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História Nightfall - I


Escrita por: douze

Notas do Autor


Hey, amoras 💕. A Kim está de volta com mais uma OS.
Dessa vez com esse couple maravilhoso, que só fica orgasmico quando é outra pessoa que eu escreve, não eu kkkkkkkkkkk
Faz mais de 4 meses que estava enrolando para terminar, mas agora está aqui.
Para compensar o cap lixo, vai ter bônus Reituki o/
Espero que gostem, no final vai ter um glossário para quem quiser saber quem é quem...
Perdoem os milhares de erros que provavelmente vão ter aí, não tenho beta e tals.
Dedicado a Mana 💙✨ kkkk

~Enjoy

Capítulo 1 - I


Anúbis, o deus egípcio responsável pelo embalsamento ou mumificação dos mortos egípcios, responsável também por guiar as almas até o salão do julgamento, onde o coração é colocado em uma balança junto com a pena da verdade, tendo a alma julgada e caso um lado da balança pender a alma é devorada por Ammit A retribuição divina, por todos males feitos em vida, que tem o “traseiro” de  hipopótamo, corpo de leão e a cabeça de crocodilo.

    Anúbis representado pelo chacal, sempre foi tido como um deus cheio de elegância e boa aparência, dotado de uma beleza estonteante e atributos inigualáveis em sua forma humana . Pessoas pela história dizem que ele sempre aparece a noite em lugares onde já ocorreram algum tipo de fatalidade, lugares onde ele e seus poderes podem ser utilizados, onde sua presença é recebida de bom grado.

    Eu como estudante de arqueologia e amante de história egípcia, sou completamente encantado pelo deus dos mortos, ele pode ser considerado o deus menino, o mais jovem entre todos, mas o significado dele e o seu "trabalho", é realmente importante.

    Meu nome é Takashima Kouyou, tenho 22 anos e estou no último semestre do meu curso de arqueologia - como devo ter dito anteriormente -, faço estágio no museu de Tóquio, estamos para receber uma grande exposição do Egito antigo, eu fui um dos escalados para ficar responsável pela organização dos mínimos detalhes, o que me deixou eufórico e entusiasmado, mas não sabia que seria tão cansativo.

    Hoje eu havia ficado mais uma vez até tarde, para verificar se tudo estava no seu devido lugar, nomes, placas, se as peças expostas estavam devidamente arrumadas e catalogadas - e realmente estavam porque eu havia feito isso ontem e com uma personalidade perfeccionista e observadora, obviamente não o teria deixado passar na primeira. -, estava andando por um dos corredores quando vejo alguém parado em frente a uma estátua de Seth O deus Vermelho, por um instante eu pensei que fosse um guarda, mas logo reparei que não trajava uniforme.

    — Senhor, não é permitido visitantes nesta área, muitos menos após o museu fechar. Pode me acompanhar, por favor? - falei com toda a paciência que ainda me restava, eu estava cansado e queria ir pra casa.

    — Você sabia que em uma noite de loucura da deusa Néftis, ela se passou por Ísis e dormiu com Osíris? Traindo Seth que era seu marido e fazendo com que pensassem que Anúbis era filho do Senhor da sala de julgamento. - ele falou com a voz suave e rouca, fazendo todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Estranho.

    — Sim, eu sei, por mais que digam que o Chacal é filho de Seth, acredito que ele tenha mais características de Osíris nele e também acho que Néftis devia ter levado algum tipo de punição por tal ato! - falei automaticamente, eu estrava tanto na mitologia que era raro sair de lá, então qualquer um que puxasse assunto comigo sobre, teria o que falar, mesmo que fosse um intruso no meu local de trabalho. Reparando agora, pude ver melhor o outro, o cabelo era preto e brilhoso, a cada movimento que ele fazia eles escorriam de forma suave pelos ombros largos, a pele um pouco pálida, que não mostrava nenhuma imperfeição ou mancha, os lábios eram fartos e um pouco roxos como se estivesse com muito frio, tinha um piercing no lábio inferior que deva um diferencial a ele, as roupas eram todas pretas, desde a jaqueta até o coturno, mas o mais marcante eram os olhos, eles pareciam dois buracos negros, pareciam sugar toda a luz e vida ao redor deles, eram aterrorizantes, mas terrivelmente encantadores, que de uma forma que você não consegue desviar o olhar, por incrível que pareça. Eu devo ter ficado um bom tempo encarando ele, porque agora ele me encarava com um sorriso de canto.

