Lacaille estava inquieto e isso estava atrapalhando a pescaria para seu grupo.
- Fique quieto, Lacaille, quanto mais você se move mais os peixes desviam da rede.
- Estou tentando!
- Que bicho te mordeu hoje?
Se aproximava o dia em que Shaka retornaria ao santuário e Lacaille sentia uma angústia inexplicável. Ana se afastara completamente de seus colegas, voltara a sumir durante o dia e isso não poderia ser um bom sinal. Mesmo que a amazona negasse nutrir sentimentos pelo cavaleiro de virgem, a intuição de Lacaille dizia o contrário.
Bruno tentava em vão tranquilizar seu amigo embora nem ele próprio acreditasse no que dizia. Não queriam perder a mulher que amavam e não suportariam vê-la sofrer novamente.
Milo tentou ir até a clareira na floresta, local que conhecia tão bem e que fora cenário de seus encontros escondidos com Ana durante tantos anos mas não a encontrava, era como se a clareira tivesse desaparecido ou mesmo nunca existido. Imaginou que Ana finalmente conseguira selar completamente o local como dizia que um dia faria. Quando esperava pela chegada da amazona à noite, ela não lhe dava chances de se aproximar.
- Já lhe disse, Milo, tenho coisas a resolver e não devemos mais nos encontrar.
Ana tentava encontrar forças para se manter focada mas a cada vez que olhava nos olhos dos homens que tanto amor lhe deram e aos quais ela agora negava seu afeto, sentia-se destruída. Odiava amar Shaka e odiava o que isso a levava a fazer.
Era um início de semana quente na cidade, embora houvesse uma brisa fresca o sol era escaldante. No início da tarde chegaram os primeiros cavaleiros de prata com seus aprendizes. Ana observava escondida em cima de uma das gigantescas árvores que ficavam próximas ao grande muro na entrada da cidadela. Misty chegava com seus dois aprendizes que disputariam pela armadura de Baleia.
Não sabia qual seria o dia do retorno de Shaka e seus novos pupilos, mas estaria atenta.
A semana estava no fim e soube por Marin que houveram alguns problemas com o voo que traria os cavaleiros da Índia, haviam errado o número de vagas reservadas e Shaka decidira deixar seus aprendizes embarcarem primeiro.
A van com os 3 pupilos de Shaka chegou no portão da cidade, Aioria e Aldebaran estavam ajudando os recém chegados a descarregar suas malas. Aioria não conseguira descobrir a data da chegada de Shaka para que Marin informasse sua amiga, então Ana decidiu continuar com seus afazeres. Na clareira, longe de todos, Ana meditava por horas a fio. Seu cosmo estava mais forte e poderoso do que nunca e as ilusões que criava já beiravam a perfeição. Graças a Camus, passou a dominar técnicas do zero absoluto e conseguia congelar com facilidade as águas do lago e da cachoeira.
Estava pronta esperando por Shaka.
O verão castigava o santuário naqueles dias. Ana estava agachada colhendo os novos frutos que plantara na clareira quando algo a parou. Sentiu por um instante seu cosmo viajar para longe e logo depois voltar para si, como um pássaro mensageiro que voa e retorna com importantes notícias. Levantou-se, fechou seus olhos e sentiu seu corpo estremecer, uma cosmo energia familiar se aproximava do vilarejo. Abriu os olhos repentinamente antes mesmo que seu pensamento pudesse concluir a resposta a que chegara e começou a correr em direção ao muro na entrada da cidade. Corria rápido como um bicho selvagem por entre as árvores, seu coração batia tão forte que parecia ser capaz de escutá-lo. Correu por vários minutos até que chegou nos pés da grande árvore próxima ao muro na entrada da cidadela. Subiu em seus galhos mais altos e procurou o dono da presença que sentia. Os arredores da cidadela eram desertos, era um local de difícil acesso repleto de árvores e uma estrada de terra que permitia a locomoção dos carros e carroças que vinham das grandes cidades a mando do santuário. Passaram-se alguns minutos e nenhum carro parecia vir na longa estrada no meio da floresta, mas Ana sentia aquele cosmo cada vez mais forte. Não poderia estar enganada.
Foi quando viu ao longe algo que parecia ser uma pessoa andando a pé no meio da estrada. Ana esticou o corpo para poder enxergar melhor entre as folhas e após algum tempo, sentiu seu coração novamente acelerar.
Shaka vinha caminhando em direção ao vilarejo com uma grande bolsa de tecido em seu ombro, trajava roupas claras e o sol iluminava seus longos cabelos dourados. Ana mal conseguia acreditar que o dia finalmente chegara e não pôde conter o grande sorriso estampado em seu rosto enquanto observava Shaka de longe. O som das trombetas soou alto nos portões do vilarejo indicando que um visitante desconhecido se aproximava e os guardas se colocaram em formação. Tolos, como poderiam não reconhecer o cosmo do cavaleiro de virgem?
