzo meus braços com certa dificuldade. – Francamente, aquele idiota me deixou aqui, praticamente sozinho. 

 

– Você não está sozinho. – ouço o Mikey dizer e o olho curioso. 

 

– Como assim? – pergunto. 

 

Ele se levanta lentamente e vem na minha direção, assim parando ao meu lado e me encarando com um sorriso. 

 

– Você é meu e do Kenzinho agora. – sorri mais ainda. – Então, você não está mais sozinho. 

 

– S-s-seu e do D-D-Draken?!! – arregalo os olhos e sinto meu corpo completamente quente, apontando para os dois freneticamente. – Que ideia é essa?!

 

– A gente se interessou por você, então você é nosso, ora bolas. – dá de ombros e me lança um olhar malicioso, logo lambendo os lábios. 

 

Sinto como se eu estivesse pra ser comido ali mesmo, e não é no sentido literal! Engulo em seco e olho de soslaio para Draken, ele ainda arrumava minhas bandagens, mas assim que percebe que eu o olhava, dá um sorriso malicioso. Certo, se eu já estava vermelho antes, agora eu estou pior que um tomate. Como aqueles dois garotos conseguiam causar essas sensações em mim?

 

– Kenzinho! – fala Mikey, de repente. – Tive uma ideia!

 

Ele vai na direção de Draken e para ao seu lado. Draken parecia confuso, mas se abaixa um pouco para se equiparar à altura de Mikey. Então, assim que faz isso, Mikey se aproxima do ouvido de Draken e parece cochichar algo. Eu até tento ouvir, mas era impossível. 

 

– Hã?! – se afasta rapidamente de Mikey. – Tá maluco, Mikey?!

 

– Vamo lá, Kenzinho. Vai ser divertido e ele vai ficar feliz! – faz um biquinho bem fofo, na minha opinião. 

 

“Ele”? De quem eles estão falando? O que caralhos o Mikey falou pra Draken? Vejo Draken suspirar e dar um breve sorriso, me fazendo ficar confuso. 

 

– Certo… – me olha. – Takemitchy, vamos sair bem rapidinho. 

 

– Hã? Pra onde vocês vão?

 

– É segredinho, Ta-ke-mi-tchy. – Mikey coloca o dedo indicador na frente dos lábios e sorri. 

 

Eu lembro vagamente dele me chamando assim antes. 

 

– Takemitchy? – pergunto confuso. – Mas meu nome é…

 

– Takemitchy. – diz Draken. – Se o Mikey disse, então assim será. Certo, Takemitchy? – coloca a mão no meu rosto e passa o dedo polegar pelos lábios. 

 

– Mas… – tiro a mão do Draken de perto da minha boca rapidamente.

 

– Sem “mas”. – diz Mikey, sorrindo. – Agora, vamos lá, Kenzinho!!

 

– Certo. – sorri também. 

 

Os dois começam a ir na direção da porta e eu os sigo com o olhar. Sinceramente, eu to bem confuso. Para onde eles vão? O que eles vão fazer? Enquanto penso nessas coisas, percebo que Draken já havia aberto a porta. Quando olho especialmente para Mikey, ele me olha de volta e sorri de lado. Sem mais nem menos, ele bota a mão na minha bochecha, puxa meu rosto e… junta nossos lábios.

 

Espera, o que?!!! Ele está me beijando? Que porra é essa?? Eu até penso em me afastar, mas eu não consigo, os lábios dele eram desejosos. Mas, infelizmente, o beijo dura apenas alguns segundos, pois ele se afasta e fica com o rosto um pouco corado. 

 

– Até mais tarde, Takemitchy. – sorri e sai com Draken do quarto. 

 

Eu ainda estou um pouco sem reação e assustado, qual o problema desses dois?! Pior, qual o meu problema por ter gostado disso?!! 

 

– Esses dois ainda vão me fuder legal… – sussurro para mim mesmo. 