 

    — Tem uma opinião muito interessante, acha mesmo que ele seja filho de Osíris? - apenas fiz que sim com a cabeça. — É, eu também. Você séria?

    — Takashima Kouyou, mas creio eu que, é você quem deva se apresentar, não é mesmo? - ele apenas concordou e deu uma risada suave. — Como se chama? Por acaso é ladrão de antiguidades? O que está fazendo aqui?

    — Bom, nesta vida pode me chamar de Yuu... Shiroyama Yuu! - fez uma leve vênia. — Não, eu não sou um ladrão e eu só vim saudar um velho amigo, já estava de partida.

    — Como entrou aqui?

    — Ah sim, acho que isso não vem ao caso. Pode me levar até a saída? - perguntou se aproximado, eu podia jurar que esfriou um pouco depois que ele se aproximou.

    — Claro, só peço que venha "saudar seu velho amigo" quando o museu estiver aberto, em horário de funcionamento.

    — Você me lembra Bastet, essa personalidade forte, autoritário, perfeccionista, detalhista, observador e carente. - assim que ele terminou de falar, chegamos a porta da frente do museu.

    — Bom, Bastet era dotada de uma agilidade, graça e coordenação motora que não se agrega a mim e o senhor também não me conhece ao ponto de poder afirmar tudo isso. - destranquei e abri a porta.

    — Certas coisas podemos saber apenas por um olhar... Foi um prazer, Kouyou, espero lhe ver em breve! - falou com o mesmo sorriso de canto.

    — Passar bem, Sr.Shiroyama.

    — Lembre-se, Anúbis e Bastet, foram amigos... - ele parecia ponderar as palavras. — Bons amigos!

    Ele disse isso e saiu, eu fechei a porta e voltei a trancá-la, assim que olhei em direção a rua ele havia sumido, sendo que ele levaria um tempo até sumir de vista, ignorei esse fato e segui novamente para dentro dos corredores, tenho trabalho a fazer.

    Afinal, quem esse Shiroyama pensa que é?






        2 semanas depois...


    Já tinham se passado duas semanas desde que vi o invasor no museu, a exposição era um sucesso, estava recebendo várias críticas positivas - o que era ótimo - , como eu - ainda - sou apenas um estagiário contínuo com a mesma rotina de sempre, só que nos últimos dias eu tenho sonhado com coisas um tanto estranhas e na maioria dos sonhos, aquele tal de Shiroyama Yuu aparecia.

    Os sonhos se passavam no Egito, eu sempre me encontrava no mesmo lugar e da mesma forma, as margens do Nilo, minhas roupas era um kalasiri em linho branco e bem trançado, as pulseiras e os colares de ouro com detalhes em pedras preciosas, era tudo tão bem feito, eu olhava pra frente e tinha uma visão de como descreviam o antigo Egito, as pessoas iam de um lado para o outro, servos, anciãos, senhores, crianças, todos bem vestidos e outros nus - até porque naquela época era normal as pessoas não usarem nenhuma peça de roupa - ao meu ver até o mais simples era incrível, mas essa imagem sempre começava a desmanchar e aparecia ele, o intruso, as roupas dele eram negras e ele estava na entrada do que parecia uma tumba, ele me chamava, a mão estendida em minha direção e os olhos que me encaravam como se quisessem o mais profundo do meu ser, eu ficava indeciso se ia ou não, e ele continuava ali pacientemente a me esperar, quando eu começava a andar em sua direção, meu corpo começava a pesar e ele aparentava estar cada vez mais longe, era desesperador, quanto mais eu tentava pior ficava, eu acordava suado e fadigado como se tivesse feito todo aquele esforço realmente.

    Eu estava tão esgotado da faculdade, estágio e dos sonhos malucos que eu estou tendo que vou aproveitar essa sexta feira e sair, Takanori um amigo de longa data me chamou pra ir em uma balada que ele descobriu em uma das muitas saídas dele, música boa, bebidas e pessoas bonitas, era disso que eu precisava. Taka vinha me buscar lá pelas dez, porque ele não gostava de chegar cedo nos lugares por puro charme.

