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História O Advogado - Capítulo Único


Escrita por: Biagawa

Notas do Autor


Olá pessoal!
Sei que estou devendo de terminar a White Fangs, mas aqui vai uma pequena oneshot do meu casal preferido. Espero que gostem <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


                O som irritante do despertador ecoava em meus ouvidos anunciando que já se passavam das 7 horas da manhã, e eu tinha que acordar para ir para mais um dia de trabalho. Desliguei o aparelho com certa dificuldade, xingando durante o processo por me irritar com o som alto do mesmo, me lembrando mentalmente de abaixar mais um volume para a próxima vez, já que eu acordava com certa facilidade.

                Levantei logo em seguida, indo até o banheiro para fazer minha higiene matinal, mas arrumando minha cama antes disso, deixando-a perfeitamente limpa e organizada como me agradava. Não gostava de bagunças, e muito menos de sujeira.

                Tomei um banho rápido e vesti minha roupa social de sempre, que consistia numa camisa branca e a calça preta do terno. Uma gravata cinza e o paletó do terno, que eu levei sobre os ombros até a cozinha para preparar meu café preto para aguentar mais um dia de trabalho. Eu era advogado criminal, e meu trabalho consistia em provar a inocência de pessoas que até então eram julgadas como culpadas, impedindo ou tirando-as da cadeia. Mas eu não defendia bandidos, pelo contrário. Só aceitava casos em que eu tinha a certeza que estavam sendo acusados injustamente de um crime que não haviam cometido, e na maioria das vezes eram pessoas de baixa renda que não tinham dinheiro para pagar um advogado. No entanto, eu não era hipócrita o bastante para viver com apenas essa renda. Então em casos esporádicos aceitava dinheiro de pessoas podre de ricas que estavam dispostas a fazer tudo para não irem para a cadeia, ainda que não tivesse defendido em nenhum momento de minha carreira pessoas que eram acusadas de assassinato ou estupro, não sou tão desesperado assim por dinheiro. Apenas tinha o bastante para ter uma vida relativamente confortável e um apartamento que não precisasse pagar aluguel.

                Portanto, o caso que eu havia aceitado aquele dia era um daqueles que me rendiam uma boa quantia de dinheiro. Um moleque mimado, filho de um médico bastante rico da região havia sido preso por invadir e causar danos a um local público, e esse médico não queria que o assunto caísse na boca do povo e que seu filho tivesse que ir preso, então pagou um dos melhores advogados da cidade, no caso eu, para cuidar pessoalmente daquilo e o tirar da cadeia. Não gostava de moleques mimados, mas gostava e precisava do dinheiro, além do pirralho não ter feito nada que afetasse terceiros. Seria um caso relativamente fácil, mas eu não queria deixar o filhinho de papai 100% impune, então iria até o moleque pessoalmente para ver o que poderia fazer com aquilo.

                Após terminar meu café, vesti meu paletó, pegando minha pasta com os documentos do caso do meu cliente e desci o prédio em direção ao meu carro para ir até a delegacia, onde o pirralho estava. Antes de dar a partida, dei uma olhada em sua ficha.

                O suposto filhinho de papai se chamava Eren Yeager, tinha 18 anos e já havia terminado o ensino médio. Obviamente não havia trabalhado em nada até então, e em sua ficha constava que já havia sido preso uma vez por perturbar a paz em seu bairro, provavelmente por ter se metido em alguma briga, no entanto por ser menor de idade, apenas passou uma noite na cadeia antes de ser solto por seu pai com uma advertência. Agora com 18 anos o buraco era mais fundo, e ele podia passar mais tempo na cadeia por cometer mais um crime e por ter atingido a maioridade, além de já ter passagem pela polícia. Era mesmo um garoto problemático.

                Joguei os papeis sobre o banco do motorista antes de dar a partida em direção a delegacia do bairro de Sina, onde o garoto estava detido. Cheguei em poucos minutos por não ser muito longe, e logo em seguida desci do carro com minha mala de processos para dentro do estabelecimento.

                Por mais que conhecesse os policiais, não me preocupei em cumprimentar nenhum deles afinal bom humor e educação não eram meu forte. Apenas queria ir direto ao pirralho para fazer meu trabalho, sem precisar ser simpático com ninguém.

                Segui o chefe da polícia, Hannes, em direção a uma sala de interrogatório onde o garoto já esperava sentado em uma cadeira e com algemas em seus pulsos. Quando entrei na sala apenas vi sua figura de costas, e mesmo sentado pude ver que era mais alto que eu, com cabelos castanhos e levemente compridos, além da pele levemente bronzeada. Ainda que fosse filho de um pai rico e, mimado como eu pensei, não vestia nenhuma espécie de roupa cara. Muito pelo contrário. Suas roupas eram relativamente simples e denunciavam seu estilo rebelde, desde as calças jeans rasgadas até a camiseta esverdeada com algum símbolo de banda que eu desconhecia, que eu apenas vi quando fiquei de frente para ele. E, quando o fiz, pude finalmente ver seu rosto.

                Possuía a pele bronzeada, como eu havia visto de longe. Os cabelos castanhos estavam levemente caídos por seus olhos que eu não pude ver num primeiro momento. Seus lábios carnudos possuíam um machucado que denunciava uma possível briga, além de mais alguns cortes por seu rosto. Era realmente um garoto problemático.

                - Bom dia, Yeager. Sou o advogado que seu pai chamou para cuidar do seu caso, Levi Ackerman. – Comecei a dizer com minha voz monótona de sempre enquanto puxava a cadeira para me sentar de frente para ele, vendo o policial sair da sala antes de fechar a porta, deixando-nos sozinhos ali.

                Assim que eu disse aquilo, pude ouvir um leve riso debochado vindo da parte do garoto, que acabou por erguer sua cabeça, de modo que eu pudesse ver seus olhos. Possuíam uma cor intensa que eu jamais havia visto antes em qualquer pessoa. Eram verdes, mas não um verde qualquer. Eram intensos, assim como a expressão que o garoto possuía, se assemelhando a esmeralda mais bonita que eu podia imaginar, além dele ter feições bastante bonitas e traços relativamente másculos. Se ele não fosse um pirralho de 18 anos que tivesse sido preso por provavelmente querer chamar a atenção de seu pai rico, e eu não fosse seu advogado, ele definitivamente seria meu tipo.

                - O velho está realmente com medo de ser exposto. – Sua voz era grave demais para um garoto da sua idade, e até que me agradou em ouvi-la. No entanto, me foquei no que ele dizia para entender mais sua motivação por ter cometido aquela infração. – Até chamou um advogado com medo que seu filho seja preso e suje seu nome perfeito. – Então eu estava certo pelo motivo por ter sido chamado.