Um dos guardas subiu a pequena torre ao lado dos portões com seu binóculo e logo bradou:
- Quem se aproxima é Shaka de Virgem, abram os portões e desmanchem a formação! Rápido!
Ana ria dos guardas atrapalhados que desfaziam a formação de ataque e se posicionavam em fila para recepcionar o cavaleiro andarilho.
Conforme Shaka se aproximava, Ana constatava que ele era ainda mais bonito do que conseguia se lembrar. O rosto jovem e presunçoso do qual se recordava deu lugar a expressão madura de um homem sério e confiante embora seu característico cenho franzido acima de seus olhos fechados permanecesse emoldurando o belo semblante. Ao chegar nos portões foi recebido por dois guardas que o ajudaram a carregar seus poucos pertences, Ana havia descido da árvore e se escondia atrás dos troncos acompanhando discretamente a chegada do cavaleiro. Alex, que havia escutado as trombetas minutos antes, estava em seu aguardo.
- Shaka! Meu amigo, seja bem vindo!
- Obrigado Alex, é bom estar de volta.
Mu se aproximava sorrindo ao ver seu amigo e lhe abraçou.
- Você veio andando do aeroporto até aqui? Porque não nos avisou?
- Não me incomoda andar, precisava do maior tempo de solidão e ar fresco possível antes de chegar aqui.
Foram andando em direção aos portões que separavam o santuário do vilarejo enquanto os moradores se aproximavam para saudar o cavaleiro de virgem. Bruno e Lacaille estavam descarregando suas caças na mercearia quando viram o grupo de pessoas se aproximando. Shaka estava de volta.
Ambos foram cumprimentar seu mestre, que os recebeu com um abraço. Shaka parecia mudado, se mostrava um pouco mais aberto e gentil. Ana observava tudo de dentro da floresta .
Alex colocou uma de suas mãos sobre o ombro de Shaka e com a outra bagunçou os cabelos loiros do virginiano enquanto ria.
- Que alegria ver todos reunidos novamente! Onde está Ana? Bruno, Lacaille, encontrem Ana para que ela venha cumprimentar Shaka!
Ana no mesmo momento saiu rápido de onde estava e foi correndo para longe.
- Ana tem sumido durante o dia, mestre, já tentamos procurá-la outras vezes mas não sabemos onde está – disse Lacaille, que definitivamente não estava interessado em colocar a amazona de frente com o mestre dourado.
- Ana... Sempre ela. Como você pode ver, Shaka, certas coisas continuam as mesmas.
Shaka chegara na casa de virgem junto a Mu e Aldebaran, que o atualizavam sobre os últimos acontecimentos do santuário.
- Chegara a hora de recuperar a armadura de sagitário, temos alguns cavaleiros infiltrados na fundação do falecido Mitsumasa Kido e garantiram que a armadura será exposta ao público em um torneio entre cavaleiros de bronze ainda este ano. – disse Aldebaran.
- Não sei como o Mestre Ares pretende agir pois esse torneio será transmitido para todo o mundo - Mu estava cético .
Shaka ouvia tudo com indignação.
- Como podem expor dessa forma a sagrada existência dos cavaleiros? Isso é inadmissível, por qual razão o mestre não nos permite agir antes?
Não havia resposta para a pergunta de Shaka, o Grande Mestre do santuário nunca dava satisfações sobre seus planos e ações. As únicas palavras que ouviu de Mu antes que os cavaleiros de áries e touro deixassem a 6ª casa reforçaram o que já sabia.
- Shaka, que bom que você está de volta. Mestre Ares está precisando mais do que nunca do seu fiel conselheiro por perto.
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Era madrugada quando Lacaille levantou de sua cama. Não conseguia mais dormir não importava o quanto tentasse e foi até a cozinha beber um copo d’água. Caminhou silenciosamente até a porta do quarto de Ana e lentamente a abriu.
Ana dormia profundamente. Lacaille se aproximou da cama e a observou. A camisola branca de cetim tinha uma de suas alças caídas sobre o ombro da amazona enquanto a base do curto vestido havia subido em seu corpo deixando a mostra suas pernas e sua calcinha branca de renda. Os batimentos de Lacaille aceleravam enquanto contemplava o brilho de sua pele e o perfume do óleo de amêndoas que emanava dela. Por meses Ana não se deixava ser tocada e Lacaille sentia a abstinência de seu corpo e de seu amor. O cavaleiro de vela não ousou tocá-la e apenas deitou-se ao seu lado.
- Lacaille?
- Me perdoe, Ana. Eu precisava ficar perto de você pelo menos um pouco.