    Tomei um banho relaxante como a muito não fazia, minhas roupas de hoje consistiam em uma calça preta de couro apertada, que realçava minhas coxas, uma camisa de botões, com estampa de onçinha que Taka havia me dado, ela era de um tecido leve e praticamente transparente, uma jaqueta de couro com spikes nos ombros, meus cabelos loiros caiam livres ao redor do rosto, a maquiagem pesada e os olhos delineados deixavam meu olhar mais intenso, o perfume marcante de sempre e os coturnos, que já eram de lei, terminei de me arrumar, olhei no espelho vendo se estava tudo no seu devido lugar.

    Recebi uma mensagem de Ruki - como Takanori gostava de ser chamado - avisando que ele já estava me esperando na frente do prédio em que moro, peguei minha carteira, celular e chaves trancando tudo, peguei o elevador descendo até o térreo, passei pelo saguão cumprimentando o porteiro e saindo portão a fora, Ruki estava me esperando escorado no carro, ele também estava com uma calça de couro preta e coturnos, usava uma camiseta de uma banda qualquer cortada dos lados deixando o tronco a mostra, usava seus acessórios como de costume, a maquiagem pesada que mostrava personalidade forte e sua marca registrada, os riscos pretos que pegavam do pescoço até o queixo, ele me lembrava a deusa da caça Neith, ele podia ter a altura de uma criança, mas você se sentia intimidado pela presença dominadora e olhar marcante do mesmo, era como se você fosse uma presa e ele o temido predador.

    — Você ficou uma graça com essa camisa, Uru-chan! - disse no tom zombeteiro de sempre, saindo de perto do carro pra me cumprimentar com um abraço e um beijo no rosto.

    — Eu sei que estou incrível, afinal você que me deu essa camisa. - falei quando me afastei do mesmo, indo em direção ao carro e entrando no lado do passageiro, vendo o menor fazer o mesmo do lado do motorista. — Estranho é ver você assim, tão simples!

    — Resolvi pegar leve no glamour hoje, só meu rosto já chama atenção o suficiente! - falou com um sorriso de canto.

    — Sempre humilde, não é? Não vai beber hoje? - perguntei já que estamos indo no carro dele.

    — Hoje não, quero estar sóbrio dessa vez, para saber como quem eu vou pra cama no final da noite, não quero passar pela mesma situação da última vez em que saímos. - terminou de falar fazendo um careta estranha e eu acabei por rir da desgraça do meu amigo. Chegamos na tal balada, a faixada era enorme  a fila maior ainda, saímos do carro, Ruki entregou a chave para alguém que eu julguei ser o manobrista do local.

    — Taka a fila está enorme, vamos passar a noite inteira nela!

    — Falando assim até parece que você não me conhece, acha mesmo que vamos pegar fila? - disse o menor me puxando pelo pulso, indo em direção a entrada do local. — E já disse pra me chamar de Ruki.

    Paramos na frente do armário que tinha escrito 'segurança' em um pequeno crachá.

    — Nomes? - ele perguntou com as feições corriqueiras da profissão.

    — Ruki! - Taka só precisou falar o nome para que a carranca do outro desaparecesse e um sorriso prestativo ficasse no lugar.

    — Ruki-sama, que bom que veio, aqui está sua pulseira e uma para seu acompanhante - ele entregou duas pulseiras pretas com "VIP" escrito em vermelho. — Fiquem à vontade e é tudo por conta da casa! - terminou de falar nos dando passagem.

    — Como você conseguiu? - perguntei próximo ao ouvido do menor, já havíamos entrado e o outro já se dirigia ao bar.

    — Eu descobri que já peguei o dono da balada, então foi fácil pedir esse favor! O foda é que no dia que "não posso beber" a bebida é por conta da casa, inacreditável! - falou resmungando e se encostando na enorme bancada do bar.

    — Pega um daqueles drinks sem álcool, são uma delícia e você não precisa ficar aí, sem beber nada!

    — Mas aí que tá', a graça está no álcool! - ele bufou irritado, esse baixinho.

    — Ok, acho que umas duas doses não matam ninguém, né? - sorri para ele, me virei para o balcão chamando o barman, logo pedindo dois shots de tequila e duas doses de vodka, que não demorou muito a serem entregues, já que mostrei a pulseira mágica.

