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História Nirvana - Wonderwall


Escrita por: LostStarts

Notas do Autor


Oi meus chuchus
eu tive essa ideia há um tempo atrás, o plot era inicialmente pra ser jaek, porém eu queria muito escrever uma chanbaek com uma pegada 90's
e ta ai
eu acabei me empolgando enquanto escrevia
eu não sei se ficou tão bom quanto eu esperava
na verdade eu acho que tá meio meh
mas espero que 6 goste
tenha uma boa leitura <3

Capítulo 2 - Wonderwall


Floyd Estados Unidos, 1997.

 

Floyd é uma cidadezinha com mais ou menos 46 mil habitantes, fica em Virgínia nos Estados Unidos, não temos muitos prédios, mas temos um cinema local onde vou mensalmente assistir uns filmes que já estrearam há meses. É uma cidade até que legal, nós temos duas escolas e apenas uma universidade, ah sim, temos também o Senhor Joe que serve o melhor café da região. Eu até que gosto daqui. Ainda mais por carregar o nome de uma das minhas bandas preferidas.

Ah música, não posso negar que sou um grande admirador desta coisa mágica que denominamos música. Tenho uma gaveta lotada de discos e fitas de diversas bandas. Meu toca-discos que fica no canto do quarto vive ligado fazendo-me companhia todas as vezes que me sinto sozinho. Sinto que sem música eu não sobreviveria.

Principalmente aquela coletânea espetacular dos The Beatles. Eleanor Rigby é a minha preferida no momento sendo também a que toca em meu walkman enquanto ando para a escola.

Ah é claro, a escola.

Por mais que estejamos nos Estados Unidos a escola não é tão horrível quanto é retratado em alguns filmes, mas também não era o melhor lugar do mundo. Para falar a verdade é um lugar bem ruim. Mas bem, o que um garoto de 17 anos pode dizer, certo?

Meus dois melhores amigos estavam parados em frente ao meu armário quando cheguei.

—Aquele beijo da Leia e do Luke foi completamente desnecessário. —Kyungsoo comentava sentado no chão e mexendo sua mão que estava apoiada em uma das pernas.

—Não foi não, serviu para mostrar o quão forte eram os sentimentos da Leia pelo Luke ao ponto de confundirem com romance. —Minseok disse mascando um chiclete. Apenas as pontas de seus dedos apareciam por causa da blusa escura extremamente comprida.

—Foi incesto e desnecessário e essa é a palavra final. —Digo quando chego perto o suficiente.

Kyungsoo olha para cima fitando Minseok com uma sobrancelha arqueada. O garoto de pé ao meu lado se limitou a bufar e me empurrar.

Pego todos os cadernos que iria precisar hoje enfiando-os na mochila junto com meu walkman.

—Vamos indo princesas. —Kyungsoo fala se levantando e nos puxando pelo pulso até a sala de aula.

Nos sentamos nos mesmos lugares de sempre, hoje minha mesa estava rabiscada com frases de Never Gonna Give You Up que alguém da turma da tarde provavelmente escreveu. Céus, essa música parece me perseguir.

Apago-as rapidamente substituindo pela letra de Creep do Radiohead, ela fazia parte de um dos discos que estavam constantemente no replay em meu toca-discos.

 

xxXxx

 

A aula por incrível que pareça passou extremamente rápido, deixando-me imensamente agradecido, pois precisava ir para a biblioteca o mais rápido possível. O motivo é bem simples, e não, não era apenas para ler livros, mas sim para observar Park Chanyeol. Um garoto do outro terceiro ano, sendo também o garoto que venho nutrindo uma paixão quase platônica desde o primeiro ano.

