Estávamos em guerra outra vez. Não poderia dizer quantas vezes já tive que lutar contra os invasores, os corruptores mais conhecidos como demônios ou anjos caídos governados pelo o mais forte e mentiroso deles, Lúcifer.
Ocasionalmente, lutávamos várias vezes em um só dia, em outras, poderia ser em alguns dias depois, semanas ou meses, porém sempre estávamos preparados contra o mal, principalmente eu, mas desta vez, eu não estava e esta é a minha história.
Haviam vários deles chegando cada vez mais e mesmo assim, ficamos em pé lutando sem parar até que todos os demônios voltassem para o inferno. Eu erguia minha espada para o alto fazendo com que refletisse com o sol e ela ficasse mais afiada, pesada e queimasse aqueles que não eram dignos de por os pés no solo sagrado de Deus.
Meus irmãos, não paravam de lutar sequer um segundo e me sentia orgulhoso por tê-los ao meu lado. Eu sempre gostei de lutar, mas claro que sempre deveríamos escolher a paz, ao invés de coisas turbulentas como a guerra. Entretanto, estar no meio disso, fazia-me sentir vivo, realizado como no mundo onde estão os seres humanos.
Minha curiosidade era algo perigoso. Sempre fui curioso ao ponto de ir ao mundo deles e ver como era tudo aquilo. Eu não gostava e nunca gostei de quebrar regras, mas os seres humanos dispunham de algo que eu nunca tive e nem poderia ter, o amor entre um homem e uma mulher ou até mesmo do mesmo sexo e isso sempre foi motivo para eu sair do meu lar e ir vigiá-los por causa de algo que eu não poderia entender, e ficava lá, por horas observando-os.
Com esta minha curiosidade, conheci um casal que possuía um amor sem igual. Sentia dor em meu coração que por tanto de contemplá-los, eu almejava aquilo para mim. Eu via a mesma coisa todos os dias. Seu marido, chegava do trabalho e quase sempre aparecia com algum presente para a sua esposa e ela mesmo tendo um dia ruim, recebia seu esposo com a maior alegria do mundo. E mesmo quando discutiam, os dois e não somente um, davam o braço a torcer.
Já presenciei muitos momentos em que as forças do mal queriam atuar sobre este casal, mas o amor deles incessantemente superou todas as barreiras e empecilhos que apareciam para separá-los. Eu não podia invejá-los, mas gostaria de saber, pelo menos, por um dia como é ter algo tão bonito e forte como o amor entre um homem e uma mulher.
Eu, Naruto, poderia ir ver o amor de outros casais, mas sempre voltei em último momento para olhar o dia deles terminando com tanto amor, a união que Deus formou. O casal que mais me tocou e me deixou extasiado pela paixão, Kushina e Minato.
Ao fim de mais uma guerra, eu e meus irmãos voltamos para dentro da nossa morada. Comemoramos e agradecemos por mais um dia de vitória para o bem, contudo eu agora precisava olhar o dia do meu casal terminar. Ficamos o dia todo lutando contra eles e agora podia ir vê-los. Faço minha oração e sigo adiante de encontro ao jardim que possui um portal onde podemos atravessar e ir para o mundo dos seres humanos.
Logo a minha frente, me deparo com uma mulher de costas com um vestido vermelho e imediatamente empunho minha espada contra ela. A tal mulher, por perceber minha presença, vira-se assustada segurando uma flor branca parecendo ter sido pega em flagrante.
Não sabia exatamente se era pecado um anjo se apaixonar, mas sem demora, meu coração acelera e o lugar a minha volta parece não importar mais. Para mim, eu via um anjo esculpido da forma mais pura e linda possível. Uma beleza rara que fez minha pernas fraquejarem só por estar em sua presença. Sentia meu corpo mais leve e o oxigênio ao meu redor. Havia algo estranho em meu coração que eu não sabia explicar, mas então, tudo foi se encaixando.