    — Aqui está, querido amigo estressadinho! - disse zombeteiro ao menor que nem se importou. — Sem essa viadagem de limão e sal, só vira! - entreguei o copo para ele, brindamos e viramos os shots, eu sentia a bebida descer queimando minha garganta e esquentando meu corpo, peguei a vodka e virei também, aproveitando a coragem, pedi um whisky duplo para poder ir pra pista e ficar lá um bom tempo.

    — Vem comigo pra pista! - chamei o menor, já o puxando pela mão até a pista que estava lotada.

    Uma música internacional começou a tocar, fazendo o emaranhado de pessoas se mexer, Ruki e eu só nos deixamos levar pelo ritmo envolvente da música, nós dançávamos bem juntos, Ruki usava e abusava da minha altura, para se esfregar em mim, ele se mexia balançando a cintura, descia e subia rente ao meu corpo, esse era o jeito dele de atrair quem quer que fosse.

        XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

    Depois de muitas músicas voltamos ao bar estávamos ofegantes e com sede, mas uma palavra que poderia nos definir com clareza era, frustração. Não conseguimos nada na pista, recebemos muitos olhares e alguns até se aproximaram, mas por algum motivo eles se afastavam, sem nenhuma explicação. Justo na noite que eu quero aliviar meu corpo e minha mente de toda tensão que vinha tendo nessas semanas.

    — Me vê um drink, por favor! - pedi ao barman que logo trouxe a bebida.

    — Eu não vou beber, porque se começar não vou parar. Uru, já estamos no meio da madrugada e sozinhos, isso nunca aconteceu! - ele dizia indignado, enquanto tomava uma bebida azul sem álcool que havia pedido.

    — Eu não sei, Ruki. Como duas pessoas tão lindas podem ser ignoradas desse jeito? - fiz minha melhor expressão de drama arrancando uma risada do mais novo.

    — Uru, acho que já achei a caça dessa noite! - ele falava enquanto olhava na outra direção do bar com um sorriso malicioso, olhei na mesma direção vendo um loiro, devia ser um pouco menor que eu, vestia roupas escuras com algumas correntes espalhadas por ela, os braços fortes a mostra, ele tinha uma faixa na cor preta cobrindo o nariz, o olhar forte dava a impressão de que ele era alguém com quem não se brinca.

    — Sempre com bom gosto, não é, Taka? Mas ele tem uma cara de mau encarado! - disse tomando mais um gole da bebida.

    — Sempre, Uru. Sempre. É desse jeito que eu gosto, esse lance de badboy, quem sabe não acho um mais predador que eu. - disse fazendo uma expressão nada casta. — Mas não fique triste, tem um pra você também. Olha o moreno que está do lado dele. - fez um movimento apontando com a cabeça, ele olhava sem um pingo de descrição.

    Olhei novamente na direção do loiro, focando ao lado dele dessa vez, havia um moreno muito bonito ao lado dele, muito bonito mesmo e eu conhecia aquele moreno. Era o tal Shiroyama.

    — Ruki, aquele é o cara que estava no museu aquele dia, lembra que lhe falei?

    — Aquele gostoso? Não acredito que você não pegou o número dele, você não tinha me dito que ele era um pedaço de mau caminho, você não aprende nada mesmo. Eles estão olhando para cá. Sorria!

    Virei o rosto vendo os dois olharem na direção que estávamos, assim que me viu o moreno abriu o mesmo sorriso que me deu antes de sair do museu, ele falou algo com o loiro e os dois começaram a seguir em nossa direção, eu apenas observava a cena dos dois caminhando, eram imponentes, suas presenças fortes e marcantes faziam as pessoas os olharem sem receberem um pingo de atenção de volta, eles pareciam superiores. Eu via deuses, deuses de carne e osso.

 

    — Kouyou, é um prazer lhe ver de novo! - e lá estava o sorriso de canto marcado pelo piercing no lábio. — Sou Shiroyama Yuu, esse é meu amigo Suzuki Akira ou Reita, é um prazer! - disse na direção de Ruki que alternava o olhar dele para o loiro de faixa.

 

    — Pode me chamar de Ruki, mas prazer é só mais tarde! - disse descaradamente.