É uma história até que engraçadinha, eu estava na biblioteca praticamente batendo a cabeça contra a parede para escrever algo, mas naquele dia em especifico minhas mãos pareciam estar travadas, sabia que queria escrever, sabia as palavras que poderia usar, entretanto, não possuía um roteiro, não tinha uma inspiração. E tudo o que escrevia se tornavam apenas palavras vazias. Tentei me focar nos sons ao meu redor buscando algo para aumentar a chama da inspiração dentro de mim e acabei escutando um ruído muito semelhante com Kinda Of Magic e foi por aí que o vi. Sentado desleixadamente com os fones conectados no Walkman, um livro grande entre seus dedos longos e bonitos e seus pés cobertos por um Chuck Taylor preto balançando-os conforme a música. Tão foderosamente bonito. E então, como se fosse gasolina ele acendeu a chama de inspiração dentro de mim, fazendo com que todo o meu corpo pegasse fogo junto. Chanyeol se tornou o nome para o qual eu endereçava meus textos mais profundos. Tantas folhas dos meus cadernos foram gastas com palavras sobre o menino alto.

Já escrevi sobre seus all-star’s e seus coturnos, sobre como ele ficava bonito com a barra da calça dobrada e como a pele de sua coxa parecia tão bonita pelos rasgos da calça. Escrevi também sobre como desejava passar meus dedos sobre seu cabelo que já estava chegando no queixo. Fantasiei sobre momentos em que seus dedos puxavam os meus cabelos —agora— quase azuis com força enquanto me beijava (estes textos em particular ficavam guardados com segurança em meu quarto).

Hoje ele estava escrevendo, assim como eu. Seus dedos seguravam o lápis com força e escrevia rápido como se tivesse todas as palavras na ponta da língua. Sabia que era alguma letra de música. Chanyeol fazia parte de uma banda, coincidentemente a mesma em que Kyungsoo também participava. Ele era guitarrista e vocalista. Jamais tive coragem de ir um de seus shows, mesmo que Kyungsoo viva me importunando para ir em um.

É tão fácil me perder em seus detalhes que mal noto o tempo passando e acabo levando um susto com o som do sinal, quando me levanto seus olhos castanhos se encontram com os meus, seus lábios bonitos se curvam em um meio sorriso e sua cabeça se mexe como forma de cumprimento. Mesmo tremendo dos pés à cabeça tento devolver o sorriso, mas logo saio da biblioteca o mais rápido que posso.

 

xxXxx

 

—Kyung, eu já te disse que não estou nem um pouco afim de ir. Por que diabos você ainda insiste? —Reclamo enquanto me encosto na parede amarela. Meus dedos se enrolando no fio do telefone.

Porque eu quero que você vá, seu merdinha. Vem cá, o problema é com a minha banda ou algo assim? —A voz meio metalizada verbaliza fazendo com que eu me sinta levemente culpado. Mas só um pouquinho, bem inho. Minha mãe se aproxima passando a mão pelos meus fios tingidos secretamente como num comprimento.

“Eles estão azuis? ” Seus lábios pintados em vermelho sussurram.

—É só a luz mãe. E Kyung, você sabe que eu não gosto muito de sair de casa. —Os olhos da minha mãe se fixam no telefone, seu cenho começando a se franzir. Ah merda. Suas mãos são rápidas em tirá-lo dos meus dedos.

—Kyungsoo! Baekhyun está sendo um velho e recusando seu convite novamente? Céus, quase não consigo acreditar que é realmente meu filho, eu e meu marido costumávamos sair tanto, mas já Baekhyun —solta uma risada extremamente falsa. Gostaria de dizer que estou ofendido. —Enfim, Baek irá sim, nem que tenhamos que o carregar pelos braços. Você consegue vir buscar ele? —Alguns ruídos saem pelo telefone —ah ótimo. —A senhora coloca o telefone no gancho. —Vai se arrumar logo, seu amigo já está chegando.

E simples assim, proibido de dizer uma palavra que fosse, fui obrigado a ir ao show.

Como já tinha tomado banho anteriormente, apenas pesquei uma roupa do eu guarda-roupa. A calça apertava a carne da minha coxa trazendo uma sensação engraçada. Hoje não estava tão frio, mas mesmo assim coloquei um casaco por cima da blusa preta com The Cure estampado na frente.