 

…

 

No final, eles acabaram não voltando. Na verdade, eles devem ter voltado bem tarde, quando eu já estava dormindo. Pois bem, não me importa, já passou um tempo desde aquilo, então não vou me preocupar com isso. Neste momento, estou indo para a aula de Educação Física! Sinceramente, essa é uma das únicas aulas de que gosto, apesar de eu ser horrível em esportes. Mas… hoje tem queimada, então espero que quem estiver no meu grupo seja bom. Dou um pequeno sorriso e aperto o botão lateral do meu celular, logo olhando para a tela e arregalando os olhos ao ver que eu estava atrasado, então começo a andar um pouco mais rápido.

 

Começo a lembrar do que aconteceu ontem, sinto meu rosto corar, aquele Mikey é muito idiota! Quem ele acha que é pra ficar me beijando do nada? Solto um suspiro longo e olho para o teto, eu não consigo deixar de pensar no que eles estavam fazendo ontem. Aqueles dois são bem estranhos. Enquanto fico perdido nos meus pensamentos, sinto meu corpo se esbarrando com o de alguém e acabo caindo no chão, fecho os olhos e coloco a mão na minha bunda, sentindo uma dor imensa ali; olho para cima, irritado, e vejo um cara baixo, praticamente da mesma altura que eu. Ele tinha cabelos brancos, olhos roxos – um pouco assustadores – e usava brincos. 

 

– Foi mal. – ele diz, me encarando com aqueles olhos assustadores, e estende sua mão na minha direção. – Você tá bem?

 

Arqueio uma das sobrancelhas e seguro sua mão, assim me levantando com sua ajuda. 

 

– Tô, sim, valeu. – me levanto. – Mas olha por onde anda, tá legal? 

 

– Certo. – fecha os olhos e dá um sorriso. – Acho que eu já te vi em algum lugar… – abre os olhos, coloca a mão no queixo, me analisando de todas as maneiras possíveis. 

 

Ok, ele está bem perto do meu rosto e isso é um pouco preocupante. Mesmo que eu tenha chamado ele de assustador, de certa forma, ele é bem bonito, e tenho certeza que estou corado com a aproximação dele.

 

– Bem, – se afasta. – provavelmente irei te encontrar outras vezes, então, até lá, eu lembrarei. – dá de ombros e solta minha mão. 

 

– Ah… certo… – falo um tanto confuso ao ver ele indo embora. 

 

– Ah! – me olha de soslaio. – Você não deveria corar com qualquer garoto que chegue perto do seu rosto! Vão te achar estranho, viu? – dá uma breve risada. 

 

Agora tenho certeza que pareço um tomate. 

 

– E-eu…– gaguejo e ele ri mais. 

 

– Qual seu nome? – ele me pergunta. 

 

– Hanagaki Takemichi, do terceiro ano. 

 

– Até depois, Takemichi. – continua seu caminho. 

 

Esse cara é estranho e, sinceramente, por que só aparecem esquisitos na minha vida? Pior, ele nem me disse seu nome! Mas eu tenho que deixar isso de lado, já estou atrasado pra aula, não quero levar um esporro do professor. Tendo isso em mente, eu vou correndo na direção do ginásio.

 

…

 

Finalmente, cheguei no ginásio. Eu já esperava que o ginásio daqui fosse grande, mas isso é surreal! Talvez seja maior do que a casa do Chifuyu, e olha que ela é bem grande, viu? Eu olho para os lados, admirado, e arregalo meus olhos ao ver Draken e Mikey. Sinto meu rosto esquentar um pouco, era um pouco difícil esquecer do que aconteceu ontem, e isso piora quando os dois olham para mim e sorriem, logo vindo na minha direção.

 

– Takemitchy! – grita Mikey, se aproximando com um sorriso animado.

 

– E aí, Takemitchy? – fala Draken, vindo juntamente com Mikey.

 

– Oi… – certo, minha voz saiu mais baixa do que o esperado, mas acho que eles ouviram.

 

– Tem certeza que está bem para participar disso? – pergunta Draken, preocupado. 