 

    — Sem dúvidas! - o loiro respondeu parado ao lado do menor, ficava notável a diferença de altura dos dois, eu já estava ficando incomodado com o flerte rápido e violento dos dois, não dou 10 minutos para eles estarem se agarrando fortemente num canto escuro.

 

    — Não esperava lhe ver tão cedo, Kou!

 

    — Tem certeza? Não parece tão tão surpreso assim em me ver! - terminei de tomar a bebida que havia em meu copo. — E não lhe dei liberdade para me chamar de Kou, Shiroyama!

 

    — É tudo uma questão de tempo. Vamos sair daqui, acho que eles se empolgaram! - indicou o lado com a cabeça.

 

    Bom, pelo menos o que estava incomodando o menor vai passar, ele estava ao beijos com o maior que o prensava fortemente contra o balcão, aos mãos corriam pelo corpo pequeno do outro, quando reparei nos movimentos dos braços do outro vi o olho de Hórus tatuado no bíceps definido, isso explica essa dominação e possesividade toda.

 

    — Então? - perguntou o moreno me tirando do transe em que estava.

 

    — Eles demoraram menos do que eu esperava e nem foram para um canto escuros. Vamos, Shiroyama, deixo você me pagar uma bebida. - falei saindo dali, sendo seguido por um moreno lindo e sorridente.


 

        ~X~


 

    Boa parte da madrugada seguiu entre uma conversa que parecia mais com um debate sem fim, o outro era intrigante e misterioso, um tanto narcisista e cheio de galanteio, mas alguém muito interessante. Não falamos muito sobre coisas pessoais, apenas assuntos mais supérfulos.

 

    Mas, se eu dissesse que não reparava cada vez que ele mordia os lábios carnudos ou passava a língua pelo piercing no canto do lábio inferior, como a camiseta preta de gola V um tanto grande que deixava a clavícula e parte do peito amostra, se dissesse que não reparava nisso estaria mentindo, mentindo muito por sinal. Ele havia reparado nisso e aproveitava, bom eu não era nenhum santo e se um homem desse queria alguma coisa, eu não iria negar, ainda mais depois desses dias infernais que tive.

 

    — Já são 4:30 da manhã? Como o tempo passou rápido. Ruki sumiu com seu amigo e não consigo falar com ele.

 

    — Seu amigo deve estar aproveitando, deixe ele curtir a companhia do meu amigo, não se preocupe.

 

    — E se seu amigo for um maníaco estuprador e você o comparsa dele que vão nos matar e vender nossos órgãos para o mercado negro japonês?

 

    — Seu amigo estava bem consciente do que estava fazendo e para onde estava indo, então não há porque você se preocupar tanto, Akira não é um estuprador maníaco e outra, já está amanhecendo e eu não gosto de sol, lhe acompanho até em casa.

 

    — Você sempre tem esse tom persuasivo? Isso é frustrante. Vamos logo, Shiroyama.

 

    Vamos os dois até a saída, esperei o outro pagar o consumo da noite, apenas mostrei a pulseira vip e passei rápido pela porta sendo acompanhado pelo outro.

 

    — Como vamos embora? - perguntei quando parei na calçada.

 

    — Meu carro está ali, venha! - disse me puxando pela mão até o veículo de cor preta e vidros fumes.

 

    — Tudo na sua vida é preto ou escuro desse jeito? - perguntei quando entrei no veículo vendo a cor do mesmo por dentro. — Nunca vi ninguém tão apegado a uma cor.

 

    — Bom, você dá um contraste a mim, isso já significa algo, não é? - disse risonho. — Qual seu endereço?

 

    Passei o endereço para o mesmo que começou a dirigir tranquilamente, as vezes eu reparava nos olhares que ele me lançava, bom, vamos começar com isso.

 

    — Se olhar mais seca, Shiroyama.

 

    — Ah, não diga isso, quero me aproveitar muito dessas curvas antes delas secarem, sem falar nessas coxas! - pousou a mão na minha perna apertando a mesma, que foi rapidamente retirada pela minha.

 

    — Muita ousadia de sua parte, Yuu.

 

    — Vocês gatos são tão ariscos, era só um carinho. E não é como se você não quisesse, deseja isso tanto quanto eu, consigo sentir sua ansiedade. É típico de vocês, felinos.

 

    — Felinos? Como assim?