                - Ele está certo em temer que seu filho de merda seja preso. – Disse sem me importar em agradar meu cliente, afinal não iria bajular nenhum adolescente rebelde que queria chamar a atenção do papai. – Vi em sua ficha que você invadiu um local público, causou danos ao estabelecimento ao quebrar as janelas, e ainda atacou os seguranças quando foi descoberto. – Comecei a dizer suas infrações enquanto olhava os papeis que haviam sido entregues para mim sobre o garoto. – Posso saber por quais motivos fez essas merdas?

                Falar daquela forma pareceu espantar o rapaz, que ficou alguns segundos em silêncio como se nunca houvesse sido confrontado em sua vida, já que devia ser bajulado por todas as pessoas que sabiam que seu pai era importante. Felizmente, eu não me importava com o quanto de dinheiro seu pai tinha, não iria bajular um pirralho como ele.

                - Não importa o motivo. Eu fiz e tenho que pagar por isso, não é? – Ergui os olhos inexpressivos de sempre para o garoto, que agora possuía a cabeça levemente baixa e as mãos algemadas sobre a mesa. – Se ele pagar a fiança não é o suficiente para me soltar? Então não precisa saber o porquê. – Pude ver que sua expressão firme havia amenizado, e ele aparentava estar um pouco triste?

                - Claro. O filhinho de papai acha que tudo se resolve com dinheiro. Então vai sempre fazer essas merdas só pra chamar a porra da atenção dele? E qual vai ser o próximo? Vai começar a roubar os lugares que invadir? Traficar drogas ou matar uma pessoa? – Vi que ele arregalou os olhos novamente, parecendo incrédulo quando eu dizia aquelas coisas.

                - Eu não sou um bandido! – Ele me interrompeu, se endireitando em sua cadeira enquanto me olhou com os olhos firmes, parecendo ter ficado ofendido ao ouvir aquilo.

                - Invadir uma propriedade, roubar, matar alguém. Qual a diferença? São todos crimes. Então quer me dizer que não é um criminoso? – Devolvi o olhar fixo dele, o olhando sem demonstrar expressão alguma, tentando ler aquele garoto. Já havia pegado vários casos como o dele, então por que eu sentia que tinha algo diferente naquele garoto? Seriam apenas seus olhos de cor intensa ou havia algo mais?

                O rapaz ficou em silêncio, como se pensasse a respeito daquelas palavras. Aos poucos foi relaxando sua pose, se encostando na cadeira enquanto abaixou novamente a cabeça.

                - Eu não fiz isso pra chamar a atenção do meu pai. Estou pouco me fodendo pra ele. – Ele começou a dizer, e por mais que não expressasse, mantive meu olhar sobre ele de forma interessada por ouvir o que iria dizer. – De fato eu invadi aquele lugar, mas não fui eu que quebrei as janelas. E só bati nos seguranças pra proteger uma pessoa. – Ergui uma sobrancelha ao ouvir aquilo, anotando em meu caderno que estava sobre a mesa, o que ele havia dito.

                - Então não estava sozinho? Não foi o que você disse para os policiais. – Perguntei, e o garoto demorou novamente para voltar a contar a história.

                - Não. Estava com mais uma pessoa. Ele estava fugindo de alguns bandidos por dever dinheiro pra eles então nos escondemos lá. Mas eu o mandei fugir, dizendo que assumiria a culpa. Mas eu não vou dizer quem era. Não importa o que aconteça comigo, vou assumir toda a culpa pelo que aconteceu naquele lugar, então nem tente me fazer perguntas sobre ele. – Vi o Eren voltar os olhos para mim e pude novamente ver a intensidade e determinação naqueles olhos esmeraldas. Ele queria ir preso só pra ajudar uma pessoa? Era realmente diferente do que eu imaginava.

                - Se quer mesmo fazer isso, então por mais que pague a fiança terá que prestar serviços comunitários. Fará mesmo isso só pra ajudar outra pessoa? – Perguntei olhando naqueles olhos tão intensos e que me causavam uma sensação tão estranha. Eu o havia julgado de forma errada, mas ele ainda era um idiota por fazer aquilo por outra pessoa. – Terá mais uma passagem pela policia e pode arruinar a sua vida por isso. Ainda que seja um filhinho de papai, não pode resolver sempre tudo com dinheiro. Em algum momento, essas ações terão consequências. Ainda assim deseja assumir a culpa?

                - Sim. – Ele respondeu sem sequer hesitar, e aquilo me deixou novamente curioso. Ou era espero demais, ou idiota demais por fazer aquilo por outra pessoa. De qualquer forma, eu escolhia a segunda opção.

                - Pois bem. – Suspirei, fechando meu caderno de anotações e pegando alguns papeis da ficha do garoto Yeager. – Falarei para seu pai o valor de sua fiança e da pena que terá que cumprir. O caso será sigiloso da forma que ele quer, e espero que não seja idiota o bastante para fazer isso numa próxima vez. Mas infelizmente, terá que passar alguns dias na cadeia até que a fiança e os serviços comunitários sejam aprovados. – Falei anotando algumas coisas nos papeis sobre a decisão do caso, antes de guardar os papeis em minha maleta. O garoto permaneceu em silêncio após aquilo, novamente com a cabeça baixa e os cabelos castanhos cobrindo seus olhos. Pensei em dizer mais alguma coisa para ele, mas não tinha o que dizer. Meu trabalho estava feito.

                Me levantei da cadeira, arrumando a mesma perfeitamente na mesa antes de pegar minha maleta com os papeis. Olhei para o garoto Yeager mais uma vez, sentindo necessidade de dizer algo que eu não sabia exatamente o que. Queria reconforta-lo de alguma forma, ainda que não tivesse nada a ver com ele.

                - Bem, boa sorte, Yeager. – Disse por fim, sem obter nenhuma resposta, o que me deu a deixa de virar as costas para o garoto antes de caminhar até a porta. Demorei alguns segundos antes de virar a maçaneta, sentindo a sensação estranha de algo que queria me manter mais naquela sala. Quis olhar para trás e ver aqueles olhos mais uma vez, mas infelizmente o que fiz foi girar a maçaneta para finalmente sair daquela sala, deixando aquele rapaz para trás.