 

Ok, isso foi fofo.

 

– Tô bem, sim, relaxa. – sorrio.

 

– Vem cá! – grita o Mikey, pegando na minha mão, de repente, e me fazendo corar.

 

– E-ei!

 

– Vou te mostrar para os meus amigos, vem. – sorri e começa a me puxar.

 

Desisto de resistir a esse garoto, apenas sigo ele e Draken um pouco desinteressado, afinal, eu não tinha interesse algum nos amigos dele. Eu olho para os lados e vejo algumas pessoas interessantes, principalmente o Inui, que estava conversando com um garoto moreno. Dou um grande sorriso e solto a mão de Mikey, já indo na direção de Inui. Até ouço o Mikey me chamar, mas ignoro, prestando apenas atenção no meu amigo.

 

– Inui! – grito e ele olha na minha direção, assim dando um sorriso também.

 

– Oi, Hanagaki! 

 

Paro de correr e paro ao seu lado, eu levanto meu braço um pouco, fazendo gesto para que ele dê um toque na minha mão. Ele pareceu perceber minha intenção e bate na minha mão. Eu olho para o lado e vejo o garoto moreno de antes com a sobrancelha arqueada.

 

– Quem é esse, Inupi? – pergunta, sério. 

 

– Oh… – ele o olha e sorri, logo se virando na minha direção novamente e apontando para o garoto. – Hanagaki, esse é o Koko, meu… amigo.

 

Certo, esse “amigo” me soou de forma estranhamente mentirosa, mas irei ignorar esse fator.

 

– Me apresente direito, idiota. – dá um tapa da parte de trás da cabeça de Inui, o que faz com que ele gema de dor.

 

– Não me bata, Koko!

 

– Eu sou Kokonoi Hajime. – estende sua mão na minha direção. – Namorado desse idiota aqui. – aponta para Inui com o dedão.

 

Olho de soslaio para Inui e dou uma breve risada ao ver ele corar.

 

– E-ei! Você mesmo não disse que a gente não tinha uma relação definida, Koko?!

 

– Pois eu defini agora. Ou seja… – ele olha para Inui de soslaio. – Somos namorados. – mostra a língua.

 

Acho que ele ficou com um pouco de ciúmes pelo jeito que cheguei no Inui. Eu dou um longo suspiro e dou um sorriso gentil.

 

– Prazer, Kokonoi-san, sou o Hanagaki Takemichi, amigo do Inui.

 

– Hmm… – ele semicerrou os olhos, mas deu um breve sorriso. – Prazer, Hanagaki.

 

– Então… vocês sabem como vai funcionar essa queimada? – pergunto confuso e curioso.

 

– Você é novo na escola, né? – Kokonoi-san me pergunta e eu assinto com a cabeça. – Imaginei. Pois bem, basicamente, cada turma terá um líder escolhido, e cada líder irá escolher os integrantes da sua equipe, seja de outra turma ou não, fica a critério do líder.

 

– Por exemplo… – Inui toma a frente e começa a falar. – Eu sou líder de um time e o Koko é de outra, então eu posso chamar algum garoto ou garota da minha turma e o Koko pode te chamar, entende?

 

– Acho que entendi! Só espero que eu não fique na equipe com um monte de estranho…

 

Inui dá uma risada.

 

– Relaxa, vai dar tudo certo. 

 

De repente, ouço um apito e nós todos nos viramos para trás. Assim que fizemos isso, vimos um homem com um uniforme estranho, um boné e um apito em sua boca; era o professor de Educação Física. Eu olho ligeiramente para Kokonoi-san e Inui e eles me encaram de volta, nós vamos na direção do professor, juntamente com todos os outros alunos. Eu comecei a olhar ao redor, haviam diversas pessoas que eu nunca nem tinha visto, mas uma pessoa me chamou atenção. Ele tinha cabelos brancos, pele escura e olhos roxos. Espera… não é o cara de antes? Ele me olha e dá um sorriso, e já vem na minha direção correndo.