 

    — Filhos de Bastet são todos iguais a “mãe”, ariscos, um tanto manhosos e gatunos! - deu um sorriso parando num sinal vermelho.

 

    — Filho de Bastet. Você é pior que eu, Shiroyama.

 

    — Não estou brincando. - voltou a dirigir. — Boa parte das histórias que você acredita e conhece são reais, Kou. Seth, Osíris, Ísis, Horús, Anúbis, Bastet, boa parte das histórias fatídicas dessa família estranha são reais, pelo longo dos anos foram muito esquecidas e deixadas de lado, os deuses foram deixando a terra que eles tanto gostavam de passear para ficarem em seus domínios no Maat e no palácio de Rá, só que isso separou muitas pessoas, os mais afetados foram Anúbis e Bastet, já que eles prestam serviços - por assim dizer -  para deuses completamente opostos. Por isso eles - assim como muitos - fizeram algo como descendentes ou filhos deles, para que mesmo que indiretamente permaneçam juntos, são pessoas que de tempos em tempos nascem destinados a vivênciar algo em nome dos deuses, e essas pessoas nascem pelo mundo todo, não apenas no Egito como alguns acham.

 

    Ele já havia estacionado o carro em frente ao meu prédio, eu estava tão absorto no que ele dizia que só reparei quando ele parou de falar, ele me olhava com uma feição calma e tranquila como quem tem propriedade do que fala, ele não aparentava estar mentindo, mas eu não resisti e desatei a rir.

 

    — E quer que eu acredite nisso? Eu amo o Egito sim, mas acho que fantasiar com tudo isso por mais incrível que seja é loucura, ainda existe sanidade em mim.

 

    — Não acredita mesmo?

 

    — Não! - disse rindo.

 

    — Então explique-me os últimos sonhos que você vem tendo, a atração surreal que sente por mim, o fato de você sempre ter visto as coisas de um modo diferente, a facilidade que tem na área que escolheu, e as semelhanças gritantes que tem com Bastet, pelo jeito que a história a descreve.

 

    — I-Isso não quer dizer nada, não tem ligação! E eu não falei para ninguém sobre esses sonhos, como você… - não terminei a frase.

 

    — Olhe nos meus olhos e me diga que isso não tem relação nenhuma. Eu estava nos seus sonhos, Kou. Estive te chamando essas duas semanas inteiras e você não escutava, você relutava tanto que perdia a oportunidade de vir até mim, tive que ir até você para poder conseguir alguma coisa.

 

    — Isso só pode ser um engano ou um sonho muito estranho, daqui a pouco eu acordo. - dei um riso nervoso.

 

    — Então olhe para mim, deixe-me lhe mostrar que tudo o que falo é real, depois disso se não quiser acreditar em mim… Eu prometo lhe deixar em paz. - ele disse num último pedido.

 

    Eu suspirei assim que ele terminou de falar, eu podia apenas ignorar e descer do carro, achando que o moreno é um completo maluco, mas preferi respirar fundo e me ajeitar no banco, pronto para olhar o outro.

 

    — Vamos lá, faça sua mágica! - assim que terminei de falar, foquei meu olhar para o outro.

 

    Foi como entrar num loop, ele estava muito próximo, era intenso. Eu me sentia num túnel em que lembranças e mais lembranças passavam diante dos meus olhos, as épocas mudavam, seguia uma linha decrescente onde o foco era sempre o encontro de duas pessoas que pareciam imãs de pólos diferentes que se atraiam com uma força arrebatadora, as vezes eram homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens, não havia definição de sexo ali e eu não sentia que aquilo era uma história que me contavam e sim lembranças minhas, eu sentia cada uma daquelas pessoas e rostos sorridentes. Épocas e mais épocas passavam constantemente, minha cabeça doía e ficava cada vez mais rápido e mais intenso, até parar.

