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História Namora Comigo?- Solangelo - Capítulo 18- Nico


Escrita por: EvannaLaRue

Notas do Autor


quem ai tava super curioso pra saber o que tinha rolado no dia do parque??
pois hoje vamos descobrir!! espero que gostem!
Boa leitura

Capítulo 18 - Capítulo 18- Nico


Capítulo 18- Nico

    Quando Will chega, na quarta de manhã, ele está um pouco diferente. Mais arrumado, parece. Os cachos não estão bagunçados, ele usa uma uma camiseta azul sem estampas e não está com suas habituais pulseiras coloridas. Eu estranho, mas não comento nada. 

    —Parabéns, sunshine. —Eu digo, jogando os braços ao redor dele e puxando-o para mais perto, mesmo que o gesto amasse o buquê de rosas na minha mão. 

    —Obrigado, Nico. —Ele diz e, antes de se afastar, ele coloca a mão no meu rosto e me puxa para um selinho. O corredor está lotado de gente, então fico confuso por um momento. Mas não muito, porque gosto demais da sensação da boca dele na minha para pensar em alguma coisa além disso. 

    —Então… qual o plano? Ah… isso é pra você. —Eu digo, estendendo o buquê com flores amarelas (porque ele me disse que eram suas preferidas). 

    Will sorri e pega o buquê da minha mão. 

    —Eu amei, Nico. São lindas. Você é incrível. —Ele diz. —E sobre o plano. Acho que não temos um, na verdade. Leo vai lá em casa pra fazer tacos. A Rachel vai fazer o bolo e a Lou disse algo sobre bexigas nas cores da bandeira pan. 

    —As cores da bandeira pan são lindas. —Eu digo, porque é verdade e porque, por algum motivo, é a cara dele. Will sorri de novo. 

    —São mesmo. Mas não quero fazer muita coisa esse ano porque o Austin… sabe, ele ainda não tá muito bem. Ele não quis contar nada para os nossos pais ainda porque tem medo de como eles podem reagir e… 

    —Como assim? —Eu pergunto. —Achei que seus pais não se importassem. Tipo que ele fosse… não sei o que seu irmão é. Mas ele namora o Paulo e a Valentina, certo? Eles são incríveis juntos. 

    Will concorda com a cabeça.

    —Eu sei! Ne? Mas não é por isso que Austin não quer contar. Parece que Paulo teve um problema com o pai e ele tem medo que nossos pais façam algum barraco na casa do Paulo e piorem a situação. Ele quer esperar até que a mãe da Valentina consiga falar com algum deles. 

    —Entendi. Faz sentido. Prometo que não vou ficar te agarrando na frente dele. —Eu digo sério e Will sorri. 

    —Tudo bem. Você… pode me agarrar quando não tiver ninguém por perto. —Ele diz, seu rosto corado e o olhar no chão. Eu coloco a mão no seu queixo, fazendo ele olhar para mim com aqueles olhos azuis lindos pelos quais eu sou completamente apaixonado. 

    —Eu com certeza vou fazer isso. —Eu digo, dando um beijo no seu rosto e pensando no quão empolgado estou para hoje a noite. Will solta uma risada e está prestes a dizer alguma coisa quando o sinal toca e precisamos nos separar. Eu levo ele até a sala de aula e ele se despede de mim com um selinho. Me sinto o cara mais sortudo do mundo. 

    Na hora do almoço, Will continua meio diferente. Estamos sentados na mesa de sempre no refeitório (na verdade a mesa de sempre de Will e seus amigos e que, de repente, virou a mesa de sempre do grupo todo). O pessoal está dando parabéns para ele, fazendo piadas e abraçando ele sem parar, então quase não temos tempo para conversar. Mas, mesmo assim, consigo perceber que ele está sim diferente. Quando perguntam a ele sobre a maratona de Star Wars de hoje a noite, ele desconversa e diz que podemos assistir outra coisa. Mas não faz sentido, porque esse é o dia especial dele e ele ama Star Wars.  Eu sei disso, já ouvi ele falando muito sobre Star Wars. Eu não digo nada, porque não acho que seja um bom momento. 

    Antes de irmos para a aula de biologia, Will para no banheiro para arrumar o cabelo. Eu observo enquanto ele coloca os cachos no lugar certo, mas me sinto incomodado. Não que ele esteja feio, longe disso. Ele é perfeito de qualquer jeito. Mas por que do nada ele decidiu ficar mexendo tanto no cabelo? 