**

                Após auxiliar no pedido de fiança do garoto Yeager, garanti que ele teria que cumprir algumas semanas de serviço voluntário para a comunidade, e suas tarefas se alternariam entre trabalhar e limpar algumas escolas publicas e auxiliar no trabalho de asilos localizados nas regiões mais pobres da cidade. Sabia que ele não devia estar acostumado a fazer aquelas coisas, mas ainda assim não me parecia se incomodar muito da ultima vez que conversamos. Não queria julgá-lo mais uma vez sem conhecer aquele garoto, já que minhas deduções caíram por terra quando o conheci e me contou o real motivo por estar sendo julgado.

                No entanto, soube que seu pai pagou rapidamente sua fiança, a qual não era muito barata, mas isso não pareceu incomodar o famoso médico Grisha Yeager que provavelmente tinha bastante dinheiro.

                Se passaram dois dias após o encontro que eu tive com o rapaz Yeager, dias esses que ele teve que passar na prisão como forma de castigo pelos seus atos. Durante aqueles dias, por algum motivo eu não consegui tira-lo de minha cabeça, e sempre que eu me distraia me pegava recordando daqueles olhos verdes fixos sobre mim, o que fazia com que eu me xingasse no segundo seguinte sem saber o real motivo por aquilo. Ele era assim tão bonito que fez com que minha atenção se mantivesse sobre ele durante tanto tempo? Era apenas um garoto rebelde que havia assumido a culpa de outra pessoa, não tinha nada demais. Mas se não tinha nada demais, por que eu estava dentro do meu carro dirigindo até a delegacia que o garoto havia passado os dois últimos dias? Sabia que ele seria solto naquele dia, então quando me dei conta estava indo até lá com a desculpa de garantir que estava tudo certo e ele seria solto naquele dia. Era mesmo uma desculpa, porque na verdade eu apenas queria vê-lo mais uma vez para dizer a mim mesmo que era apenas mais um garoto qualquer e que não tinha nada demais naqueles olhos.

                Já se passavam das 17 horas e o sol estava se pondo. O ceu era coberto por nuvens carregadas de modo que estava escurecendo mais cedo que o normal, denunciando uma provável chuva que chegaria na cidade em poucos minutos. Eu não gostava de chuva, pelo menos não quando estava fora de casa. Não gostava da lama que se formava e sujava meus sapatos, além de sempre me incomodar de ficar molhado. No entanto lá estava eu, estacionando na frente da delegacia quando começou a cair uma forte chuva, que rapidamente molhou todo o asfalto e as janelas do meu carro.

                Liguei os para-brisas para tirar o excesso de água do retrovisor e poder enxergar melhor a delegacia, quando vi ele.

                Vestia roupas diferentes da última vez, mas ainda assim eram simples, o que novamente chamou minha atenção. Seus cabelos castanhos estavam levemente bagunçados e ele vestia um moletom preto, o qual guardava as mãos dentro dos bolsos enquanto olhava a chuva, na frente da delegacia. Havia parado meu carro relativamente perto dali, então pude ver o seu rosto e aqueles olhos que haviam tirado o meu sono. Diferente da última vez, não possuíam um brilho intenso neles e sim uma tristeza que não me causou uma sensação boa. Não gostava de vê-lo triste, ainda que não soubesse o motivo.

                Quando dei por mim já havia aberto a porta do carro e sai rapidamente do mesmo para não me molhar muito debaixo daquela chuva intensa que caia do lado de fora. Logo eu, a pessoa que menos gostava de chuva estava me molhando na mesma apenas para ver aquele garoto desconhecido. Devo estar mesmo louco.

              Corri rapidamente até a área coberta, onde me protegi da chuva e onde o dono daqueles olhos se encontravam. Pareceu se dar conta da minha presença ali, e me cumprimentou com certa surpresa, sem tirar as mãos dos bolsos.

                - Ah, olá, doutor... – Ele começou a dizer, como se tentasse recordar do meu nome.

                - Levi. – Disse por fim, secando algumas gotas da chuva que caíram sobre meus ombros com as mãos, na tentativa falha de secar meu terno. – Vejo que já foi solto.

                - Sim. Obrigado por me ajudar com isso. – Ele fez uma breve reverência, e novamente estranhei aquilo. Na ultima vez que o encontrei não parecia ser do tipo que era muito educado.

                - Não me agradeça. Foi seu pai quem me pagou pra isso. – Não era exatamente o que eu queria dizer, mas sequer tinha motivos para estar ali, muito menos para conversar com aquele garoto.

                - Tem razão. – Vi um leve sorriso de deboche em seu rosto, ainda que pudesse ver o mesmo olhar triste dele. – Nem sei porque fez isso se ia me expulsar de casa.

                Ergui uma sobrancelha ao ouvir aquilo, tentando demonstrar indiferença quanto aquelas palavras. Então não acho que o tal médico aceitou de bom agrado aquela fiança.

                - Então a cadeia não foi seu único castigo pelo visto. Eu avisei para não assumir o erro de outras pessoas. – Ao dizer aquilo pude ver novamente aqueles olhos sérios da ultima vez.

                - Não importa. Eu faria de novo se precisasse. – Aquilo me surpreendeu. Ele era realmente burro por ter feito aquilo.

                - Bem, fazer isso custou a sua casa. O que vai fazer agora? – Perguntei novamente tentando demonstrar indiferença enquanto cruzei os braços.

                - Não sei. Vou esperar a chuva parar pra procurar algum lugar pra ficar. – Ele deu de ombros, e aquilo me surpreendeu. – Mas não vou incomodar você, senhor Levi. Imagino que deve ter muitas coisas para fazer. – Ele deu um pequeno sorriso e aquilo me causou novamente uma sensação estranha, ainda mais que as anteriores. Não era um sorriso debochado como das outras vezes, e fez com que eu desviasse os olhos enquanto pigarreei de leve para disfarçar o desconforto que havia me causado.

                - Tem razão. Bem, boa sorte. Espero que encontre um lugar pra ficar. – Disse antes de dar as costas para ele, e ao invés de entrar na delegacia como faria, acabei por ir até meu carro, me molhando mais uma vez enquanto percorri o caminho até o mesmo.

                Definitivamente não devia ter ido ali, aquele garoto era perigoso.

**

                Após mais um encontro com o rapaz Yeager, acabei por ir até o meu escritório onde passei o resto do dia resolvendo alguns processos pendentes. Aquele encontro havia mexido comigo da forma que eu não esperava, então tentei ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa que tinha pela frente, de modo que eu resolvi processos que sequer tinha vontade de mexer. Precisava esquecer aqueles olhos e aquele maldito sorriso que havia visto.

                Quando dei por mim já se passavam das 22 horas, então resolvi finalmente encerrar meu expediente e voltar para a minha casa. Um banho e um bom copo de vinho resolveriam aqueles pensamentos desnecessários e eu tiraria Eren Yeager da minha cabeça.

