História NejiHina - Fendas e Lírios - Verdade Revelada: O Teste das Almas

------SONHO------

- Hinaaaaataaaa… - chamou Okiku com sua voz doce de sereia.

- Sim, Okiku-sama.

- Eu soube que você gostou do meu colar.

- Sim - ela juntou os dedinhos indicadores - Ele é muito bonito.

- Ele é a prova do amor de Chiune-kun por mim. Foi ele quem disse a Neji para dar a sua esposa quando se casasse.

- Foi por isso que o Neji-nii san me deu.

- Nii-san? É assim que chama o Neji? Você o ama como marido, não ama?

- Sim, senhora - e então Hinata se interrompeu - Digo… eu… ainda não - respondeu abaixando a cabeça.

- Hinata… - Okiku chamou como se estivesse com pena da moça.

Mas assim que Hinata olhou para ela, a avó de Neji usou o kekkei genkai de seu clã. Surgiram dois chifres em sua cabeça, seus olhos pretos ganharam irises vermelhas e chakra vermelho emergiu de seu corpo.

------FIM DO SONHO------

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH!

Todos na casa acordaram. Neji se virou assustado para acudir a esposa - Hinata-sama, o que houve? - perguntou segurando o braço dela. Hirashi, Hinashi e Hikashi pularam da cama e correram para o quarto dos pais. Hijashi e Higashi choravam em seus berços. Aquele monte de barulho deixou Neji irritado, então fez três clones para cuidar dos filhos: um levou os três mais velhos para o quarto, os outros dois levaram os mais novos para um cômodo silencioso para fazê-los dormir de novo. O Neji verdadeiro continuou na cama com Hinata.

- Pronto. Agora me conta, Hinata-sama. O que houve?

- A sua… avó… - Hinata ainda estava com medo - ...veio… e virou… uma coisa feia.

- Quê?! Minha avó morreu já tem muito tempo.

- Mas ela veio, nii-san. Ela começou me chamando tão calminha e de repente ela virou um demônio.

Pausa dramática

- Pior que é assim mesmo que agem os Hyudoro.

Neji se levantou da cama e foi até a cozinha. Encheu um prato com arroz e levou até um altarzinho que ficava em outro cômodo. Havia algumas fotos de pessoas que já haviam morrido: Hizashi, Kiko, Chiune, Okiku, o líder anterior do clã Hyuuga e sua esposa. Neji colocou o prato de arroz em frente à foto de Okiku e fez uma reverência.

- Vovó, se estiver em nossa casa, aceite este prato de arroz e volte ao mundo dos mortos - disse ele antes de fazer uma oração.

(Nota: Os xintoístas acreditam que um espírito busca contato com os vivos quando tem fome. Por isso eles oferecem arroz aos mortos.)

(Música: Byakuya - Naruto Shippuden Soundtrack)

Neji reverenciou mais uma vez e bateu palmas duas vezes. Depois voltou ao quarto e se deitou com Hinata.

- Pronto, Hinata-sama. Seja lá o que a minha avó quis dizer com isso, agora estamos seguros.

- Mesmo, nii-san?

- Mesmo. Já deixei o arroz para ela. Agora trate de dormir, está bem?

- Neji-nii san… - Hinata estava aflita - Eu… ainda estou com medo.

- Então… - ele colocou seu braço por cima dela - Eu durmo abraçadinho com você. Se a vovó aparecer de novo, eu converso com ela.

- Obrigada, nii-san - Hinata beijou sua bochecha.

Os dois voltaram a dormir assim que os clones deixaram os filhos mais novos em seus berços. O abraço de Neji fez toda a diferença para o sono de Hinata. Ela dormiu tranquila, sonhando que estava na beira de um rio com o marido, os dois sentados sobre a grama, fazendo carinho um na mão do outro.

No dia seguinte, Hinata serviu o café da manhã. Os meninos estavam preocupados com a mãe, mas ela os tranquilizou, dizendo que foi apenas um pesadelo. Neji terminou de tomar seu café quando pegou delicadamente na mão de Hinata.