    Eu estou apoiado na parede, esperando enquanto ele lava a mão e passa uma água no rosto. 

    —Por que tirou as pulseiras? —Eu pergunto e ele me olha pelo espelho e dá de ombros. 

    —Estou, sei lá, tentando uma coisa nova. 

    —Você… jogou fora? —Pergunto. 

    —Joguei. Por que? 

    —Você nunca tirava elas. 

    Will se aproxima de mim. 

    —Nico, as pulseiras eram importantes pra você? —Ele pergunta, com a testa franzida. 

    —Você é importante pra mim. —Eu digo. —Só quero te ver bem. 

    Will sorri. 

    —Eu estou bem. —Ele garante e eu decido acreditar nele, apesar de uma parte de mim insistir que eu devo ficar alerta. 

    Passamos a maior parte da aula de biologia perto um do outro. Tipo, muito perto um do outro. Will está me tocando bastante: na mão, no rosto, no cabelo. Em determinado momento, quando ele e eu terminamos o exercício que o professor havia passado, ele tira o coque do meu cabelo e começa a fazer um cafuné. Pego o elástico que o prendia e coloco no pulso dele. O elástico é rosa (roubei da minha irmã), com um pingente de flor no meio. Não é como o resto das pulseiras que ele usava, mas pelo menos consegui colocar um pouco de cor nele. Will sorri quando vê a pulseira, revira um pouco os olhos, mas não comenta nada. 

No final do dia, ele me manda uma mensagem dizendo que ia direto para casa para ajudar Lou, Rachel e Leo com a decoração e a comida. Ele me convida para ir também, mas prefiro deixar Will a sós com seus amigos por um tempinho. Afinal, eu estou praticamente monopolizando o tempo dele desde que esse namoro de mentira começou. 

Quando chego em casa, meu pai está fazendo o jantar. E isso é estranho porque não estamos muito perto da hora do jantar. 

—Pai? Você sabe que ainda são 17h, ne? 

—Eu sei. —Ele diz, enquanto mexe alguma coisa com cheiro muito bom em uma panela no fogão. —É que se não der certo, pelo menos vou ter tempo de fazer outra coisa. 

—O Tânatos vai vir pra cá? —Eu pergunto. 

—Vai. Sua irmã vai sair com alguns amigos e você vai dormir no Will então pensei… —Meu pai se atrapalha um pouco nas palavras e eu dou risada. 

—Tudo bem. —Eu digo, me aproximando para ver o que ele está fazendo. —Vai fazer a lasanha da mamãe? 

—Hm… —Meu pai começa a dizer. —Eu não tinha pensado nisso. É estranho eu cozinhar uma receita da minha falecida esposa para o cara que eu tô saindo? 

—Cara que você tá saindo? Vocês não estão namorando? —Eu pergunto. 

—O jantar era pra isso. Não faço ideia se as pessoas ainda fazem isso. Queria pedir ele em namoro. De um jeito legal, não sei. —Meu pai diz, encarando o molho na panela e ficando com o rosto quase da mesma cor. 

—Isso é muito fofo. Seria bem mais fofo se você não estivesse fazendo tudo errado. —Eu digo e meu pai arregala os olhos pra mim, sem entender. —A receita. Sai pra lá, deixa eu te ajudar. 

—Você não tem que se arrumar pro aniversário do seu namorado de mentira, não? —Meu pai diz, mas vai para o lado mesmo assim. 

—Só 19h. Posso te ajudar antes disso. —Eu digo e meu pai sorri. 

Passo pelo menos uma hora ajudando meu pai a fazer um jantar decente para o quase-namorado. Quando passa um pouco das 18h, começo a me arrumar. Pego uma mochila e coloco a escova de dentes e uma roupa para passar a noite, mas no fundo meio que espero que Will me empreste uma roupa dele. Fico procurando por uma roupa legal por pelo menos meia hora e, no final, decido colocar uma calça jeans e uma camiseta preta porque não tem como errar. Antes de sair, passo no quarto da minha irmã, pego alguns elásticos de cabelo coloridos na penteadeira e coloco no bolso. Amarro o cabelo em um coque frouxo e saio de casa com o coração disparado. 