Meus coturnos precariamente amarrados já estavam nos meus pés. É isto, eu estou pronto, fisicamente pelo menos. Quem no mundo consegue ficar preparado para ver um gatinho como Chanyeol cantar e ainda por cima tocar aquela guitarra? Todo mundo fica muito mais bonito tocando uma guitarra.

Quando desci as escadas Kyungsoo já estava lá, ele segurava as baquetas e conversava sobre elas com meu pai. O senhor Byun é um grande amante da música e é graças a ele que tenho a minha coleção de discos, meu adorável pai possui uma loja de discos. Não é lá uma das maiores, mas era confortável e tinha um cheiro gostosinho. Eu frequentemente dou uma forcinha por lá.

Eu e Kyung caminhávamos lado a lado, um dos lados bons de se morar em uma cidade tão pequena como Floyd é que todas as coisas ficavam perto. O que era bem triste para o meu pai que é obrigado a deixar seu tão precioso Monza guardado na garagem durante bastante tempo.

O show aconteceria no Joe’s o que me deixava milhões de vezes mais confortável. Poderia sentar próximo ao balcão, beber uma xícara de café com Minseok e aproveitar o show e depois beber mais um pouco de café com meus dois melhores amigos.

Viu? Bem simples, sem surtos.

Sem surtos.

            Minseok estava nos esperando em frente ao café e foi logo me puxando para o balcão enquanto Kyung ia para o palco começar a montar o seu equipamento e testar o som. A banda toda já estava ali. Chanyeol —suspiro— já estava ali. Tão fodidamente bonito. Ele, assim como eu, usava coturnos, uma calça justa e rasgada que deixava suas pernas longas e levemente tortas ainda mais bonitas, sua camiseta preta era alguns números maior, mas mesmo assim seus braços ficavam tão destacados nela. Me pergunto como deve ser a sensação de ser apertado por eles. De ter suas mãos bonitas passando por meu corpo.

Merda.

—Dois cafés puros, por favor. —Minseok pediu dando batidinhas animadas no balcão e exibindo um sorriso para Joe que começava a preparar nossos cafés. —Por que você nunca quis vir em um dos shows, Baekkie? Mesmo sabendo que eles são muito importantes para o Kyung. —Ele pergunta logo abrindo um sorriso e agradecendo ao Joe que havia recém entregado nossas xícaras.

—Obrigado, Joe. É por causa daquele probleminha de oxitocina, Seok. —Digo sugando um pouco da bebida amarga e quente que desceu deixando um rastro de sua presença.

—Meu Deus, Byun Baekhyun eu deveria te internar. —Minseok diz levando a xícara até seus lábios. Ele parecia irritado, mas por detrás da fumaça do café seus olhos sorriam.

Um barulho como uma interferência soou. Viro meu corpo em direção ao palco de onde veio o som. Chanyeol estava parado no meio com uma das mãos segurando o microfone a outra segurava a ponta da guitarra que se pendurava em seus ombros largos, os cabelos grandinhos estavam bagunçados e ele sorria brilhantemente. Era como uma versão asiática do Kurt Cobain.

Céus, como eu amo esse homem.

O Kurt é claro.

—Oi, nós somos Bitter Sweet Symphony e estaremos acompanhando vocês durante a próxima hora, espero que gostem da nossa apresentação. Muito obrigado! —Chanyeol falou expelindo uma confiança inspiradora, seus olhos passaram por nós e acabaram se focando em meu rosto. Ele parecia surpreso.

Logo a primeira nota foi tocada. Reconheci logo de primeira, era Something In The Way. Esperto começar com Nirvana. De onde estava sentado pude ver os lábios carnudos de Chanyeol raspando no microfone enquanto ele começava a cantar arrastando as notas. Sua voz grossa ficava ainda mais rouca e profunda quando cantava o que me atingiu fortemente fazendo a adrenalina começar a correr por minhas veias.

Minha cabeça passou a se mexer antes que eu pudesse notar, meus dedos batiam fraco na porcelana branca da xícara, meus lábios se moviam junto com a música, acompanhando os de Chanyeol.

