Porra, como um capacete de abacate daquele pode sumir desse jeito? Enfiou a cara no próprio rabo? Caralho!
Eu tinha vindo pra essa caralha de festa porque o arrombado do Kirishima falou que eu não precisaria pagar os 50 que eu tava devendo pra ele se eu viesse. Acabou que eu dei os 50 pro filho da puta de qualquer jeito e ainda por cima gastei 300 conto por causa do cuzão largo do Deku, que filho da puta!
Eu tava me sentindo tão burro que alguém poderia amarrar umas cordas em mim e me fazer puxar uma carroça.
Eu tava olhando em volta que nem um retardado mental, puta merda, olha as coisas que o merda do Deku me faz passar. Como se não bastasse, o merda ainda sumiu! Sumiu depois de me fazer vender meu rim pra pagar essa conta do capeta, que conveniente, né?
Bebum doente do caralho, vou tirar a cabeça dele com os dentes e depois vou costurar de volta no pescoço, aí vou usar o corpo morto dele como saco de pancadas e, quando os vermes devorarem a pele podre dele, irei cortar o cérebro dele em mil pedaços com as minhas unhas e sacudir tudo no liquidificador. Quando tudo virar um delicioso suco de sangue, eu vou beber com o maior tesão do mundo.
Porra.
- Ei, amigo. – Amigo é o teu cu, garçonzinho de merda. Odeio gente que vem cheio de intimidade. Tô ligado que cê tá adorando ver a minha desgraça, bastardo miserável. – Você que é o Kacchan?
Hã?
- É o quê? – Retruquei, franzindo o cenho pra ele. Que porra é essa? Me conhece de onde, esse arrombado?
Ele abriu um sorrisinho enquanto limpava o balcão com um pano.
- O seu amigo de cabelo verde parece ter sérios problemas com você.
Ele tá de sacanagem com a minha cara ou o quê?
Já fui quase avançando por cima do balcão com o punho fechado.
- ESCUTA AQUI, SEU ARROMB-
- Não, não! Não estava sendo irônico, falei sério. – Ele se protegia com os copos de vidro, ownt. Mal sabe ele que eu podia pegar aqueles copos e cortar a cara dele. – É que ele tava chorando muito. Chorando muito é até eufemismo, eu cheguei a pensar que ele fosse vomitar as tripas. E ele tava falando várias coisas sobre um tal de Kacchan pra mim. Imaginei que Kacchan fosse você.
Meus olhos se arregalaram um pouco. Como assim?
- Hm... – Cruzei os braços e desviei o olhar, pagando de desinteressado, quando na verdade eu tava todo me corroendo de curiosidade pra saber o que aquele viadinho de merda disse sobre mim. Chorando, ainda por cima? E por quê? Será que ele resolveu pagar de vítima até pro garçom? Porra, é muito falso mesmo. – Ah, é? E o que aquele merda falou? – Perguntei como quem não queria nada.
- Sabe, o que os meus clientes desabafam comigo é confidencial. – Encarei-o de lado, vendo um sorrisinho debochado em seu rosto. Esse cara tá me tirando do sério. – Então, se você quiser me dar um extra, eu até poderia falar pra você... – Esfregou o dedo indicador e o polegar juntos, fazendo sinal de grana.
Soltei um riso nasal.
É sério mesmo que ele acha que vai me extorquir?
Agarrei a gola da sua camisa branca e o puxei tão forte que seu corpo atravessou o balcão, as pernas retas pro alto.
- Tá, tá! Eu falo! – Arqueei a sobrancelha pra ele e continuei com os punhos enrolados em sua camisa, esperando ele abrir o bico. Ele não só tava com medo, como também parecia com vergonha das pessoas em volta que encaravam a cena. – E-escuta... pode me soltar? – Semicerrei os olhos pra ele, mas acabei o soltando.
Soltei sua camisa sem muita delicadeza e ele tossiu antes de engolir em seco, se afastando um pouco – talvez por segurança, inteligente – e ajeitando a roupa amarrotada.
Afundei as mãos nos bolsos da jaqueta e, com o cenho franzido, fiquei esperando, mas cinco segundos se passaram e ele ainda não tinha dito nada. Estalei a língua.
Ele ainda não entendeu que eu posso furar o crânio dele com um lápis?
- E aí, porra? Vai falar, não? – Esse maluco tá me testando.
- Pra falar a verdade, eu não entendi muita coisa, ele tava muito bêbado e parecia um papagaio, não parava de falar... – Ele soltou uma risadinha como se achasse que eu iria rir junto com ele, mas eu só ergui a sobrancelha e continuei encarando ele, que sabiamente ficou com medo de novo e parou de rir na hora, dando uma pigarreada pra disfarçar. Quem ele pensa que é, porra? Só eu posso falar mal do merda do Deku. – Então, ele basicamente disse que... você não é uma das pessoas mais legais do mundo, sabe? – Cruzei os braços. - Falou que você é um idiota... um babaca. Merda foi a palavra que ele mais usou, eu acho.
- É o quê, porra? – Cerrei o punho, mas ele logo arregalou os olhos e entrou em defensiva, se protegendo com as mãos.
- Não, não! Foi ele que falou, juro! – Desesperado, ele balançava as mãos. Que perdedor de merda, tão irritante. Vontade de fazer ele de pinhata e sair metendo porrada até estourar um monte de bala pra todo lado. - Eu tenho certeza que o senhor é um ser humano incrível!!
Rangi os dentes, ignorando aquele cara irritante pra pensar em outro cara mais irritante ainda. Então o Deku fica falando bosta de mim pros outros? Porra, não duvido que ele já tenha cagado um monte pela boca falando de mim pra galera da facul. Não que eu ligue pra o que os outros pensam, o que me irrita mesmo é a fachada de bom moço dele.
- Porra, aquele merda... – Resmunguei mais pra mim mesmo, mas claro que a porra do garçom, que mais parece uma tia fofoqueira, ouviu.
- Parece que um compartilha as mesmas opiniões sobre o outro, então! – Ele disse como se quisesse forçar uma amizade comigo, rindo.
Eu vou matar esse cara.
- Cara, você tem amor à sua vida? Tem ideia de com quem cê tá falando, seu animal? Vou tirar esse teu sorrisinho no soco!
- Eu só tava brincando, calma! – Ele logo voltou pra defensiva. Miserável, tenho pena desses covardões. - Você precisa ter mais senso de humor... – E ainda tá dando pitaco na minha vida? Eu vou definitivamente arrebentar esse cara. – E, ah, acho que ele também disse algo sobre você ser... bom de cama.
Tentei segurar o sorriso, mas não consegui.
Eu mentiria se dissesse que meu ego não tocou nas nuvens com aquilo.
Mas, porra, desde quando o que o Deku acha virou minimamente importante na minha vida?
Não, não é e nunca foi!
Minha cara fechou de novo e eu quis me bater por ter dado uma de viadão emocionado.
É óbvio que eu sou um puta de um gostoso que fode bem pra caralho, sempre soube disso! Não é como se fosse uma surpresa. E daí o que o Deku pensa?
Tsc, bastardo do caralho.
E por que a merda do garçom tava rindo da minha cara?
Dei um empurrão forte nele que o fez bater com as costas na estante de bebidas, mas, por sorte, não caiu nada – senão os seguranças com certeza viriam atrás de mim e nem se eu vendesse todos os membros do meu corpo conseguiria pagar tudo. Um dos caras que tava bebendo uma garrafa de cerveja do meu lado virou pra paquerar uma garota que tinha idade pra ser filha dele. Eu aproveitei que o nojento tava distraído, peguei a garrafa – já pela metade – e fui embora tranquilo, como se não tivesse feito nada.
Não sou do tipo ladrão, mas, porra, eu dei mais de 300 pila pra essa merda de lugar, me recuso a dar mais. Sem falar que aquele cara já tava num estado que parecia que tinha tomado um barril de rum, eu tava é salvando a vida dele – coisa que ele não merecia, porque papa-anjo tem mais é que levar porrada pra ver se toma vergonha na cara.
E, se eu vou mesmo atrás do Deku, preciso de um pouco de álcool no organismo pra conseguir lidar com essa merda.
Dei uma volta por aí, mas nada. Quando fui procurar ele na pista de dança, umas mina passaram a mão em mim como se estivessem no cio e no mínimo umas cinco bundas se esfregaram no meu pau, nem sei se foi de homem ou mulher. Acho que eu virei algum tipo de bolsa exposta na vitrine e não fiquei sabendo. Eu até soquei um cara que apertou minha bunda, bati tão forte que ele caiu pra trás que nem um saco de batata.
E, no meio dessa suruba toda, eu, puto, só conseguia pensar se a bunda do Deku ainda tava no lugar ou se algum morto arrancou ela.
Morto porque, se isso aconteceu, eu vou achar o fodido e torcer seu pescoço entre meus dedos.
Porra, do jeito que o Deku tá bêbado, ele tá todo fora da casinha, os parafusos completamente soltos. Se pá, ele não sabe nem quem ele é mais. Assim, ele vira uma presa fácil. Meu sangue sobe só de imaginar alguém se aproveitando dele.
Eu odeio gente covarde. Pra mim, é a pior espécie. Gente que se aproveita de quem não tá em posição de se defender – bêbados, no caso – é uma parada que me dá um nojo do caralho. Se essa pessoa indefesa for o Deku, então, porra, nem se fala.
Eu nem sei do que eu seria capaz de fazer se alguém se aproveitasse dele dessa forma.
Não é que eu me importe com ele, porra, não é isso! Mas é que, por mais que eu o odeie, ele seja todo escroto e os caralho a quatro, ainda assim, não é como se eu desejasse que ele fosse estuprado! É questão de senso, caralho.
Mas não dá pra ignorar o fato de que talvez eu não estivesse tão preocupado assim se fosse outra pessoa, e isso me assusta um pouco. Se fosse o Kirishima, então, é capaz de eu até dar força pra ele beber mais e tirar a roupa no meio de todo mundo.
Falando no filho da puta, liguei pro Kirishima, sei lá, porra, vai que ele sabe aonde o cuzão do Deku se meteu, mas claro que ele não atendeu, tá de complô com aquela desgraçada da Cunataka.
Os cretinos devem estar até fodendo agora, se pá. Me largaram com um bebum imundo junto com um arrombo na minha conta do banco e agora estão transando por aí como dois coelhos. Malditos.
Quem me dera estar fodendo a bunda de alguém também.
Mas não, eu vou é foder a porra da vida do Deku quando eu achar ele, aquele merda inútil! Vou foder com a vida do Deku, do Kirishima, da Jararaka, de TODO MUNDO!!
E, quando eu finalmente achei a moita de pernas, ele tava conversando com o que parecia ser uma versão mais alta e marombada dele próprio. Porra é essa? Deku tem irmão e eu não tô sabendo?
Um vinco profundo se instalou entre minhas sobrancelhas.
Pelo jeito que esse maluco tá com a mão na cintura do Deku, não tá parecendo ser parente, não. A não ser que a putinha do Deku fique de pega-pega com os primos também.
- DEKUUUOOOO!! – Dei um berro tão foderoso que deixei aquelas caixas de som no chinelo, se pá até os mendigos lá da esquina me escutaram. Geral me encarou, mas caguei. Fui dando ombrada em todo mundo que tava no meu caminho, sem querer perder aquela horta ambulante de vista de novo. O filho da puta virou e, como se fôssemos superamiguinhos viadados, ele abriu um sorriso largo quando me viu e começou a acenar como uma lebre com um pau de borracha enterrado no meio do rabo.
E esse é o estágio de bêbado que mais me deixa puto.
O maldito bebum feliz.
- Kacchan! Olha quem eu encontrei aqui, meu ex! – Ele dizia com aquela animação irritante que me fazia querer arrancar seus olhos.
É o quê?
Olhei pro lado, vendo aquele Deku 2.0 me encarando com um maldito sorriso simpático – e ainda com a porra da mão na porra da cintura da porra do Deku.
Ex?
Que ex, porra?
Só se for exterminado, porque é assim que ele vai ficar quando eu acabar com esse infeliz.
- Cê tá falando de mim mesmo, né? – Perguntei com uma sobrancelha levantada, não engolindo aquele papo. Mal cheguei e não demorei meio segundo pra puxar o Deku de forma até meio bruta, botando ele numa distância segura daquela mão fedorenta.
Analisei de cima a baixo aquele outro Deku geneticamente modificado e o tique nervoso do meu olho foi ativado quando meus olhos encararam mortalmente os olhos dele, que parecia tão relaxado e tranquilo que aquilo já era mais um motivo para descer a porrada nele. Ele tinha a minha altura, marombado também e com o mesmo tipo de cabelo do Deku, só que preto. Cara de verme, não me surpreende que o cérebro do Deku tenha se deteriorado com o tempo e seu gosto por homens tenha decaído muito depois que terminamos. Eu até entendo, sabe? Deve ser muito difícil encontrar alguém que seja do mesmo nível que eu.
– Vocês são primos ou alguma porra dessa? – Perguntei pro Deku, mas ainda encarando fixamente aquele prego de cabelo preto sorridente. Que felicidade toda é essa, caralho? Eu sou o único que tá puto aqui?