Ana estava torpe de sono, então apenas virou em direção a Lacaille e ajeitou a cabeça nos braços do cavaleiro. Lacaille a abraçou e beijou sua testa enquanto sentia seus olhos marejarem, até que pouco tempo depois finalmente conseguiu dormir.
Amanheceu e Shaka chegava na décima terceira casa para se reunir com o Grande Mestre. Debateram sobre as estratégias para recuperar a armadura de sagitário e sobre a participação dos cavaleiros de prata em futuras missões. Ares estava negociando com o cavaleiro de bronze de fênix sua participação no resgate da armadura durante o torneio no Japão em troca de benefícios que seriam concedidos pelo santuário.
- Shaka, preciso que vá até a Ilha da Rainha da Morte e que me diga se o cavaleiro de fênix é realmente confiável. Não temos tempo a perder com incertezas sobre seu caráter e competência.
- Sim mestre, farei o que me pede.
- Mas antes eu quero que descanse e recupere suas energias. Quando for a hora eu lhe darei a permissão.
Shaka descia as escadarias rumo a casa de áries para inteirar-se do andamento das demais atividades do santuário. O cavaleiro optou por fazer uso de sua visão por alguns dias após sua chegada para observar cada canto e cada rosto existente ao seu redor já que há muito tempo não frequentava o local. Quando chegou próximo a casa de leão, viu que Aioria estava acompanhado. O cavaleiro de leão beijava uma mulher que logo em seguida desceu rapidamente as escadarias em direção ao vilarejo.
Chegou na casa de leão e confrontou Aioria.
- Quem você pensa que é para profanar a sagrada casa de leão com suas perversidades mundanas?
- O que faço não é da sua conta, Shaka, contanto que eu continue sendo um dos cavaleiros de ouro mais fortes desse santuário nada do que faço interessa a você.
- Não me surpreendo com tamanha audácia vinda do irmão daquele traidor. Vocês são mesmo iguais.
- Cale-se! Buda deve ter ensinado muitas coisas a você, mas vejo que falhou em ensinar que o julgamento é uma faca de dois gumes, Shaka. Hoje você julga, amanhã será vítima do julgamento de alguém.
- Me poupe desse seu discurso, Aioria, minha conduta é exemplar.
- Você se julga perfeito. Vamos ver quanto tempo levará até que essas suas palavras se voltem contra você.
- Não perderei meu tempo com você, é insignificante demais. Saiba apenas que estarei lhe observando.
Shaka desceu a escadaria até chegar na casa de áries, onde Mu o aguardava.
- Seu semblante está péssimo, meu amigo. O que aconteceu?
- Ao que aparenta, Aioria teve companhia essa noite na casa de leão. Mas suponho que você e todos os guardiões das casas que a antecedem já sabem disso Mu, pois ninguém atravessa os domínios zodiacais sem permissão de seus guardiões, estou correto?
- Ora, Shaka. Há muitas coisas que aconteceram por aqui durante sua ausência e digo que você deve poupar sua energia para se preocupar apenas com o que realmente importa.
- Todos sabem muito bem que não é permitido que mulheres frequentem o santuário para estes fins.
- Shaka, as coisas não são como parecem. Nada há de profano entre Aioria e aquela mulher e é por esse motivo que permitimos sua passagem em sigilo.
- Então Aioria está apaixonado? É mais grave do que julguei. É expressamente proibido que cavaleiros de ouro se envolvam emocionalmente e seja lá quem for aquela mulher, ambos deverão ser severamente punidos!
- Não se precipite, meu amigo. Como eu lhe disse, muitas coisas aconteceram desde a sua partida. Punir Aioria implicaria em punir também outros cavaleiros de ouro que se encontram em situação parecida e o santuário não precisa desse tipo de transtorno em momentos como esse. Inclusive... imagino que não queira provocar um desfalque entre seus pupilos.
- Sobre o que você está falando?
- Dois guardiões das casas desse santuário tentariam arrancar sua cabeça se você expusesse a amazona de puppis a um risco tão grande motivado por sua implicância com Aioria.
- Quem estava com Aioria era Ana?
- Não, não é ela. Shaka... Você ainda não reencontrou a amazona de puppis. Sugiro que o faça antes de qualquer atitude precipitada.
- O que você quer dizer com isso? Ana se envolveu com algum dos cavaleiros de ouro?
- Os detalhes não nos dizem respeito, Shaka. Saiba apenas que Camus e Milo possuem sentimentos profundos por sua pupila e que por esse motivo ela seria duplamente punida. Mas como lhe disse, não julgue antes de encontrar Ana. Existem coisas que você só vai entender depois disso.
Shaka se calou tentando entender o que Mu estava querendo dizer enquanto concluía que a existência de Ana cumpria exclusivamente a função de criar problemas na vida de todos em sua volta.