 

– Takemichi! – grita e dá um tapa nas minhas costas.

 

Eu começo a tossir horrores, isso doeu para um caralho. Coloco minha mão direita nas minhas costas e massageio, olho para ele com um pouco de dificuldade e ódio.

 

– O-oi… – sussurro. – Isso doeu, cara.

 

– Oh, foi mal. – riu e me abraçou de lado. – Não sabia que a gente ia se reencontrar tão cedo assim! – pegou meu rosto com a sua mão esquerda. – Não imaginaria que você seria da outra sala, Takemichi. – sorriu.

 

Sinto meu rosto esquentar – o que vem acontecendo frequentemente – e me afasto dele. Ele dá uma risada alta e eu vejo Inui e Kokonoi-san indo na direção dele. Que estranho, eles se conhecem? O Kokonoi-san até entendo, afinal, são da mesma sala, mas de onde ele conhece o Inui?

 

– Izana-san! – grita Inui, dando um toque com o punho naquele garoto. Então o nome dele é Izana, né? – Espero que a gente fique no mesmo time.

 

– Você conhece ele, Inui? – pergunto.

 

– Claro! Ele é membro do meu clube, Hanagaki. – sorriu e pegou o braço do tal Izana, ele o puxou até perto de mim e pegou meu braço também, assim, fazendo com que nossas mãos se juntem. – Hanagaki, esse é o Kurokawa Izana, o Líder do meu clube, a Tenjiku.

 

– Ele é seu líder?! – pergunto, surpreso e confuso.

 

– Sim! Vocês se conhecem? – ele pergunta, curioso.

 

– Mais ou menos. – Izana falou e sorriu.

 

– Izana-san, esse é o garoto que eu tinha te mostrado foto. – Inui pega o celular dele, mexe por alguns segundos e mostra para Izana.

 

Izana arregala os olhos e seu sorriso aumenta. Ok, ver esse cara sorrindo assim é assustador.

 

– Agora sim eu sei de onde eu te conheço… – segura meu rosto com os dedos. – Então é em você que o Mikey está interessado, hein? – olha para meus lábios.

 

Oi?

 

– V-você conhece o Mikey? – perguntei, nervoso e confuso.

 

– Como não conheceria? – solta minha mão. – Afinal, ele…

 

De repente, Izana solta meu rosto e se afasta de mim. Fico confuso, mas aliviado. Bem, esse alívio dura pouco tempo, já que, DO NADA, vejo alguém dando uma voadora em Izana e ele defendendo com o braço. Quando olho bem para o rosto da pessoa, arregalo meus olhos ao ver que era o Mikey! E… ele não parecia muito feliz.

 

– Izana! – grita Mikey, chegando ao chão e tentando dar outro chute em Izana, que também o defende. – Sai de perto do Takemitchy!

 

– Isso é jeito de dar oi pro seu irmão, Mikey? – Izana perguntou, com um sorriso no rosto.

 

Espera… IRMÃO??? O Mikey e o Izana são… irmãos?? Eles não se parecem nada! Talvez o branco do olho e olhe lá!

 

– Tsc. – Mikey faz um barulho de insatisfação com a boca.

 

Ele tenta dar um soco no rosto de Izana, mas ele desvia – ainda com um sorriso no rosto – e eu me desespero. Então, sem nem pensar, vou correndo na direção deles e fico entre eles, impedindo que eles briguem.

 

– Ei, Takemitchy! – Mikey grita e eu o olho de soslaio. – Por que está defendendo esse ai? Como você conhece ele?

 

– A gente se esbarrou no corredor, mas isso não importa, parem de ser crianças e ficar brigando aqui! – digo, irritado.

 

– Olha só… – diz Izana, pegando na minha mão e me puxando para perto dele. – Gostei de você, você é bem corajoso. – sussurra no meu ouvido e eu me arrepiei da cabeça aos pés.

 

– É-...

