O meio-dia já havia sido ultrapassado, embora o início da tarde estivesse tão quente quanto. Naquele início de tarde em Konoha, todos tinham duros momentos a se passar.
Sakura estava na casa de seus pais enquanto relembrava dos acontecimentos na vila das ondas, ela usou os sentimentos do Uzumaki para distrai-lo. Isso implicava que a Haruno sempre soube o que Naruto sentia, Sakura se sentia como um lixo, sentia-se frustrada por ter feito aquilo com o loiro. Mas além de tudo, ela, sinceramente, se arrependia por ter tratado Naruto como tratou por todos esses anos. Sakura nunca entendeu muito bem o porquê dos adultos desprezarem o loiro, mas como quase todos tratavam-o com frieza, ela nunca tentou entender e seguiu a maré. Mas Sakura sabia que o que ela fez foi um erro, mesmo guardando ressentimentos por ele.
Do outro lado da vila, Shikamaru estava treinando com o Time dez, mas sua mente vagava em meio a devaneios. Seu amigo havia desaparecido, isso havia o deixado preocupado, afinal, Naruto não era de fazer cena daquela forma. Mas ao descobrir o que realmente havia acontecido, ele ficou incrédulo e, sinceramente, em negação. Mas quanto mais o Nara sabia, mais ele tinha a certeza que as coisas não podiam ser como antes. De fato, agora, depois de ouvir os relatos de Sakura sobre o último encontro com o loiro, Shikamaru Nara tinha a absoluta certeza que não existia mais Naruto Uzumaki.
Em outro canto da vila, no meio do treinamento do time oito, Hinata Hyuga não se sentia mais tão aliviada. De fato, Hinata havia tirado um grande peso ao saber que Naruto estava bem... mas tudo aquilo que falavam dele, era difícil de se acreditar para a Hyuga. Naruto foi a pessoa que fez com que ela ficasse de pé, ela o respeitava. Mas a pequena semente de dúvida já havia sido plantada na cabeça de Hinata, ela tinha que ver o Uzumaki com os seus próprios olhos, ela tinha que falar com ele. Era o que ela pensava enquanto seus olhos se contraiam, reativando seu Byakugan. Na frente da garota, um grande e resistente tronco de uma árvore era possível de ser visto, embora fosse resistente, marcas e mais marcas de mãos eram visíveis. Tais marcas somadas a situação das mãos da garota, que estava com uma vermelhidão intensa, indicavam que ela treinava vigorosamente, parecia não ter a menor piedade com si mesma.
A Hyuga sabia que se quisesse encontrar Naruto, ela teria que ser mais forte, não só em habilidades físicas, mas também, ela não tinha a intenção de hesitar quando o encontrar. Ela não queria que ele sumisse outra vez.
Enquanto isso, até mesmo pessoas importantes tinham que fazer coisas difíceis, era o dilema que Hiruzen iria enfrentar agora.
No escritório do Hokage haviam várias pessoas que variavam de Jounins e pessoas do alto escalão, como: Danzou e os conselheiros. A única coisa em comum entre essas pessoas era a ansiedade, afinal, o debate sobre o exame Chunin foi um dos principais assuntos desde que foi descoberto a influência de Orochimaru.
Pode-se dizer que seria uma decisão óbvia, Orochimaru é perigoso, fazer um evento da magnitude do exame Chunin era muito arriscado, tanto para Konoha, quanto para os ninjas estrangeiros. Mesmo parecendo algo tão óbvio, adiar ou cancelar o exame Chunin acarretaria em sérias dificuldades. Um hipotético adiamento ou cancelamento do exame Chunin afetaria a imagem que as outra vilas têm de Konoha, afinal, eles seriam bastante incompetentes se uma mísera pessoa causasse tal reação. Outro problema seria por parte das questões diplomáticas, pois o cancelamento do exame poderia implicar num hipotético desdém de Konoha com seu comprometimento com outras nações. Sem contar com o prejuízo econômico que seria não lucrar com pedágios, pousadas, restaurantes e etc.
De fato, era uma difícil escolha, justificando tal aflição que todos ali sentiam. No entanto, Hiruzen estava sereno, ele já havia se decidido há muito tempo.
Todos aguardavam o que o terceiro Hokage tinha a definir, até mesmo Kakashi estava lá, mesmo já sabendo da escolha de Hiruzen.
"Eu sei que muitos de vocês estão ansiosos para saber o que eu decidi."
Diz o Sarutobi na tentativa de acalmar os ânimos. Tal frase não acalmou o coração das pessoas, mas pelo menos, fez com que o falatório cessasse.