Mu e Shaka dirigiram-se até o vilarejo para que o cavaleiro de virgem pudesse conhecer e sondar os cavaleiros de prata que se encontravam mais preparados para as missões que o Mestre Ares planejara.
Andaram por toda extensão do local e já tinham em mente alguns nomes. Shaka olhava para todos os cantos do vilarejo reparando em cada mudança feita e em cada rosto novo que conhecia, aquela era uma boa desculpa para poder apreciar o mundo ao redor.
Mu se aproximou da horta, Zian e Rikka, um dos jovens aprendizes de Shaka, construíam alguns objetos de madeira que não soubera identificar.
- Zian! Sua horta está a cada dia mais bonita!
- Mu, Shaka! Obrigado, a natureza é mesmo fantástica.
Rikka se aproximou e cumprimentou o cavaleiro de virgem.
- Mestre, Zian aceitou que eu trabalhe junto com ele aqui na horta. Estamos construindo caixas e células de madeira para o apiário.
- Apiário?
- Sim, vamos criar abelhas!
Zian riu com a empolgação do jovem rapaz.
- Rikka será um grande apicultor! Me contou de sua paixão por abelhas e tive essa ideia. Abelhas são essenciais na polinização e nossa horta ficará agradecida com esse novo cuidado.
Shaka assentiu com a cabeça e Mu se dirigiu ao velho plantador.
- Onde está Ana? Faz tempo que não a vejo.
- Ana é um mistério, senhor Mu de áries, veio aqui hoje cedo e fez a manutenção do plantio mas logo sumiu dentro da mata. Tem sido assim já há algum tempo, mas ela é assim mesmo.
- É uma pena, como você sabe, Shaka é seu mestre e tem muito tempo que não se vêem.
Shaka franziu o cenho e olhou torto para Mu.
- Para mim isso não é um problema, não se preocupe.
Rikka intrometeu-se no assunto.
- Mestre Shaka nos falava sobre Ana, disse que é uma amazona muito poderosa... não... a mais poderosa! Mas eu também não conheci ela ainda.
Mu riu.
- A mais poderosa e a mais rebelde na mesma proporção, Rikka.
- Dizem por aqui que ela é muito bonita.
- É sim, Ana é mesmo uma bela mulher. Logo você irá conhecê-la.
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Ana meditava todos os dias em frente ao lago na clareira. O local estava completamente selado e os únicos que poderiam entrar e sair do local livremente eram os animais da floresta e ela própria.
À noite quando todos na cidade estavam descansando, Ana se dirigia até próximo ao portão que separava o vilarejo do santuário e se acomodava em um galho no alto de uma grande árvore. De lá conseguia ver as 12 casas zodiacais, mas era para a sexta casa que seus olhos apontavam. Depois de tanto tempo, estava perto de Shaka novamente. Desejava poder ir até lá mas sabia que não poderia colocar tudo a perder.
- Tão perto e tão longe. Ah, Shaka... Você me obriga a pensar demais, planejar demais... Eu não sou assim.
Amanhecia no vilarejo e a movimentação de pessoas começava. Rikka e Zian continuavam trabalhando com suas madeiras e telas para o apiário.
Dionis e Horus, colegas de Rikka e também pupilos de Shaka, foram até a cerca da horta para observar o trabalho de seu colega enquanto eles próprios ainda aguardavam serem chamados em outras funções.
Uma voz feminina interrompeu a concentração generalizada no local.
- Esse seu novo ajudante parece ser muito aplicado, Zian.
Ana surgia sorrindo enquanto abria a cerca de madeira, os 3 adolescentes emudeceram encantados com sua graça e beleza.
- Enfim, essa é a amazona de puppis, rapazinhos – disse Zian.
Rikka estava animado.
- Então você é a senhorita Ana! Mestre Shaka nos falou muito sobre você.
- Ele falou sobre mim?
- Sim! Disse que você é a amazona mais poderosa de todas e que deveríamos nos espelhar em você e na sua coragem.
Ana ouvia tudo com surpresa. Jamais pensou que Shaka a visse como exemplo para qualquer coisa.
- Ele nos contou sobre a batalha pelas armaduras de Argo Navis.
- Sim, é nossa história favorita. Vocês foram muito inteligentes, Ana. Podemos lhe chamar de Ana?
A amazona sorriu. Eram 3 adolescentes doces e entusiasmados e isso a fazia lembrar de sua adolescência na Índia junto a Bruno e Lacaille, a conexão desenvolvida entre cavaleiros que são criados e treinados juntos é extremamente poderosa e sagrada.
- Fico feliz em finalmente conhecê-los, rapazes. Tenho certeza de que nos daremos muito bem!
Shaka continuava visitando o vilarejo quase diariamente junto de Mu. Certo dia, Rikka e seus companheiros avistaram seu metre se aproximando e correram em sua direção.