Meu extinto dizia para protegê-la, cuidá-la. Os seus olhos, os seus mais belos olhos, eram raros para mim. Parecia com a lua com um toque suave de um lilás claro que trazia um pouco de sofrimento com algo letal, mas inocente e apaixonante.
Ela possuía uma pequena ruborização em suas bochechas provocando meus próprios suspiros me fazendo pensar que ela poderia ser bastante delicada ao ponto de colocar a flor contra seu corpo. Não tenho certeza se ela ficou com medo de que eu brigasse por ela ter arrancado uma rosa do jardim e por isso, imediatamento meu cérebro manda uma mensagem para que eu abaixasse minha arma e a guardasse para não deixá-la mais assustada.
Sua pele parecia ser algo de outro mundo que me dava muita vontade de acariciá-la. Podia sentir meu sangue correndo pelas veias. Desejava sentir seu cheiro e ficar embriagado com ele. Queria presenciar sua pele aparentemente macia se arrepiando com meu toque e ela suspirasse clamando pelo meu nome. Ansiava experimentar seus lábios contra os meus, mas como poderia, eu, um anjo, vivenciar um sentimento tão carnal assim?
E quando disse que tudo ia se encaixando, foi porque me lembrei de quando Minato falou que sentia as mesmas coisas por sua esposa, então percebi que me apaixonei no mesmo instante em que meus olhos caíram sobre a mulher mais linda que havia visto em toda minha vida.
- Você é um anjo? - perguntei sentindo meu coração se esquentar cada vez mais.
- Não, mas você é! - sua voz doce quase me fez despencar no chão.
- E o que faz no reino de Deus?
- Estou fugindo de meu pai! - parece estar receosa por ter me contado algo nada apropriado.
Tento me aproximar, mas ela recua alguns passos.
- Não, por favor! - implora - Não pode me levar de volta.
- Não a levarei! - falo querendo lhe trazer tranquilidade e toco suas mãos.
Meu coração acelera mais ainda e sinto um choque quando nossas mãos se tocam. Eu estava agora mais do que certo pelos meus sentimentos por esta misteriosa mulher. Um arrepio sobe pela minha nuca quando finalmente consigo sentir seu cheiro. Era doce e delicado, como ela.
- E teu pai? Quem é ele? - ela tenta retirar suas mãos, mas não deixo.
Percebo angústia em seus olhos.
- O grande rei das mentiras... - cerro meu cenho sentindo dor em meu coração - Lúcifer!
O sentimento de choque percorreu meu corpo inteiro, mas nem isso foi motivo para que eu me afastasse daquela mulher. Ela não exalava perigo. Parecia ser uma pessoa indefesa que não aguentava mais as maldades do pai perverso.
- Não posso mais me afastar de ti. Sente o mesmo que eu?
Sua cabeça balança em confirmação. Toco seu queixo com meu indicador e peço gentilmente para que ela me explique o motivo por estar fugindo do seu pai.
- Há muito tempo atrás, cerca de vinte anos, uma mulher desesperada a procura da cura pela a doença do seu pai, conheceu um homem. Ele era muito charmoso, elegante, vestia-se muito bem e tinha um ar de um homem extremamente importante e rico. Este homem, era lindo! A moça nunca havia visto esta beleza em qualquer outro ser humano. - vira-se ficando de costas para mim - A mulher lhe encarava perplexa por um homem deste patamar aparecer na sua frente e ficar lhe olhando fixamente. Ela estava nos trilhos do trem, onde sempre ia para poder pensar com clareza e o tal homem aproxima-se dela e diz:
"Seu pai sofre de uma doença bastante comum, mas muito letal em meros humanos. Não fique surpresa. Eu consigo ler tudo o que se passa em sua mente. Não precisa ficar com medo. Eu vim aqui com o intuito de lhe ajudar."
A mulher perplexa pergunta quem é ele e como ele consegue ler sua mente.
"Eu sou Lúcifer e tenho o poder de curar o seu pai."