 

– Ei. – ouço uma voz mais grave e olho para frente, vendo Draken olhando para Izana com certa raiva. – Solta ele, Izana. – para do lado do Mikey, que também não parecia muito feliz.

 

Olho de soslaio para Izana e ele dá um sorriso ladino, me olhando de volta e apertando mais minha cintura. Meu coração acelera com aquilo e meu corpo amolece. Sério, como os garotos dessa escola conseguem me deixar assim? Parece que eu virei um imã de homem gostoso, só pode.

 

– Vocês não acham que estão com ciúmes demais para quem não tem nada com ele? 

 

Ele está certo, de certa forma. Sinto vontade de rir, mas me seguro.

 

– Você não acha que tá se engraçando demais pra quem conheceu o Takemitchy a poucos minutos? – Mikey retruca e sorri.

 

Gente? Adoro treta.

 

– Vocês se conhecem a poucos dias, Mikey. – Izana me solta e vai na direção do Mikey, logo colocando o teto em sua testa. – Não acha que tá muito emocionado, não? 

 

– Chega vocês dois! – grita o treinador, aparecendo de repente. Sério, de onde esse cara veio? – Vamos começar o jogo.

 

– Tsc. – Izana faz um barulho de insatisfação com a boca e se afasta do Mikey. – Vamos ver quem vai ganhar hoje, Mikey. – sorriu.

 

– Pode apostar que será eu, Izana. – me olha profundamente e vem na minha direção. Ele para em minha frente, fica com as bochechas infladas e pega na minha mão. – Vem, Takemitchy. 

 

– Hã? – fico confuso. 

 

– Vai começar, bora lá.

 

– Ah… Certo… – falo com certa incerteza, mas sigo ele.

 

…

 

Se passaram algumas horas desde que a partida acabou. Sinceramente? Eu estou bem exausto. Acabei ficando no time do Izana e do Inui, e acho que o Mikey e o Draken não gostaram muito disso. Bem… eu não tenho culpa alguma se eles estão emocionados demais e acham que sou deles. Deixando isso de lado, tudo acabou resultando em um empate e nenhuma das duas equipes ganhou. Eu consegui não ser eliminado de começo, e no final, ficaram apenas Mikey e Izana, que não conseguiram acabar um com o outro.

 

Neste momento, estou deitado na minha cama, enquanto leio outro mangá. Sim, estou lendo mais um mangá, mas dessa vez, é um BL, que está intitulado como Cherry Blossoms After Winter. Sério, recomendo demais, é muito bom! O casal principal é a coisa mais fofa que eu já vi nessa vida. Me dá vontade de viver um romance assim, pena que não tenho ninguém para tal coisa. 

 

Enfim, eu não consigo entender esse comportamento do Mikey e do Draken. Nós nos conhecemos a apenas alguns dias, o que eles viram de tão legal para gostarem tanto de mim? Eu sei que sou bonito, mas não sei se tenho algo tão interessante para oferecer para esses dois. Bom, dou de ombros me viro com o mangá em mãos. Meu corpo está todo dolorido, acho que não consigo mexer nenhum músculo sequer.

 

– Aah, que cansaço… – sussurro e solto um longo suspiro.

 

Repentinamente, ouço o barulho da porta se abrindo e olho de soslaio para lá. Quando vejo, Mikey estava entrando no cômodo, com um semblante irritado. Eu sei que ele deve ter odiado não derrotar aquele Izana, eles pareciam ter uma rixa que nem quero saber de onde veio, mas ficar puto até agora? Porra, ele deve mesmo odiar perder. Ele fecha a porta e me olha de forma cansada. Claro, nem ele deve ter estamina infinita. O Mikey começa a vir na minha direção e se senta de costas para mim, na minha cama.

 

– Takemitchy. 

 

– Fala. – não sei quando aceitei esse apelido idiota de bom grado, mas tudo bem.

 

– O que você acha do Izana? – pergunta sem me olhar.

 

Arqueio uma das minhas sobrancelhas.

 

– Como assim “o que acho do Izana”? – uso minhas poucas forças para me virar e o olhar confuso. – Em que sentido?