- Mestre! Conhecemos a amazona de puppis!
- Ana resolveu aparecer?
- Sim, já faz alguns dias... O senhor tinha razão, o cosmo dela é mesmo muito poderoso, nós também a vimos treinar e ela nos ensinou algumas de suas técnicas!
- Quando a virem novamente, digam a ela que é de bom tom cumprimentar seu mestre após 8 anos sem o ver.
Os 3 jovens se espantaram.
- O senhor ainda não a viu?
- Não, Rikka, ainda não encontrei Ana desde que voltei.
- Ela vem aqui todos os dias de manhã bem cedo, venha amanhã que ela com certeza vai estar aqui.
- Não tenho toda essa disponibilidade de tempo para vir atrás de Ana, Rikka. Se ela acredita estar muito ocupada para essas formalidades, que seja.
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Era noite e Shaka encontrava problemas para meditar, não conseguia se concentrar pensando em sua discussão com Aioria e na conversa com Mu. Era uma afronta que os cavaleiros de ouro desrespeitassem as regras do santuário daquela forma e pior ainda era saber que um de seus pupilos estava envolvido. Ana, sempre ela. Levantou-se e foi até a entrada da casa de virgem, sentindo a brisa fresca em seus cabelos lembrou-se da última vez que viu Ana. A amazona agora parecia presente em sua rotina todos os dias, todos acabavam mencionando seu nome em algum momento, o fazendo lembrar de que era o único por lá que não conhecia quem havia se tornado sua própria pupila. Ela provavelmente estava muito diferente agora e a julgar pelo fato de dois cavaleiros de ouro terem se apaixonado por ela e de seu nome soar tantas vezes nas conversas ao redor da cidade, deveria ser uma mulher e tanto. Era surpreendente pensar nos cavaleiros de aquário e de escorpião apaixonados por alguém. Acreditava que Camus era reservado e frio demais para desenvolver sentimentos desse tipo e Milo era até então um caso perdido, um conquistador barato e inconsequente.
Era difícil admitir para si mesmo que estava morrendo de curiosidade pensando em como ela estaria agora. Se perguntava se a amazona havia deixado os sentimentos que nutria por ele quando jovem para trás e não entendia que tipo de sentimentos ela poderia ter por Camus e Milo. Será que se apaixonara por algum deles? Será que ele mesmo deixara de ser importante para aquela mulher cujo a qual já sentia nem mais conhecer? Shaka não sabia que ali experimentara pela primeira vez o sabor amargo do ciúme. Queria encontrá-la.
Amanhecia no Santuário, Ana saiu do banho e arrumou-se em frente ao espelho. Era uma mulher vaidosa, gostava de usar longos vestidos de alça, saias compridas e rodadas e blusas justas que lhe marcavam a silhueta. Seus olhos eram contornados por cajal preto, usava brincos e pulseiras e por onde passava exalava o doce perfume de seus óleos de frutas.
Foi até a horta e começou a colher as hortaliças que habitualmente dividia, metade para a mercearia e metade para o santuário onde cozinheiros preparavam as refeições de seus cavaleiros e demais empregados.
Zian e Rikka cuidavam do apiário e observavam as primeiras favas de mel se formando.
De repente, ouviram uma voz que vinha do portão da horta.
- Com sua licença, Zian, vim buscar Rikka para o treinamento.
Ana sentiu seu corpo gelar e seus batimentos dispararem.
Rikka foi até seu mestre.
- Mestre Shaka! Não sabia que haveria treinamento hoje.
- Eu decidi que terá, Rikka, a batalha pelas armaduras se aproxima. Avise Horus e Dionis e me encontrem no campo de treinamento.
- Sim, mestre.
Ana não conseguia pensar, estava inerte tentando entender o que ele fazia lá naquela hora.
- Você me desfalcou hoje, cavaleiro! – Disse o bem humorado Zian.
- Me perdoe pela falta de aviso, preciso ver como meus aprendizes se saem sem preparação prévia.
Shaka olhou para a mulher de longos cabelos castanhos que estava de costas para o portão ajoelhada na terra.
- Essa deve ser uma alface muito difícil de colher, Ana – disse Shaka ironicamente.
Ana percebeu que suas mãos estavam segurando a base de uma alface ainda na terra e que permanecia assim desde a chegada do cavaleiro. Puxou-a e a colocou dentro do cesto pensando no papel de tola que acabara de fazer.
- Me perdoe, mestre.
Ana respirou fundo, se levantou e virou em direção ao cavaleiro.
Shaka engoliu seco. Maldita hora que decidira ir até o vilarejo, maldita decisão de deixar seus olhos abertos, não estava preparado para o que via.