Quando chego na casa de Will, é ele quem me atende. Ele está com o cabelo despenteado e um pouco de farinha no rosto e, atrás dele está uma zona completa: Rachel e Leo brigando sobre onde colocar a bolo, Lou quase caindo da escada enquanto Austin tenta segurá-la e Valentina gritando sobre a TV não estar funcionando. 

—Certeza que quer entrar? —Will pergunta, vendo meu olhar. Eu dou risada e respiro fundo. 

—Quais as chances de eu terminar com farinha no cabelo até o final da noite? 

—Mínimas. Já passamos da fase da farinha. Mas eu diria que ainda tem uma grande chance de você terminar com chantilly ou pedaços de tacos no cabelo. 

Eu dou risada e depois respiro fundo de forma dramática antes de entrar. Will me segura pela mão e me leva até a cozinha. Seus pais estão lá, tendo uma conversa muito profunda sobre… piscas-piscas?

—Hey, Nico, que bom que chegou! —Apolo diz com um sorriso digno de comercial de pasta de dente. —Preciso de ajuda lá fora, quer vir comigo?

—Isso. Assim Will tem tempo para se arrumar. —Naomi diz. 

—Eu só vou tomar banho. —Will diz. 

—Posso ir com você? —Eu pergunto e Will me encara com o rosto completamente vermelho. Apolo começa a rir e Naomi finge procurar alguma coisa dentro do armário. 

Só então percebo o que acabei de dizer. 

—Ai meu deus, não! —Eu me apresso em dizer. —Não quero tomar banho com você. Só quero te dar seu presente. Juro que não vai demorar. 

—Tudo bem, podem ir. Depois desce aqui pra me ajudar a arrumar lá fora. Nada de tomar banho com meu filho. Pelo menos não agora. —Apolo diz. 

Will dá uma risada constrangida e pega minha mão, me levando escada acima.  

Quando chegamos no seu quarto, Will fecha e tranca a porta. Ele senta na cama, cruzando as pernas e sorri. Eu observo ele por um tempo, pensando no quanto consegui descobrir sobre ele nesses últimos dias. Não só as partes óbvias, como ele ser tímido, fã de Star Wars e Taylor Swift. Mas também sobre… todo o resto. 

Por exemplo, Will tem um cheiro muito bom. Não só o cheiro de doce que ele está agora por conta do bolo, mas um cheiro de lavanda que provavelmente é do seu shampoo e eu passei a relacionar a ele. Ele sempre tenta não sorrir quando está nervoso, como se esperasse algum tipo de permissão para fazer isso. Ele sempre olha por cima do meu ombro antes de me encarar, como se estivesse tomando coragem. O que é bom, porque acho que também estou.

A questão é que existe um Will tímido e alegre que todo mundo conhece, mas também existe aquele Will que só algumas pessoas conhecem, que tem uma risada fácil e que não gosta de ser contrariado. Um Will que consegue encarar meu rosto por horas, mas que fica subitamente tímido em segundos. 

Mas ele não está tímido agora. Parece alegre, empolgado, seus olhos estão brilhando, os dedos da mão direita batendo no joelho em um ritmo imaginário, e um cacho está na frente do seu olho, mas ele não parece se importar.  Detalhes: isso impressiona. Gosto de saber coisas sobre ele que não sabia antes. Isso me assusta. 

—Então? Qual o meu presente? —Ele pergunta. 

Eu sento ao lado dele na cama, o que é bom porque assim não preciso encarar seu rosto enquanto falo. 

—Eu não sei se é mesmo um bom presente. Eu queria algo que… algo que lembrasse a gente. Tipo, eu já disse que não é de hoje que eu gosto de você. Mas acho que não deixei claro que me interessei por você desde aquele dia no parque. 

—Aniversário do Jason. —Will lembra. 

—Sim. Foi um dia péssimo para mim. Tudo estava dando muito errado. E você simplesmente chegou e… deixou meu dia melhor. Tipo, muito melhor. 

—Eu amei aquele dia. —Will diz e percebo que ele está encarando o chão. —Nunca entendi porque você parou de falar comigo depois disso. Eu pensei que fosse porque… sei lá, você não queria ser visto comigo. Que nem o Austin. 

Eu me surpreendo por ele dizer isso, já que foi exatamente o oposto. Depois daquele dia, tudo que eu queria era ficar o mais próximo possível dele. Na minha cabeça, era ele quem havia se afastado. 

Fecho os olhos por um momento, lembrando do que aconteceu naqueles dias. 