- Não, ele é meu ex também! Olha que coincidência! – O viado respondeu todo empolgado como se todos nós estivéssemos muito ansiosos para aquela reuniãozinha do chá da tarde. A resposta dele me incomodou mais do que deveria, tenho raiva por admitir isso, mas é a verdade. Eu não pude me controlar quando espremi os lábios numa linha reta e apertei sua cintura com mais força, fazendo-o quase tropeçar em seus próprios pés quando o puxei contra mim – por um segundo, esqueci que ele tava bêbado. A presença daquele Deku mutante, que agora descobri também ser ex do verdadeiro Deku, tava me deixando meio puto a ponto de dar um branco na minha cabeça. – O nome dele é Shindo.
- Caguei, perguntei alguma coisa, porra? – Encarei o Deku. – E por que cê tá falando com esse prego?
E eu lá quero trocar figurinhas com um cara que o Deku já namorou? Porra, a ideia de que eles já tiveram um relacionamento me tirava do sério. Eu não namorei ninguém depois que nós dois terminamos, e nem pretendo, porque relacionamento sério é uma merda. Na real, eu raramente pegava de novo a mesma pessoa, nem chegava a dar meu número de telefone, muito menos levava pro meu apartamento.
E a putinha já tinha tido até outro namorado? Que porra é essa?
Porra, quatros anos não é tanto tempo assim, sério que ele superou tão rápido?
Claro que eu também já tinha superado, mas, porra, não esperava isso dele!
Ah, vai tomar no cu. Por que eu tô surpreso, caralho? Esse aí já deve ter namorado e corneado metade do Japão.
- Por que você tá olhando pra ele assim? Cumprimenta ele, Kacchan, vai! Para de ser mal educado. – E o pior é que o Deku dizia isso sem um pingo de deboche, ele realmente tava na maior inocência ali, sem perceber que tava testando o resto de paciência que eu não tinha.
Minha vontade era de metralhar a cara dele com uma caralhada de palavrão, mas respirei fundo para tentar pensar como um ser humano normal.
O que claramente não deu certo.
- Você é narcisista pra caralho, hein, Deku? – Minhas mãos tavam coçando e eu tinha que ir embora logo, senão ia acabar fazendo merda. - Foi namorar logo o teu reflexo no espelho? Dois bostas, se merecem mesmo.
- Namorar? – O arrombado do tal de Shindo retrucou, aquele sorrisinho irritante ainda em seu rosto. – A gente não namorou, não. Só ficamos uma vez, e já faz três anos. Eu sou amigo da amiga dele, a Uraraka. Conheci o Izuku através dela. – Estendeu a mão para me cumprimentar, mas eu só deixei ele no vácuo.
Eu senti um alívio estranho com aquela informação. Então ele é um ex-ficante do Deku, e não ex-namorado.
HAHAHAHA! Grandes merda, otário!
Eu quase deixei um sorrisinho vitorioso escapar – como se tivesse algum motivo para isso -, mas, quando percebi que tava prestes a dar na pinta, minha carranca voltou mais pesada do que nunca.
Porra.
Sério que eu tô comemorando isso?
Me senti muito bichola e logo fiquei com raiva de mim mesmo por estar aliviado por algo que é TOTALMENTE SEM IMPORTÂNCIA na minha vida e também porque aquele merda ainda tava parado NA NOSSA FRENTE.
O que ele queria, porra? Um brinde?
- E eu lá pedi a Wikipédia do relacionamento de vocês, mano? – Paguei de quem tava nem aí. - Vamo embora. – Eu já tava prestes a arrastar o Deku dali quando aquele bosta do Shindo AGARROU A MÃO DELE. Porra, é hoje que eu vou sair daqui sendo acompanhado pela polícia. – Cê pirou, mermão?! – Meus olhos já faiscavam de ódio. Comecei a puxar o Deku, mas o outro não soltava, então ficamos naquele cabo de guerra idiota e infantil por um tempo, enquanto o Deku resmungava de dor ao mesmo tempo em que ria loucamente. Bebum bastardo.
- Pra onde você tá levando ele? Eu disse pro Izuku que o deixaria em casa! – O prego falou.
EU VOU MATAR ESSE ANIMAL!
- A única casa pra onde você vai é a CASA DO CARALHO, PORRA! – Puxei o Deku com mais força, mas o cara de verme continuava segurando e puxando a mão dele. A raiva me cegou por um momento e, quando percebi que o Deku tava quase gritando pra gente parar, eu parei de puxá-lo – mas não o soltei – e tive que respirar fundo, senão acabaria arrancando o braço dele fora. Esqueci que o Deku não é um boneco de pano. – Que tipo de autoridade você acha que tem aqui, caralho? Cê tem noção de quem eu sou, mano?! Eu conheço o Deku a vida toda, namoramos por TRÊS ANOS e MORAMOS JUNTOS! Você não é ninguém na porra da fila da porra do pão! QUEM VAI LEVAR ELE PRA CASA SOU EU, FILHO DA PUTA DO CARALHO!
Se alguém me contasse que um dia eu estaria competindo com alguém por tempo de namoro, eu riria e bateria tanto nessa pessoa que ela passaria uma semana no hospital, no mínimo.
A que pinto eu cheguei, porra?
- Autoridade? Você é algum tipo de fiscal de relacionamento alheio, por acaso? – Ele retrucou, rindo. Enquanto isso, o Deku tava servindo de cabo de guerra no meio de nós dois e cantarolando uma merda de música, acho que era Wannabe das Spice Girls. Moleque retardado mental do caralho. – E daí se você namorou o Izuku por três, cinco, sete anos? Se tivesse sido tão bom assim, tu não seria ex.
PUTA QUE PARIIIIIIUUUUUUUUU!!
Esse moleque foi contratado pelo Kirishima pra fazer um jogo comigo, só pode.
Agora não deu, eu fui pra cima daquele merda que nem um touro vendo um pano vermelho, mas de repente pareceu ter baixado alguma consciência no Deku e ele se tacou na minha frente.
- PARA, KACCHAN, PELO AMOR DE DEUS! Você quer resolver tudo desse jeito, parece até um animal selvagem! – É O QUÊ?
- CÊ TÁ DEFENDENDO ESSE MERDA?! – Uma veia tava estourando na minha testa, eu tava tão nervoso que talvez precisasse de uma injeção de calmante direto no pescoço. Porra, eu até posso aguentar por um tempo o deboche e o sorrisinho desse puto do Shindo, mas o Deku defendendo ele... aí é demais.
- Já tô vendo o porquê de vocês não terem dado certo... – A voz do filho da puta marombado arrombou o meu ouvido e, nesse momento, o Deku me abraçou com força total, se enroscando em mim como um panda, só porque sabia que, se ele não me impedisse dessa forma, eu certamente pularia no pescoço do infeliz. Eu até tentei desgrudar o Deku de mim, mas ele tava literalmente grudado feito chiclete no meu corpo, e eu acabaria o machucando se forçasse mais, então me forcei a me acalmar. Fechei os olhos e respirei fundo, meus punhos cerrados tão forte que o sangue mal circulava nos dedos. Porra, nem o Duas Caras eu senti tanta vontade de esmurrar quanto eu tava sentindo por aquele verme do Shindo no momento. – Para de fazer estardalhaço e só aceite os fatos. Izuku me disse que quer que eu o leve pra casa, então você decide as coisas por ele? É isso mesmo?
- Foda-se o que ele disse, porra! Ele tá bêbado pra caralho, porra, não tá vendo, não? Ele não tá com cabeça nem pra falar o nome dele completo, seu burro do cacete! – Ainda tentava me soltar do Deku, mas o desgraçado realmente tava determinado a me prender ali. Estalei a língua no céu da boca. Viado persistente do caralho. – Cê acha que eu vou deixar ele sair por aí com um marimbondo que nem você?! VAI PRA MERDA, PORRA!
- E você acha que eu vou deixar ele sair com um cara que tá claramente descontrolado? Olha só pra você, cara! Você vai acabar batendo no Izuku se-
- PARA, CHEGAAAA!! – Deku berrou na cara de nós dois depois de me soltar. Reparei que algumas pessoas ao redor – muitas, na real – já fitavam a cena, mas caguei. – Parem vocês dois, parecem duas crianças!!
Eu matava o cretino do Shindo com o meu olhar, um vinco enraizado entre minhas sobrancelhas e meus punhos tão fechados que eu sentia como se os ossos dos meus dedos fossem quebrar. Ele não tava tão diferente de mim, mas, ainda assim, não me orgulho em dizer que ele parecia bem mais controlado do que eu, esse filho da puta do caralho.
Quem ele pensa que é pra se meter na minha relação com o Deku, porra? Esse prego acha que sabe de alguma coisa? Mal chegou e quer sentar na janelinha, vai pra puta que pariu!
Fico fervendo de ódio só de imaginar se o Deku já contou algum bagulho nosso pra esse merda... porra, esse papagaio viado do caralho!
- Você quer ir embora com quem, Izuku? Fala pra ele! – O Deku 2.0 voltou a abrir o bico. Rangi os dentes, me segurando para não quebrar o crânio dele contra uma parte do chão que tá toda vomitada lá.
O Deku ficou quieto, e eu já tava pra arrancar os meus cabelos.
Avancei um passo, mas o Deku ainda estava entre nós.
- Cê tá louco pedindo opinião pra bêbado, porra? – Retruquei. – Bora, Deku, vem! – Chamei, mas ele continuou parado com um olhar meio duvidoso para nós dois. Sério que ele tava em dúvida? Que porra é essa? – Deku, não tem discussão. Você tá bêbado, nem fodendo que você vai sair daqui com esse ameba.
Óbvio que a ideia do Deku ir embora com outro, estando bêbado ou não, me incomoda de qualquer forma. Me sinto uma bichola por dizer isso, mas é verdade. Se ele não estivesse bêbado, por mais que minha vontade genuína fosse impedir, eu não faria isso, tanto por orgulho quanto porque eu não controlo a vontade de ninguém, e se a vontade do Deku – estando sóbrio e ciente de que todas as partes do seu corpo estão no lugar - fosse não estar comigo, eu não posso e nem quero apontar uma arma pra cabeça dele e o obrigar a algo.
MAAAAAS, OLHANDO PRO LADO BOM – E QUASE INEXISTENTE – DESSA PORRA TODA, ELE TÁ BÊBADO, TÁ MENTALMENTE INCAPAZ DE QUALQUER RACIOCÍNIO INTELIGENTE, ENTÃO EU POSSO IMPEDIR, SIM, CARALHOOO!!
Esse porra de Shindo só ficou com o Deku uma vez, que porra de intimidade eles tinham? Que porra de autoridade ele acha que tem aqui? Nem fodendo que o Deku vai sair daqui com esse maluco.
E você deve estar se perguntando: tá, e por que você só não pega o Deku no colo e mete o pé?
Eu tava prestes a fazer isso mesmo, só queria ver a perola que o Deku, que tava caladinho até então, ia soltar:
- Shindoooouu, meu amor... – Deku disse com aquela voz grogue e arrastada de bebum, segurando a mão do filho da puta lá. Não fiz nada – pra surpresa de todos -, só cruzei os braços e semicerrei os olhos, só esperando pra ver a desgraça que o merda do Deku ia aprontar agora. – Desculpa, não fica xoxo, tá? – Xoxo? Porra é essa? Acho que ele quis dizer chateado ou sei lá o que se passa na cabeça desse bebum. - Mas é que... – Ele suspirou como se estivesse triste, logo largando a mão fedorenta daquele cara e vindo até mim pra segurar a minha mão. É o quê? – Mas é que o Kacchan fode melhor.
É O QUÊ?
Não dei uma de quem não tava entendendo nada, não. O que eu fiz foi rir pra um santo caralho, apontando pra cara de bunda do Shindo e tudo, rindo tanto que tive que segurar a barriga pros meus órgãos não saírem pulando pra fora. Óbvio que, depois dessa - a melhor coisa que aconteceu na noite -, o tal do Shindão enfiou aquele Hadouken no cu e foi embora com cara de quem tinha comido a bosta mais fedida do mundo.
Eu tava me cagando de rir como se um cavalo tivesse dado um coice na cara do Shindo – talvez ele se sentisse melhor se tivesse sido isso -, acho que nunca ri tanto na vida, nem quando o Deku me arrastou pra um show de comédia – tava rindo mais das risadas do Deku do que qualquer outra coisa.
E foi completamente DO NADA quando o Deku simplesmente me agarrou e começou a passar a mão do meu peito até o meu pescoço.
Parei de rir na hora.
- Kacchan... – Ele sussurrou com aquele hálito quente e LAMBEU a minha orelha. – Finge que você é um cavalo pra eu poder cavalgar em você, hm?
E, se eu disse que odeio o bebum feliz, esse é o estágio que eu definitivamente mais ABOMINO com TODAS AS MINHAS FORÇAS.
O bebum doido pra trepar.
Quando eu tô numa balada e vem um bebum se esfregando em mim, eu só dou um pescotapa e saio de perto.
Mas, porra, agora não é qualquer bebum.
E, do jeito que eu tô com o pau estralando na calça pra comer o Deku de novo, meus olhos já instintivamente se fecharam e uma veia saltou furiosamente da minha testa. Minha cabeça já começou a doer como se avisasse que a noite seria longa e, realmente, eu sabia que seria.