Ana era uma mulher deslumbrante, muito mais do que imaginara. A garota cujo o rosto mal podia lembrar, que conheceu ainda criança e quando jovem fez sofrer tão duramente se tornara uma bela mulher. Seus olhos castanhos penetravam nos olhos de Shaka, pareciam alcançar sua alma, bagunçar seus pensamentos e naquele momento o cavaleiro soube que fora arrebatado por ela, pela segunda vez.
Nos lábios de Ana havia um discreto sorriso de canto enquanto a amazona caminhava lentamente em direção a Shaka.
- Eu beijaria sua mão, mas as minhas estão sujas de terra.
- Não há necessidade.
Shaka não conseguia desviar seus olhos da amazona. As palavras de Mu soavam em sua cabeça naquele momento e passou a entender o motivo pelo qual aconselhara encontrar Ana antes de fazer qualquer coisa.
- Seus novos pupilos são grandes garotos, mestre, você fez um ótimo trabalho.
- A mim interessa treinar aprendizes que repitam o feito da batalha de Argo... Mas que preferencialmente poupem um pouco mais meus nervos dessa vez.
Ana sorriu, um elogio e um pouco do contido e duvidoso senso de humor do virginiano em uma mesma frase parecia um bom sinal. Zian olhava para os guerreiros em sua frente e sentia uma atmosfera estranha entre eles.
- Se me dão licença, Zian, Ana, devo me dirigir ao campo de treinamento. Foi um prazer lhe ver novamente, amazona. Até breve.
- Até breve, mestre.
Shaka seguiu para o santuário enquanto Ana o observava.
- O que foi isso que acabou de acontecer aqui, Aninha?
- Nada, Zian... – disse enquanto dava um beijo na testa de seu amigo - ...nada aconteceu aqui.
Ao final do dia, Shaka entrou na casa de áries e sentou-se em frente a Mu que restaurava algumas armaduras antes do duelo que se aproximava.
- O que você quis dizer quando falou que eu deveria encontrar Ana antes de agir?
- Você a encontrou?
- Sim.
- Hum... Então acho que você já sabe a resposta.
- Mu, ela está muito diferente, eu não imaginei que...
- Que isso fosse mexer com você?
Shaka respirou fundo por alguns segundos. Sim, Mu tinha razão.
- Isso é errado, o que eu estou fazendo? Está absolutamente fora de questão.
- Não seja tão rigoroso consigo mesmo, meu amigo, Ana é uma bela mulher e vocês já não são mais crianças, ela não está mais sob sua tutela.
- Que tipo de relação ela tem com Camus e Milo?
- Eu lamento mas não sei responder a essa pergunta... Se aceitar meu conselho eu apenas sugiro que seja cuidadoso, você já a fez sofrer uma vez.
- Eu nem mesmo acho que ela ainda pense em mim dessa forma, parecia apenas assustada quando ouviu minha voz.
- Dê tempo ao tempo, Shaka, pelos deuses... você pensa demais.
- Não, não há motivos para eu pensar sobre algo que não existe, Ana é minha pupila e eu sou um cavaleiro de ouro, minha missão é viver somente para proteger Atena. Preciso ir, agradeço seu tempo Mu.
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A batalha pelas armaduras ocorreu tranquilamente na arena do santuário diante da presença do Grande Mestre e dos cavaleiros de ouro. Nas arquibancadas, cavaleiros de prata e moradores do vilarejo se dirigiam para a saída após finalizadas as lutas. Os pupilos de Shaka venceram o duelo pelas armaduras de Oitante, Taça e Columba.
Ana estava sentada no alto das arquibancadas olhando o movimento de pessoas que deixavam a arena.
- Ouvi dizer que haverá uma comemoração para os vencedores dos duelos. Será que vou encontrá-la junto dos demais ou vai continuar se escondendo de mim?
- De forma alguma eu me esconderia de você, Milo.
- Me permite beijar sua mão?
Milo segurou a mão esquerda da amazona e a levou até seus lábios enquanto seus olhos a miravam em um olhar intenso repleto de volúpia. Beijou delicadamente a mão de Ana e deslizou seus lábios até a altura do pulso da amazona.
- Milo, por favor...
- Eu amo você! Eu sinto a sua falta.
- Eu preciso ir.
Milo se levantou e puxou Ana pela mão trazendo o corpo da amazona para junto do seu. Ana olhou para o mezanino e lá estava Shaka sentado em sua cadeira observando-a.
- Droga, Milo.
Se desvencilhou dos braços do cavaleiro e desceu as arquibancadas em direção a saída. O portão da arena estava tumultuado, algumas pessoas tentavam sair enquanto outras formavam rodas de conversa que trancavam a passagem. Ana estava atordoada quando sentiu uma mão puxando-a para fora.
Todos abriram passagem para o cavaleiro de virgem, que levava com ele Ana pelas mãos.
- Me lembre de ter mais sorte na próxima encarnação e vir como candidata a uma armadura de ouro. – Disse Ana.