                Fechei meu escritório antes de ir até meu carro, dando partida no mesmo para dirigir até ao mercado mais próximo para comprar algo para a minha janta. A chuva ainda caía do lado de fora, ainda que de forma mais fraca que anteriormente. As ruas estavam levemente vazias pelo horário, mas eu esperava encontrar algum lugar aberto para comprar alguma refeição rápida. Não tinha costume de comer aquele tipo de coisa, mas estava cansado demais para cozinhar.

                No entanto enquanto eu dirigia em direção ao mercado, acabei por passar na delegacia que havia encontrado Eren mais cedo. Sem que eu percebesse acabei por reduzir a velocidade do carro e meus olhos se voltaram para aquele lugar, e foi quando eu o vi mais uma vez.           

                Os cabelos bagunçados e aquele moletom preto me fizeram enxerga-lo sentado na frente da delegacia, onde estava anteriormente. Ele abraçava as próprias pernas, denunciando que estava com frio, e aquilo fez com que eu freasse o carro no mesmo instante, parando na frente dele que fez com que voltasse sua atenção para a rua, e seus olhos erguessem na minha direção.

                Quando dei por mim havia abaixado o vidro do carro em sua direção, e falei algo impensável.

                - Entre. – Minha voz soou como uma ordem, e pude ver a surpresa naqueles olhos esmeraldas por me encontrar ali. Ele permaneceu sentado, como se processasse minhas palavras. – Esta com merda nos ouvidos por acaso? Falei pra entrar. – Aquilo foi o suficiente para que ele se levantasse rapidamente do chão e adentrasse em meu carro. Eu estava mesmo louco.

                - Ahm...obrigado senhor. – Ouvi sua voz um pouco sem graça enquanto tornei a dirigir o carro, mudando o rumo e seguindo o caminho que levava para a minha casa.

                - Que merda estava fazendo ali a essa hora? Não tem nenhum lugar pra ir? – Perguntei num tom um pouco irritado, ainda que não soubesse exatamente o motivo para aquilo. Ouvi então ele negar com um murmúrio, o que me fez suspirar. – Você assumiu a culpa para uma pessoa, foi preso no lugar dele e ele sequer te ofereceu uma casa? Não deve ser um bom namorado.

                - Ele não é meu namorado! – Ouvi seu tom de voz se elevar, e ao olha-lo de canto de olho, pude ver seu rosto levemente corado, apesar da escuridão da noite. - Ele... tem outros problemas e não pode me ajudar hoje. – Ouvi o tom de tristeza em sua voz, o que me fez suspirar mais uma vez.

                - Vou te deixar dormir em minha casa essa noite, mas espero que arrume um lugar amanhã mesmo, está me ouvindo? – Expressei meu tom de ordem na voz e pude vê-lo ficar mais uma vez surpreso com aquilo, e talvez fosse impressão minha, mas me pareceu que seu rosto ficou vermelho mais uma vez enquanto ele concordou com um “sim senhor”, ainda que ele virasse rapidamente em direção à janela.

                ~Eren~

                Eu mal conhecia aquele homem e podia estar fazendo a maior loucura da minha vida em aceitar ir para a sua casa, mas por algum motivo eu não conseguia negar quando ele ordenava algo com aquela voz rouca. Desde a primeira vez que o vi não consegui desviar os olhos daquele advogado que parecia ser o homem mais sexy que eu havia conhecido, ainda que tivesse que me preocupar em não ser preso no momento. Sabia que estava encrencado por assumir a culpa pelo meu amigo Jean, mas ainda assim não podia deixa-lo na mão. Ele não tinha uma vida muito boa e infelizmente tinha que fazer algumas coisas ilegais para sobreviver, mas ainda assim era meu amigo e, como eu tinha mais chances de ser solto não hesitei em assumir a culpa por ele. Mesmo assim não esperava que meu pai fosse me expulsar de casa por aquilo. Ainda que eu não gostasse de viver naquela casa, era a única coisa que eu tinha e infelizmente não tinha pra onde ir.

                Jean ainda estava com problemas fugindo daqueles caras pra quem ele devia dinheiro então disse que não podia me deixar ficar em sua casa naquela noite. Mas eu jamais pensaria que o advogado sexy que me salvou da cadeia me levaria pra passar a noite em sua casa. Como iria resistir aquela voz rouca e todas aquelas ordens que ele parecia gostar de me dar? E por que raios ele tinha que usar a merda de um terno que o deixava tão fodidamente sexy? Tenho que me controlar, ou ele vai acabar me expulsando de sua casa antes do amanhecer.

                Não demorou muito para chegarmos em seu prédio. Era um lugar relativamente grande e denunciava que ele tinha um padrão de vida bom. Ainda que a casa de meu pai fosse maior, o padrão de dinheiro daquele homem não parecia ficar tão distante. Além disso, seu apartamento era impecavelmente limpo, o que me lembrou as salas de cirurgia que meu pai me levou para conhecer uma vez. A única diferença era o cheiro de hospital daquelas salas, já que aqui o apartamento tinha o cheiro cítrico daquele homem impregnado em cada canto, o que novamente me deixou incomodado. Até seu cheiro me atraía.

                Assim que entrei ali, ele praticamente me ordenou a tomar um banho, dizendo que eu estava imundo demais pra ficar em sua casa já que passei duas noites na delegacia. Ainda que estranhasse aquela exigência, obedeci prontamente já que realmente precisava de um banho.

                Ele me entregou toalha e algumas roupas limpas, me guiando até o banheiro dizendo que iria cozinhar alguma coisa. Obedeci mais uma vez a suas ordens e me tranquei no banheiro, onde tomei um banho quente para me esquentar do tempo gelado que fazia lá fora. Demorei mais do que pretendia afinal a água estava muito agradável. Vesti as roupas emprestadas, e ainda que ficassem um pouco justas em mim, me agradou o forte cheiro de amaciante que vinha delas.

                ~Levi~

                Devo ter mesmo perdido o juízo para trazer aquele moleque até minha casa, mas quando o vi na frente daquela delegacia como um cachorro de rua, acabei agindo sem pensar. Agora estou aqui, fazendo sua comida enquanto ele toma banho no meu banheiro. Logo eu, o rei da limpeza que não aceita estranhos em sua casa, até emprestei minhas roupas pra ele usar.

                Suspirei mais uma vez enquanto terminava de cozinhar o macarrão. Já haviam se passado mais de 10 minutos e aquele pirralho ainda estava tomando banho. Ele achava que estava em sua casa pra demorar tanto?