Ele sentia a música de uma maneira tão profunda e excepcional que deixava todos no bar arrepiados, seus olhos se fecharam no segundo em que a última nota foi alcançada.

Os pelinhos do meu braço se arrepiaram quando Chanyeol jogou seus cabelos para trás exibindo um sorriso grande que seria capaz de iluminar a mais tenebrosa escuridão. Tão puro. Seus olhos passaram a vagar por toda a sua plateia que em sua maioria focava nele.

A segunda música começou. Love Will Tear Us Apart, eu me lembro de obrigar Kyungsoo a escutá-la há uns dois meses atrás. Puta que pariu valeu a pena. Chanyeol parecia tão imerso nessa música, seus braços se mexiam rapidamente, seus dedos espertos mudavam de posição sem hesitar por um segundo, seu quadril ondulava de um lado para o outro.

Quente.

Park Chanyeol, o garoto da biblioteca que eu costumava comparar com uma garoa calma era quente e, neste momento ele se parecia muito mais com uma tempestade, destruindo todas as minhas estruturas.

Eu era incapaz de controlar meus pensamentos impuros com aqueles braços fortes.

Eu estava no meio do furacão que Chanyeol é, e por incrível que pareça, não poderia me importar menos.

 

Parecia que a cada música que se passava, o local se tornava ainda mais quente, meu casaco passou a ficar amarrado em minha cintura. E eu já me encontrava na terceira xícara quando o show chegou ao fim. Me virei novamente para o balcão, Minseok ria descontroladamente ao meu lado.

—Puta merda, Baek, você está tão apaixonado. Acho que ele vai precisar de muito café se não vai acabar desidratado de tanto que você o secou. —Ele diz entre risos batendo a mão em meu braço. Passei a esfregar o local atingindo, meu amigo tinha uma mão pesada demais para alguém com sua altura.

Sinto uma nova presença ao meu lado e junto dela uma voz já conhecida por mim. Puta que pariu, Park Chanyeol está sentado ao meu lado. S-O-S.

—É um enorme prazer ter Byun Baekhyun em um dos nossos shows. —Engulo se seco assim que ele termina sua frase, me viro vagarosamente, minhas mãos começavam a tremer. É real, o garoto que eu gosto está realmente falando comigo. —Pelo o que Kyungsoo falava você não parecia estar adepto a aparecer por aqui.

—Eu realmente não estava tão afim, mas depois de hoje acredito que precise vir mais vezes. —Digo tentando disfarçar meu nervosismo bebendo mais um gole de café.

—Joe, Joe, me traz um café preto, por favor? —Ele pede sorrindo e assim que termina se vira para mim —então você gostou? Eu estava um pouco nervoso, acho que não foi a nossa melhor apresentação.

Não foi? Certeza?

—Wow! Imagino como deve ser a melhor então, vocês arrasaram lá em cima, de verdade. —Digo mexendo meu indicador na borda da caneca, mas logo paro, pois, meu dedo começou a queimar.

—Obrigado, é tão legal ver que as pessoas realmente gostam do que a gente está fazendo. —Seus olhos caíram sobre a minha camiseta —caralho! Você curte The Cure? Puta merda, eu adoro o som deles.

Céus, ele está tão fofo com os olhinhos brilhando de emoção.

—Sim! Puta merda, você já viu o clipe de Friday I’m In Love? É completamente sem sentido. A música fala sobre dias da semana e paixões e o clipe é uma confusão de peças de teatro. —Digo agora completamente virado em sua direção, o garoto me olhava com um sorrisinho despontando no canto da boca, parecendo prestar atenção em casa silaba que deixava minha boca, merda eu sentia meu rosto começar a corar.

—Eu vi, ele passou na MTV esses dias, não foi? Lovesong também é muito boa, faz parte da trilha sonora de Edward Mãos de Tesoura, não é? —Ele diz levando sua xícara fumegante até os lábios, assoprando um pouco antes de sugar o liquido. Céus, esses lábios fazem um estrago e tanto aqui no meu coração.