Se eu fiquei feliz antes porque o Deku tá bêbado e isso me dá o direito de intervir se aparecer um doido querendo levar ele pra casa do caralho, agora o fato do Deku estar bêbado é o que tá me deixando PUTO PRA CARALHO!
PORQUE EU NÃO POSSO COMER ELE SE ELE TÁ BÊBADO, CARALHO!!
Eu nunca vi o Deku tão louco de bêbado assim antes. Hoje ele conseguiu se superar.
Eu queria muito virar e meter o pé, mas eu não podia simplesmente ir embora e deixar o Deku ali como uma oferenda.
Peguei o celular pra ligar pro merda do Kirishima – tu sabe como é difícil se concentrar pra digitar os números certos quando a fonte de todo o seu tesão tá falando um monte de putaria no teu ouvido e passando a mão na porra do teu pescoço?! -, mas o FILHO DA PUTA CONTINUAVA NÃO ME ATENDENDO NESSA PORRA DESSA CARALHA!
- Puta que pariu, Kirishima, eu vou te matar, porra. – Resmunguei pra mim mesmo, aquele meu tique incontrolável no olhou voltando com toda a força.
- Kacchan. – Ele afastou a cara do meu pescoço pra me encarar. Ele tava tão gostoso com as bochechas vermelhinhas e aquele olhar meio nublado, típico de quem torrou o cu de bebida. Minha mão coçou pra puxar ele pra um beijo, mas me segurei. Porra, e como eu me segurei. – Por que você vai matar o Kirishima se pode matar a mim? – Encarei-o com um olhar confuso e ele abriu um sorrisinho. Maldito sorriso. – Me sufocar com seu pau entalado na minha garganta até não conseguir respirar mais.
Isso foi tão bizarro, então POR QUE DIABOS EU FIQUEI TÃO EXCITADO?
A MORTE SERIA MENOS DOLOROSA DO QUE TER QUE AGUENTAR O MERDA DO DEKU SARRANDO EM MIM E NÃO PODER FURAR A PORRA DA CALÇA DELE COM A CARALHA DO MEU PAU!!
- Cala a boca, Deku. – Praticamente rosnei quando falei. Agarrei seu antebraço com uma força meio exagerada – eu tava puto e excitado, entendam – e saí o puxando pra fora daquela merda, que mais parecia o próprio inferno me testando de todas as formas possíveis e impossíveis.
Eu cheguei a tantos picos de raiva diferentes naquela noite que daqui a pouco eu acabaria tendo um treco.
Eu queria ficar a metros de distância do Deku, mas eu tinha que segurá-lo, porque, sei lá, né, vai que esse bebum doente sai saltitando por aí e vai dar o cu pros mendigos? Não dá pra confiar.
Minha preocupação não era ser atacado por ele, era atacá-lo.
Mas se tem algo que eu me orgulho muito é meu autocontrole – coisa que eu só não faço questão de ter quando o assunto é esmurrar alguém -, então eu só focava em não encará-lo e respirar fundo. Tudo numa boa. Tranquilo. Não é como se eu fosse um adolescente de quinze anos de novo, que fica duro com qualquer rabo dentro de uma roupa apertada.
Se bem que aquele era o rabo do Deku, né...
Esse filho da puta do caralho.
A rua tava vazia, só com alguns emos fodidos andando de um lado pro outro, mas emo nem é gente, então beleza.
No aplicativo tava dizendo que ia demorar dois minutos pro Uber chegar, e dois minutos nunca pareceram demorar tanto.
- Kacchan, que isso? Por que tá me afastando?! – Ele não calava a porra da matraca, tentando sair do aperto da minha mão ou empurrar meu braço, que tava fortemente esticado para que ele não conseguisse ficar muito perto de mim. Eu só o ignorava porque não vale a pena trocar ideia com bebum. – Ai, mas como você é chato!!
- Eu?! Tu que é chato pra caralho!! – Mas claro que eu não consigo ficar quieto por muito tempo. – Parece a porra de uma sirene buzinando no meu ouvido, mas que merda!
- Então me solta que eu vou lá no Shindo!!
- Pode tentar, quero ver conseguir, bebum retardado do caralho. – Eu nem o encarava, tentava me concentrar só no aplicativo do Uber que mostrava o carro se aproximando. Caralho, amigo, acelera esse possante aí!
- EU TE ODEIO!! – Caguei.
Por algum milagre, ele ficou quieto e parou de se debater, mas achei melhor não olhar, vai que ele virou uma Medusa e vai me transformar em pedra.
Eu devia ter estranhado aquele momento de sossego, porque bebum pode ser burro, mas também consegue ser muito esperto quando quer alguma coisa.
Então, do nada, o Deku se enrolou no meu braço como um rolinho primavera. Sabe naquelas danças gay quando o cara estica o braço pra mocinha girar? Então, foi tipo isso que o Deku fez, só que girou até bater contra o meu corpo.
Eu não consegui impedir porque não tava esperando aquilo e já era tarde demais, Deku voltou a se agarrar em mim como um carrapato e enroscou os braços no meu pescoço.
Porra, caralho, puta que pariu!
- Kacchan, tá me evitando por quê? – Perguntou com uma vozinha manhosa, que de nada condizia com a raivosa e histérica de segundos atrás.
Porra, acho que nem o próprio Deku tem noção do quanto eu fico louco com ele me chamando assim. Quando a gente se reencontrou no supermercado e ele me chamou pelo meu primeiro nome, porra, foi o maior baque pra mim. Esse apelido tosco não era só um bagulho entre namorados, Deku me chamava assim desde sempre. Sabe o que é isso? É tipo você que chama tua mãe de mãe a vida inteira e de repente acontece algo tão merda que você começa a chamar ela pelo nome. Exemplo de boiola, mas essa é a sensação bizarra que sinto quando o Deku me chama de Katsuki e não de Kacchan.
Eu sabia que o que tínhamos tinha acabado, mas... porra, quando ele me chamou pelo meu primeiro nome, foi como se eu tivesse a certeza de que, definitivamente, estávamos acabados. Não era como se então eu tivesse esperanças de uma reconciliação, óbvio que não, porra! Eu não queria nunca mais ver ele, nem se fosse pintado de ouro. Eu só não sei explicar, e até hoje me pergunto por que uma coisa tão simples e tão inútil pode mexer tanto comigo. Porra, e daí que agora ele me chama pelo nome e não por um apelido idiota? Eu deveria ficar é feliz, apelido de viado do caralho!
Acho que eu nunca cheguei a odiar ou achar esse apelido estranho porque nossas mães sempre foram superamigas, por isso brincamos juntos desde que éramos dois molequezinhos melequentos, então era um costume, algo que acontecia desde quando eu não tinha nem opiniões ou pensamentos formados, completamente diferente de alguém que chega agora do nada e vem cheio de intimidade pra cima de mim. Por mais que eu odeie apelidos, esse é o único que eu não acho estranho quando ouço, mas só se for dito pela boca do Deku.
Agora ele tava me chamando de Kacchan, mas que se foda, ele tava bêbado, não era a mesma coisa.
Às vezes eu quero me bater por ser tão boiola, caralho.
- Aí o Uber, Deku, desencosta! – Gritei quando vi o carro chegando e li a placa pra conferir, botando as mãos na cintura do Deku e tentando empurrá-lo pra longe, mas ele foi de um menino manhoso para o capeta de um segundo pro outro, começando a berrar e a esfregar aquele bafo de bebum na minha cara. – Puta que pariu, Deku! Vou te botar nesse carro direto pro hospício, seu doente do cacete!!
Eu não tava conseguindo entrar no carro por causa do Deku agarrado em mim – e, de brinde, gritando um monte de merda na minha cara -, e o cara do Uber teve que sair do carro pra me ajudar. Acredita nessa porra? Situação de merda do caralho. Se meu pau tava minimamente vivo antes quando o Deku tava sussurrando putaria no meu ouvido, agora ele tinha abaixado total.
Quando entramos no banco detrás do carro, eu fui logo botando cinto no Deku, sei lá, vai que ele se atira na rua com o carro em movimento ou, pior, senta o rabo no meu pau.
- Nossa, amigo. A noite parece que tá boa, hein? – O cara do Uber comentou com deboche enquanto me olhava brevemente pelo retrovisor. Estalei a língua no céu da boca.
- Só cuida da tua vida e não bate esse carro. – Retruquei com rispidez, o tique nervoso martelando no meu olho. Eu tava sem paciência pra brincadeirinhas ou essa simpatia forçada. Gosto de ficar na minha e odeio quando o Uber vem puxando papo.
- Opa, sem problemas. – Ele pareceu não ligar muito, deve ter visto que a minha noite não tava a das melhores, e foi fuçar no GPS. – Qual é o destino, senhor?
- Onde fica tua casa, Deku? – Perguntei com cara de cu. Se antes eu já tava sem paciência, agora eu nem sabia mais o significado dessa palavra de merda.
- É AQUELE PUTEIRO ALI NA OUTRA ESQUINA, Ó! – O bêbado gritou. – E por que você me amarrou?! – Ele tava falando do cinto, tendo a maior dificuldade pra tirá-lo como se não fosse só apertar num botão. Porra, é por isso que odeio bêbado. Bati com a mão na testa, bufando. – ME DESAMARRA, SEU MONSTRO! ME LIBERTA, EU QUERO SER LIVREEEEEE!!
A melhor noite da minha vida, sem sombra de dúvidas.
Sabia que não ia dar em nada, mas tentei ligar pro Kirishima DE NOVO, e óbvio que o desgraçado arrombadinho não atendeu. Um ódio tão grande me subiu que acabei dando um soco no banco do motorista que tava na minha frente. O cara me deu o maior sermão, mas eu tava tão transtornado na minha bolha de ódio que entrou por um ouvido e saiu pelo outro – pra sorte dele, senão a merda ia feder.
Puta merda, sério.
Já que ele e a tal da Cunataka gostam tanto de trepar, eu vou amarrar um vibrador do tamanho de um trambolho na cintura dela e fazer ela comer o cu dele até sangrar.
Minha ideia era jogar o Deku no manicômio que ele chama de casa e vazar, ele que se vire, foda-se, já tinha feito muito mais do que realmente deveria – lembrei dos trezentos conto que nunca mais ia ver na vida e senti uma pontada no peito.
Não queria botar aquele bebum na minha casa nem fodendo, mas agora não tinha jeito, eu ia ter que enfiar meu próprio braço no cu e rodar.
- Vira nessa rua aí do lado que eu te falo o caminho, não é muito longe daqui.
~*~
Quando saímos do Uber, o Deku tava no estágio de bêbado quase morto, outro estágio que me irrita pra caralho, porque era eu que tinha que carregá-lo. O cara do Uber foi até que maneiro e me ajudou a levá-lo até a portaria do prédio e, por mais que eu estivesse puto com a situação, fiquei até meio que grato por ele ter dado uma força mesmo depois da minha grosseria. Eu tinha 30 reais no bolso e a corrida foi 20, então dei o dinheiro todo, sem dizer nada. Ele não percebeu na hora e eu agradeci mentalmente por isso, porque não tava a fim daquele papo de merda de poxa, cara, que legal, obrigado, não precisava e blá, blá, blá.
Eu queria jogar o Deku no meu ombro como um saco de bosta de novo, mas ele ia acabar vomitando se eu o deixasse de cabeça pra baixo – pior, vomitaria na minha jaqueta -, então eu tive que pegar ele no colo que nem uma princesa idiota em perigo. Por sorte, ele tava naquele estado quase morto, todo molenga e morrendo de sono, então não tive que ouvir merda ou aturar ele se esperneando ou batendo na minha cara.
Meu cenho tava franzido e o meu olho não parava de tiltar desde que saímos da festa, fervendo de ódio, mas, mesmo assim, enquanto estávamos no elevador, meus olhos pararam em seu rosto. Nas sardinhas em suas bochechas vermelhas. Suas pálpebras fechando e abrindo, tremendo. Ele fazia um biquinho involuntário e ficava murmurando umas coisas que eu não entenderia nem se encostasse meu ouvido na sua boca. Aquele cabelo verde e cheio, com os cachos que não são exatamente cachos, todo bagunçado... ele pode ser reconhecido em qualquer lugar, porque ninguém parece um brócolis ambulante, só ele.
Minha atenção parou em cima dos seus lábios, que nunca estiveram tão bonitos e chamativos naquela noite como naquele momento, e minha própria boca secou.
Porra.
Ele soltou um resmungo mais alto que me fez cair na real de novo. Dei uma pigarreada e desviei o olhar que nem um palerma, tentando focar só na minha imagem acabada – só não mais do que o corpo quase inconsciente em meus braços – refletida no espelho e não na quentura estranha que eu sentia em algum lugar do meu corpo, e não era no meu pau.
Porra, que merda. Que porra de situação merda. Que porra de sentimento de merda.
Minhas mãos coçavam e eu só estalei a língua no céu da boca, puto. Mesmo olhando o espelho, meus olhos voltaram pro Deku. Pro reflexo dele, na verdade. Eu podia olhá-lo inteiro assim. Agora, ele parecia uma criança que tinha brincado o dia todo e tava morrendo de sono, se encolhendo entre meus braços e resmungando de um jeito quase bonitinho.