 

    O meu sonho, a cena do meu sonho, ela estava lá, mas dessa vez não era eu que protagonizava o mesmo, havia uma mulher incrivelmente bela no meu lugar, pele da cor de âmbar, os cabelos longos e pretos cheios de enfeites de ouro e pedras, a roupa dela em panos suaves que variavam num tipo de estampa de vários felinos, ela olhava para a entrada da tumba, no lugar do moreno um homem alto e branco, branco demais para um morador do deserto, cabelos, olhos e roupas pretas, os lábios um tanto arroxeados, ele a chamava, ela sorria e seguia até ele tranquilamente, eles estavam felizes, se abraçavam e trocavam um beijo saudoso, estava tão absorto que quase não percebi o símbolo dos deuses, eram eles, Anúbis e Bastet. Eu estava aturdido, eles se separam e miraram o lugar onde eu me encontrava, eles me olhavam e sorriam, Anúbis algo mais discreto e Bastet com um sorriso acolhedor e novamente o loop.

 

    — E então? - perguntou o Shiroyama.

 

    — Isso foi real? Eu… eu senti tudo, foi tão forte. - eu já estava encostado no banco repousando a cabeça no encosto, tentando me recuperar das sensações.

 

    — São suas vidas passadas. Somos todos interligados, Kou. Você foi o primeiro em milênios que não aceitou a ligação de pronte, para todos os outros e até para mim foi algo mais do que natural, só você que foi um cabeça dura.

 

    — Vamos ficar ligados para o resto das nossas vidas? Tipo aquelas pessoas destinadas a ficarem juntas e coisas assim? - perguntei já olhando para ele.

 

    — Não, Kou. Isso é algo opcional, nós somos destinados a nos encontramos e vivenciarmos algo em nome dos deuses, não somos obrigados a ficar juntos ou algo assim, somos livres para amarmos e ficarmos com que desejarmos, mas enquanto vivermos iremos nos encontrar onde menos esperarmos e mesmo comprometidos a vontade de nos unirmos mais uma vez sempre existirá.

 

    — Entendi, é muita informação, muita informação!

 

    — Agora acredita em mim, não é? - perguntou já se aproximando de mim novamente.

 

    — Sim, Yuu. Seria mentira se disse que não acredito em você, por mais louco que pareça e ainda mais depois do que me mostrou.

 

    — Então não me faça mais esperar, Kou. Por favor! - ele se aproximava cada vez mais, os lábios gelados já passeavam pela minha bochecha.

 

    — Você… Você quer subir?

 

    O sorriso que recebi como resposta foi o suficiente.


 

            ~X~


 

    Os movimentos de vai e vem dos corpos suados, os gemidos dele abafados contra a pele do meu pescoço, as mãos firmes e geladas contra minha pele quente me causando arrepios, os movimentos fundos e precisos que batiam contra minha próstata me fazendo se contorcer na cama,  a língua dele dominava minha boca, tomando todo o espaço da mesma, minha respiração estava ofegante e muito falha, eu nunca havia sentido tanto prazer assim.

 

    Era engraçado como o único lugar nele que não esquentava eram as mãos, sempre geladas e firmes, a expressão dele era de puro êxtase e satisfação. Variamos todos os tipos de posições até nenhum dos dois aguentarem mais. Tínhamos nos entregado com uma intensidade tão grande que, agora mau conseguíamos nos mexer.

 

    Agora estávamos - horas depois - jogados na cama um ao lado do outro, eu ainda sentia a letargia dominar meu corpo agora mais calmo, Yuu estava com um semblante tranquilo como se dormisse,  agora eu me permitiria pensar com mais coerência.

 

    Eu havia trago um homem para minha casa, havia transado com ele feito um animal no cio, tinha acreditado em todas as palavras e histórias ditas por ele, ele me fez ver minhas vidas anteriores em uma viagem que nem ópio me proporcionaria, o mais incrível é que eu não duvidei dele em nenhum momento, fiquei confuso com o rio de informações que ele jogava para mim e tentei relutar apenas para dizer que não acreditava, mas eu acreditava, só não queria aceitar isso, agora estou aqui esperando o outro acordar para ver o que vai ser.

 

    — Se pensar demais vai ver problemas onde não existe! - a voz rouca dizia em meio ao breu que envolvia o quarto, senti o corpo se mover na cama e uma braço ser passado pela minha cintura.

 

    — Não estava pensando, só repassando meu dia, eu devo ser louco.

 

    — Não, você não é. Apenas aceitou seu destino, eu sei que é um pouco difícil, mas você vai se acostumar com tudo isso! - falou se aconchegando melhor no meu corpo.

 

    — Entendo, eu acho… Você é sempre tão carente assim?