—Esse filme também é muito bom, apesar de ser um pouco, ham como posso dizer... estranho? —Digo meio incerto.

—É bem estranho, para falar a verdade, mas eu gosto e também tem a Winona Ryder que é meu amor platônico desde Heathers junto com o Christian. —Ele fala se abanando dramaticamente.

—Eu nunca assisti Heathers. —Falo bebendo calmamente o último gole de café. Após um curto silêncio olho para o lado o encontrando com seus olhos arregalados, como se eu tivesse lhe dito que neguei um convite de chá da tarde com o Bill Clinton.

—Como não?! —Sua voz se afinou se parecendo muito com a de um adolescente na puberdade —isso é um completo desrespeito com minha pessoa e devo lhe informar, senhor Baek que agora você será obrigado a assistir Heathers comigo. —Ele diz fingindo raiva. MEU DEUS, ele realmente acabou de dizer que quer assistir um filme comigo, como assim? O que? Park Chanyeol acabou de dizer que quer assistir um filme comigo, meu Deus, puta merda, caralho. —Quer dizer, eu... hum, se você quiser, não vai ter problema nenhum se não querer, até porque, bem essa é, hum, a primeira vez que a gente está se falando, mas eu meio que sempre quis falar com você, então meio que me sinto próximo, entende? —O gigante em minha frente começa a tagarelar e se encolher com vergonha, suas bochechas passando a assumir uma tonalidade vermelha.

Céus, como aguento?

—A gente pode assistir depois de um dos ensaios da banda, Chanyeol. —Digo lhe dando um olhar tranquilizador. Injusto, eu deveria ser o que está recebendo este olhar. Olhe para mim, minhas mãos não são capazes de parar de tremer.

Céus, nunca pensei que fosse realmente conversar com o amor da minha vida, isso é tudo tão maluco, mas me sinto tão feliz. E bem, como já dizia The Cure: é sexta-feira e eu estou apaixonado.

 

 

Eu e Chanyeol acabamos ficando bem mais próximos, costumava passar meus intervalos na biblioteca escrevendo textos e mais textos direcionados a ele, mas agora eu os passava ao seu lado, lendo ou conversando. Nos dias em que eu ajudava na loja do meu pai, Chanyeol passava lá no final da tarde e me acompanhava até fechar a loja e caminhava comigo até minha casa, nós conversávamos sobre os discos enquanto escutávamos a rádio. Eram os meus pequenos momentos de felicidade.

E não importa o quanto tente enterrar meus sentimentos para que nossa tão recente amizade não fosse perdida, eles parecem se fortalecer a cada dia. Ultimamente tem se tornado tão difícil estar perto de Chanyeol. É como se cada segundo ao seu lado fosse um novo teste de resistência. Com todos aqueles olhares mais longos e sorrisos puros.

 Arg, Park Chanyeol, por que me destrói desse jeito?

Hoje estava chovendo, é como se os céus chorassem e a cidade parecia ainda mais cinza e melancólica, mas eu estava feliz. Sábados chuvosos eram normalmente gostosos e acordar tarde com a luz cinza e o barulho da água descendo pela calha me deixava com um sentimento bom no peito durante todo o dia.

Ontem enquanto caminhava comigo para casa Chanyeol me disse para ir no ensaio de hoje e dormir lá para finalmente assistirmos Heathers. Ele parecia um cachorrinho de tão empolgado que estava, foi impossível dizer não. Por isso, nesta tarde chuvosa de sábado você pode ver um Baekhyun correndo para entrar o mais rápido possível sem se molhar dentro de um Monza preto com uma mochila cheia de roupas batendo nas costas.

Meu pai ria do meu rosto levemente molhado enquanto enfiava a fita cassete no nosso rádio. Logo meus ouvidos eram agraciados pelo delicioso som de Wish You Were Here, meu pai batia os dedos contra o volante, ele estava claramente animado em poder dirigir o seu “bebê”.

—Então, esse garoto, o Chanyeol, é o seu namorado? —O mais velho pergunta meio aéreo.