Bufei e, nessa hora, as portas do elevador se abriram.
Não consigo aguentar isso. Não sou tão forte assim.
Com o Deku, eu nunca consigo ser forte por muito tempo. Eu sei disso desde sempre e isso me tira do sério, desde sempre.
Quando algo te deixa fraco, você quer se afastar disso, né?
Então por que eu sempre acabo voltando pra ele, de um jeito ou de outro?
No supermercado, na faculdade, na U.A., na festa e, agora, na minha casa de novo.
Crescemos juntos, éramos amigos quando crianças. Eu comecei a odiá-lo e Deku achava que eu só o odiava porque queria ser melhor do que ele, e era verdade, eu queria ser melhor do que ele, mas isso era só porque eu me sentia fraco perto dele e nunca entendi isso, tinha medo disso. E eu odeio as coisas que me assustam.
E eu estava certo em ter medo, porque foi essa fraqueza que quase me destruiu.
E, agora, ela estava aqui, em meus braços de novo, parecendo tão inofensiva quanto um cachorrinho que caiu da mudança.
E eu odiava o quão fraco eu me sentia, de novo.
Com um pouco de dificuldade, abri a porta do meu apê e a chutei com o pé.
- Hhhhmmm... tô com dor de cabeçaaa... – Deku resmungou, coçando os olhos com a mão. Tsc, que merda, por que ele não podia só dormir pra facilitar a minha vida?
- Não, você tá sonhando. – Andei até o sofá para deixá-lo deitado lá, mas parei quando lembrei de ontem, quando ele disse que não tinha conseguido dormir direito ali porque era desconfortável. Estalei a língua e, bufando, fui marchando até meu quarto.
Nem fodendo que eu vou dormir na mesma cama que ele, só vou deixar ele lá e ir dormir na sala. Se o Deku acha o sofá pequeno, imagina pra mim? Porra, ou vou ter que quebrar meus ossos pra caber ali ou minhas pernas vão ficar penduradas pra fora, mas beleza, prefiro isso do que dividir uma cama com esse pirralho bêbado de novo.
- Kacchan... hhmm... – Ele resmungava. – Tô com fome...
- Tá nada, isso é paranoia da tua cabeça. Cê tá é com sono, dorme aí. – Fui deitando ele na cama, mas o putinho não largava as unhas da minha jaqueta. Esse filho da puta. – Solta, Deku! – Porra, agora ele vai ouvir. – Tu tem noção da merda de noite que cê me fez ter?! Gastei trezentas pila por sua causa, aguentei tu me batendo, aguentei tu gritando, aguentei teu bafo de bebida na minha cara-
- Kacchan, espera, eu-
- Não, agora cê vai me ouvir! – Eu finalmente tava botando todo meu ódio pra fora. - Tive que carregar essa tua bunda da festa até minha casa, gastei todo o dinheiro que me sobrou com o merda do Uber e agora tô te botando na minha cama e eu vou ter que dormir na porra do sofá minúsculo da sala, então me diz, o que mais cê quer de mim, caralho?!
E, então, ele vomitou.
ELE VOMITOU EM TODO PEDAÇO DE PANO QUE COBRIA A PORRA DO MEU CORPO!!
Se havia algum resquício de vida no meu corpo, ela foi embora.
Endireitei a coluna, meus olhos se fecharam e minha cabeça caiu pra trás, todo o ar escapando dos meus pulmões.
Porra.
E, para a surpresa de todos, eu não bati a cabeça do Deku contra a cabeceira ou o xinguei de todas as formas possíveis e impossíveis, eu só virei e fui embora, contando até dez repetidas vezes pra me acalmar – coisa que sugeria meu psicólogo de quando eu tinha dez anos, mas eu nunca liguei.
Não tinha mais forças nem pra surtar, só tava muito cansado de toda aquela merda.
Fui até a máquina de lavar e tirei minha jaqueta, minha camisa, minha calça, menos minha cueca. Botei tudo pra lavar e tive que inclusive lavar meus tênis, porque até neles tinha vômito do Deku.
Não botei meu tênis na máquina junto, porque aposto que vocês, imbecis, pensaram isso.
Mas, do jeito que eu tava puto e de saco cheio, quase fiz isso mesmo.
Peguei uma calça de moletom preta que tava pendurada no varal e a vesti, suspirando e passando a mão no rosto ao me lembrar de todos os acontecimentos da noite e, pior, que o problema que causou todos eles tava lá no meu quarto, dormindo na minha cama como um anjinho depois de ter fodido com minha cabeça e todas as minhas roupas – inclusive minha JAQUETA FAVORITA!!
Porra, Deku filho da puta, arrombadinho do caralho.
Fui na cozinha e comecei a preparar um rango, nada demais, só um macarrão com alguma carne aleatória que achei no congelador. Eu não parava de xingar o Deku enquanto cozinhava. Nem tava com sono, eu tava pilhado demais pra dormir, só queria xingar o Deku e comer alguma coisa.
Foi quando, do nada, eu senti um nariz cheirando minhas costas e dois braços me abraçando por trás.
Acabei dando um pulo pelo susto e a colher que eu usava pra remexer a comida na panela quase caiu da minha mão.
Caralho, pensei que essa merda já estivesse num sono tão profundo que já tava nas profundezas do inferno e dormindo de conchinha com o capeta.
- Porra, Deku! Tá doido? – Virei a cabeça para encará-lo por um momento, vendo que ele tava com a cabeça enfiada no meio das minhas costas desnudas, mas logo voltei minha atenção para a comida. Estalei a língua, puto. – Vai dormir, beleza?
- Você tá tão cheiroso, Kacchan... – Murmurou com uma voz tão manhosa que eu quis pegar a mão dele e botar no fogo. Ele começou a deslizar aquelas mãos da minha barriga trincada até meu peito, indo e voltando. Eu sentia um arrepio cada vez que ele subia e descia, minha raiva aumentando cada vez mais e, para piorar, vez ou outra ele arranhava de leve.
Caralho, que ódio. Que puta ódio.
- Eu nem tomei banho, Deku. – Eu nem sabia o que dizer pra esse merda, e isso não era normal.
- Mas você tá cheiroso... – E, de repente, começou a distribuir beijos molhados nas minhas costas. – Dá vontade de lamber todinho.
Não sou do tipo de cara que sente tesão em quem tá chapado de bêbado, mas agora é diferente.
- Ô, PORRA! – Afastei o Deku rápido antes que meu pau subisse, coisa que não demoraria muito a acontecer se eu deixasse essa palhaçada continuar. Deixei a colher na panela e me virei de frente pro Deku, que ainda tava vestido, pelo menos isso. Eu podia até me controlar, contar até dez ou sei lá mais o quê, mas, se o Deku resolver tirar a roupa, eu tô completamente fodido. – Sai de perto, vai dormir, caralho! Você tava morrendo de sono no corredor, agora virou uma putinha de novo?
Ele ficava descendo aqueles olhos verdes bonitos pelo meu corpo e mordia o lábio, puta merda, mas que arrombado filho da puta!
Porra, se ele não estivesse bêbado, eu não ia ter dó nenhum, caralho!! Ia fazer ele ajoelhar e me mamar ali mesmo, cair de boca até o queixo cair, aí depois...
Porra, é melhor eu parar de falar.
Nunca odiei tanto um bebum na porra da minha vida.
- Quer mesmo que eu responda, Kacchan? – Ele abriu um sorrisinho que morri de vontade de tirar da cara dele com uma surra de pica. Ele tinha aquele olhar pervertido que contrastava totalmente com seu rostinho delicado e angelical...
Fechei os olhos e respirei fundo, recostando o quadril contra a bancada.
- Você fica tão gostoso nessa posição, sabia? – Ele voltou a falar, arrepiando todos os pelos do meu corpo. – Sem camisa, porra, então...
- Quando eu te conheci você não falava palavrão, Deku. – Voltei a encará-lo, o tique nervoso do meu olho sendo ativado de novo. Nunca vi o Deku agindo desse jeito, até fiquei curioso pra ver até onde ele iria. – Aprendeu comigo?
- Eu aprendi muitas coisas com você, Kacchan... – Ele sorria enquanto mordia o lábio, a cabeça tombando um pouco pro lado num gesto meio inocente e safado ao mesmo tempo. Ele se aproximou e eu vacilei quando não fiz nada pra afastá-lo. Só conseguia encará-lo, esperando pela próxima coisa que ele faria. – Tipo, foi você que me ensinou alguns golpes de luta, me ajudou um pouco quando eu fiquei de recuperação de matemática... você era muito bom, sabia? – Ele parou na minha frente, sua mão pousando em cima dos meus braços cruzados e, nesse momento, meus músculos retesaram, mas eu fingia estar zero afetado. – Mesmo que você não tenha dom nenhum pra explicar... e que depois tenha me feito te mamar como pagamento... – Porra, meu pau tá coçando. Minhas mãos coçam, tudo coça. Que raiva. Caralho, eu não posso deixar ele falar mais, eu tenho que... - Você me ensinou a chupar um pau muito bem, sabia? Eu nunca te agradeci por isso. Ninguém nunca reclamou-
Agarrei o pescoço do Deku brutalmente com as duas mãos, fechando-o num aperto forte, mas não o suficiente para fazê-lo sufocar de verdade. Ele começou a tossir e eu desencostei da bancada, dando passos largos pra frente e fazendo o Deku ir pra trás até bater com o quadril na mesa. Tirei uma mão do seu pescoço pra agarrar a coxa dele, só uma mão sendo o suficiente para tirar os seus pés do chão e botar aquele rabo em cima da mesa.
As veias das minhas mãos saltavam e eu afundava as unhas na carne da coxa gostosa coberta pelo jeans larguinho, afundando a cara no pescoço do Deku e dando uma mordida tão forte ali que ele quase gritou, só não o fazendo por causa da minha mão que ainda apertava o outro lado do seu pescoço. Só percebi o tamanho da força que eu começava a botar naquele aperto quando ele disse Kacchan com dificuldade. Tirei meus dedos dali e ele começou a tossir horrores, mas eu mentiria se dissesse que não me excitei pra caralho com a marca vermelha forte que meus dedos deixaram na pele clarinha do seu pescoço.
Porra, que merda, eu perdi o controle! Eu...
- A gente nunca tentou isso, né? – Sua voz arrastada sussurrou no meu ouvido, quase apagando a pouca luz de sanidade que ameaçava surgir na minha cabeça. – Enforcamento no sexo. Eu gostei. – Ele envolveu meu pescoço com seus braços, arrastando a língua por ali até parar no meu ouvido, onde mordeu o lóbulo. Porra, eu vou surtar. Nunca vi o Deku tão safado assim, caralho... – Eu quero sentir isso. Quero sentir como é seu pau dentro de mim, me fodendo com força... suas mãos apertando meu pescoço e não me deixando gemer, me deixando sem ar... Kacchan... tão agonizante querer gritar o seu nome e não conseguir, porque você me sufoca mais e mais...
MAS ELE TÁ BÊBADO, PORRA!
- PARA COM ESSA MERDA! – Dei um pulo pra trás, o surto de consciência voltando com toda a força. Nem olhei pra cara dele, só virei de costas e voltei pra bancada, apoiando as mãos ali e tombando a cabeça pra frente, respirando fundo. Acho que nunca respirei fundo tantas vezes como nessa noite. Eu preciso me concentrar, preciso... – Volta pro quarto. Toma banho, depois te levo um prato de comida. E não aparece de novo na minha frente. – Disse de forma seca e ríspida, os lábios crispados.
Teve um silêncio, mas meu corpo só pôde finalmente relaxar quando escutei o barulho de passos se tornando cada vez mais distante.
Suspirei em alívio, voltando minha atenção pra comida.
Bem, não exatamente, porque, na minha cabeça, eu só pensava em uma coisa. E não era no macarrão que eu remexia na panela.
Porra, que merda.
Olhei pra baixo e vi que meu pau tava duro feito pedra.
Como vou abaixar essa merda agora?
A causa disso tá lá no meu quarto nesse exato instante, talvez quebrando alguma coisa ou deitando no próprio vômito, e eu não posso simplesmente tirar o pau da calça e meter nele, porque ele tá bêbado e, amanhã, quando estiver com a cabeça no lugar, vai me odiar mais do que tudo se alguma coisa acontecer entre a gente.
Que situação filha da puta, caralho...
Um bom tempo se passou e, quando o macarrão ficou pronto, eu já tinha me concentrado o suficiente – com uma força que não sei de onde – para fazer meu pau abaixar um pouco. Sei lá, comecei a pensar em velhas mijando e em gatinhos morrendo, ajuda às vezes.
Eu botei o macarrão, com a tal carne que eu nem sabia o nome, em dois pratos. Fui até o meu quarto, dei duas batidas na porta e ele abriu, mas nem olhei pra ele, só entreguei o prato e vazei, felizmente ele não tentou nada, também.
Fui comer na cozinha e, se enquanto eu tava cozinhando consegui me concentrar em outras coisas pra fazer meu pau abaixar, todo o meu esforço foi pro ralo naquela hora. Só conseguia pensar no Deku. Não exatamente nele, mas, sim, em todas as posições que sua bunda podia ficar.