Hiruzen foca um olhar sério para todos, recebendo o mesmo.
"Não podemos nos deixar intimidar por aquele canalha. Mas eu também sei que Orochimaru é perigoso. Mas além de tudo, não podemos recuar!"
Diz o terceiro Hokage enquanto esbanjava sua convicção.
Aquela decisão deixou todo mundo muito confuso. Kakashi já sabia daquela decisão, mas não pôde deixar de suar enquanto demonstra estar, aparentemente, preocupado. Os conselheiros e todos que eram contra a realização do exame Chunin estavam chocados por tal decisão, afinal, Hiruzen nunca foi alguém que gostava de riscos, sempre escolhendo o caminho mais pacífico possível. Até os que eram a favor do exame ficaram embasbacados, eles não esperavam que o Hokage tomasse essa decisão... sinceramente, eles não tinham muitas expectativas. Mas alguém que teve uma reação completamente atípica foi Danzou... ele sorria, parecia ter confirmado algo.
"Nós somos da vila oculta da folha... dentro do coração de cada um de vocês existe a ardente vontade do fogo. Não podemos desonrar os fundadores da vila, nos deixando intimidar pela hipotética ameaça de um traidor! Mesmo que tenhamos que duplicar ou quadruplicar a segurança, o exame terá que acontecer!"
Exclamou o Terceiro Hokage.
Minutos depois, em algum lugar em Konoha.
Danzou estava sentado enquanto tomava chá, ele parecia sereno. No entanto, sua tranquilidade é interrompida por dois Anbus que surgem de repente, diante a Danzou.
"Não conseguimos encontrar nada, outra vez."
Relata um dos Anbus que estavam ajoelhados diante a Danzou.
"Sim, mas certamente estão escondendo algo. Todos os Jounins e Chunins que estavam naquela noite, ou foram afastados ou estão sendo escoltados por Anbus."
O outro Anbu relata.
Danzou dá um último gole em seu chá e suspira. Ele abaixa o copo em sua mesa e ergue um leve e pretensioso sorriso enquanto comenta:
"Aí, aí, aí, Hiruzen... o que você está escondendo para ter que usar o exame Chunin como distração...?"
Enquanto isso, numa floresta.
A densa floresta os rodeava, embora existisse uma clareira alguns metros para trás, guardando uma pequena praia que cercava todo o território visível. As árvores daquela floresta eram baixas e cheias de folhas. O clima natural era revigorante, muito bem casado com os sons de vento, insetos e animais. Aquela tarde estava ensolarada e, somando com aquela floresta paradisíaca com uma praia próxima, o clima aventuresco e de diversão poderia tomar conta de qualquer um... Bem, dito isso, Naruto Uzumaki e Haku não pareciam estar muito animados.
Gwwaaaa...
Espreguiçou o loiro enquanto parecia cansado.
Porra. Finalmente chegamos! Minhas costas estão doloridas...
Haku e eu partimos da vila das ondas no início da manhã, mas chegamos em terra há alguns minutos.
Mas, enfim... realmente estamos onde queríamos...?
Pondera o Uzumaki enquanto olhava para os lados.
Haku estava bem ao seu lado, observando um mapa. O rapaz vestia um curto Kimono azulado, mangas compridas e folgadas. Ele possuía uma simples e folgada calça que ia até o tornozelo. Eram vestimentas simples, mas pelo menos eram menos femininas do que as roupas que ele usava anteriormente... Bem, não é como se a delicadeza de sua aparência fosse apenas influência de roupas.
Bem, de fato, roupas mais simples faziam com que Naruto não ficasse confuso sobre certas coisas, embora ele lembrasse do fatídico momento em que Haku começou a se despir no meio do barco, com a intenção de se trocar.
"Bem, estamos mesmo aqui..."
Conclui Haku.
Nunca estive no país das fontes termais...
Quem eu quero enganar? Eu nunca havia saído de Konoha até há alguns dias atrás...
O rapaz de aparência afeminada enrola novamente aquele mapa e o guarda.
"Para onde temos que ir?"
Perguntou Naruto enquanto olhava para uma direção fixamente.
"Só precisamos seguir em linha reta, para aquela direção."
Diz Haku ao apontar para a direção contrária a da praia que estava há alguns minutos de caminhada.
Embora Naruto tenha feito tal pergunta e ter recebido uma resposta, ele parecia concentrado em outra coisa.
"Hum?"
Haku vira sua atenção para onde o Uzumaki observava.