Ah sim. Meus pais foram grandes adolescentes ativistas quando os anos 70 vieram e com toda a maconha envolvida eles acabaram se tornando liberais para caralho e está tudo beleza para literalmente tudo, meus pais são basicamente hippies —não, a gente não come carne lá em casa— então, quando um trêmulo Baekhyun contou para eles que talvez pudesse estar gostando de um menino há mais ou menos uns três anos atrás não houveram preconceitos, mas sim inúmeras perguntas sobre quem era o tal garoto —me mantive em silêncio para todas—e me falaram coisas das quais eu não precisava saber. Eu amo meus pais.

—Ah, não... —Digo me encolhendo e balançando meu all-star nervosamente.

—Por que você não quer ou por que ele não quer? —Meu pai pergunta agora com um sorrisinho de canto de quem sabia que estava sendo um filho da puta com seu próprio filho.

—Ele... não quer. —Digo com o começo de um bico surgindo em minha boca. Meu pai solta uma gargalhada alta enquanto troca a marcha.

—Ai, eu sinto muito, de verdade, mas quem sabe ele não acabe te correspondendo. —Ele diz me olhando com os olhos carinhosos e segurando minhas mãos que se apertavam em meu colo.

—Às vezes parece muito que sim, mas acho que é só como amigo mesmo. —Pego minha mochila do chão e a coloco sobre meu ombro, o carro estava parando. Respira fundo, vai dar tudo certo.

Me despeço do meu pai e abro a porta do carro tentado correr o mais rápido em busca da proteção do telhado. Chanyeol me disse que seus pais estavam fora e que a porta da frente estava aberta, então fui entrando sem me sentir acanhado e seguindo o som das conversas e risadas altas.

Assim que abro a porta da garagem, Chanyeol joga um de seus braços por cima dos meus ombros, uma de suas mãos estava fechada em frente a sua boca imitando um microfone.

Never gonna give you up, never gonna let you down —ele canta meio gritando com a voz carregada de humor. Kyungsoo que estava jogado no chão brincando com as baquetas solta um “Ah não” bem alto.

Never gonna runa round and desert you, never gonna make you cry —me junto a Chanyeol segurando seu punho que estava próximo do meu rosto.

Never gonna say goodbye —o mais alto me puxa em direção a Kyungsoo com um sorriso sacana.

NEVER GONNA TELL A LIE AND HURT YOU —cantamos juntos —mais para gritamos juntos—e inclinados na direção do meu amigo que jogou uma de suas baquetas na gente com uma cara raivosa.

Sehun, o baixista ria escandalosamente enquanto Yixing o outro guitarrista que ria muito mais baixo se comparado ao garoto ao seu lado, tentava se desviar dos tapas doloridos.

—Chanyeol está nos importunando com essa música faz umas duas horas, estávamos esperando que quando você chegasse ele fosse parar, fomos enganados. —Yixing diz ainda rindo.

—Vamos terminar de ensaiar logo, seus fodidos, o casal precisa transar. —Sehun fala levantando e nos olhando com um sorriso insinuante. Senti meu rosto começar a esquentar. Caralho.

O resto de ensaio não foi longo, afinal já eram quase cinco horas. E assim que terminou todos os membros —com exceção de Chanyeol obviamente—foram embora, quando estava saindo Kyungsoo me lançou um olhar que dizia “segunda-feira você vai ser obrigado a me contar tudo”. E pelo o que conheço de meus amigos realmente seria.

Meu coração começou a acelerar conforme Chanyeol arrumava os instrumentos. Eu estou ficando tão ansioso e isto apenas para assistir um filme. Se controle Baekhyun.

—Preparado para o melhor filme da sua vida inteira? —Ele diz correndo para a cozinha. —Eu comprei um salgadinho porque sempre fico com fome durante filmes. Se você não gostar é uma pena, mas não tem nada que possamos fazer.

—Eu duvido que exista algum filme melhor do que Clube Dos Cinco e, está tudo bem eu gosto de salgadinhos.