Will e eu devîamos ter 13 ou 14 anos. Era o aniversário de 15 anos do Jason e ele chamou a maior parte da escola para ir em um parque de diversões que estava na cidade. Teria sido um dia perfeito: eu estaria com Jason e Percy, meus dois melhores amigos, e a gente iria se divertir muito. Mas não foi perfeito porque naquela mesma manhã eu fui tirado do armário por um garoto mais velho. Ele encontrou uma carta que eu tinha escrito para Percy, era para eu ter entregado a carta nos dias dos namorados, mas nunca tive coragem. 

    De qualquer forma, eu tinha realmente superado minha paixãozinha por Percy há alguns meses, mas a carta ainda estava na mochila. E então um babaca da nossa escola, Ethan, resolveu mostrar ela para todo mundo. Eu não tinha saído do armário ainda, quase ninguém tinha. Simplesmente não era para ter acontecido assim. A única pessoa que sabia sobre a minha sexualidade era meu pai. Eu saí da escola aquele dia e prometi a mim mesmo que não iria sair mais de casa. Que eu ficaria no quarto assistindo filmes com a minha irmã e comendo chocolate pelo resto da vida. Mas, quando cheguei em casa e vi duas malas enormes na sala, eu me toquei que esse era o dia em que minha irmã estava saindo para a faculdade.

    Então era basicamente muita coisa acontecendo: eu tinha sido arrancado do armário para a escola inteira e minha melhor amiga estava indo embora para uma faculdade que ficava a pelo menos 4 horas de distância. Eu tentei ser firme porque sabia que se dissesse qualquer coisa Bianca simplesmente adiaria a viagem e ficaria comigo e eu não queria que ela deixasse de fazer qualquer coisa por minha causa.

    Quando era fim de tarde, minha irmã já tinha ido embora de casa e só então eu me permiti chorar no colo do meu pai. Ele foi muito compreensivo e disse que tudo bem se eu preferisse faltar da escola por alguns dias, mas que era uma pena porque eu parecia realmente feliz com a ideia de ir ao parque de diversões. Pouco tempo depois Jason e Percy apareceram no meu quarto. Eles decidiram que seria uma boa ideia pular a janela porque eu com certeza não atenderia a porta. 

    —Vocês são ridículos, sério. Eu acabei de sair do armário pra escola toda, eu só quero ficar em casa. —Eu disse, emburrado. 

    Percy e Jason deitaram na cama comigo, um de cada lado. 

    —Tudo bem. Você pode ficar. Mas antes eu vou conversar com você. —Percy disse. —Aquela carta, era verdade? 

    —Era. No passado. Eu não sinto mais nada por você. —Eu disse, porque era verdade. 

    —Certo. Mesmo assim. Você poderia ter me dito. 

    —Por que eu diria? Percy, você é hétero. 

    Percy começou a rir e Jason acompanhou. 

    —Não sou não. —Ele disse e eu arregalei os olhos. —Eu sou bi, Nico. 

    Lembro de ter aberto tanto a boca que pensei que meu queixo fosse parar no chão. Eu nunca poderia imaginar que Percy fosse bi, sério. 

    —Ah. —Eu respondi. —Isso não muda nada. Eu não quero nada com você. Esse não é o problema. O problema é que a escola toda vai ficar falando disso. 

    —E daí? Eles também estão falando sobre mim. Eu falei pra todo mundo que era bi. E o Austin beijou um garoto na festa da semana passada. Tipo, e daí? Garotos são legais. 

    Jason deu risada. 

    —Isso é verdade. Olha, daqui a pouco todo mundo vai esquecer sobre o que aconteceu com você, ok? Mas garanto que você nunca vai esquecer a noite de hoje porque vai ser muito, muito divertida. Então, por favor, vamos para o parque e vamos nos divertir como os bons melhores amigos que somos? 

    No final, depois da revelação sobre Percy ser bi, eu decidi ir ao parque com eles. O único problema foi que o parque era absolutamente enorme. Eu acabei me perdendo do pessoal e quando consegui encontrá-los, Jason estava aos beijos com Piper enquanto Percy estava em um momento romântico com Annabeth. Eu lembro de ter ficado muito triste, como se estivesse sobrando e meus dois melhores amigos nem fizeram questão de me procurar. 

    Foi aí que encontrei com Will. Ele estava perto de uma barraca de jogos, encarando os pinos que ele tinha que derrubar. Ele era basicamente a única pessoa conhecida por perto então decidi conversar com ele. 