 

– Aparência, personalidade, tudo.

 

– Bem… – me sento na cama, ao lado dele, e começo a pensar. – Ele é bem bonito, não posso negar, mas ele me assusta. A personalidade dele não parece ser muito boa, mas não posso falar muito, pois só conversei com ele hoje. – dou uma breve risada.

 

Um curto silêncio se instala no quarto, mas logo Mikey o quebra.

 

– E de mim, o que acha? – ele me olha fundo nos olhos.

 

– D-de você…? – sinto meu rosto esquentar. Sério, como ele consegue fazer isso comigo? – Você também é muito bonito. Não me assusta tanto quanto o Izana e é bem fofo. – dou um sorriso.

 

Vejo ele dar um sorriso ladino e fico confuso. Ele começa a se aproximar de mim e coloca uma mão na minha cintura e a outra no meu queixo.

 

– Então você prefere o Kenzinho e eu, ao invés do Izana? – passa o dedão no meu lábio inferior.

 

Engulo em seco. Que sensação é essa? Por que meu coração tá batendo tão rápido?

 

– Talvez… – sussurro, mas acho que ele ouviu.

 

O sorriso ladino dele aumenta e ele segura meu rosto com certa força.

 

– É o suficiente pra mim. 

 

– Hã? Do que você está-

 

Ele puxa meu rosto para perto do seu e junta nossas bocas instantaneamente. Meus olhos se arregalam e sinto meu corpo ficar um pouco mole. Ele tira a mão do meu rosto e vai descendo-a pelo meu pescoço, fazendo eu sentir um arrepio gostoso ali. Mikey aperta mais minha cintura e me puxa para mais perto de si, fazendo com que nossos corpos fiquem quase que colados. 

 

Sinceramente, eu não faço a mínima ideia do que estou fazendo. Nós nos conhecemos a pouco tempo e já estamos aqui, nos beijando. Mas sendo bem sincero, foda-se tudo, não é todo dia que se tem uma chance de pegar alguém bonito assim.

 

Sem enrolação, eu coloco minha mão no seu cabelo e dou um pequeno aperto. Ele deu um gemido entre o beijo e apertou mais a minha cintura. Ele tenta introduzir a língua na minha boca e eu dou permissão sem nem pensar direito. Sua outra mão – que estava na minha cintura anteriormente – vai descendo pelo meu corpo, parando assim na minha bunda. Ele a aperta com certa força e eu solto um suspiro entre o beijo. Céus, aquilo estava realmente bom.

 

O Mikey, de repente, separou nossas bocas e me deu alguns breve selinhos, assim, dando um sorriso ladino e voltando a me beijar com vontade. Posso dizer com toda certeza que esse garoto beija bem para caralho, pois aquelas borboletas no estômago acabaram de voltar. Ele me deitou lentamente na cama e separou nossas bocas. Eu dei um gemido de insatisfação e ele sorriu. Antes que eu pudesse reclamar, ele deu uma mordida no meu pescoço e fez eu soltar um gemido alto. Meu Deus, que vergonha…

 

– Quer fazer, Takemitchy? – perguntou bem perto do meu ouvido.

 

Eu sinto que deveria negar, afinal, não nos conhecemos nem a uma semana, mas não consigo. Então, eu apenas assinto e ele dá um sorriso maior.

 

– Se divertindo sem mim, né, Mikey? – ouço uma voz grossa ser ouvida e olho para ver quem era; Draken estava ali, olhando para a gente, com um sorriso malicioso. – Que feio…

 

– Foi mal, Kenzinho. – olha para Draken. – Takemitchy, o Kenzinho pode participar, né?

 

Pensei em negar? Sim. Irei fazer isso? Obviamente que não. 

 

– C-claro… – sussurro e ambos sorriem mais.

 

– Se prepare para ficar sem andar por um bom tempo, então. – Draken vem na nossa direção.

 

Meu Deus, eles realmente irão me fuder legal, e é no sentido literal.