Quando senti um formigamento no pau, vi que agora não tinha saída. Rosnei, puto comigo mesmo e com toda aquela merda. Com raiva, abaixei a calça de moletom só o suficiente pro pau poder respirar e não enrolei nem mais um segundo, bati uma ali a todo vapor, e nunca uma punheta pareceu tão triste e solitária como naquele momento. O Deku tava lá no quarto, e a boca quente dele era tão melhor do que os meus dedos...
Pensando nisso, comecei a punhetar mais forte, com muito ódio. Uma mão subia e descia no meu pau com força, a outra servindo de apoio para minha testa, meu cotovelo apoiado na mesa.
Eu só me punhetei tão violentamente assim quando eu tava na puberdade e percebi que tinha tesão no Deku, eu o homenageava todas as noites na base do mais puro e corrosivo ódio. Na época, eu achava que eu só tava delirando e que aquilo ia passar, mas, como já deu pra notar, não passou nem fodendo – literalmente -, e eu já tava há semanas num cinco contra um tão fodido que meu pau até doía, era foda. Nenhuma outra buceta conseguia me fazer tirar da cabeça a imagem do Deku trocando de roupa no vestiário da natação.
Quando eu finalmente comi o Deku, porra, juro que ouvi um couro de anjos. Afundei meu pau tão forte nele que eu só queria enterrá-lo naquele cuzinho quente pra sempre e nunca mais tirar. Depois da nossa primeira vez, fiquei supersatisfeito, tranquilo e feliz, porque pensei que foi o suficiente pra conseguir afogar o tesão reprimido, mas, aí, eu fiquei com um puta ódio quando percebi que, na verdade, depois que experimentei, porra, fodeu, viciei. E a cada vez que a gente trepava e eu pensava que agora eu podia partir pra outra, eu só me viciava mais e mais, e sempre acabava voltando pro Deku, e só pro Deku.
Porra, que ódio. E eu me ferrei todo depois por causa da merda de um tesão.
O tesão sempre fode tudo no final, e não no bom sentido.
Por isso que, de novo, eu tava naquela situação de merda, me punhetando que nem um condenado por causa do mesmo filho da puta.
Puta que pariu.
Quando eu gozei, ainda assim, meu pau não abaixou totalmente. Claro, porra, difícil ficar satisfeito com minha própria mão sabendo que tinha uma bunda gostosa descansando lá no meu quarto, que minutos atrás tava doida pra sentar no meu pau.
Mas ele só tava assim por causa da bebida em suas veias, e nada mais.
Bufei.
Ontem, quando transamos, ele me disse que não queria que eu falasse com ele de novo, nem que olhasse pra ele... claro que eu caguei pra aquilo, porque, porra, isso é impossível, sendo que estudamos e trabalhamos no mesmo lugar, então eu só concordei porque foda-se, queria acabar com aquele papinho de merda e comer ele logo. E, na hora, eu até pensei que essa proposta não era tão ruim, de qualquer forma. Não era como se eu pretendesse continuar fodendo com ele, pensei que uma trepada seria o suficiente pra aquietar o meu fogo.
Mas óbvio que, exatamente como aconteceu quando transamos pela primeira vez, eu paguei com a minha língua. Na manhã seguinte, eu já tava doido pra mais.
Suspirei pesarosamente e fui lavar meu prato.
- KACCHAN!! – De repente, escutei um grito estridente que me assustou. Parecia um grito realmente assustado, e não pensei duas vezes antes de deixar a cozinha correndo e voar até o quarto.
- Deku?! – Arrombei a porta do quarto e ela causou um estrondo alto, porque a madeira bateu contra a parede fortemente. – Deku...? – Ele tava ajoelhado no chão ao lado da cama e o tronco todo debruçado sobre ela, os braços jogados sobre o colchão junto com a cabeça, que tava perto de uma poça enorme de vômito espalhada em todos os meus lençóis. – DEKU! Caralho, não pode virar as costas pra bebum nem por um segundo... – Me aproximei rapidamente, segurando o rosto dele com as duas mãos para encará-lo e avaliar seu estado. Ele tava com os olhos fechados e resmungava um monte de merda que eu não fazia a menor ideia do que era, tinha um rastro de vômito no canto da boca e uma cara de quem tava morrendo. Que merda, nunca pensei que um dia eu fosse passar por uma situação nojenta dessas, ainda mais por causa de alguém que eu odeio, puta que pariu. Mas o que eu poderia fazer? Deixar ele se afogar no próprio vômito? A ideia até que era tentadora, na verdade. – Caralho, Deku... cê tá respirando, né? Mexe a cabeça se você tá me entendendo. – Demorou um pouquinho, mas ele resmungou e balançou um pouco a cabeça, seus olhos mal abriam. – Puta que pariu... – Olhei pro lado e vi seu prato ali. Deu pra ver que ele tinha comido um pouco, mas quase nada.
Eu nunca cuidei de bêbado, mas sabia que dar comida pra bêbado faz bem. Eu acho.
Mas ele não parecia nada bem.
Suspirei, coçando minha cabeça e franzindo o cenho, olhando ao redor, sem saber o que fazer. Puta merda, a cama virou uma porcaria, ainda por cima...
Porra, eu definitivamente não nasci pra cuidar de alguém...
- Deku, levanta. – Falei, mas sabia que ia entrar por um ouvido e sair pelo outro. Estalei a língua no céu da boca e me ajoelhei ao lado dele, puxando os seus braços e os jogando sobre meus ombros, prendendo-os em volta do meu pescoço. Deku não desfez o enlaçar, mas seus braços estavam tão molengas que eu temia que ele se soltasse do nada e caísse que nem bosta no chão. Ele resmungou alguma coisa e esfregou aquela boca suja de vômito no meu pescoço, puta que pariu. Respirei fundo, precisava de paciência para lidar com isso. – Não solta. Se você se soltar e se machucar, eu vou te deixar morrendo aí. – Claro que eu tava blefando, eu iria correndo com ele pro hospital que nem um louco se acontecesse alguma merda. Revirei os olhos com esse pensamento, porra, quem dera ter forças pra deixar ele caído ali e ir embora.
Segurei suas coxas e levantei, puxando-o junto comigo. Fiz suas pernas abraçarem minha cintura e fiquei com o antebraço firme embaixo de sua bunda, enquanto meu outro braço o abraçava pelas costas. Pronto, agora ele não cai nem fodendo. Arqueei a sobrancelha quando o Deku se remexeu em meus braços, se encolhendo ali e afundando mais o rosto no meu pescoço, resmungando algo manhoso.
- Tão quentinho, hm...
Revirei os olhos. Bebum filho da puta do caralho.
Fui com ele até o banheiro do quarto e o sentei na pia, mas seus antebraços continuaram apoiados em meus ombros largos. Ele tava com vômito até na roupa, caralho. E tinha me sujado um pouco também. Bufei e me limpei brevemente com uma toalha molhada antes de voltar até o Deku, avaliando seu estado deplorável.
Eu não tinha outra escova, então ia ter que ser a minha... porra.
Com muita dor no peito, passei pasta de dente na minha própria escova e a levei até a boca melequenta do Deku.
- Deku. – Com a outra mão, dei um tapa fraco na sua coxa, tentando fazê-lo despertar. Funcionou, porque, de repente, ele arregalou os olhos, ainda que sonolentos. – Consegue escovar os próprios dentes ou até pra isso é inútil?
- Hm... – Ele abriu um sorriso torto, as pálpebras vacilando. – Nhá. – E ele abriu a boca.
Ele realmente queria me fazer escovar seus dentes?
Sim, ele queria. Filho da puta.
Se não fosse por ele estar bêbado e por aquele cheiro de vômito, eu até acharia sua expressão fofinha, mas eu tava puto demais pra pensar em outra coisa que não fosse naquela situação merda em que eu me meti.
Com muito ódio, eu comecei a escovar seus dentes como se quisesse arrancá-los. Ele resmungava para que eu fosse mais devagar e, bufando, eu acabei cedendo ao seu pedido, passando a escovar seus dentes numa velocidade normal para não machucá-lo, ainda que eu estivesse com uma cara de cu.
Puta que pariu, eu não tenho talento pra ser babá, definitivamente.
Desci o Deku da pia para fazê-lo lavar a boca – coisa que eu tive que ajudá-lo também, esse inútil – com água, enxaguando e enxaguando. Até o fiz engolir três balas de menta, só pra garantir que nenhum bafo fedorento de vômito iria bater contra a minha cara. Depois, já no chão, ele se virou para mim com um sorrisinho e esticou os braços pra cima como uma criança.
Levantei a sobrancelha.
- Porra é essa, Deku? Tá querendo que eu cheire o teu sovaco?
Ele fez um biquinho.
Que ódio, por que esse merda tem que ser tão fofo?
- Preciso da sua ajuda pra tomar banho... você vai me dar banho, não vai, Kacchan?
É o quê?
Isso aí é um pouco além do que eu posso aguentar, e olha que eu aguentei mais coisa hoje do que eu achei que seria possível.
- Cê quer que eu te dê banho? – Repeti para ver se eu tinha mesmo entendido essa porra direito, cruzando os meus braços em frente ao peito. – Nem pensar. Se vira, Deku.
- Hhmm... – Resmungou manhoso, aumentando o biquinho. Grr, vontade de arrancar esse bico no soco. – Mas e se eu escorregar e bater com a cabeça?
- Aí vai ser um favor que você me faz.
- Kacchan! – Me repreendeu, dando um soco fraco no meu ombro.
Porra, ele foi de um pirado pervertido para um pirralho fofo e manhoso... tudo numa mesma noite. Falta mais alguma coisa, cacete?
- Vamo fazer o seguinte? – Arrastei a mão com força pelo meu próprio rosto, cansado daquela merda. – Eu vou arrumando o quarto e você vai tomando banho, ok? Se você precisar, grita que eu venho te ajudar... beleza? – Não acredito que eu continuo cedendo às vontades desse filho da puta, queria eu bater a cabeça e não acordar mais até amanhã.
- Tá bom! – Concordou, de repente parecendo muito feliz.
Revirei os olhos e saí do banheiro, deixando ele se virar dessa vez. Deixei a porta só encostada, sei lá, por segurança.
Tirei os lençóis podres da cama e botei pra lavar, mas, antes de trocar por novos, até esfreguei – na base do ódio, claro - toda a superfície do colchão com um pano molhado, só pra ter certeza que nada tinha pingado ali. Também tinha um pouco de vômito no chão e passei o pano por ali também de um jeito meio foda-se, não tava com paciência, só queria tirar logo aquele cheiro de podridão que parecia que alguém tinha morrido.
Depois de jogar o pano na máquina de lavar, voltei ao quarto, bufando e olhando em volta, procurando por mais desgraça. O quarto parecia em ordem e não tinha mais nenhum cheiro desconfortável no ar. Deixei a cabeça cair pra trás, cansado.
Foi então que eu voltei minha atenção ao banheiro, o único som que circulava pelo lugar era o do chuveiro ligado. Ergui uma sobrancelha, desconfiado. Será que tava tudo bem? Tava tudo silencioso demais...
Sendo o Deku, isso não deve significar boa coisa.
Me aproximei da porta pra espiar pela brecha. Juro que não queria dar uma de tarado, só queria mesmo ver se a cabeça dele ainda tava grudada no pescoço.
E adivinha?
O filho da puta tava tomando banho de roupa!
- DEKU! – Entrei chutando a porta, observando quando ele se virou, assustado. – Que porra é essa?!
- PERVERTIDO!! – Berrou, se cobrindo (?) com uma toalha que tava pendurada ali. – SAI! TARADO!!
- Deku...? – Franzi o cenho. Esse viado tá muito louco. Por que ele não pôde só dormir de uma vez assim que chegamos no meu apartamento? Puta merda, só complica a minha vida. – Você tá vestido, porra.
- Hã? – Ele arregalou os olhos e olhou pra baixo, soltando um risinho sem graça quando se tocou que ele realmente ainda tava com as roupas, mas, agora, ensopadas. Bebum burro do caralho. – Minha nossa... que coisa, né?
Fiquei olhando pra ele com os braços cruzados e cara de cu, me perguntando se ele fazia de propósito ou se era a bebida mesmo.
Suspirei, que se foda.
Me aproximei e, quando segurei sua camisa para puxá-la pra cima, o cuzão me impediu, segurando minha mão.
- O que você tá fazendo, Kacchan?! – Perguntou com os olhos arregalados como se eu estivesse prestes a devorá-lo ali.
Esse filho da puta é o mesmo que tava dizendo minutos atrás que queria ser enforcado por mim durante o sexo?
- Até onde eu sei, as pessoas tiram a roupa pra tomar banho. – Falei com cara de quem tava pouco se fodendo, e eu tava mesmo, só queria dormir e, talvez, beber uma garrafa de cerveja que vi na geladeira, acho que mereço pelo menos isso.
- M-mas você não pode tirar minha roupa assim, você não é mais meu namorado, não pode me ver pelado. – Falou Deku com um biquinho fofo e uma voz manhosa até demais, que, por alguns segundos de delírio, me fez querer botá-lo de joelhos e dizer: mama.