                Enquanto o xingava mentalmente ouvi o chuveiro desligar, e alguns segundos depois a o som da porta se abrindo foi-se ouvido. Finalmente havia terminado.

                Quando me virei para fazer algum comentário grosso da minha parte, vi o rapaz adentrar a cozinha vestindo minhas roupas relativamente curtas em seu corpo, além de seus cabelos molhados que caíam levemente por seus olhos e alcançavam sua nuca. O cheiro do meu shampoo exalava dele, e ainda que eu estivesse acostumado com aquele cheiro, parecia completamente diferente nele. Era inebriante.

                - Eu ofereci a minha casa pra você passar a noite, não toda a água do bairro pra tomar um banho. – Falei por fim voltando minha atenção para a comida, tentando mudar meus pensamentos daquele moleque que me encarava com aqueles malditos olhos.

                -Desculpe. Eu fiquei dois dias sem tomar banho naquela delegacia, então acabei me empolgando. – Por algum motivo pude perceber que ele sorria, e só de lembrar aquele sorriso de mais cedo, meus pelos se arrepiaram de leve.

                - Que seja. Já estou terminando a comida, então pode se sentar na mesa. – Disse de costas para ele, terminando de escorrer a água do macarrão e misturando o molho branco que havia feito anteriormente. Servi então a comida em uma travessa, colocando-a sobre a mesa junto com dois pratos e talheres. – Pode comer. Não acho que comeu alguma coisa hoje já que ficou o dia todo na rua.

                Ao ouvir aquilo o garoto rapidamente se serviu da comida, e não demorou muito para começar a comer, mostrando que estava mesmo com fome. No entanto, por que aquela cena parecia adorável para mim?

                - Não precisa comer feito um porco num chiqueiro. Não quero que suje minha mesa. – Falei num tom de ordem mais uma vez, franzindo a sobrancelha ao ver que ele sujava a boca e um pouco da mesa com o molho branco. Eu não gostava de sujeira.

                - Desculpe. – Ele disse um pouco sem graça, passando a comer um pouco devagar, ainda que repetisse seu prato logo em seguida. Eu também comi um pouco, ainda que não fosse nem metade do que aquele pirralho comeu.

                Após terminar a refeição, levei os pratos até a pia e comecei a lavar. Por mais que Eren insistisse em ajudar eu neguei aquilo, já que não confiava que ele faria uma boa limpeza dos pratos como eu, então o mandei para a sala enquanto deixava a cozinha em boas condições de limpeza.

                Assim que terminei meu objetivo, retornei para a sala onde Eren supostamente estava, e quando cheguei lá notei que ele estava sentado no sofá e com a televisão ligada num canal de desenhos infantis. Ver aquilo fez com que eu erguesse uma das sobrancelhas enquanto me aproximava.

                - É mesmo um pirralho. Tem certeza que já fez 18 anos? – Ao ouvir aquilo pude vê-lo mudar rapidamente de canal pelo controle, como se quisesse esconder o que estava vendo. – Não precisa esconder. Não é como se tivesse vendo algum pornô.

                - E-eu não estava vendo aquilo! Apenas passei pelo canal, mas já ia mudar para assistir outra coisa. – Pude perceber que seu rosto estava levemente corado, e não tinha como negar que aquela visão era realmente adorável. Naquele instante imaginei aquele mesmo rubor em seu rosto enquanto gemia de prazer. Balancei a cabeça no mesmo instante, tentando afastar aqueles pensamentos que pareciam piorar a cada instante.

                - Sei. Parecia estar gostando. – Disse com minha usual inexpressividade enquanto me sentava no sofá oposto ao dele, cruzando as pernas. – Não precisa ter vergonha. Você parece ser mesmo um pirralho então é normal que veja essas coisas. Sequer deve ter tido alguma namorada na vida. – O provoquei enquanto mantinha os olhos sobre ele, e pude ver que ficava ainda mais vermelho, ainda que agora franzisse sua testa e se mostrasse irritado.

                - É claro que já tive uma namorada! Mais de uma! – Ele se justificou, e achei aquilo engraçado.

                - Oh. Namoro virtual não conta, garoto. Você não parece ser do tipo que sequer perdeu a virgindade. – Mais uma vez o provoquei, mas a verdade era que eu queria conhece-lo a partir daquelas sugestões. Queria saber até onde poderia ir.

                - É claro que perdi! – Ele ergueu um pouco o tom de voz, se desencostando do sofá. – E sou muito bom de cama para sua informação! Qualquer mulher ou homem não resiste aos meus charmes. – Homem? Então ele realmente fazia o meu tipo.

                - Prove, então. – Quando notei por mim a provocação havia ido ainda mais além, e acabei por falar aquelas palavras quase que num tom de ordem. Pude ver que o deixou ainda mais surpreso que a mim mesmo ao ver que arregalava de leve os olhos, e já estava pronto para dizer que não se passava de uma brincadeira, quando vi Eren se levantar do sofá e caminhar até mim, fazendo um arrepio percorrer o meu corpo. Quase que como um reflexo, descruzei as minhas pernas antes dele subir em meu colo, colocando as pernas em cada lado de meu corpo enquanto apoiou as mãos sobre meus ombros, mantendo aqueles olhos que tanto me hipnotizavam sobre mim. Seu rosto estava corado, mas ele não desviou os olhos quando aproximou o rosto do meu, e sem qualquer aviso tocou aqueles lábios carnudos e tão deliciosos sobre os meus, num beijo que eu retribuí prontamente.

                ~Eren~

                Eu não sabia o que estava fazendo. Antes que me desse por mim havia obedecido aquele homem mais uma vez ao subir até seu colo e roubar os lábios dele num beijo que eu havia ansiado desde a primeira vez que o vi naquela delegacia. Eram ainda mais viciantes do que eu fantasiei, e a língua quente dele que tentava ditar um ritmo do beijo me fazia estremecer por completo e até esquecer que eu queria dominar aquele ato. Me sentia completamente a mercê daquele homem, e tinha vontade de acatar a todas as suas ordens contanto que aquelas mãos tocassem ainda mais as minhas coxas. Era pra ser apenas um rápido beijo, onde eu contaria a vitória logo que ele terminasse, na intenção de deixa-lo surpreso demais para continuar com aquele assunto. Apenas queria provar que não era um pirralho como ele costumava me chamar.