- Tentarei lembrar, por ora eu ainda posso fazer alguma coisa por você.
- Obrigada.
Shaka soltou a mão da amazona e virou-se em direção às 12 casas.
- Peça para o seu namorado ser mais discreto.
- Namorado?
- O cavaleiro de escorpião. Ele deveria saber que as consequências serão muito piores para você se o Mestre Ares descobrir.
- Milo não é nada meu!
Ana sentiu sua visão escurecer. Aquilo só poderia ser um pesadelo.
- Shaka... Eu não...
O cavaleiro de virgem virou-se a tempo de perceber que Ana estava prestes a cair. Correu em sua direção e a segurou no exato momento em que desmaiou.
Ana abriu os olhos e recobrava a consciência aos poucos. Lacaille estava em sua frente e seu olhar era de preocupação.
- Ana! Fale comigo!
A amazona olhou ao redor, estava em seu quarto. Alex, Bruno e Shaka também estavam presentes olhando-a com expressões preocupadas.
- Eu estou bem.
Ana sentou-se e fechou os olhos tentando recordar o que havia acontecido.
- Você desmaiou, então trouxe você para cá.
- Shaka... Obrigada, e me desculpe. Eu preciso... de água.
Lacaille foi até a cozinha no mesmo momento atender seu pedido.
- Não se desculpe, acredito que você tenha sido vítima de uma insolação. Mas agora que você acordou eu me despeço, preciso voltar ao santuário. Descanse e se recupere.
Ana passou o restante do dia deitada lembrando-se da breve conversa com o cavaleiro de virgem. Não acreditava na cena ridícula que Shaka presenciou. Tinha que desmaiar na frente dele? Que papel ridículo. Pior que isso era saber que Shaka a viu com Milo, tirou suas próprias conclusões e isso poderia afastá-lo, precisava dizer a ele que não havia nada entre ela e o cavaleiro de escorpião. Não mais.
Alguns dias se passaram e com a plena recuperação dos guerreiros após a batalha, o vilarejo comemorava a nomeação dos novos cavaleiros de Atena como tradicionalmente fazia. Comidas e bebidas eram servidas a todos enquanto a música ficava por conta de Lacaille, Bruno e seus amigos. Era uma bela noite estrelada, as ruas eram iluminadas por inúmeras tochas e haviam longas mesas de madeira postas em frente a mercearia, onde sempre tudo acontecia.
Lacaille passou seu violão para seu amigo Juan e tirou Ana para dançar. Era inegável a sinergia existente entre os dois enquanto dançavam, o cavaleiro tinha seu rosto próximo ao de Ana a ponto de quase beijá-la enquanto guiava os passos da amazona junto a música.
Milo estava sentado ao lado de Camus nos bancos de madeira junto a uma das mesas e ambos conversavam entre si enquanto observavam Ana e bebiam vinho. Aioria havia sumido de vista e não coincidentemente Marin também não estava lá, Aldebaran, Máscara da Morte e Afrodite já estavam consideravelmente alcoolizados rindo e falando alto.
Mu e Shaka também estavam na mesma mesa em que seus companheiros dourados. Mu possuía uma natureza contida mas parecia estar se divertindo, ao contrário de Shaka que se mostrava completamente desconfortável.
As jovens moças do vilarejo rondavam a mesa em que estavam os cavaleiros de ouro, era raro vê-los sem suas armaduras e todas apreciavam a chance de poder ver seus corpos em roupas comuns.
Aquelas eram as únicas oportunidades que Ana tinha de dançar novamente para um público, algo do qual sentia muita falta. Todos paravam para assistir quando a amazona ocupava a área central em frente aos músicos e os homens a tiravam para dançar incessantemente.
Ana dançava e sorria, era como o sol que atraía a todos pela sua luz.
Shaka lembrava da primeira vez em que a viu dançar, naquela época o coração de Ana pertencia a ele mas agora já não sabia quem habitava os pensamentos daquela mulher.
- Tome, beba isso e relaxe pelo menos uma vez na sua vida.
Milo sentou-se ao lado de Shaka e o entregou um copo com vinho.
- Eu agradeço, mas não bebo e não será hoje que isso vai mudar.
- Pare de ser tão certinho, Shaka. A vida está passando e você está perdendo o que ela tem de melhor.
- O que essa vida pode reservar de melhor para homens como nós?
- Ah, Shaka...
Milo olhava para Ana.
- Existem coisas e pessoas pelas quais vale a pena quebrar as regras. Eu preciso saber de uma coisa e acho que você talvez saiba me responder, virgem. Quem é o indiano por quem Ana se apaixonou quando jovem?
Shaka foi pego de surpresa pela pergunta.
- Do que você está falando?
- Não me diga que você também não sabe. Maldição, você era minha última esperança.