 

    — Eu peço carinho uma vez só, se você me negar eu paro, vocês gatos que são dengosos, mesmo ganhando um não, continuam lá insistindo e insistindo. Tão teimosos e cheios de si.

 

    — Falando assim me ofende, Shiroyama. - passei o braço em baixo do pescoço do outro me ajeitando, começando a fazer um carinho na nuca do mesmo. — Mas agora me diga como foi para você aceitar isso, como você vive?

 

    — Foi bem fácil, eu não sei como, mas minha vó sabia da minha condição e me guiou com facilidade, me dando algo como um tutor, que me explicando tudo. Atualmente eu sou dono de boates, como eu gosto da noite é um ramo bem prático, eu não gosto de sair dia, mas quando preciso ando por aí normalmente.

 

    — Nós temos tipo poderes? Afinal somos filhos, escolhidos, descendentes, sei lá o que de deuses, não é?

 

    — Não diria poderes, temos algumas coisas a mais que pessoas normais, exemplo, eu consigo ouvir melhor que as pessoas comuns e consigo “pressentir” perigo ou coisas assim, você já é mais ágil, tende a saber se as pessoas são confiáveis ou não e sabe enganar, típico de gatos, não são coisas que se diga “Wow, que incrível! “, mas já fazem alguma diferença.

 

    — Acho que essa agilidade poderia ter vindo mais cedo, né! - resmunguei. — Mas obrigado por me explicar, como vai ser agora? Bom, daqui para frente? - virei o rosto para olhar o mais velho.

 

    — O principal já foi feito, como já lhe disse não somos obrigados a ficar juntos, Kouyou. Você e eu somos livres para fazermos o que quisermos, mas sempre procuraremos um ao outro e sempre nos encontraremos, sei que mau nos conhecemos, mas quero unir o útil ao agradável, quero lhe conhecer melhor, Kou. Só preciso de uma chance.

 

    —  Como se eu fosse negar, o último passo foi o primeiro, você na minha cama, sair com você seria o de menos. Vamos ver quem é Shiroyama Yuu.

 

    — Me alegra saber disso, agora já resolvemos os assuntos importantes, por assim dizer, quero repetir a dose de mais cedo! - moveu o corpo ficando por cima do meu, a mão dele já se encontrava em minha virilha.

 

    — Me mostre do que é capaz, Shiroyama!


 

    E foi assim que começamos, na forma mais estranha e confusa possível, envolvidos por mitologias que para muitos era apenas história, mas como Yuu disse, juntamos o útil ao agradável.


    Afinal, qualquer um de nós pode ter o destino traçado pelos deuses.


Notas Finais


Aqui está o glossário para quem quiser…

Anúbis: deus dos mortos e do embalsamento, responsável por guiar as almas até o salão do julgamento, também braço direito de Osíris.
Bestet: Divindade solar e deusa da fertilidade, protetora das mulheres e fiel seguidora de Rá, o deus Sol
Ammit: “Cão” do salão de julgamento, devorador das almas que não era dignas do “paraíso” tendo as almas devoradas por uma das três bocas do “cão infernal” até caírem na inexistência.
Neftís: Significa “Senhora da Casa”, também conhecida por deusa mãe e deusa dos céus, assim como sua irmã Ísis.
Osíris: deus da vegetação e vida no além, ele quem julga as almas colocando o coração e a pena da verdade da deusa Maat na balança.
Seth: deus da violência, da traição, inveja, ele é a encarnação do espírito do mau.
Hórus: deus Falcão, deus dos céus, possui um olho que representa a lua e outro o sol, perdeu um dos olhos na luta contra Seth tendo o mesmo substituído pelo amuleto da serpente (o tão famoso olho de Hórus)
Ísis: deusa da maternidade e magia, protetora da magia e natureza, amiga dos escravos, artesãos, pescadores.
Maat: Mãe de Rá, como também sua filha (e esposa), assegura o equilíbrio cósmico e é graças a ela que o mundo funciona perfeitamente.

Bom, essas são as características mais fortes, algumas informações variam de fonte pra fonte, e sim, o incesto rola solto nessa família, sem or.
Espero que tenham gostado, eu AMO a mitologia egípcia e não ficaria em paz até fazer um história com o tema.
Obrigada por lerem…


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