Me sento no sofá da sala tirando meu tênis. Chanyeol estava colocando o cassete na televisão, suas costas musculosas estavam marcadas pela camiseta branca, céus deve ser tão bom arranhar ali.

O filme começa a rodar e o garoto se joga no sofá deitando sua cabeça em minhas coxas, sou incapaz de impedir minha mão de se enroscar nos seus fios macios que agora já estavam no queixo. É tão bom passar meus dedos neles.

 

xxXxx

 

—COMO ASSIM?! —Exclamo para a televisão enquanto os créditos subiam. Eu estava completamente indignado. Bem vejamos, o filme foi indubitavelmente maravilhoso, porém... —ELA TINHA QUE TER FICADO COM O JD, YEOL!

Seu cenho se franze e sua boca se abre um bocadinho enquanto ele olha para mim.

—Baek... como assim? O cara era um psicopata fodido e ia explodir a escola, por que caralho ela iria ficar com ele?

—Eles se amavam e ele é bonito demais para morrer. —Digo cruzando meus braços. Chanyeol começou a rir.

—Jesus amado, Baekhyun. Eu vou ir tomar banho, o senhorzinho vai depois de mim. Pode deixar sua mochila lá no meu quarto. Sabe como é, né? Mi casa es tu casa. —Chanyeol se levanta tentando controlar seus cabelos que estavam completamente bagunçados. Ele parecia um leãozinho.

Puxo minha mochila preta e a arrasto até o quarto do mais alto enquanto o mesmo se dirigia para o banheiro. Assim que me vejo sozinho sento em sua cama e puxo meu caderno e um lápis.

Aquele gigante havia me inspirado mais uma vez.

Precisava escrever sobre seus cabelos e como eram muito mais macios do que previ em meus sonhos.

Mal sinto o tempo passando e acabo levando um susto ao encontrar um par de olhos me encarando perto da porta. Fecho meu caderno em uma velocidade incomum o jogando dentro da minha mochila e fingindo que estava apenas escolhendo uma roupa. Sem dizer uma palavra Chanyeol me joga uma toalha branca e vai se deitar na cama, seus pés quase saindo para fora.

O piso do banheiro estava mais gelado que o resto da casa, retiro minhas roupas rapidamente e me enfio embaixo do chuveiro. Assim que a água começava a cair permito-me relaxar. Foram tantas emoções em um curto período de tempo, é estranho pensar que há dois meses atrás eu sequer falava com Chanyeol e agora estava indo passar a noite com ele.

Meu Deus.

Eu vou passar a noite com Park Chanyeol.

O mesmo garoto da biblioteca.

O mesmo garoto do Joe’s.

Puta merda, puta merda, puta merda.

Calma, relaxe Baekhyun, nada demais vai acontecer.

Vai dar tudo certo, o que pode possivelmente dar errado? Tento me tranquilizar enquanto caminho de volta para o quarto.

Nada vai dar erra...PUTA MERDA!

Tudo pode dar errado. Na verdade, já deu.

Chanyeol, Park Chanyeol, o garoto cujo nome meus textos eram endereçados estava sentado na cama, com o meu caderno em suas mãos.

O meu caderno com todos os meus textos.

Todos os meus textos sobre ele.

—Ah Chanyeol, puta que pariu, eu posso explicar. —Gaguejo sentindo meu coração passar a bater mais forte, meus dedos começaram a tremer e minha garganta se fechou, as lágrimas passaram a nublar minha visão. Puta merda, eu vou perder meu amigo. Eu vou perder o Chanyeol por causa dessa paixão idiota.

—Acho que não tem muita coisa para explicar, Baekkie —ele diz começando a sorrir...? E se aproximar.

Puta que pariu eu vou apanhar.

—Olha Chanyeol, se você for me bater não vai no rosto, sabe vai trazer muito mais problemas. —Falo enquanto fecho os meus olhos e tento virar uma bola.

O Park se limita a rir. Eu o sinto mais próximo do meu corpo que parecia muito menor.