- Ana é apaixonada por alguém?
- Sim, quero dizer, era... eu não sei. Veja bem, Shaka, eu amo essa mulher e eu sei que ela também tem sentimentos por mim.
Shaka sentiu seu peito apertar.
- Mas ela não se abre, diz que não é mais capaz de amar e que não pode me corresponder. Tudo por causa desse homem, eu juro que se eu o encontrasse não responderia por mim.
- Como você sabe que ela tem sentimentos por você?
- Eu apenas sei. Quando ela me beija, quando a tenho nos meus braços e sinto seu corpo...
As palavras de Milo acertavam o cavaleiro de virgem como golpes.
- Sua pupila é incrível, Shaka.
- Você perdeu a cabeça, Milo. Esqueceu de sua missão como cavaleiro de Atena e de todas as regras do santuário. Deveria agradecer por Ana não lhe corresponder ou seria o fim para vocês dois.
- Você não entende. No fundo você tem sorte, o amor não é mesmo para você.
Milo se levantou e foi se sentar novamente ao lado de Camus. Shaka estava confuso, seria ele o tal indiano? O que poderia significar Ana não corresponder ao cavaleiro de escorpião, será que ela ainda o amava?
Olhou para Ana, que dançava junto a algum cavaleiro que ele não conseguia lembrar quem era. Ela parecia ignorar completamente a sua presença naquele lugar. A imagem da amazona nos braços de Milo não saía de sua cabeça e era insuportável. Olhou para o copo cheio de vinho que havia sido trazido por Milo e o pegou, em dois goles esvaziou toda a bebida que continha.
Já era madrugada quando a festa foi encerrada e os moradores do vilarejo começavam a voltar para suas casas, os cavaleiros de ouro também começavam a se reunir para voltar ao santuário. Estavam embriagados, não era comum para eles ingerir bebida alcoólica mas naquela noite resolveram se permitir uma pequena extravagância. Shaka estava um pouco tonto, passara a noite em companhia de Mu e Alex conversando sobre os planejamentos do santuário para as próximas semanas e havia bebido um pouco de vinho.
Ana estava ajudando a recolher as mesas quando viu Shaka se levantando junto a Mu e se despedindo de Alex. Queria ter se aproximado do cavaleiro naquela noite mas sempre que olhava para ele estava acompanhado por alguém. A amazona largou os copos que recolhia em cima de um banco e foi em direção ao cavaleiro de virgem.
- Não pretendem sequer se despedir?
Mu e Shaka se viraram e viram Ana parada diante deles. Mu foi em sua direção e a abraçou.
- Ana, você estava maravilhosa esta noite, embora isso não seja uma novidade!
Ana percebeu que os cavaleiros estavam um pouco embriagados, o que era engraçado se tratando dos dois.
- Fico feliz que tenham vindo, pelo visto vocês aproveitaram a noite!
A amazona olhou para Shaka que a encarava com uma expressão diferente de seu semblante sério habitual. Estava com um discreto sorriso e um olhar provocador, o que causou um arrepio no corpo de Ana. Aquele maldito estava mais lindo do que nunca e a expressão em seu rosto era irresistível.
Shaka se aproximou de Ana sem dizer uma palavra e então a abraçou. Apertou o corpo da amazona contra o seu e a girou levemente para o lado, o que fez Ana se desequilibrar e segurar com força nos ombros do cavaleiro. Seus dedos apertavam a pele de Shaka sobre sua roupa enquanto sentia o cavaleiro apertar com força sua cintura e por um momento esqueceu-se de onde estava. Olhou por um longo momento para os olhos de Shaka que estavam fixados nos seus.
- Solte ela Shaka, ela vai desgraçar você como fez com aquário, escorpião e aqueles outros moleques!
Ao longe, Máscara da Morte gritou ao ver a cena completamente embriagado enquanto Afrodite ria. Mu interviu:
- Ora, vamos embora Máscara.
Shaka se afastou da amazona, Ana estava agradecendo aos deuses por Milo, Camus, Bruno e Lacaille não estarem por perto naquele momento.
- Me perdoe Ana, não tive a intenção, acho que bebi demais.
- Você continuará vindo ao vilarejo com Mu?
- Não, preciso retomar minhas meditações antes de enfrentar algumas batalhas importantes.
Ana abaixou a cabeça com uma expressão desapontada.
- Compreendo. Não preciso lhe desejar boa sorte nas batalhas, então desejarei apenas que elas sejam breves para que você possa voltar logo.
Shaka olhou para a amazona demoradamente e logo após, a segurou pelo rosto e deu um beijo em sua testa.
- Voltarei em breve.
Ana observava Shaka caminhando em direção ao santuário e pela primeira vez sentiu que estava mais próxima do que nunca do coração do homem que amava.
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