- Hoje eu não tenho trabalho, Hinata-sama. Vou ao cemitério oferecer mais arroz à minha avó e depois aproveito para visitar seus pais e pedir o colar de volta.

Pausa dramática

Hinata tinha medo do que Neji pudesse descobrir ao encarar Kurenai por causa do colar. Ela não sabia se a mãe iria contar a verdade, e com isso o marido ficaria profundamente chateado.

- N-não precisa ter pressa, nii-san - ela juntou os dedinhos indicadores - Pode deixar para outro dia.

- Eu vi o quanto você ficou triste quando ela levou o colar. Eu vou resolver isso rápido.

Neji se arrumou e pegou alguns pratos com arroz, carregando-os em pilha. Depois, foi até a porta e deu um selinho em Hinata.

- Eu vou, mas eu volto, tá?

- Sim, nii-san - ela sorriu timidamente.

Ele foi até o cemitério de Konoha e dirigiu-se para a parte destinada ao clã Hyuuga. Se aproximou dos túmulos de seus avós maternos, deixou um prato de arroz em cada um, rezou por suas almas e bateu palmas duas vezes.

- Vovó… o que a senhora quis dizer com aquele sonho? Hinata-sama é uma moça tão gentil. Não merecia ser exposta ao seu kekkei genkai.

Em seguida foi ao túmulo de seus pais e avós paternos e fez o mesmo. Porém, ao se levantar, sentiu a presença de alguém no cemitério. Usando o Byakugan, viu Kurenai saindo da parte do cemitério reservada ao clã Sarutobi.

Pausa dramática

Coincidentemente, a sogra havia sentido a presença de Neji. Sem querer encontrá-lo, ela fugiu bem rápido do local, voltando para casa.

- Alguma coisa está errada - pensou ele - Por que a minha sogra iria visitar o jazigo dos Sarutobi?

Neji pensou em seguir Kurenai, mas ficou com a questão do sonho de Hinata em mente. - Talvez seja melhor buscar uma ajuda espiritual - pensava ele. Neji mergulhou em um rio para se purificar e usou um jutsu para se secar. Depois foi até o santuário e falou com o sacerdote. A resposta foi surpreendente.

- Sua avó não pode ter assombrado Hinata-san. A alma dela está em paz.

(Nota: Na crença xintoísta, as pessoas muito boas vão para o plano celestial, as com pendências ou preocupações vagam pela terra até reencarnar, e as ruins vão para um rio do submundo e sofrem até reencarnar.)

- Quer dizer que a minha avó está no plano celestial?

- Sim. Ela e seu avô Chiune-san. Okiku-san foi uma mulher bondosa, não tinha mais pendências aqui. É mais provável que tenha sido sua mãe a assumir aquela forma e assombrar Hinata-san do que sua avó.

Neji ficou um pouco preocupado.

- Minha… mãe está… aonde?

- Sua mãe tem pena a cumprir. Ela e seu pai vagam pela terra, preocupados com você. E a preocupação de seus pais é o que levou sua sogra a confiscar o colar de Hinata-san.

- Mas… qual preocupação é esta?

- Por algum motivo, eles não confiam que Hinata-san o ame como marido.

Pausa dramática

- Então… Hinata-sama ainda… me vê como primo? - Neji tentou segurar as lágrimas.

- Isso você precisa conversar com ela para saber.

O jovem agradeceu o sacerdote e voltou para casa. Hinata percebeu que ele estava abatido.

- Neji-nii san… - ela segurou uma de suas mãos e pôs a outra sobre o ombro dele - O que houve?

- Nii-san… - Neji olhou para ela com os olhos irônicos - Eu devia ter desconfiado pela maneira como me chama.

Pausa dramática

(Música: Hurricane Suite - Naruto Shippuden Soundtrack)

- O quê?! - Hinata deu um passo para trás - Do que você está falando?

- Eu sei porque a sua mãe tomou o colar. E sei também porque a minha mãe se passou pela minha avó para te assustar.

- Era sua… mãe…?