Mas ao invés do impacto bruto de um punho sinto a suavidade de seus lábios. Ai caralho.

Suas mãos firmes vão para minha cintura e seus lábios passam a se mover levemente. Minhas mãos ainda trêmulas sobrem para seu pescoço agarrando seu cabelo escuro. Sinto sua língua invadir minha boca e isso traz um arrepio que passou por todo meu corpo me trazendo ainda mais para perto de Chanyeol. Nosso beijo era lento como se estivéssemos tentando sentir ao máximo cada mísero segundo que passávamos juntos.

Pude escutar o começo de Wonderwall ecoar pelo quarto enquanto empurrava o maior para a cama passando minhas pernas ao redor das suas me sentando em seu colo.

Seus lábios largaram os meus trilhando um caminho para meu pescoço, sua língua quente passeava até perto da minha orelha. Senti meu corpo se arrepiar e se mexer involuntariamente. Solto o ar que vinha prendendo quando Chanyeol morde o lóbulo da minha orelha. Movimento meu quadril para frente e para trás em seu colo, posso sentir sua ereção por cima do moletom. O moreno solta um gemido em meu ouvido e suas mãos grandes adentram meu pijama apertando a carne.

Nossos peitos se mexiam na mesma velocidade, Chanyeol ajudava nos movimentos do meu quadril. Eu sentia a adrenalina se juntando com as endorfinas em minhas veias todas as vezes em que ele unia nossos lábios. Nossos gemidos estavam sincronizados, nossos lábios se mexiam ao mesmo tempo cantando a mais bela das canções. Juntos nós formávamos a melodia mais bela que já tive o prazer de escutar.

Quente. Estava tremendamente quente. E tive minha confirmação de que Chanyeol é foderosamente quente. Eu sentia meu pau fisgar, quase lá. Nós estávamos apenas nos esfregando, mas me sentia tão bem, tão quente. Meu rosto foi para o pescoço do mais alto e minhas mãos arranharam suas costas por dentro da camiseta conforme me derramava dentro da calça. Chanyeol apertou minha bunda ainda mais forte conforme gozava, eu sabia que iria ficar com a marca durante alguns dias ainda.

Tão bonito. Meu corpo inteiro vibrava pelo recente orgasmo. Ele me levou tão longe com apenas algumas esfregadas.

—Puta merda, Baekhyun —Chanyeol diz passando a acariciar minhas costas —eu te amo desde a porra do primeiro ano, saber que durante esse tempo todo você estava me correspondendo faz com que eu me sinta tão cego. —O garoto ri. —Você é a minha inspiração para todas as músicas que canto e escrevo. Eu te amo muito, Baek. Nem fodendo que eu seria capaz de te bater.

—Eu te amo muito Chanyeol e tenho certeza de que não é apenas uma superprodução de oxitocina. Eu te amo tanto quando Jason Dean amava a Veronica, eu te amo mais do que amo o café do Joe, Yeol. —Digo com um sorriso despontando em meus lábios.

Enquanto trocávamos nossos pijamas Can’t Help Falling In Love começou a tocar, nos entreolhamos rindo pela ironia.

O maior me puxou para deitar ao seu lado. E foi naquele sábado chuvoso com uma música meio chiada por causa do rádio e a voz de Chanyeol a cantando em meu ouvido que eu compreendi o que Noel Gallagher quis dizer com Wonderwall.

Chanyeol é a minha garoa, me trazia uma calmaria singular, mas também é a minha tempestade que bagunça tudo o que sinto me deixando sem chão. Chanyeol é o meu Wonderwall, aquele para o qual sei que posso correr quando tudo estiver caindo. O que eu sinto por ele é praticamente indescritível.

O garoto da biblioteca é a minha maconha que me leva ao estado de nirvana com apenas um mísero olhar de canto. Chanyeol me fazia esquecer de todas as complicações, com ele todas os problemas desapareciam, restando apenas a paz e a comodidade de seu coração. 


Notas Finais


Amem as suas pulseiras


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