História Na linha da vida - Pastor alemão

-oi pai! -falei ainda olhando para televisão.

-oi 

Meu pai caminha ate a mesa, se senta numa das cadeiras e começa a desamarrar as botas, em seguida se levanta, joga um envelope sobre a mesa e vai ate a geladeira. 

-o que é isso? -Coloquei a vasilha de pipoca no sofá, me levantei e fui a mesa.

-fotos de um assassinato. -ele falou antes de beber um copo de água.

-huuuuu -abri o envelope curiosa -mas é...um cachorro.

-exato, foi encontrado morto na floresta, umas pessoas ligaram para a central hoje a tarde, reclamavam de mal cheiro proximo a casa de campo deles. Fomos ao local e encontramos o animal a 100 metros da casa, nossa primeira suspeita foi de uma briga de cachorros, mas veja as mordidas  no pescoço - ele apontou para a foto -não parecem ter sido feitas por um cachorro, o que nos levou a suspeitar de canibalismo.

-canibalismo?! quem seria um monstro a ponto de comer um cachorro? -perguntei assustada e enojada.

-é isso que queremos saber. -disse meu pai puxando as fotos de minha mão. -você pode me ajudar fazendo sua propria enquete, mas agora, já pode ir dormir.

Me levantei da cadeira e subi as escadas, Teddy subia logo atrás, entramos em meu quarto e sentei na minha cama, Teddy senta ao meu lado, começo a me lembrar do ocorrido no parque, o pastor alemão, o sangue que eu pensei ser baba, a floresta e a pessoa de capuz.

-Você lembra do pastor alemão de hoje cedo, Teddy e do sangue que ele tinha em sua boca? eis minha enquete! eu lembro daqueles dentes, não sei se podiam deixar aquela marca, mas eram grandes o suficiente...-Me deitei na cama e respirei fundo.

Acordei com barulho de algo batendo contra a cerca, eu havia adormecido e Teddy dormiu ao meu lado. Levantei com cuidado, não queria acorda-lo, mas foi em vão. Descemos as escadas, eu me arrepiei ao pisar no chão frio da sala onde não havia carpete, abri um pouco a cortina da janela ao lado da televisão, meu coração gelou ao ver o que acontecia do lado de fora. Era o pastor alemão de hoje de manhã, ele carregava alguma coisa e deixava um rastro por onde passava. Ele parou ao perceber minha presença, sua boca estava deformada em um sorriso medonho, seu corpo era curvado como o de alguém com problemas na coluna, seus olhos profundos faziam meu corpo tremer. E num piscar de olhos, o cachorro correu e se jogou contra a janela em latidos altos e medonhos, sua "baba" respingava e sujava a janela, minha visão ficou embaçada, os latidos pareciam distantes e com um chiado ensurdecedor, caio para trás como se alguém me empurrasse com força, a unica coisa que vi foi meu pai descendo as escadas segurando sua arma.

Acordei um pouco zonza, estava em meu quarto, Teddy dormia no chão, me sentei com calma, mas a dor em minha cabeça continua intensa era como marteladas internas, fechei os olhos com força ate que passasse, respirei fundo e os abri novamente, pude perceber que as batidas eram reais e vinham do primeiro andar. Me levantei e cambaleei ate conseguir me equilibrar, por pouco não piso em Teddy, que acordou assustado. Desci as escadas escorada na parede, na mesa da cozinha havia um misto e suco de laranja, mais uma vez meu pai já tinha ido trabalhar.

-Já vai! -gritei.

Ao abrir a porta ergui minha cabeça com calma, meus olhos faltaram saltar das orbitas.

-Surpresa! -Falou o garoto alto, ele tinha cabelos castanho escuro, olhos verde claro e um sorriso de dentes brancos e alinhados.

As palavras não se formavam, a dor em minha cabeça aumentou, senti que podia desmaiar outra vez, soava frio, minha mão escorregava na porta e não conseguia sentir minhas pernas. Teddy latia atrás de mim, não podia desmaiar, não agora!