                No entanto quanto mais o beijava, mais eu queria daquilo. Suas mãos eram firmes e fortes em minhas coxas, que pareciam querer apertar cada pedaço de pele recém exposta por aquela bermuda justa que vestia. Ele não se contentava em apenas apertar, como também arranhava minha pele por onde seus dedos passavam. Enquanto isso, eu não queria deixar barato. Agarrei sua nuca com minha destra enquanto subi a outra mão até seus cabelos negros, afundando os dedos ali sem nunca diminuir a intensidade daquele beijo. Muito pelo contrário. Quanto mais o tempo passava e nossas mãos tocavam um ao outro, mais aquele beijo se intensificava e nossas línguas se tocavam num ritmo ainda mais urgente. Eu queria senti-lo por completo, e ele parecia querer o mesmo.

                Fui surpreendido quando ele se levantou do sofá comigo em seus braços, ou melhor, com suas mãos em minhas coxas. Ele era bem menor que eu, mas não parecia se incomodar com o meu peso enquanto caminhava em direção a algum outro cômodo de seu apartamento que eu logo identifiquei como o seu quarto. Ele abriu a porta com certa urgência enquanto eu aproveitei do momento para morder e chupar seu pescoço com bastante vontade, provavelmente deixando algumas marcas ali enquanto o ouvia suspirar.

                Uma vez dentro do cômodo, senti meu corpo ser jogado contra a cama sem muita delicadeza e me xinguei mentalmente por deixar um baixo gemido ecoar com aquele contato, algo que não passou despercebido de Levi que sorriu de forma maliciosa com aquilo. Era a primeira vez que eu via um sorriso no rosto daquele homem tão sério, e saber suas intenções faziam todo meu corpo se estremecer e se arrepiar por antecipação.

                - Se não é mesmo virgem, então não vai se incomodar por eu usar um pouco de força, não é pirralho? – De novo aquela palavra. Não contive o descontentamento ao franzir a testa, e ele pareceu gostar pois mais uma vez vi um sorriso em seu rosto.

                - Já disse que não sou pirralho. E vou fazer você gemer o meu nome no lugar disso. – O provoquei, e pude ver que ele ergueu uma de suas sobrancelhas enquanto eu engatinhei sobre a cama para alcança-lo, levando minhas mãos até sua camisa branca, agarrando aquele tecido enquanto o empurrei do outro lado da cama para que se sentasse sobre o colchão. No segundo seguinte eu me levantei, avançando novamente contra o pescoço de Levi e deixando um chupão ainda mais firme em sua pele de forma que pudesse ouvir um baixo grunhido vindo da parte dele, ainda que tentasse se conter.

                Minha destra alcançou rapidamente o meio de suas pernas, e um largo sorriso se formou em meus lábios por notar um certo volume ali, ficando orgulhoso do que eu era capaz com apenas um beijo.

                Massageei aquela região sem cerimônias, e não me demorei em desabotoar e abaixar o zíper da calça social que ele ainda vestia, adentrando minha mão ali para colocar seu membro para fora daquela roupa. No mesmo instante meus olhos se abaixaram até aquela região, e pude me sentir salivar por notar que era maior do que eu imaginava. Não hesitei em me abaixar, me posicionando entre suas pernas enquanto mantinha minha mão contra seu pênis, masturbando-o de forma lenta ao mesmo tempo que mantinha meus olhos fixos nos dele. Ele parecia gostar de me olhar, porque não o vi desviar os olhos em nenhum momento, e seu membro se enrijecia cada vez mais rápido.

                No segundo seguinte aproximei meus lábios de sua glande, passando a deslizar minha língua naquela região ao mesmo tempo que o via se agarrar aos lençóis da cama, aproveitando daquela reação para descer minha língua por toda a extensão de seu membro, antes de finalmente abocanhá-lo, passando a chupar sua ereção de forma inicialmente lenta, mas que em poucos segundos foi se intensificando. Forçava seu pênis cada vez mais fundo em minha boca, ao mesmo tempo que o chupava de forma ainda mais intensa e espalhasse saliva por toda a região do mesmo. Era realmente delicioso e eu mostrava isso ao chupá-lo com bastante vontade, de modo que o som de sucção começasse a preencher o quarto, e eu pudesse finalmente ouvir sua respiração oscilar. Mas ainda assim não era suficiente. Queria ouvi-lo chamar o meu nome.

                Agarrei-me então as suas coxas que eram bastante rígidas, denunciando os seus músculos, e afundei as unhas ali, ainda que por cima de sua calça, mas que certeza foram sentidas pelo advogado. Minha cabeça começou a subir e descer de forma ainda mais rápida contra o seu membro, e eu tive que relaxar a minha garganta para que ele fosse ainda mais fundo dentro de minha boca. Pude notar seus quadris se moverem de leve, como se ele quisesse estocar a minha boca, e não pude negar que apesar do desconforto, aquilo era bastante prazeroso. Foi quando resolvi fechar os olhos que senti suas mãos se agarrarem aos meus cabelos, erguendo meu rosto para que o olhasse como fazia a poucos segundos.

                - Garde tes yeux sur moi, Eren. Je veux les regarder. – Ouvi dizer aquelas palavras em outra língua que eu rapidamente identifiquei como francês, e mais uma vez meu corpo inteiro se estremeceu por ouvir sua voz rouca pronunciar um sotaque tão perfeito e naquele tom de ordem que me fazia ficar tão submisso. Eu tinha bem pouco conhecimento sobre a língua por meu pai insistir que eu aprendesse outros idiomas, mas pude entender a palavra “olhos” e “em mim”, então logo deduzi que queria que eu olhasse para ele enquanto fazia aquilo, portanto mais uma vez o obedeci. Não desviei os olhos em nenhum momento enquanto seu membro entrava e saia de minha boca, ficando cada vez mais molhado com minha saliva. – Ah... - Pude ouvir sua voz baixa como um gemido ecoar, o que me deixou orgulhoso por conseguir realizar meu objetivo.

                Quando pareceu satisfeito com meu trabalho, senti suas mãos se agarrarem mais uma vez em meus cabelos, mas dessa vez fizeram com que eu me afastasse e parasse de chupa-lo como fazia. Um fio de saliva escorreu por meus lábios e eu limpei com meu polegar enquanto mantinha os olhos sobre ele, algo que ele pareceu gostar, pois me agarrou pela camiseta no mesmo instante, fazendo com que eu me levantasse do chão e fosse jogado contra a cama.

                - Não sabia que falava francês. – Resolvi tocar no assunto enquanto via ele desabotoar a própria camisa na frente da cama, e meus olhos se fixaram no abdômen perfeitamente rígido que ele começava a expor, algo que mais uma vez eu achei incrivelmente sexy.