Repentinamente, o Jinchuriki saca uma de suas Kunais e, imediatamente, lança na direção em que ele tanto olhava.
"Merda. Eu errei!"
Pragueja o Uzumaki, ao não conseguir acertar alguma coisa.
As agulhas de Haku, imediatamente, surgem em sua mão. Num movimento ainda mais rápido e preciso de que Naruto, Haku acerta algo.
Naruto olha para Haku, parecia aprovar o que sua propriedade havia feito.
Ambos vão caminhando até onde a agulha de Haku havia acertado.
No meio de um arbusto, no lado de uma raiz exposta, finalmente foi possível de se ver o que Naruto observava, uma lebre marrom.
A lebre não demonstrou nenhum tipo de dor ou algo do tipo... bem, era o esperado, afinal, a agulha de Haku havia acertado e entrado no crânio, perfurando o cérebro e saindo pelo olho esquerdo. Todo o líquido viscoso do globo ocular havia sido disperso e se misturava parcialmente com o sangue no chão.
"Você poderia apenas mobilizar ela... eu poderia ter treinado o Ninjutsu médico um pouco mais..."
Comentou Naruto ao achar que foi um desperdício matar tão rápido uma possível cobaia.
Bem, certamente era chocante que alguém se importasse com treinamento ao se deparar com um cadáver naquela situação, mas Haku estava começando a se acostumar com a estranheza de seu dono.
"Você teve um bom progresso no tempo em que estivemos no barco... na verdade, sempre ouvi falar que Ninjutsu médico era extremamente difícil de se aprender..."
Comenta Haku enquanto olhava para aquela lebre com certo desdém.
O loiro arranca a agulha de Haku que estava fincada na raiz exposta de uma árvore. O rapaz tira a agulha letamente enquanto era possível de se ouvir os sons de carne sendo mexida.
Finalmente, o rapaz tira a agulha de Haku do crânio da lebre. O Uzumaki se vira para Haku e o devolve aquela agulha banhada por sangue.
"Vamos? Temos que nos apressar. Talvez tenhamos a sorte de encontrar algum lugar para passar a noite."
Diz Naruto ao olhar para o céu.
"Bem, se eu não me engano, tem um povoado há algumas horas daqui..."
Comentou Haku.
Após alguns minutos, Naruto pega uma bolsa, enquanto Haku carrega duas, e ambos começam a correr, na direção em que a ferramenta de Naruto havia dito.
Algum tempo depois.
O próximo passo vai ser me acostumar com a anatomia de alguns seres vivos, de preferência pequenos anfíbios... era o que dizia nas escrituras do pergaminho.
Enfim, acho que isso não vá ser algum problema...
...
Estamos correndo há quase duas horas, bem, pelo menos o sol já está um pouco mais fraco... estou com muita cede e cansaço! Nunca havia me sentido tão cansado antes.
Eu me viro e vejo Haku, ele não parecia nenhum pouco cansado. Esse cara pode parecer uma garota, mas ele é forte como um animal selvagem... aposto que ele ainda está se segurando para me acompanhar... que merda!
Enfim...
Acabei de lembrar de quando eu li o trecho de "Ninjutsu da criação do renascimento, jutsu força de uma centena" dizia que era estritamente necessário possuir um corpo com um Taijutsu poderoso...
Por bem, ou por mal, essa corrida é relativamente necessária pra mim.
O Uzumaki suava ainda mais, sua respiração era ainda mais ofegante, consequentemente, o ritmo da dupla ia caindo.
Naquele ponto, a floresta já era um pouco menos densa, com árvores cada vez mais altas, começava a se parecer com a floresta da morte, tipo de floresta na qual o Uzumaki mais tinha experiência. Grandes árvores implicava em galhos grandes também, logo, um meio mais prático para que um ninja sem muito porte físico como Naruto possa se mover.
Uma hora depois.
O vento batia contra o rosto do loiro, fazendo com que seus cabelos fossem atrapalhados. Haku não passava por esse problema, pois seu longo cabelo estava amarrado. Enfim, Naruto parecia aliviado por conseguir parar de correr, eles se locomoviam pelos galhos.
"O que você acha, Kurama?"
Perguntou o Uzumaki.
Bem, Naruto estava completamente lúcido, ele não estava frente a frente com Kurama, mas mesmo assim, ele conseguia se comunicar, aparentemente.
"É possível fazer isso, mas se você treinar muito seu corpo e ficar no ciclo de curar seu vigor e ferimentos, você pode se sobrecarregar e morrer de exaustão sem nem perceber."