    —Oi. Por que você tá encarando os pinos? Não é assim que se joga, sabia? —Eu disse e Will me encarou. Ele estava lindo naquele dia. É estranho que eu me lembre o que ele vestia? Porque, bom, eu meio que lembro: uma calça de moletom escura e uma camiseta rosa com a estampa do rosto do Chewbacca. O cabelo dele estava mais curto do que hoje em dia. Eu sempre tinha reparado nele, mas nunca tive coragem de chegar perto porque eu não gostava das reações do meu corpo perto dele. Mas, naquele momento, era como se eu tivesse acima disso tudo. Não tinha como minha noite piorar. 

    —Você tá chorando? —Ele perguntou e só então percebi que sim, eu devia estar chorando. 

    —Não estou tendo um dia muito bom. —Eu respondi e Will concordou com a cabeça. 

    —Nem eu. Meus amigos me abandonaram. —Will disse. 

    —Os meus também. 

    —Por que? Pelo que aconteceu com o Percy? 

    Eu arregalei os olhos, ele era a primeira pessoa que perguntou sobre isso diretamente, a maioria só fazia insinuações ou piadinhas toscas. 

    —Não quero falar sobre isso. —Respondi. 

    Will deu de ombros. 

    —Tudo bem. —Ele disse e apontou para o canto da barraca. —Quero ganhar aquela estatueta. Cupido. É a única que falta pra minha coleção de mitomagia. Mas eu sou péssimo nessa brincadeira.

    Lembro do exato momento em que senti uma euforia enorme por encontrar com mais alguém que colecionava estatuetas de mitomagia. 

    —Sério? Será que eles têm a estatueta de Júpiter? é a única que falta para mim. 

    —Vamos lá ver. —Will disse, pegando minha mão e indo até lá. 

    Nós ficamos um bom tempo tentando ganhar as estatuetas. Gastamos todos os tíquetes que tínhamos para ir em outros brinquedos e o cara que entregava as argolas já estava ficando irritado de nos ver ali. Por fim, quando já era bem tarde, eu finalmente consegui a minha estatueta. Will era realmente muito ruim e disse que ia desistir. Por algum motivo, eu não fiquei feliz com a ideia de a noite acabar ali. Queria ficar com ele mais um pouco. 

    Eu peguei os tíquetes dele e comecei a jogar para ganhar a estatueta. Lembro que demos pulos de alegria e nos abraçamos quando eu finalmente consegui. Passamos o resto da noite falando sobre mitomagia e demos muita, muita risada. Eu quase não percebi as pessoas da nossa escola fazendo comentários maldosos sobre eu ser gay. Na verdade, eu nem estava mais pensando naquele momento horrível em que Ethan entregou a carta cheia de corações para Percy e eu saí correndo como uma criança (o que, tecnicamente, eu era). 

    No final da noite, Will e eu nos sentamos em um dos bancos do parque, cada um com a sua estatueta nas mãos. Will me contou que seus amigos, Rachel e Leo, deixaram ele na mão porque estavam dando seu primeiro beijo. Nós dois fizemos uma careta quando ele disse isso, como se um beijo fosse a coisa mais horrível do mundo. Mas é que naquele momento, depois de passar a noite me divertindo com Will, eu não entendia como beijar alguém poderia ser melhor do que isso. Lembro de ter pensado que preferia um dia assim com Will do que um milhão de beijos com Percy e eu nem precisava pensar muito a respeito. Will era facilmente a pessoa mais divertida que eu já tinha conhecido. 

    —Meu deus, eu odeio essa música. —Will disse, de repente. Estava tocando something just like this em algum alto-falante por perto. Eu dei risada porque era exatamente essa música que eu estava tirando do violão há poucos dias. 

    —Eu acho bonita. —Eu disse, cantando com a música. — I've been reading books of old, the legends and the myths…

    Will ficou me encarando enquanto eu cantava e, de repente, me senti envergonhado e parei de cantar. 

    —Continua. Ela não fica tão ruim assim na sua voz. —Ele disse e, apesar da vergonha, eu continuei cantando. 