- Ontem eu te vi pelado e continuamos não namorando. – Retruquei, simplesmente me dando por vencido e acompanhando ele naquele papo louco de bêbado, pelo menos eu poderia me divertir um pouco com isso. A água do chuveiro tava respingando em mim, mas eu nem tava ligando pra mais nada, minutos antes eu tava todo vomitado e cheirando a catinga.
- Eu sei, mas... – Ele aumentou o biquinho e ficou em silêncio. Revirei os olhos e ignorei aquilo. Comecei a puxar sua blusa pra cima devagar e, dessa vez, ele não relutou, até levantou os braços pra cooperar.
Sei que não era hora pra isso, mas não pude evitar encarar seu peito nu por um momento. Deku é definido, mas de uma forma tão delicada e sutil se for comparar comigo, os músculos de seus braços são pequenos e não muito aparentes. Cintura fina, perfeita nas minhas mãos. Ele é mais baixo que eu de um jeito que tem que levantar a cabeça pra me olhar, só que, agora, ele fitava os próprios pés, parecendo pensar em algo ou não pensar em nada, sei lá o que se passa na porra da cabeça de um bebum, principalmente se esse bebum for o Deku. Por sua cabeça estar inclinada pra baixo, eu tinha a visão dos seus cabelos verdes molhados, bem diante de mim. Discretamente, abaixei um pouquinho, de uma maneira praticamente imperceptível, e dei uma fungada discreta em suas madeixas. Fiquei surpreso com o cheirinho leve e gostoso que se desprendia dali, eu jurava que devia estar com cheiro de vômito também.
Minhas mãos coçavam.
Tão fácil. Eu poderia só segurar seus braços e colar seu peito na parede, seria fácil. Eu poderia dar uns chupões naquele pescoço que ainda tinha a marca dos meus dedos ali, por causa do meu descontrole de mais cedo. Ele parecia tão inocente agora, tão vulnerável e bonito. Eu poderia abaixar suas calças e foder suas coxas, só precisava de um alívio rápido. Talvez eu não resistisse e acabasse esfregando a cabeça do pau no seu buraquinho, ele soltaria um gemido manhoso e eu diria só a cabecinha, mas, no fundo, eu saberia que não sou forte o suficiente pra cumprir essa promessa.
Porra, o que eu tô fazendo?
Estalei a língua no céu da boca e dei um passo pra trás de um jeito brusco. Não queria ter dado tão na cara, mas óbvio que não consigo ser discreto quando fico puto.
Me sentia um maluco pervertido da pior raça agora, queria me socar. Me aproveitar do Deku seria algo que eu nunca faria, nem com ninguém, mas o pensamento incontrolavelmente passou pela minha cabeça e me senti tão errado por ter gostado tanto.
Deku percebeu aquele afastamento repentino e levantou a cabeça pra me encarar com seus olhos verdes, grandes e fofos, parecendo confuso de um jeito que me deixava com vontade de chupar sua língua.
Respirei fundo e joguei sua camisa – antes em seu corpo - na pia ao lado. Eu tava quase saindo do box, porque o meu pau tava começando a dar umas puladas dentro da calça e eu sabia que coisa boa não tem como sair disso.
Eu sou uma babá de merda.
Culpa do filho da puta do Kirishima, eu não tava naquela situação por livre e espontânea vontade!
Mas foi aí que a mão do Deku segurou suavemente meu pulso e eu instintivamente virei rápido pra encará-lo. Por que eu me sentia tão ansioso de repente?
Que raiva.
- Eu... preciso... – Ele começou a falar, sem jeito. Porra, o que deu nele agora? Esse jeitinho tímido me deixa muito duro, que ódio. – P-preciso de ajuda pra tirar... a calça...
Mordi o lábio.
Porra.
Não, não.
Eu tenho autocontrole, ok? E ele é muito bom.
Mas não sei se consigo confiar tanto no meu autocontrole assim, e não quero arriscar.
- Você se apoia em mim e tira a calça, então. – Falei, me aproximando de novo, porém, virando de costas pra ele e ficando de frente pra parede de azulejos. Suspirei, ficando internamente agradecido quando ele não protestou.
Se eu botar os olhos nas coxas e na bunda do Deku, pode ser o meu fim.
Uma de suas mãos se apoiava em meu ombro e esse momento pareceu demorar uma eternidade. Prendi o ar quando o Deku botou sua calça em meus ombros, em seguida a cueca.
Porra.
Meu pau pulsou de qualquer forma, e eu nem tava vendo nada.
Queria mais do que tudo comer o Deku embaixo daquele chuveiro.
- Eu vomitei nessas roupas e elas nem são minhas... – Ele murmurou. Joguei sua calça e cueca em cima da pia ao lado.
- Como assim?
Continuei parado ali. Do jeito que ele ainda tava meio alterado, ele ia precisar de apoio pra tomar banho, né? Por mais que essa minha caridade custasse a porra da minha sanidade.
- Um amigo me emprestou.
Franzi o cenho.
- Que amigo? – Tive vontade de virar pra encará-lo, mas me segurei.
Ele soltou uma risadinha e, pelo som, percebi que ele começava a passar shampoo na cabeça, com uma mão ainda no meu ombro.
- Um amigo muito legal... – Ele respondeu em um tom que me irritou pra caralho.
- Quem é esse doido? Eu conheço?
- Não é da sua conta, Kacchan. – Soltou mais uma risadinha e eu grunhi de ódio.
- Não é da minha conta, né? Mas o filho da puta que tá aqui bancando a tua babá sou eu, né?
Deku riu e, de repente, soltou um resmungo desconfortável e sua mão deu uma apertada no meu ombro.
- Ai, Kacchan. Caiu sabão no meu ombro!
- E eu com isso? Quer que eu sugue o sabão com a boca? – Arqueei a sobrancelha, cruzando os braços, meus olhos fuzilando os azulejos da parede. – Chama lá teu amigão.
- Hhmm... você é tão malvado, Kacchan...
Passaram alguns minutos e eu não falei nada, fiquei só encarando a parede de braços cruzados e com cara de cu, um vinco forte entre as sobrancelhas.
Não bastava passar por essa merda, ainda tinha que ouvir mais merda. Puta que pariu, eu sou muito fodido mesmo.
- Ei, Kacchan. – Ele esticou a outra mão e me mostrou o sabão. – Lava as minhas costas?
É o quê?
- Claro que não, tá doente? – Retruquei sem pensar duas vezes. Devo ter cara de idiota pra ele me fazer uma pergunta dessa. – Tá parecendo até deficiente que não sabe fazer nada sozinho, puta que pariu. Quer que eu cante uma canção de ninar pra tu dormir também, porra?
- É que eu não alcanço, poxa!
- Caguei.
- Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam, incomodam muito maaais... – Ah, não. Não acredito que ele vai mesmo cantar essa porra dessa música do demônio. – Dois elefantes incomodam muita gente, três elefantes incomodam, incomodam, incomodam muito maaaais! – Meu olho começou a tiltar de novo. – Três elefantes incomodam muita gente, quatro elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito maaaaais... – Cerrei os punhos. Não, não vou ceder. – Quatro elefantes incomodam muita gente, cinco elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito maaaaais! – Apertei os olhos com força, a veia da minha testa saltando e meu sangue fervendo. Deku tá na quinta série, porra? – Cinco elefantes incomodam muita gente, seis elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam, incomodam, incomod-
- PARA COM ESSA PORRA! – Berrei, virando rapidamente e pegando o sabão da mão dele de forma brusca. Tava tão transtornado que nem tava ligando mais pra porra nenhuma. – Vira aí, porra.
Ele abriu um maldito sorriso vitorioso e fez o que eu pedi, ficando de costas e apoiando as mãos na parede.
Precisava mesmo se empinar todo, caralho?
O tique nervoso do meu olho ficou mais forte e, com muita força de vontade, desviei os olhos daquele rabo.
- É pra lavar as costas ou o cu? Fica direito, porra. Tá abusando muito da sorte.
- É que eu preciso me apoiar em algum lugar, né? – Ele retrucou, o tom de voz muito suspeito. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando me concentrar, por mais que as minhas bolas inchadas fossem muito boas em me persuadir. – Minha cabeça tá doendo muito, Kacchan... quase não sinto as minhas pernas...
- Eu vou te dar um real motivo pra não sentir as pernas... – Murmurei, falando mais pra mim mesmo do pra ele. Contra a minha vontade – que nem tudo o que aconteceu naquela noite -, comecei a lavar suas costas.
Quando eu percebi que tava lavando as costas dele com uma delicadeza desnecessária – meus olhos concentrados em não escorregar pra baixo, por mais que eu pudesse enxergar muita coisa pela maldita visão periférica -, eu me irritei comigo mesmo e bufei, esticando o sabonete pra ele de volta.
Esse filho da puta rabudo do caralho, queria era enfiar aquele sabonete no cu dele até o talo.
- Toma, agora se vira com o resto.
Ele soltou um muxoxo como se estivesse desapontado, mas não protestou e pegou o sabonete, virando de frente pra mim de novo.
Eu, no entanto, não consegui mover os meus pés.
Fiquei ali, parado, o encarando.
Caralho, Bakugou. Você também não se ajuda, né, filho da puta?
Deku levantou a cabeça e seus olhos fitaram os meus, mas depois começaram a deslizar dos meus ombros para meu peito, meus braços, minha barriga e, enfim, parando no volume em minha calça de moletom.
Engoli em seco.
Porra, por que eu engoli em seco? Isso é coisa de virjão!!
Ele voltou a encarar o meu peito, eu também já tava todo molhado por estar do lado dele no chuveiro. Me surpreendi quando ele esticou a mão, começando a passar o sabonete na minha pele perto da minha clavícula, devagar.
Franzi o cenho. Que merda é essa?
- Deku, que porra cê tá fazendo? – Perguntei, mas minha voz não saiu com a força que eu queria.
- Você tem que tomar banho também, né? – Seus olhos grandes voltaram a encarar os meus, parecendo duas estrelas de tão brilhantes. Lindos. Ah, eu me perdia nesses olhos... – Fez muita coisa por mim hoje, deixa eu fazer isso por você, hm?
Suspirei, sentindo sua mão pequena deslizando pelo meu peito e descendo pela minha barriga devagar, vez ou outra chegando perto da barra da minha calça. Queria segurar sua mão e forçá-lo a parar, mas, de repente, eu não tinha mais forças.
Sua outra mão veio e pousou no meu ombro, apertando de leve ali. Fechei os olhos e respirei fundo, minhas mãos coçando.
- Para, Deku... – Resmunguei.
- Não quero... – Ele se aproximou, a mão antes em meu ombro descendo pro meu peito e arranhando ali, enquanto a outra continuava passando o sabonete nos gominhos da minha barriga.
Fechei os olhos e respirei fundo, tentando buscar autocontrole de algum lugar.
- Por que você tá fazendo isso? – Perguntei de um jeito tão sereno que, se minha cabeça não estivesse tão na merda naquele momento, eu teria ficado surpreso. – Ontem você disse que não queria me ver nunca mais, por que tá fazendo isso agora? – Era uma pergunta idiota, eu sabia que ele tava bêbado, mas...
Ele se aproximou até tornar a distância entre nossos corpos quase nula. Se dedicando em foder o meu psicológico, Deku aproximou os lábios vermelhos do meu peitoral e começou a arrastar a boca lentamente na pele quente dali. Meus olhos estavam vidrados na cena, meu pau já formando uma barraca enorme na minha calça. Aquela cena causou arrepios tão eletrizantes em mim que não pude conter um gemido baixo e rouco.
Tô fodido.
- Quem me dera se essa fosse a única promessa sobre você que eu não conseguisse cumprir, Kacchan... – E me encarou.
Ah, porra.
Espero que você me perdoe por isso, Deku.
Minhas mãos foram até seu rosto, as firmando em sua mandíbula, meus polegares em suas bochechas. Andei para frente, empurrando seu corpo até que suas costas batessem na parede, agora sentindo toda a água do chuveiro caindo sobre nós dois. Afundei meu nariz em seus cabelos verdes molhados, cheirando forte. Pude sentir o Deku tremer sob mim e meus polegares acariciaram seu rosto, suas pálpebras tremulando.
- Você não pode falar uma coisa dessas pra mim, Deku. – Murmurei rouco, minha boca colada em seus fios musgos. Respirei fundo, sentindo aquele cheiro gostoso preenchendo meus pulmões. Meu coração batia de um jeito que me deixava quente, mas, ao mesmo tempo, assustado. Irritado. – Porra, você não sabe o que faz comigo...
Suas mãos cobriram as minhas e ele ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam e eu não sabia se era impressão por causa da água ou se eles estavam marejados.
Meu peito doeu, e eu odiei aquela sensação. Sempre odiava.
- Então fica comigo, Kacchan. – Ele sussurrou como se fosse um segredo, e eu senti muita raiva pelas palavras impensadas de um bêbado terem me afetado de um jeito que não deveria acontecer, não mais.