Comentou Kyubi.
Bem... acho que, no fim das contas, não é uma boa ideia.
Bem, a intenção da idéia realmente era extrema: Naruto havia pensado em como treinar seu Ninjutsu médico e treinar seu corpo e seu Taijutsu, a ideia era treinar o físico até não conseguir mais e então se curar, treinando o Ninjutsu médico. Após se curar da exaustão, o rapaz voltaria ao treinamento, repetindo o mesmo processo até seu Chakara esgotar. Tudo isso após dominar o básico de Ninjutsus médicos, claro.
Embora aquela ideia soasse ridiculamente bizarra e extrema, sua essência fazia sentido.
O dia começava a escurecer.
Os dois já estavam em sua jornada há cerca de cinco horas, desde que chegaram no pais das fontes termais. Aquele lugar era quente, mesmo comparando com Konoha. As árvores já eram do tamanho das da floresta da morte, algumas até ultrapassavam seu tamanho.
Naruto, de repente, percebe que algo de estranho acontecia.
"Ei, Haku-san."
O Uzumaki chamou por sua ferramenta.
De repente, Haku para de pular.
O rapaz olha para o Uzumaki e pergunta:
"O que houve, Naruto-san?"
O loiro aponta para o chão, em uma determinada direção. Haku volta seu olhar para lá.
Havia um homem sendo perseguido por um animal quadrúpede, parecia com um porco selvagem.
"O que faremos?"
Perguntou Haku ao voltar sua atenção ao loiro.
Instantes depois.
"Droga, droga, droga, droga, DROGA!"
Exclamava o homem de trinta e poucos anos de idade.
O homem estava correndo e tentando se esconder há vários minutos, mas o enorme porco sempre acabava o encontrando.
"Seu porco maldito!! Volte quando eu recuperar meu Chakara!!"
Exclamou o homem enquanto parecia que o mesmo não ia conseguir continuar correndo.
O homem corria por sua vida, mas existem certas pessoas que apenas a existência em si pode confirmar que o azar realmente existe. No meio de todo aquele desespero, o homem tropeça e cai.
O enorme e intimidante porco para de correr, ficando diante do homem. Se olhasse bem, parecia que aquele porco cheio de cicatrizes queria apenas causar pavor no homem.
"Grrr... que droga...!"
Diz o homem ao concluir que suas chances não eram das maiores.
O homem fecha os olhos, esperando pelo pior.
"Ei, idiota."
A voz de Naruto ecoa.
O porco se vira, tentando identificar de onde veio tal voz. Quanto ao homem, ele reabre os olhos, ainda apavorado.
Nisso, duas Kunais são lançadas, acertando o enorme porco. O porco e o homem se deparam com um rapaz loiro e esguio.
O que? A Kunai ficou presa no couro desse bicho?
Naruto ficou chocado.
De fato, Naruto já perfurou carne e madeira com Kunais, mas não ultrapassa o couro daquele animal?
O porco se vira para a direção de Naruto e corre violentamente.
Hã? Esse- esse porco enlouqueceu??
Onde é que está o Haku???
De repente, três agulhas surgem e acertam a cabeça do animal com força e violência, ficando completamente cravadas e alojadas na cabeça daquele animal selvagem.
O animal cai no chão, morto.
Sério? Eu poderia ser morto por um porco selvagem de merda!?
Naruto ficou quieto, frustrado.
De repente, Haku surge entre o Uzumaki e o cadáver do porco.
O homem que estava sendo perseguido, finalmente se ergue, olhando para Naruto e Haku.
"O-obrigado por me ajudarem..."
Diz o homem.
Naruto que estava preso em seus pensamentos, finalmente volta. Ele se vira para o homem e diz:
"Não se preocupe."
Haku apenas acenou com a cabeça, aceitando os agradecimentos do homem.
"Posso saber qual é o nome de vocês?"
Perguntou o homem enquanto espanava a poeira de sua própria roupa.
Haku olha rapidamente para Naruto, no entanto, o loiro não retribui o olhar. A única coisa que o Jinchuriki pôde fazer é sorrir gentilmente.
Ele aponta para seu lado e, ainda mantendo o sorriso, diz:
"Essa aqui é minha prima, Yuki."
O homem rapidamente olha para o rosto de Haku, mas Haku não expressa nada, mesmo após aquela repentina mentira.
"E eu sou Namikaze Kurama."
Diz Naruto ao abrir um sorriso dúbio. Parecia gentil, mas se olhasse mais atentamente, veria a pretensiosidade mascarada.
Fim. :)
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