— Eu prefiro com açúcar, adoçante tem um gosto muito artificial.
Eu e Jisung estávamos conversando sobre coisas aleatórias enquanto caminhávamos em direção à saída do colégio. A chuva de poucos minutos atrás havia estiado então daria para andar até o ponto de ônibus sem me molhar.
— Concordo... — o mais velho coçou a nuca assim que chegamos ao ponto — É... S/N, você vai estar livre esse final de semana?
— Provavelmente, porque?
— Quer sair comigo?
Naquele momento eu tinha congelado. Eu sei que fico bancando a durona que não se apaixona, mas todos já percebemos que tem um clima rolando aqui. Jaemin disse-me que Jisung gosta de mim além da amizade e quer tentar algo, e como eu não sou nem um pouco besta - talvez só um pouquinho - vou dar essa chance de nos conhecermos melhor, e se der tudo certo, irei aceitar um futuro pedido de namoro, afinal, Jisung é um garoto bonito, educado, bastante carinhoso que se importa comigo, então, o que custa?
— Ahm... tudo bem, eu aceito. — seu semblante preocupado sumiu dando lugar a um sorriso lindo.
— Então estarei te esperando sábado, às quatorze horas na porta da sua casa. Bom, preciso ir... até amanhã — beijou minha bochecha e seguiu o caminho para sua rua.
Fiquei esperando por uns cinco minutos até meu ônibus chegar. Entrei no transporte e paguei minha passagem, andando até o penúltimo banco e me sentando. Coloquei meus fones de ouvido e escolhi uma musica qualquer, assim que o fiz, apaguei a tela do celular e fitei o vidro da janela, que no momento haviam pequenas gotículas de água.
As cenas de Changbin me levantando mais cedo apareceram na minha mente com força e novamente senti meu coração acelerar ao lembrar da aproximação de nossos rostos. Falando no mesmo, não o vi desde a hora do intervalo, ele simplesmente sumiu e quando voltamos para sala, seu material não estava mais lá, acredito que ele tenha passado mal e teve que ir para casa ou algo do tipo.
Tomei um susto ao perceber que já estava na minha rua e me levantei depressa, logo dando o sinal. O motorista parou o grande automóvel e então eu desci, apertei meus braços contra meu corpo assim que a brisa gélida tocou minha pele. Abri a porta de casa e tomei um susto ao ver Seo Changbin sentado no meu sofá.
— O que faz aqui? — o garoto me encarou e logo se levantou, aproximando-se — Não chega perto de mim, como você entrou?
— A janela do seu quarto estava aberta.
— E isso te da o direito de entrar na casa dos outros? Fora daqui Changbin. — recuei meus passos assim que o moreno se aproximou — Se afasta.
— Calma, eu só quero conversar.
— Não temos nada para conversar.
— Tem certeza? — colocou as mãos em seus bolsos da calça — E sobre suas noites em claro pesquisando sobre meu passado, não é um assunto?
Não é possível, como ele sabia?
Arregalei meus olhos e o mundo parecia ter parado naquele momento, a vergonha e medo tomaram conta do meu corpo de um jeito absurdo e eu só conseguia encarar o garoto, sem emitir som algum.
— O gato comeu sua língua?
— D-Do que está falando? — merda eu gaguejei.
— Não se faça de tonta, S/N. Eu vim esclarecer algumas coisas, antes que você surte.
— Como você...
— Você fala muito mentalmente, S/N — revirou os olhos — As vezes minha cabeça dói.
— Como assim Changbin?
— Se você se acalmar eu posso te explicar o que tá acontecendo — olhei desconfiada para o garoto e assenti em seguida.
Coloquei minha bolsa na mesinha de centro e me sentei no sofá, Seo sentou-se ao meu lado e puxou ar nos pulmões, logo soltando a voz.
— Eu... como eu posso te dizer isso... eu meio que sobrevivo á base de sangue.
— Claro — ri — Ninguém vive sem sangue.
— Mas eu bebo sangue. — ri. Ele queria ser verdadeiro ou falar besteira?
— Como assim? Você é um sanguessuga?
— Você é um pouco lerda — Changbin riu — esses dias você leu um livro na biblioteca e nele dizia que eu tenho olfato super apurado e posso ler mentes.
— Ah — ri soprado — Você é um vampiro? Conta outra, Seo. Vampiros não existem.
— Não? — seu semblante agora estava sério — Pois, você se lembra naquele dia em que, segundo você, eu quase te abusei? Então, sabe o que me deixou daquele jeito? — neguei — O cheiro do seu sangue. É tão doce que me tira do sério, eu saí da sala para não fazer besteira mas você me seguiu e aquilo acabou comigo porque eu sabia que perderia o controle. Obrigado por me chutar.
Eu não sei o que me deixou mais nervosa. Changbin havia acabado de dizer uma coisa estranha porém cheia de sentido e meu pai acabara de abrir a porta da sala.
— Quem é ele? — o mais velho apontou para o garoto. Agora fodeu tudo de vez.
Meu pai é bem ciumento e odeia me ver com garotos, e para piorar, me encontrou com um garoto dentro de casa. Eu não quero nem ver o que vai acontecer, só quero morrer nesse momento.
— P-Pai? — por que diabos eu gaguejei? — O que está fazendo aqui? Saiu mais cedo?
Eu tinha um certo problema quando estava nervosa. Fazer perguntas com respostas óbvias não é o melhor a se fazer, acredite, eu sou a prova viva disso.
— Quem é esse garoto?
— Ele...—
— Sou o namorado dela. Me chamo Seo Changbin, senhor — meu colega respondeu e então o encarei com os olhos arregalados.
Changbin se levantou encarando meu pai e estendeu a mão, que logo foi apertada. Meu pai sorriu e me encarou. Tem alguma coisa errada ai...
— S/N não nos contou que esta namorando — encarou novamente Changbin — O que acha de jantar conosco hoje? Para nos conhecermos melhor.
Eu tava em choque. Meu pai nunca tomaria uma atitude dessas, primeiro que ele faria um escândalo quando visse Changbin, segundo; brigaria comigo por ter escondido meu “relacionamento” e terceiro; encheria Seo de perguntas - algumas absurdas-.
— Será um prazer. — Changbin sorriu simpático. Meu pai se despediu de nós dois dizendo ir descansar e subiu para o quarto.
— O que você acabou de fazer?
Por mais que não parecesse, eu estava puta - e muito confusa - com essa situação. Nada estava fazendo sentido.
— Fingi ser seu namorado — respondeu como se fosse óbvio. Revirei os olhos.
— Não isso. Você sabe do que estou falando, apenas responda porque não estou conseguindo formular a pergunta direito.
— Está aí outro motivo para você acreditar que sou um vampiro — riu nasalado — Eu só hipnotizei o seu pai — deu ombros — ele ia dar um chilique.
— Você o que? — gritei. Changbin me encarou sério — Você é retardado? Olha o que acabou de fazer. Como pode dizer que é meu namorado e ainda fazer isso com meu pai? Changbin vo-... — e quando me dei conta, seus lábios haviam calado os meus.
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