- Sim. Minha avó encontrou paz com o meu avô. E infelizmente os meus pais não podem descansar em paz porque eles desconfiam que você não me ama - Neji começou a falar irritado.

- Neji-nii san… calma... - Hinata estava assustada - É claro que eu te amo.

- Você é tão mentirosa quanto a sua mãe - a feição de Neji ficava mais pesada - Eu a vi hoje no cemitério visitando o jazigo dos Sarutobi, muito provavelmente o túmulo do Asuma-sensei. É essa a vida que você quer levar, Hinata-sama? Na frente dos nossos filhos, nós somos um casal apaixonado, mas pelas costas você ainda ama outro?

- Não… é engano… é engano, nii-san. Eu não amo mais o Naruto desde que houve o caso com a Sakura.

- Eu acredito que você não ama mais o Naruto, porque viu que ele não ia mesmo te levar para um palácio encantado e te livrar do clã Hyuuga. Mas o que eu não quero, Hinata-sama, é ser feito de palhaço. Eu faço tudo o que você me pede, eu te dei o maior tesouro da minha família como prova da minha devoção e é ASSIM que você me retribui?! - ele começou a levantar a voz.

- Neji-nii san… não… me escuta… - Hinata tremia, quase chorando - Eu amo você… amo mesmo… só que… só que…

- Só que você na verdade está tentando me enganar.

- Não… - Hinata começou a chorar - Neji-nii san, eu… eu não quero te enganar… nós temos cinco filhos juntos… eles são a prova do meu amor…

- Se você me dissesse isso horas atrás eu acreditaria. Mas agora eu creio que você apenas estava cumprindo o seu dever de esposa e realizando o seu sonho de ser mãe. E pensar que eu mentia para o meu próprio sogro para criar meus filhos de um jeito que fizesse VOCÊ feliz…. Tantas vezes Hiashi-sama me perguntava por que eu não levava os meninos lá mais vezes, e eu tinha que inventar desculpas porque VOCÊ não queria que eles tivessem mais contato com o avô.

Hinata ouvia a tudo arrasada. Cobriu o rosto com as mãos e tentou não cair de joelhos.

- E o que eu ganhei com tudo isso? Uma esposa que mente para mim, que me engana. Eu não mereço isso. Ou mereço?

- Não, nii-san…

- Eu vou te dar outra chance, Hinata-sama. Você pode não merecer, mas eu tenho consideração por você. Agora, não pense que eu serei aquele marido bonzinho do começo do nosso casamento. Eu é que decido agora como serão as coisas, e é bom você me obedecer. Ouviu bem?

- Sim, senhor.

- Ótimo - Neji começou a ir em direção ao quarto, massageando as têmporas - Estou cansado e com dor de cabeça. Preciso de um banho para relaxar. Eu até pediria para você me fazer uma massagem, mas acho que na condição em que está é capaz de você me beliscar. Prepare meu chá enquanto isso.

- Sim, senhor…

Hinata foi para a cozinha preparar o chá enquanto Neji tomava banho. Ela não podia ver, mas ele chorava com o rosto escondido nas mãos. - Como você é burro! - pensava - É assim que você vai convencê-la a te amar? Se bem que... depois de tudo o que eu fiz para ela... se ela não me ama ainda, é porque não vai me amar nunca. - Por outro lado, Hinata também chorava por sentir que magoou Neji. Naquele momento, Hanabi trouxe os sobrinhos para casa.

- Nee-sama, estamos de volta - disse ela, entrando com os meninos.

Mas de repente eles perceberam que Hinata estava muito abalada. - Você está bem, mamãe? - perguntou Hirashi preocupado, segurando a perna da mãe. Hinata apenas acenou com a cabeça e abraçou o filho. Hanabi pediu licença para colocar os sobrinhos mais novos no berço e aproveitou para levar os meninos para o quarto.

- Pronto - disse ela voltando - Agora me conta, nee-sama. O que aconteceu?

Hinata contou tudo a ela. Hanabi estava surpresa - Mamãe acabou atrapalhando mais do que ajudando, né? Quando eu voltar, vou pedir para ela devolver. Mas olha... você conta o seguinte pro Neji-nii san... - A irmã tinha um plano que poderia ajudar Hinata.