    Quando a música chegou ao fim, Will e eu estávamos encarando o chão. Apesar do clima de amizade entre a gente, a música deixou tudo estranho. Principalmente a parte que dizia: 

 "I'm not looking for somebody 

With some superhuman gifts 

Some superhero 

Some fairytale bliss 

Just something I can turn to 

Somebody I can kiss" 

E, por um momento, eu pensei que talvez eu pudesse estar fazendo o que Jason, Percy, Leo e Rachel estavam fazendo: só beijando alguém, simplesmente porque gostavam daquela pessoa. E não era Percy que estava na minha cabeça naquele momento. 

    —Você queria? —Will perguntou. 

    —O que? 

    —Sabe, encontrar alguém pra beijar. 

    —Acho que sim. Não sei. Nunca beijei. 

    —Nem eu. Você gostaria que o Percy estivesse aqui?—Will perguntou e eu olhei para ele. 

—Não. Acho que te encontrar essa noite foi a melhor coisa que me aconteceu. —Eu respondi, porque era verdade. 

Meu dia estava tão ruim, mas, naquele momento, toda parte ruim parecia algo muito distante. Will sorriu e concordou com a cabeça e acho que eu nunca quis tanto beijar alguém quanto eu queria beijar ele. Nem mesmo Percy. Meu coração não estava disparado e eu não estava nervoso. Era como se fizesse sentido que eu beijasse ele ali, naquele momento. Mas, quando tentei me aproximar e dizer isso a ele, uns garotos da escola chegaram. E, por incrível que pareça, eles não estavam tentando me importunar e sim a Will. Eu fiquei com muita raiva, mas também fiquei paralizado porque eram os mesmos garotos que estavam me zoando naquela manhã por eu ser gay. 

Eu não lembro o que aconteceu direito. Lembro que eles empurraram Will com força e que eu puxei Will para longe deles e começamos a correr. Só paramos quando estávamos perto da casa de Will e, quando eu o olhei, ele estava chorando. 

—Tá tudo bem. Eles não vieram atrás da gente. —Eu disse, mas ainda havia lágrimas no rosto dele. —Ei, cadê a sua estatueta? 

Will enxugou o rosto, parecendo assustado. 

—Eu… eu deixei cair. — Ele disse. 

—Tudo bem. A gente consegue outra. —Eu disse, mas Will balançou a cabeça. 

—Eu preciso ir pra casa. Desculpa por isso, Nico. 

    Ele foi embora depois disso e eu me deitei na cama pensando o quão burro eu tinha sido por não ter levado ele até em casa e passado mais alguns minutos com ele.

No dia seguinte, Will estava diferente. Ele não deixou eu me aproximar, sempre se excluindo cada vez mais de todo mundo. Na semana seguinte, Lou Ellen veio transferida de outra escola e eles pareciam muito próximos. Quando eu via os dois juntos no corredor, tinha certeza de que ela seria a pessoa que daria o primeiro beijo nele. Às vezes eu sentia raiva disso. Mas a verdade é que eu só havia passado aquela noite com ele e eu não podia ficar me prendendo a um momento que provavelmente só foi especial na minha cabeça. Depois de uns meses, eu desencanei de tentar me aproximar. Só fui dar meu primeiro beijo alguns meses depois, com um garoto qualquer, embaixo da arquibancada do ginásio. Enquanto beijava esse garoto, eu pensava que queria mesmo estar beijando Will. 

—Nico? —Will diz e eu volto para a realidade. E a realidade é: estou no quarto de Will, com uma estatueta de mitomagia no bolso e quero beijá-lo mais do que nunca. 

—Oi. —Eu digo, virando para o lado para vê-lo. 

—Por que você nunca mais falou comigo? 

—Porque eu gostei de você. Queria ter te beijado naquele dia. Mas então a Lou chegou e… acho que eu amarelei. Seria como passar por aquilo tudo de novo, ver o cara que eu gosto com outra garota. Como quando eu tive que presenciar todas as vezes em que Percy e Annabeth ficavam flertando bem na minha frente. Me desculpa por isso. 

—A Lou é lésbica. —Will diz. Eu começo a rir e ele me acompanha. 

—Eu sou um idiota. Eu poderia ter te beijado aquele dia? 

—Não vou fingir que estava esperando por isso. Você já era bem incrível naquela época. Eu pensei que você só tivesse ficado comigo porque seus amigos tinham te abandonado. 

—Não foi só por isso. —Eu disse. 

—Agora eu sei. E… hm, sem pressão, mas você ainda não me deu meu presente. 