                - Você não me conhece. – Ele sorriu de canto, retirando a camisa e jogando a mesma em algum canto do quarto, voltando a atenção agora para sua calça. - Enlève tes vêtements. – Mais uma vez aquele tom de ordem e aquele sotaque impecável, no entanto diante a minha expressão confusa por não entender aquela frase, ele repetiu a mesma no idioma que eu podia entender, e obedeci a ordem de começar a retirar as minhas roupas.

                Pude vê-lo me comer com aqueles olhos acinzentados e tão intensos, que não desviaram de meu corpo em nenhum momento enquanto eu me despia. Normalmente ficaria envergonhado por alguém me ver daquela forma, mas com ele parecia diferente. Queria que ele me visse e me desejasse ainda mais, então fiz aqueles movimentos bastante lentos, como se quisesse prender sua atenção em meu corpo, algo que eu consegui no mesmo instante. No entanto, ele pareceu ficar impaciente pois se aproximou até mim e rapidamente puxou minha bermuda junto a boxer que eu vestia, retirando aquelas roupas em poucos segundos e com seus movimentos bruscos de sempre.

                - Sie haben es eilig, Doktor. (É apressado, doutor) – Aquilo pareceu causar um interesse em Levi que me olhou com a sobrancelha erguida e um pequeno sorriso de canto em seu rosto. – O que foi? Não é o único espertinho que sabe outra língua. – Falei um pouco debochado, e no mesmo instante senti uma ardência em minha coxa, notando que havia recebido um tapa de Levi naquela região, algo que causou um intenso arrepio em meu corpo e me fez deixar um gemido escapar.

                - Então farei você gemer em duas línguas diferentes hoje. – Ouvir aquilo me fez tremer de excitação, e pude ver que ele esticou o próprio corpo até o criado-mudo ao lado de sua cama, abrindo a gaveta e retirando alguns objetos que eu não identifiquei num primeiro momento. Apenas quando ouvi o barulho de um frasco se abrindo que percebi que se tratava de um lubrificante.

                - Eu disse que não sou virgem. – Fiz um bico, e vi aqueles olhos sobre mim enquanto ele espalhava o liquido contra dois de seus dedos antes de se posicionar entre meu corpo e erguer minhas pernas para que apoiasse os pés sobre o colchão.

                - Mesmo não sendo, quero que o prazer seja o foco dessa noite. A dor você sentirá em outros lugares. – Merda, como podia me deixar ainda mais excitado com apenas palavras?

                Tentei responder alguma coisa, mas fui calado quando senti um de seus dedos começar a me invadir, causando uma sensação intensa de prazer ao mesmo tempo que um baixo gemido escapou de meus lábios. Ele não demorou antes de começar a mover aquele dedo, este que deslizou com bastante facilidade dentro de mim devido a quantidade de lubrificante que foi espalhada contra o mesmo. Minha respiração se intensificou, e antes que eu pudesse me acostumar, Levi introduziu outro dedo dentro de mim, fazendo com que eu me agarrasse aos lençóis da cama ao mesmo tempo que um novo gemido ecoou pelo quarto.

                Ele moveu aqueles dedos dentro de mim ora mais rápidos ora lentos, algo que fazia com que eu delirasse se prazer e pedisse por mais a cada segundo.

                - Mehr (Mais) – Implorei, e pude ver um sorriso malicioso e orgulho em seu rosto, por me fazer gemer em minha língua natal. Senti seus dedos saírem de dentro de mim, causando um vazio que eu queria que ele preenchesse com outra coisa, algo que vi que faria em breve ao encapar o seu membro com o preservativo e espalhar novamente uma quantidade razoável de lubrificante agora naquela região.

                Meus olhos brilhavam em excitação enquanto vi ele se posicionar entre minhas pernas, tendo uma bela visão de seu abdômen definido de frente pra mim enquanto senti aos poucos novamente algo me invadir, mas que eu sabia que se tratava de seu pênis.

                Minha voz falhou num primeiro momento a medida que ele ia me penetrando, e pude notar que apesar de toda a excitação e a aparente vontade dele de me fazer gemer de dor, ele fazia aqueles movimentos num ritmo bastante lento, como se não quisesse me causar nenhum desconforto num primeiro momento, ainda que isso fosse inevitável e meus olhos lacrimejassem por sentir todo aquele volume me penetrando.

                ~Levi ~

                A sensação de me colocar dentro daquele garoto era ainda melhor do que eu imaginei. Ele era apertado e quente demais, o que me fez soltar um suspiro de prazer a medida que ia me forçando para dentro dele. Por mais que ele dissesse que não era virgem, pude sentir que ele estava bastante tenso e apertado, o que dificultava minha penetração. Então me curvei sobre seu corpo, passando a lhe beijar o rosto numa tentativa de distrair sua atenção daquela dor e desconforto ao mesmo tempo que ia me forçando para dentro dele.

                Pude ouvir sua voz ecoar num gemido de dor e caralho, tive que me conter muito pra não o foder com toda a força naquele momento.

                Respirei de maneira lenta para me controlar ao mesmo tempo que forcei todo o meu pênis pra dentro dele, finalmente me colocando completamente dentro daquele garoto. Vi seus olhos lacrimejando e algumas lágrimas escorrerem por seus olhos e logo me adiantei em secar ela com os lábios, algo que pareceu relaxá-lo o suficiente para que eu começasse a me mover bem devagar dentro dele.

                - Ah... – Suspirei de prazer contra seu ouvido, demonstrando o quanto era prazeroso para mim naquele momento. Era ainda mais delicioso que seus olhos ou seu sorriso, e ainda melhor que qualquer outro homem ou mulher que eu tivesse ficado. Ele era viciante.

                - Mehr (mais) – Pude ouvi-lo murmurar em alemão e aquilo me deixava ainda mais excitado diante sua voz e sotaque tão maravilhosos. Todos elogiavam meu sotaque francês e diziam o quanto ele era sedutor, mas caralho aquele garoto implorando daquela forma e com aquele sotaque, aquilo sim era sedutor e completamente excitante.  Como também tinha conhecimento sobre aquela língua, consegui entender o seu pedido, passando a me mover de maneira mais intensa, ainda que fizesse aquilo de forma gradual para não lhe causar nenhum desconforto.

                Consegui me mover com mais facilidade conforme o tempo, e aquilo fazia meu corpo se esquentar a medida que seus gemidos de dor eram convertidos em prazer, e eu podia ver seu rosto completamente corado debaixo de mim enquanto se agarrava ao meu corpo e vez ou outra afundava suas unhas em minhas costas, causando uma ardência que me deixava ainda mais excitado.