"E por que você me ajudaria? O Senhor não é conhecido como o grande rei das mentiras? O mal em pessoa?"
"Isso tudo não se passa de histórias inventadas para que vocês humanos sejam devotos ao tal Homem que se proclama Deus de vocês. O verdadeiro Deus de vocês não deixaria que a pobreza, fome, miséria caísse sobre a vida de alguns."
"E o que posso fazer para me redimir com o Senhor?"
"Seja devota a mim que eu curarei o seu pai. E o teu primeiro filho será meu indo embora comigo."
- A moça sem pensar muito no acordo, pois não queria ter filhos pensou em enganar o seu mais novo Deus e assim, aceitou ser devota a ele pela a cura de seu pai. Mas ela havia esquecido de um detalhe, Lúcifer podia ler sua mente e já sabia quais táticas usar para fazer com que a mulher a sua frente engravidasse. Resolveu encantá-la com palavras bonitas, gestos gentis e beijos calorosos. Não demorou muito para que ele a levasse para cama e consumasse o acordo e com pouco tempo depois, a mulher descobre que será mãe!
- A felicidade lhe tomou, mas lembranças vieram com força e lembrou-se que Ele tomaria sua filha. Contudo, pensou que o que eles estavam vivendo, aquele amor entre os dois, pois ela havia se apaixonado por Ele, faria com que Lúcifer esquecesse disso e ela poderia viver não só com a filha, mas também com o homem que ela amava. Feliz por pensar nessa hipótese, ela o procurou e infelizmente não o encontrou. O seu Deus havia desaparecido por nove meses e assim que o grito de choro da sua primeira filha foi ouvido, Ele aparece em sua frente.
- Sua alegria não durou muito, pois já sabia o que aquilo significava. Se Ele desapareceu e só voltou quando sua filha nasceu, era porque ele iria tomá-la. A mulher tentou argumentar, fugir e até batê-lo, mas nada adiantou e no mesmo dia do nascimento da criança, Lúcifer leva o pequeno bebê para o seu reino da desgraça para governar junto a Ele. Entretanto, a criança foi crescendo e nada daquilo o agradava. Não queria saber de mentiras, mortes, tragédias ou qualquer coisa parecida. Ela queria ter uma vida simples, com paz, amor e conhecer sua mãe. E no seu aniversário de vinte anos, ela fugiu pela brecha que teve por causa da guerra entre anjos e demônios. A criança que agora é uma mulher e se chama Hinata, quer ser feliz e nunca mais ter o seu pai por perto. Essa tal Hinata, sou eu e peço para que não me expulse deste lugar pelo meu próprio bem.
Eu não sabia o que dizer quando escutei a história da própria mulher que se chama Hinata. Eu queria e deveria protegê-la.
Minhas mãos acariciam vagarosamente seus braços e a vejo se arrepiando. Meu nariz vai até os seus cabelos e sinto seu maravilhoso perfume outra vez. Viro o seu rosto para mim olhando fundo em seus olhos e toco sua bochecha com cuidado.
- Não precisa mais ter medo. Eu irei protegê-la com minha vida se for possível. Deixe-me cuidar de você, Hinata!
Depois deste momento, eu a convenci de ir até Deus e confessar sobre tudo o que estava acontecendo, principalmente dos meus sentimentos por aquela mulher. Eu, como um ser de asas criado para defender o reino de Deus, não deveria estar sentindo este desejo insano de beijá-la, mas nós anjos somos proibidos de tal ato, pois um beijo sequer na boca, resultaria na morte do anjo e do seu parceiro.
Deus me alertou novamente sobre o que aconteceria se eu a beijasse, mas os meus sentimentos foram ficando gradativamente mais fortes e intensos. Cada vez mais eu sentia que meu coração pertencia a ela e já que eu a amava, não poderia ser egoísta de tirar a própria vida da mulher que eu amo com toda minha alma e Hinata, veio até mim confessando que não suportava mais sentir essa vontade se alastrar mais ainda pelo o seu corpo e não poder sentir a ligação intensa que o beijo entre nós dois traria.