Eu dou risada e finalmente tiro o pacote do bolso. Pedi para Bianca embrulhar porque sou péssimo nisso. Entrego para Will e ele vira na cama, ficando de frente para mim. Ele desembrulha o saco e tira de lá a estatueta de Cupido. Will sorri de orelha a orelha. 

—Eu não acredito que você achou. —Will diz, ainda olhando a estatueta. 

—Encontrei na internet. Parece que agora isso virou coisa de colecionador. Se algo der errado, posso vender minha coleção de estatuetas de mitomagia. 

—Foi muito caro? Você não devia ter gastado tanto comigo… 

—Will. —Eu digo, colocando minha mão por cima da dele enquanto ele ainda segura a estatueta. Eu olho seus olhos por um momento e, pela primeira vez desde que essa história começou, eu consigo ver seus sentimentos, tão cristalinos quanto os meus. Will não está se segurando. Naquele olhar, posso perceber que ele está tão apaixonado quanto eu e acho que nunca me senti tão feliz assim antes. —Will eu… 

E então a melhor coisa do mundo acontece: Will me beija. Ele coloca as duas mãos no meu rosto e chupa meus lábios entre os seus. Por um momento, fico sem esboçar reação alguma. Por esse milésimo de segundo, penso em me afastar só parar ter certeza de que ele trancou a porta e que ninguém iria nos atrapalhar agora. Mas então eu me perco no pensamento e coloco a mão na cintura dele, puxando-o para o meu colo. Ele entende o recado, colocando uma perna de cada lado da minha cintura, e volta a encostar a boca na minha. 

Parte de mim sabe que eu deveria ir com calma porque esse é o primeiro beijo dele. Mas parte de mim é só um garoto cheio de hormônios beijando o garoto que quer beijar desde os 14 anos então… eu simplesmente o beijo, do jeito que eu sempre quis beijar. 

Eu sei o que fazer, já fiz isso em muitos outros garotos, mas sei que Will é completamente inexperiente por isso tento ensiná-lo, enquanto tomo conta do beijo. Ele solta sons baixos de satisfação, então acho que estou indo bem. Não sei quanto tempo ficamos assim. Em determinado momento, puxo ele para ainda mais perto, colocando a mão na sua cintura, por baixo da blusa. Ele faz o mesmo, passando a mão no meu corpo, por baixo da camisa preta que visto, chupa meu pescoço e me beija com intensidade. 

Pouco tempo depois ele se afasta, apoiando a testa na minha. Consigo sentir sua respiração ofegante e a minha não está muito diferente. 

—Ai meu deus — Eu digo.

Will solta uma risada fraca. 

—Eu… fiz certo?

—Sim. Sim. Sim. Vamos fazer isso o tempo todo, por favor? 

Will dá risada de novo e se aproxima de mim, me dando um beijinho de esquimó.

—Posso sair do seu colo agora? —Ele pergunta. 

—Nem ouse fazer isso. —Eu respondo e ele está sorrindo quando volta a me beijar. 

Eu não ofereço resistência e continuo beijando-o como se minha vida dependesse disso. Tenho quase certeza que eu deveria estar ajudando o pai de Will com alguma coisa. Tenho a vaga impressão de que tem alguém gritando o meu nome e o dele, mas parece tudo distante, abafado, e a boca de Will é a única realidade que me importa agora. 

Só consigo pensar que Will beija bem, mesmo que esteja um tanto afobado (coisa que, com certeza, eu também estou), sua língua está com um gosto doce e eu estou encantado por cada novo gesto que descubro sobre ele. Ele segura minha nuca com as pontas dos dedos antes de me puxar para mais perto. Ele morde meu queixo quando precisa recuperar o fôlego. Seu cabelo é muito macio e ele fica mais lindo ainda quanto está despenteado. Detalhes: isso impressiona. Quero causar todo tipo de reação no seu corpo, quero saber todas as suas manias e expressões de prazer. Isso me assusta, mas não o suficiente para me afastar.


Notas Finais


eee? gostaram? espero que sim!
Postei uma valjercy essa semana, quem viu? https://www.spiritfanfiction.com/historia/promessa-valjercy-22278017

E segunda vou atualizar a valgrace: https://www.spiritfanfiction.com/historia/eu-to-gostando-de-um-menino-ai-valgrace-22018259

A gente se vê amanhã com a Valgrace ou no domingo com Namora Comigo?
Beijos, beijos!


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