E eu, fazendo algo mais impensado ainda, fui com tudo contra sua boca, a força daquele beijo fazendo sua cabeça bater na parede. Ele estava tão fácil de manipular, sua língua só seguia a minha, me deixando fazer o que quiser. Tão errado, mas parecia tão fodidamente certo. Eu chupava a sua língua, tão macia e gostosa, pra dentro da minha boca, engolindo aquele seu gemido manhoso que me deixa louco. Minhas mãos desceram do seu pescoço para a bunda, enchendo minhas palmas com aquele rabo gostoso, que tive que me segurar a noite inteira para não agarrar. Descontei todo o meu tesão e raiva ali, apertando com vontade, afundando os dedos até a carne farta pular pra fora. O seu gemido esganiçado abafado pela minha boca me atiçou a ponto de deixar um tapa forte em uma das nádegas, puxando a polpa da bunda e arrastando pra cima, só pra soltar a carne e sentir ela pular.
Porra, meu pau tava doendo de tão duro, mas não sabia o que mais me deixava puto: a vontade louca do meu pau de se esconder no buraquinho daquele rabo ou o meu coração que me traía.
Foi quando a mão do Deku apertou a minha ereção que eu acordei, me afastando do Deku em um pulo para trás.
Assustado e ofegante, eu o fitava, sem acreditar no que fiz.
Porra, porra, porra!
Não acredito na merda que eu fiz...
Eu me aproveitei do Deku bêbado!
- Kacch-
Não falei nada e saí do box rapidamente.
Respirei fundo e, com uma sensação pesada no peito, finalmente bati a porta, sem olhar pra trás.
~*~
Depois que me sequei com uma toalha aleatória que achei perdida no meu quarto, troquei aquela minha calça de moletom preta molhada por uma de moletom branca, vestindo uma regata preta. Baguncei os meus fios loiros molhados com a mão mesmo e saí do quarto, batendo a porta com força.
Porra, que raiva. Eu tava muito puto comigo mesmo.
Não acredito que me deixei levar assim...
Que merda.
Eu deveria contar pra ele amanhã ou fingir que nada aconteceu? Mas se ele lembrasse...
Dei um soco na parede, minha respiração saindo alterada.
Puta que pariu.
Tudo culpa do filho da puta do Kirishima.
Nem fodendo que eu vou dormir no sofá, vou acabar virando um caracol de tanto me espremer ali e minha noite já tava merda o suficiente. Peguei uns cobertores e um travesseiro e fiz uma cama improvisada no chão da sala, mas claro que eu não consegui dormir. Nem se o coral de anjos mais bonito cantasse eu conseguiria me acalmar.
O barulho do chuveiro tinha parado e eu encarava o teto enquanto me perguntava como o Deku estava.
Porra, que se foda.
Estalei a língua e cobri meus olhos com as mãos, puto.
Passou um tempo e eu já tinha aceitado que não dormiria naquela noite. Levantei e fui na cozinha beber uma cerveja. Eu encarava algum ponto aleatório da mesa, meus pensamentos totalmente conectados no cara que dormia na minha cama.
Suspirei pesarosamente, bagunçando meus cabelos com força.
Não.
Não.
Porra, não.
Eu odeio o Deku.
Eu odeio.
ODEIO!
Arremessei o copo contra a parede, tornando-o só um monte de cacos de vidro espalhados pelo meu chão.
- Porra, porra... – Eu arrastava minhas mãos pelo rosto com força o bastante pra arrancar minha pele. – Caralho, não... isso não pode tá acontecendo... – Dei um soco na superfície da mesa, deitando minha testa ali. Eu tava em luta comigo mesmo. – Ele é um filho da puta... um bastardo maldito do caralho... não é possível que eu ainda... – A frase se perdeu no ar quando fechei os lábios numa linha reta. Comecei a andar em círculos pela cozinha, perdido em meus próprios pensamentos, tentando lutar contra toda essa merda irritante que crescia mais e mais em meu peito, contra aquilo que é muito mais forte do que eu. – Eu sou um burro do caralho, eu sou muito burro, porra...
Não.
Eu não posso gostar do Deku.
Isso é impossível, isso é...
Ele me traiu. Ele acabou comigo de um jeito que eu jurei que ninguém nunca mais faria igual ou minimamente parecido.
E, mesmo assim, ele tá aqui. Na minha casa, na minha cama, nos meus lençóis, na minha cabeça, dentro do meu peito.
Mesmo assim, ele continua conseguindo o que quer. Continua conseguindo me tornar o animal mais burro do planeta.
Continua me deixando assim, me fazendo socar paredes e quebrar coisas que nem um babaca, tudo porque não consigo lidar com toda essa merda, essa merda que já devia ter ido pra casa do caralho, há quatro anos.
E por quê?
Por que eu nunca consegui esquecer o Deku?
Por que eu continuo não conseguindo esquecer o Deku?
Eu não entendo o que ele tem que me deixa assim. Não entendo por quê...
Não entendo por que eu ainda o amo.
Não faz sentido.
Não tem uma porra de um sentido, caralho!
EU SOU MUITO BURRO, PUTA QUE PARIU!
Devo gostar de tomar no cu, só pode.
Não sinto nada além de raiva. Raiva, muita raiva. Ódio genuíno. Raiva do Kirishima, do Deku, mas, principalmente, raiva de mim. Raiva por eu ter plena consciência do filho da puta de merda que ele é e, mesmo assim, estar aqui, nessa porra de situação de merda, em que meu coração e cérebro parecem não se conectar.
- Puta que pariu. – Virei todo o resto da cerveja, sentindo uma leve ardência na garganta.
Porra, só queria uma vodka agora.
Fiquei mais alguns minutos na cozinha me odiando por ser tão estúpido. Queria tirar o Deku da minha cama pelos cabelos e jogá-lo na rua, e o fato de não conseguir fazer isso me deixava com mais ódio ainda, me fazia mais estúpido ainda.
Bufei e marchei até a sala, decidido a deitar naquela porra de montanha de cobertores que eu joguei ali e dormir.
Quando eu cheguei lá, porém, já tinha um corpo deitado em meio aos cobertores, encolhido em posição fetal e abraçando meu travesseiro. Usando uma camisa minha, ainda por cima.
Fiquei paralisado diante daquela cena patética, sem conseguir acreditar naquela merda.
O Deku tava num estágio de bêbado avançadíssimo.
O estágio: BEBUM FILHO DA PUTA LOUCO PRA FODER A PORRA DA MINHA VIDA.
Me aproximei sem muita paciência e comecei a dar leves chutes em sua coxa com meu pé, querendo acordá-lo. Ele se espreguiçou e abriu os olhos, me fitando confuso como se não entendesse o que eu tava fazendo.
Bebum cínico do caralho.
- Porra é essa, Deku? Mais essa agora? Levanta esse rabo daí, anda. Vaza, vaza. – Tentei puxá-lo pelo braço, mas ele gritou e começou a se esconder debaixo dos cobertores. Estalei a língua, rangendo os dentes. – Porra, filho da puta! Cê tem uma cama enorme lá, tá querendo fazer o quê aqui, caralho?!
- Tá muito frio lá, Kacchan! – Sua voz saía abafada por estar enrolado nos cobertores.
É sério isso?
- Que se foda, volta pra lá e finge que tá no Polo Norte, melhor ainda. Vaza!
- Eu quero dormir com você, para de ser chato! – Exclamou, manhoso.
Bati o pé no chão e, puto, já fui arrancando os cobertores abruptamente de cima dele, descobrindo-o. Deku se assustou e se protegeu com os braços (?).
- Se não vai por bem, vai por mal. – Agarrei seus dois braços e o levantei como se fosse um boneco de pano, e saí o arrastando até o quarto. Foi um pouco difícil, sério, ele não parava de se debater e forçar o corpo contra o chão pra dificultar as coisas pra mim, mas eu consegui.
Quando eu o joguei na cama, no entanto, ele deu um jeito de enroscar os braços em volta do meu pescoço e acabou me levando junto, me fazendo cair por cima dele.
Ô, porra.
- Deku! Que merda, parece quinta série! – Tentei levantar, mas, além dos braços, ele foi rápido em abraçar minha cintura com suas pernas.
Detalhe: isso me fez perceber que ele não usava absolutamente NADA por baixo, nenhuma cueca, pano, NADA.
Então ele, inconscientemente, começou a esfregar aquela porra de pinto mole em mim.
Que maravilha, nossa. Essa noite é um sonho se tornando realidade.
Eu ficava me debatendo e vez ou outra conseguia fazer o Deku afrouxar um pouco o aperto, mas ele logo voltava a se enroscar em mim com toda a força.
Deku pode não ser o ser mais intimidador do mundo, ou o mais forte também, mas, caralho, que talento esse filho da puta tem pra ser um chiclete!
Não deu, depois de uns cinco minutos acabei desistindo de tentar e, derrotado e ofegante, deixei que o peso do meu corpo caísse sobre o dele.
- É sério isso? – Perguntei com a respiração alterada. – Dá pra ser mais infantil do que isso?
- Para de me rejeitar!
Bufei, cansado de todo aquele joguinho de bebum.
- Rejeitar? – Soltei um riso nasal breve. Minha bochecha tava colada em seu peito e eu podia ouvir as batidas do seu coração. Um sentimento estranho me invadiu. Se o Deku não lembraria dessa merda amanhã, talvez eu pudesse... – Se tem uma coisa que eu nunca fiz foi rejeitar você, Deku... – A fala saiu em um tom baixo, mas completamente audível em meio ao absoluto silêncio daquele quarto frio – e nem me refiro à temperatura.
- Não fui eu que terminei, Kacchan. – Revidou no mesmo tom baixo, mas sua voz era macia e doce.
Fechei os olhos, suspirando.
Eu jamais entraria em um território tão sombrio assim se aquele momento fosse real.
Mas não era, era um sonho.
Deku acordaria amanhã e, para ele, tudo não terá passado de um sonho.
- Queria poder voltar no tempo.
- Pra não terminar comigo?
- Não. – Eu encarava um ponto aleatório do quarto, minha expressão vazia. – Pra não ter conhecido você.
O aperto em volta do meu corpo afrouxou, mas, de repente, não tinha mais tanta vontade de sair de cima dele. Não tinha mais muita vontade de nada.
- O que te fez me odiar tanto...? – A pergunta saiu sussurrada, quase inaudível.
Soltei uma risada nasalada.
Até mesmo bêbado, ele finge que não sabe.
Inacreditável.
- Quem me dera se o que eu sentisse por você fosse só isso...
E caímos num silêncio profundo, como um abismo.
Muito tempo se passou e continuamos na mesma posição. Eu só ouvia o som da sua respiração saindo serena, seu peito subindo e descendo lentamente sob minha cabeça. Percebi que, finalmente, ele tinha dormido e, quando ergui minimamente a cabeça, tive a certeza.
Mas eu não levantei e fui embora, como eu queria.
Em vez disso, me deitei ao seu lado e o puxei contra mim, encostando sua cabeça em meu peito. Meus dedos começaram a fazer uma carícia em seus cabelos verdes, meus olhos focados em nada, ainda atônitos demais pra aceitar aquela realidade de merda.
De repente, a perna do Deku cobriu as minhas, seu braço envolvendo a minha cintura. Ele soltou o ar contra o meu peito, seus olhos ainda fechados e, resmungando baixo em meio a um sono profundo, disse:
- Só por essa noite, podemos fingir que ainda estamos juntos...
Meu peito doeu como nunca, um monte de lembranças me atingindo como milhões de facas ao mesmo tempo, abrindo feridas que já deveriam ter cicatrizado.
Eu abracei seu corpo pequeno fortemente, deitando meu rosto no topo da sua cabeça, me inebriando com aquele cheiro gostoso do seu cabelo. Fechei os olhos fortemente e respirei fundo.
- Eu nunca vou ser feliz de novo como eu fui com você, Deku.
Mas amanhã você volta a me chamar pelo primeiro nome.
~*~
Midoriya
Acordei com uma dor de cabeça desgraçada, nossa.
Demorou alguns minutos para a minha vista normalizar. Até os meus olhos doíam. Tive que tampar o rosto com as mãos para não ser cegado pelos raios de Sol que atravessavam a janela.
Me sentei, por algum motivo sentindo dor no corpo todo. Me espreguicei, escutando o que parecia ser o som de todos os meus ossos estalando.
- Minha nossa senhora da bicicletinha... – Murmurei, a voz rouca por ter acabado de acordar. Sentia como se tivesse dormido mil anos, mas meu corpo estava mais preguiçoso do que nunca. – Uraraka? – Por algum motivo o nome dela me veio à cabeça e, então, alguns flashs da festa de ontem vieram. – Porra... – Bufei, passando as mãos pelo rosto. Nossa, que dor de cabeça... – Não lembro de ter ido pra casa ontem... – Olhei em volta. – Na verdade, não lembro de quase nada...
Espera.
Olhei em volta mais uma vez.
Aquele não era o meu quarto.
Mas eu definitivamente conhecia aquele quarto.
Arregalei os olhos e, desesperados, eles imediatamente buscaram por um corpo adormecido ao meu lado, mas não encontraram nada. Ainda assim, isso não fez meu nervosismo diminuir nem um pouco.
- Meu Deus... o que aconteceu? – Bati com a mão na testa. Porra, de novo isso. De novo, eu tô na cama do Katsuki. Isso não pode estar acontecendo... meu Deus, e a Uraraka? Onde que ela se meteu? Ela me deixou ir pra casa desse animal? Como acabamos naquela situação de novo? Não, não, não... - Transamos? – Arregalei os olhos e, assustado, tirei o cobertor de cima de mim, me assustando ao me ver só de camisa. Nem era minha, ainda por cima. – Cadê as roupas do Kohaku...? – Perdido, olhei ao redor, tentando encontrar as roupas jogadas ao lado da cama ou algo assim, mas nada.