Fiquei decepcionado, todavia não podia tirar sua vida. Não estava mais me importando com a minha, mas a dela era preciosa demais para ser tirado desta forma linda, porém trágica.
- Eu te amo, Naruto! - seus olhos suplicantes faziam meu coração doer por saber o que ela queria e eu não poderia dar.
- Eu te amo, Hinata!
O meu anjo parecia não se importar e ela, fez o que eu mais desejei com todas as minhas forças em uma semana. Hinata me beijou.
Como já havia ido diversas vezes no mundo dos humanos, presenciei alguns fogos de artifício e este parece o momento em que eu encarava aquela explosão de cores lindas no céu. Não poderia mais desgrudar meus lábios dos dela, pois tinha conhecimento do que estaria por vir, então eu só aproveitei o gosto do amor em minha boca.
Tudo aquilo que havia relatado sobre o amor, não era nada comparado ao sentimento, calor que este beijo estava me proporcionando. Era a coisa mais bela que não podia ser visto e sim sentido. Este sentimento, foi fácil de acontecer, mas parece impossível de descrever. Parece não haver palavras para explicar essa conexão que percorre meu corpo. Ele é simplesmente inexplicável.
Este beijo acrescentou a felicidade que faltava em meu coração. É muito mais que um choro de felicidade ou uma risada momentânea. Me senti um só com ela. Como se tivesse me completado de uma forma incompreensível, mas belo e puro.
Seus lábios são quentes, mas confortáveis do tipo de você sempre querer repetir a dose. Seu corpo se aconchega mais a mim nos ligando mais ainda. Nossas respirações estavam sincronizadas como os batimentos dos nossos corações nos tornando somente um.
As imagens do casal que sempre observei se fazem presente em minha memória. Eu os agradeço por me fazer entender o que é o amor e rogo a Deus para que eles sejam presenteados com um filho que tanto queriam.
Queria que este momento se eternizasse, mas sinto minha vida se desfazendo e algumas partes do meu corpo sumindo como se eu nunca tivesse existido. O mesmo deveria estar acontecendo com ela e nossos lábios não se desgrudaram até não restar mais nada de nós dois.
Corro o máximo que posso até o jardim central da cidade. Eu estava nervoso porque havia batido o carro da minha mãe pela segunda vez em um mês. Adorava competir com meus amigos, porém sempre aparecia algum idiota na frente e eu tinha que desviar o carro ou eu acabava matando a pessoa, então quando aconteceu o acidente, eu corri para esse lugar porque ele conseguiria me deixar mais calmo e como eu conheço Dona Kushina, mais conhecida como minha mãe, ela iria me matar depois que eu ouvisse muitos e muitos gritos dela.
"Naruto, seu moleque! Como pôde ter sido tão irresponsável?"
O meu pai, Minato, era o mais sereno da relação e por isso, nem tinha medo dele. Eu estava ferrado e ficaria de castigo por muito tempo mesmo tendo vinte anos porque além do mais, sou sustentado por eles, já que faço faculdade.
Eu já estava cansado e só queria me jogar na grama daquele parque, mas avisto as costas de uma mulher e algo como um imã me faz querer me aproximar dela. Mesmo relutante, minhas pernas me guiam até ela e como se ela sentisse, a mesma vira-se e me deparo com a mulher mais bonita que havia visto na minha vida.
Ela segurava uma flor branca e por parecer assustada, ela coloca a flor contra seu corpo como se a rosa fosse defendê-la. Pude apreciar seu belo rosto e viajar naqueles olhos tão incomuns.
Eu estava delirando?
O vento balançava seus cabelos e percebo que me viciei nesta mulher mesmo não a conhecendo. Estava embriagado com tanta beleza e delicadeza que fluía nela.
- Você é um anjo?
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