Hanabi voltou para casa quando Neji voltou para a sala. Hinata lhe serviu o chá e se colocou atrás dele, apertando seus ombros e arrancando um sorrisinho de sua boca.

- Agora você está mais calmo, nii-san?

- Eu ainda estou bravo com você, Hinata-sama - respondeu Neji calmamente - Só não vou pedir para você ir porque a massagem está boa.

Hinata sorriu timidamente - Olha, nii-san, eu não sei onde que você ouviu essa história, mas eu te garanto que é mentira - ela disse enquanto continuava apertando os ombros de Neji.

- Eu fui ao templo, falei com o sacerdote e ele me disse que meus pais estão desconfiados que você não me ama.

- Então, nii-san... eles estão desconfiados. Não quer dizer que eu não te ame.

Pausa dramática

Aquele era um ponto válido. Neji pensou por um minuto enquanto Hinata prosseguia.

- Você sabe que a sua mãe nunca foi muito com a minha cara, lembra, nii-san?

------FLASHBACK------

- Papai... - Hinata unia os dedinhos indicadores - O senhor... se dava bem com a vovó Yukiko?

- Sim. Sua avó gostava muito de mim, e eu dela também. Por que, Hinata?

- Bem... o Neji-nii san é legal. Mas a minha sogra... ela fica... me criticando...

- Ah, mas isso tem explicação. Sabe... faz anos que a sua sogra é viúva e não cumpre mais os deveres dela. Quando uma mulher fica muitos anos sem um homem, o fogo começa a incomodar e ela fica mais rabugenta.

- Então é isso...

------FIM DO FLASHBACK------

(Música: Tua Boca (Instrumental) - Belo)

- Neji-nii san, eu posso provar o quanto eu te amo.

- Como?

Ela se sentou ao lado de Neji, pegou sua mão e continuou.

- Neji-nii san, desde que a gente se casou eu cuido direitinho da nossa casa, dos nossos filhos e de você. É a minha obrigação cozinhar, lavar sua roupa e te dar filhos. Mas o que eu faço por você é muito mais, nii-san, e você sabe disso.

- Sei... - ele tentava segurar as lágrimas.

- Todo final de semana eu faço o soba de peixe que você ama. Enquanto você brinca com os meninos, eu preparo o seu banho. Eu aperto seu pé quando você deita. E quando você vai dormir e se encolhe na cama, eu coloco a sua cabeça no meu peito e faço cafuné no seu cabelo para você dormir mais tranquilo. Eu sinto o quanto que você gosta disso. Neji-nii san, eu não sei como que os seus pais querem que eu te ame, mas se isso não é amor, eu... eu não sei... o que é.

- Não chore - Neji reparou que os olhos dela estavam encharcados e colocou a cabeça dela em seu peito - Não chore, minha princesa...

- E você... me ama, nii-san?

- Como eu disse antes, eu cumpro cada desejo seu - respondeu sério - Eu passo por cima das regras para te agradar. Sempre pergunto pela sua opinião antes de decidir algo. Eu massageio seus pés toda tarde, e às vezes até penteio o seu cabelo. Se isso não é amor... eu não sei o que é.

Neji e Hinata se olharam e lentamente seus lábios se encontraram em um beijo. Então começaram a se abraçar e ele beijou o pescoço dela.

- Você não quer aproveitar que os meninos estão brincando para a gente fazer as pazes?

- Quero, Neji...

Neji tomou Hinata em seus braços e a levou para o quarto. Aquele havia sido um dos melhores “encontros” de suas vidas. Enquanto Neji havia se esquecido da briga, Hinata tentava não pensar no medo de ser descoberta. Mal sabia a jovem que um dia ela aprenderia a amar Neji, só não sabia quando. No fundo, ele já a amava, e o amor dela brotava aos poucos, mas nenhum admitia a verdade. Por hora, ela encostava a cabeça no peito do marido e juntava seus dedinhos indicadores antes que viesse a hora de preparar o jantar.