Que bela amiga eu tenho, hein?
E, o pior, eu não lembrava de nada. Nada. Essa era a pior parte.
Eu lembrava de algumas coisas, lembrava que vi o Katsuki na festa e que chorei rios ouvindo umas músicas deprê. Malditas músicas deprê, acho que foi aí que o meu declínio começou. Lembro vagamente de ter surtado um pouco... Katsuki e eu brigamos? Porque eu acho que me lembro vagamente disso. A imagem dele vinha à minha cabeça de várias formas diferentes, todas eram lembranças de momentos diferentes da noite passada, mas ainda não conseguia me lembrar quais eram as situações e, muito provavelmente, nem conseguiria. Não lembrava de termos transado, muito menos de como fui parar na sua casa... lembro de ter vomitado...
Espera, estou cheiroso. Eu tomei banho?
Porra, minha cabeça tá doendo demais e eu tô confuso pra caralho.
Que desastre.
Tudo culpa da idiota da Uraraka!!
Me assustei com o som do meu celular tocando, e dei um saltinho nada macho.
Peguei meu celular que estava na mesa de cabeceira e franzi o cenho.
Mensagens de um número desconhecido.
Mais essa agora? Será que eu me meti numa encrenca ontem e agora tinha uma gangue atrás dos meus órgãos? Será que eu tava devendo muita grana pra alguém?
Porra, falando em conta, meu Deus... eu bebi muito ontem, tava tão bêbado que nem me liguei na preço da conta, mas certeza que deve ter saído uma fortuna. Eu tinha saído só com dinheiro o suficiente pra comprar umas três bebidas, no máximo, mas eu tinha plena certeza que bebi muito mais do que só três garrafas. Será que eu saí sem pagar? Não, a Uraraka deve ter pagado...
Será que eram mensagens do dono da festa me cobrando uns mil reais? Mas como ele tinha conseguido meu número?
TÁ, TÁ! Midoriya, pare de especular um monte de coisa e simplesmente leia a porcaria das mensagens!
Abri o chat da conversa já com o coração na boca.
[Número desconhecido]: ei fdp
[Número desconhecido]: tuas roupas de merda tao secando la no varal
[Número desconhecido]: e antes q tu pergunte
[Número desconhecido]: pq eu sei q tu eh um curioso do crl
[Número desconhecido]: n transamos
[Número desconhecido]: n como cu de bebum
Mas que merda...?
O fato do Katsuki ter meu número não me agrada em nada.
[Midoriya]: katsUKI???
[Midoriya]: posso saber como vc tem meu número????!!!
[Midoriya]: n me lembro de ter te dado
[Midoriya]: eu hein
[cuzao]: pedi pro fdp do kirishima q pediu pra jararaka
[cuzao]: tinha q te avisar sobre as roupas de alguma forma ne
[cuzao]: e deixar claro q a gente n fodeu
[cuzao]: ja q vc eh burrao
Mas hein?!
[Midoriya]: vc quis dizer Uraraka, né?
[Midoriya]: wtf era só ter deixado um bilhete seu idiota n precisava mandar msg
[cuzao]: bilhete eh coisa de viado
Não consegui conter uma risada, foi mais forte do que eu.
Cliquei na foto de perfil dele. Era uma foto toda mexida e parecia que ele tava em um show, mas eu não conseguia reconhecer nada além dos seus cabelos loiros na foto.
Ri de novo, simplesmente porque aquilo era muito a cara dele. Katsuki nunca que pararia para fazer pose pra uma câmera, só se fosse forçado a isso.
Lembrei das nossas fotos juntos. Era eu que sempre insistia pra tirarmos fotos e ele sempre saía com cara de cu. Por outro lado, ele gostava de tirar fotos minhas dormindo ou comendo, e eu também adorava tirar fotos dele, sempre tentando capturar um momento em que ele ria de alguma coisa ou só estava distraído e não percebia que eu tava tirando foto.
No dia em que terminamos, meu dedo coçou para apagar todas, mas não consegui. Fiquei um mês sofrendo enquanto as olhava, só então conseguindo coragem para apagar tudo. Doeu, mas senti um alívio enorme depois.
[Midoriya]: pq eu to na sua casa?
[Midoriya]: n lembro de nada
Ele demorou um pouco para responder e comecei a roer as unhas de tanta ansiedade.
[cuzao]: pergunta pra tua amiguinha fdp
[cuzao]: ela foi comer o cu frouxo do kirishima e te jogou pra mim como se eu fosse uma creche
[cuzao]: aquela arrombada do crl
Gargalhei.
É incontrolável. Eu posso até tentar, mas nunca vou conseguir levar o Katsuki a sério.
[Midoriya]: vc cuidou de mim então?
[cuzao]: ta me achando com cara de retardado??
[cuzao]: vc dormiu assim q chegou na minha casa
[cuzao]: ronca p crl hein deku
É o quê?? Desde quando eu ronco?
Bem, eu estava aliviado, por mais que não tenha gostado muito da última mensagem.
E o que eu tinha na cabeça quando fiz essa pergunta? Que idiotice a minha, nossa. Óbvio que o Katsuki não gastaria seu tempo cuidando de alguém.
Sou muito burro mesmo.
[Midoriya]: ronco nada!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
[Midoriya]: nós dormimos juntos?
De novo, ele demorou pra responder.
Ai, que ansidedade! Eu vou surtar!
[cuzao]: nao
[cuzao]: eu dormi na sala
[cuzao]: agr tira esse rabo da minha casa fdp
[cuzao]: e n esquece q vc ainda tem q me entregar minhas roupas de ontem
[cuzao]: eu gosto daquele casaco
[cuzao]: kct
Hm...
Ele disse que não aconteceu nada.
Essa história tá muito mal contada. Por que eu sinto que ele tá mentindo?
Me sinto estranho...
Levantei da cama e fui direto pro varal pegar minhas roupas – as roupas do Kohaku, na verdade. Aí, eu olhei pras roupas do Kohaku, olhei para a camisa do Katsuki que tava no meu corpo...
Mas... espera.
Se eu cheguei na casa do Katsuki e fui dormir na hora, como ele disse...
Por que eu tava pelado e só usava uma camisa dele, então?
Se eu fui dormir, eu ainda teria que estar vestindo as minhas próprias roupas.
Não faz sentido.
Mais coisas aconteceram e ele não quer me contar, certeza.
Se ele me comeu enquanto eu tava bêbado, eu mato ele, definitivamente.
Comecei a procurar por algum sinal de sêmen nas minhas coxas, mas não tinha nada. E eu não sentia nada dentro do meu cu, também.
Mesmo assim, não me sentia aliviado.
Suspirei.
Já com as minhas roupas, saí da casa do Katsuki, aquele sentimento desconfortável ainda martelando no meu peito.
Eu lembrava do rosto do Katsuki ontem, falando comigo. As lembranças ainda estavam embaçadas e confusas, mas com certeza estávamos na sua casa. Se eu cheguei e dormi direto, essas lembranças não fazem sentido...
Ou ele tá mentindo pra mim, ou eu tô muito confuso e isso tá me fazendo viajar na maionese.
Já no ônibus, a caminho da faculdade, que eu inclusive estava atrasado – Katsuki filho da puta, nem pra me acordar -, comecei a mandar mensagens pacíficas pra Uraraka.
[Midoriya]: FILHA DA PUTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
[Midoriya]: VC ME ABANDONOU
[Midoriya]: ME DEIXOU SER PICADO PELO VENENO DA COBRA!!!!!!!!!!
[Midoriya]: SE BEM Q A VERDADEIRA COBRA EH VC
[Midoriya]: MALDITA EU TE AMALDIÇOO ATE OS ULTIMOS DIAS PRO RESTO DA SUA VIDA
[Midoriya]: DESGRAÇADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
[Best viada forever]: bom dia, amor
[Best viada forever]: se divertiu? ;)
[Midoriya]: ENFIA ESSA PISCADINHA NO OLGO DO TEU CU AAAAAAAAAAA
[Best viada forever]: já tá até falando que nem o boy, acho q a noite foi produtiva
[Midoriya]: PRODUTIVA????
[Midoriya]: N SEI NEM SE MINHA ALMA TAVA NO CORPO ONTEM A NOITE
[Best viada forever]: olha amigo, n vou mentir, vc pagou micao
[Best viada forever]: mas assim, faz parte sabe
[Best viada forever]: no pain no gain
[Best viada forever]: mas eai, conversaram???
[Best viada forever]: marcaram o casamento?
[Midoriya]: MEU DEUS EU VO TE MATAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR
[Best viada forever]: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKadoro
[Midoriya]: N ACREDITO Q VC ME ENGANOU, VC ME DISSE Q N TAVA DE COMPLÔ COM O KIRISHIMA
[Midoriya]: SE EU N ESTIVESSE TAO PUTO ATE TE DARIA UM OSCAR DE MELHOR ATRIZ
[Midoriya]: MALDITA!!AA!!
[Best viada forever]: amigo n ta cansativo usar tanto capslock assim??
[Best viada forever]: olha n sou tão víbora assim ok, no início eu realmente n tinha planejado nada
[Best viada forever]: na real foi ideia do kirishima
[Best viada forever]: mas eai conversaram ou n????
[Midoriya]: BELOVED???
[Midoriya]: COMO Q A GENTE IA CONVERSAR SE EU TAVA BEBADO PRA CRL
[Midoriya]: NEM SE EU TIVESSE SOBRIO EU IA CONSEGUIR TER UMA CONVERSA DE GENTE COM O OGRO DO KATSUKI
[Midoriya]: VC SO ME FEZ PASSAR A VERGONHA DO SECULO E AGR TO COM UMA PUTA DOR DE CABEÇA
[Midoriya]: PIRRA
[Midoriya]: ACORDA PRA VIDA
[Midoriya]: KATSUK E EU NNUNCA VAMOS VOLTAR
[Midoriya]: SE MANCA
[Best viada forever]: pode deixar q eu vo chegar na facul mancando hj, a noite com o kirikiri foi mara ;)
[Midoriya]: AMADA?????????????????????
[Best viada forever]: podia ser vc e o katsuki mas vcs n cooperam ne, trist
[Best viada forever]: so oq me resta agr eh fazer uma fanfic de vcs, pelo menos na minha imaginação vcs vao ficar juntos e transar MT
[Best viada forever]: aí eu vou poder saciar um pouco minha sede de interações bakudeku
[Best viada forever]: ai ai foda ser bakudeku shipper.............................. sofro
[Midoriya]: AMADA??????????????????????????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
[Midoriya]: SUA DOENTE NUNCA MAIS VO FALAR COM VC
[Midoriya]: N OUSE NEM MAIS OLHAR PRA MIM
[Best viada forever]: anotado
[Midoriya]: VC ACHA LEGAL FICAR AI FURNICANDO COM O “””””KIRIKIRI””””” ENQNT ME JOGA PROS TUBARÕES???????????????????????????????????????????
[Midoriya]: VC FAZ A REGINA GEORGE CHORAR NO BANHO
[Midoriya]: VO ACABAR COM TUA VIDA
[Midoriya]: SUA CRÁPULA
[Best viado forever]: ok viado, vo te comprar um lanche
[Midoriya]: hm
[Midoriya]: ok
Pelo menos, vou sofrer com o buchinho cheio.
[Best viada forever]: mas vc fez o katsukizinho sofrer hein
[Best viada forever]: ele deixou umas 30 ligações no cel do kirishima ontem
[Best viada forever]: E A CEREJA DO BOLO:::::: dps eu voltei pro bar pra pagar a conta e adivinha??????
[Best viada forever]: JÁ TINHA SIDO PAGA
[Best viada forever]: perguntei pro garçom e ele me disse q quem pagou foi o “loiro puto q quer bater em todo mundo” ELE DESCREVEU EXATAMENTE ASSIMKKKKKKKKK poise o seu amado causou uma ótima primeira impressão aparentement
[Best viada forever]: poise viado, vc fez o loirinho sofrer ;)
[Best viada forever]: E FOI UMA CONTA DE MAIS DE 300 REAIS!!!!!!
[Best viada forever]: a senhora é destruidora msm parabéns
[Best viada forever]: bicha poderosa
Mas hein??
Tem MUITA coisa que o Katsuki não me contou, definitivamente.
Durante todo o caminho até a universidade, minha mente viajou nos acontecimentos desses últimos dias. Puta que pariu, só dois dias foram o suficiente para virar a minha vida de cabeça para baixo.
Vou esclarecer as coisas na U.A. hoje à noite mesmo, quando eu for entregar o casaco vermelho e a calça preta que ele me emprestou.
Se ele pagou uma conta minha de trezentos reais, por que ele não falou nada? Por que não jogou isso na minha cara? Nem pediu nada em troca...?
Será que ele só tá esperando o momento certo pra esfregar isso na minha cara?
Que estranho.
Katsuki vai me contar exatamente o que aconteceu essa noite. Nos mínimos detalhes.
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