                Não demorou muito para que aquele ritmo lento e fraco se transformasse em algo mais intenso e forte, e seu corpo fosse impulsionado para cima a cada movimento meu. Seus gemidos subiam de tom e eu podia ouvir nossos corpos começarem a se chocar conforme eu o estocava com cada vez mais força, de modo que a cama abaixo de nós começasse a ranger.

                - Ah...Levi...ah...mais.... – Filho da puta. Ouvi-lo gemer e implorar daquela forma me faziam delirar completamente e me esquecer que eu sequer tinha algum vizinho nas redondezas. Eu apenas queria fazê-lo gritar e gemer o meu nome, e assim como prometi, passei a lhe causar sensações de dor ao chocar minha mão contra a suas coxas inúmeras vezes, deixando as marcas de meus dedos ali ao mesmo tempo que sua voz se elevava naquele quarto.

                Minhas coxas se chocavam inúmeras vezes contra suas nádegas, de modo que o barulho se misturasse com os sons de tapas que eu desferia contra ele e seus gemidos nada contidos. Aquele garoto me fazia delirar e eu desejava poder fodê-lo para sempre, sentir o seu calor e seu cheiro contra meu corpo e ouvir aqueles gemidos tão deliciosos contra meu ouvido.

                - L-levi...ah...eu vou...ngh.. – Quando me alertou que seu orgasmo se aproximava eu inverti as posições, virando o corpo dele de bruços contra o colchão enquanto ergui seu quadril para cima, voltando a lhe penetrar, mas dessa vez não era nem um pouco cuidadoso. Forcei meu pênis para dentro dele de uma vez, passando a lhe estocar com mais força que antes, de modo que me afundasse cada vez mais dentro dele e seu corpo fosse pressionado contra o colchão. A cama rangia mais, e agora eu podia bater e arranhar suas nádegas que estavam viradas para mim e me deliciar com aquela visão.

                Ouvi quando ele gemeu de forma mais arrastada e seu corpo se contraiu, denunciando que havia atingido seu orgasmo. Aquilo me fez sorrir de forma orgulhosa por sequer ter tocado seu membro, e agora podia me concentrar no meu próprio prazer, mantendo as estocadas cada vez mais firmes contra aquele garoto.

                Senti quando meu orgasmo se aproximou, e colei meu peito em suas costas enquanto me afundava nele mais uma vez e me entregava aquela sensação de prazer, ejaculando contra a camisinha enquanto abraçava o corpo dele com força.

                - Ah...Eren... – Chamei pelo nome dele em meio ao meu gemido rouco e levemente contido, algo que eu sabia que alegrava o mais novo por desejar me ouvir chamar o seu nome.

                O estoquei mais algumas vezes para prolongar meu próprio prazer antes de me retirar de dentro dele, tirando a camisinha suja e jogando no lixo que tinha ao lado da cama.

                Estava ofegante e sentia-me completamente satisfeito enquanto me deitei ao seu lado na cama, tentando normalizar minha própria respiração enquanto via que ele também ofegava. Aquele garoto havia me feito delirar de prazer de uma forma que eu jamais havia sentido com qualquer outra pessoa, ainda que eu me sentisse culpado por ter me aproveitado dele.

                - Pra um virgem, até que você aguentou bem. – Vi como ele arregalou os olhos e ergueu o rosto pra mim, tentando manter aquela postura firme de antes.

                - Eu já disse que não era virgem! – Ele insistiu no assunto, o que me causou uma gargalhada.

                - Acha mesmo que eu acreditei nisso? Você era apertado demais pra quem já transou antes, e eu vi como demorou pra se acostumar comigo dentro de você. – Seu rosto voltou a se corar como antes e merda, se eu não tivesse tão exausto eu o foderia mais uma vez só por ter essa expressão.

                - Então eu não fui bom? – Ele perguntou com uma tristeza no olhar enquanto abaixou a voz, e mais uma vez eu me senti oscilar diante aquela expressão de cachorro sem dono.

                - Eu não disse isso, pirralho. – Dei um leve tapa em sua cabeça, como se o repreendesse. – Se não tivesse sido bom eu não teria gozado. – Disse desviando os olhos, dando uma breve tossida por não estar acostumado a elogiar outras pessoas de modo que eu não conseguisse ver o sorriso que ele deu ao ouvir aquilo. – Mas foi uma boa forma de te castigar por ter sido preso. – Disse apontando para as inúmeras marcas de tapas em suas nádegas, vendo que aquilo fez ele corar mais uma vez.

                - Se isso foi um castigo, então eu vou ser preso mais vezes pra ser castigado por você. – Aquilo me surpreendeu, e mais uma vez tive que conter minha vontade de avançar contra ele e fazê-lo pagar por me deixar tão vulnerável com seu charme.

                - Tsc. Não se acostume, ou posso não ter um colega de quarto muito bonzinho. – Falei me levantando da cama, deixando Eren com os olhos arregalados enquanto tentou se sentar na cama, soltando um gemido de dor que me causou um sorriso.

                - C-colega de..quarto? O que quer dizer com isso? – Ouvi ele perguntar naquela inocência de sempre, que me causou um suspiro.

                - É assim tão burro, Eren? – Me virei de frente pra ele e pude vê-lo ficar levemente corado por me ver despido e de frente pra ele. – Estou oferecendo minha casa pra você ficar, mas não vou aceitar corpo mole. Vai ter que trabalhar pra pagar as suas despesas e deixar essa casa brilhando. A menos que tenha outro lugar pra ficar. – Disse erguendo uma sobrancelha diante o silêncio dele, mas que veio por se manifestar rapidamente após aquilo.

                - N-não senhor, doutor, Levi. – Ele se corrigiu várias vezes, algo que me causou um discreto sorriso. – Eu aceito, claro se não for lhe causar nenhum problema. – Vi quando sorriu no final daquela frase, e tive que virar de costas para que não visse minha reação diante aquele maldito sorriso.

                - Ótimo. Agora vamos tomar um banho. – Falei me distanciando para ir até a suíte do quarto.

                - V-vamos? Quer que eu vá junto? – Suspirei mais uma vez ao ouvir aquilo, parando na porta do banheiro para olhar para ele. Era mesmo burro.

                - A menos que não aguente um segundo round, já que essa vai ser a condição para morar aqui. – Vi como ele tornou a ficar corado. - Foder comigo é uma das condições para morar aqui. Ainda está disposto a aceitar? – Olhei para ele, curioso e ansioso por sua resposta.

                - Eu aceito!

                


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Me sigam no twitter caso queiram alguem que só fala de Ereri <3
Em breve postarei mais oneshots :3

TT: @Omega_Yeager (https://twitter.com/Omega_Yeager)


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