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História O amor invencível sob o sol. - O toque de Otsu.


Escrita por: fe_zes

Notas do Autor


oi pessoas legais que lêem fanfic.
nossa que peba as mães de vcs sabem que vcs tem essa conta?

Avisos importantes:
•A história vai se basear muito na Otsu e nos sentimentos dela, já que o mangá deixa bem claro que apesar do Musashi corresponder o amor dela, ele sempre escolhe o caminho da espada, então quem vive mais essa paixão é a Otsu.
•Não quero desvirtuar a história fazendo o Musashi ter sentimentos avassaladores e irracionais e sim explorar entrelinhas da relação dos dois já que apesar das escolhas dele ainda há profunda consideração por ela e sincero amor e claro algumas tentações.
•Os sentimentos expostos são absolutamente baseados nas evidências da obra original.

Capítulo 1 - O toque de Otsu.


Fanfic / Fanfiction O amor invencível sob o sol. - O toque de Otsu.

O entardecer no Japão imperial era belíssimo. O sol aquarelado em laranja e amarelo pintado sob o anil do céu dava a paisagem uma harmonia gloriosa. Musashi, deitado no modesto quarto da estalagem barata, encarava o teto de madeira humide e escurecida pelos anos alheio a mirabolante mistura de cores que adornava o céu. A janela pequena que parecia enquadrar o por do sol não lhe roubara a atenção ou sequer perturbava sua intensa imersão em devaneios. Apenas seus pensamentos o tinham naquela tarde o que era incomum, Musashi era um homem simples que não se dava aos delírios da consciência ou se permitia remoer por longos períodos ideias dissociadas de estratégias de combate ou em delírios frequentes com pessoas de sua vida que tentava deixar para trás, mas o ferimento em sua perna havia subtraído dele a opção de treinar ou lutar ou até caminhar focado apenas na estrada que se dispunha a percorrer.  

O tempo de recuperação indesejado o afligia e por vezes fazia menção a levantar-se e desistia após sentir a onda de dor espalhar-se da coxa direita para o pé direito e a base da coluna pelo movimento brusco e indevido. Sem escolha alguma conformou-se em olhar novamente a madeira envelhecida e decrepta que servia de cobertura para o cômodo que o abrigava. O cheiro daquela madeira o lembrava de sua vila natal. Era o cheiro das casas após a chuva. Lembrava-se claramente de caminhar nas ruas ainda molhadas enquanto sentia o afago desse cheiro familiar adentrar suas narinas enquanto via o orvalho gotejar das folhas verdejantes. Lembra-se também de passar esses mesmos dias frios na companhia de Matahachi e Otsu. Otsu, ela possuía certa recorrência em seus pensamentos. Sempre que a gentil camada de escuridão noturna cobria as terras férteis do simplório Japão Feudal Musashi deitava-se para dormir e se o sono tardasse a abençoa-lo com descanso seus pensamentos trilhavam caminhos até Otsu. Por vezes lembrava se sua infância e a hostilidade da vila para com ele, embora em seu íntimo não fosse capaz de julga-los, mas Otsu estava lá. Parecia não temer os rumores e as verdades que circulavam no vilarejo a seu respeito. Ela o olhava nos olhos mesmo que os mais velhos susurrassem entre si que ele tinha olhos bestiais e demoníacos. Ela olhava a fera que havia nele e não o temia. Ela nunca o hostilizou ou o rejeitou. Lembra-se com mais detalhes do que gostaria de senti-la em seus braços, o rosto lavado por lágrimas salgadas escondendo-se em seu peito como se ele não fosse um assassino e sim um porto seguro ao qual ela confiaria suas dores. Lembra-se de sentir a respiração quente e abafada dela contra seu corpo e os soluços que lhe escapavam dos lábios. Se fechar os olhos poderia sentir novamente as mãos pequenas e calejadas em suas costas forçando seu corpo contra o dele. Ele não esperava o contato repentino e muito menos sentir suas reservas e sua ferocidade diminuindo na presença dela. Era quase palpável ouvir o ritmo cardíaco desacelerando e o sangue correndo mais de vagar em suas veias. A adrenalina caindo drasticamente tornando-o indefeso. Sentiu a espada de madeira escorregar por entre os dedos e seus instintos mais bestiais de sobrevivência o abandonando. Estava calmo como um cordeiro nas mãos dela. Possivelmente foram as limitações biológicas que o vencera por meio da fraqueza, pensariam os tolos, mas um segredo que apenas Musashi e o monge compartilhavam é saber que Otsu o desarmou com as mãos limpas. Sem espadas e lanças aquela mulher o derrotou. Ninguém nunca saberia, talvez exceto o monge, que nos braços de Otsu Musashi não era um espadachim, não era um guerreiro, um assassino ou sequer uma fera alucinada por sangue, nos braços daquela camponesa ele era um homem. 

Musashi também lembra-se do motivo pelo qual ela estava triste. Pode ouvir a razão pela qual chorava antes de desfalecer aos pés dela. Entendia que o motivo de suas lágrimas era a traição de seu noivo. Não viria a admitir em voz alta, sequer para as paredes sujas daquela estalagem, que não o agradava vê-la chorar por Matahachi. Ele não merecia as lágrimas dela e ela não merecia um marido covarde. Otsu era lindíssima, apesar de simples e órfã, e merecia ter um marido forte ao seu lado para protege-la e ama-la. Um homem que não fosse medroso e infiel. Matahachi não era um homem cruel, apenas era fraco e por vezes uma fraude.  Não era o homem que merecia chamar Otsu de esposa. Ela precisaria de um lar, um companheiro e proteção. Musashi fecha os olhos rapidamente e vira a cabeça para a janela do pequeno quarto. Já havia pensado demais e não queria lidar com o fato de pelo menos por segundos ter imaginado a si como o marido que Otsu merecia, mas sequer ele poderia atender todos os desejos dela. Se casaria com sua espada, mas seu coração pertencia a Otsu. A desejava sempre. Sua companhia durantes as caminhadas enfadonhas. Seu sorriso durante o dia por motivos diversos. Suas conversas. Seu apoio quando ele se sentisse fraco. Seus cuidados quando ele estivesse ferido. Seu amor para aquecer seu espírito e seu coração. E por fim seu corpo para que nunca mais sentisse a ausência dela na vida. 

Como se os deuses soubessem dos pensamentos perigosos tecidos por Musashi soa pelo quarto uma batida comedida segunda pelo anúncio de uma voz feminina.

- O jantar chegou, posso entrar? - Anunciou a garotinha. Ao entrar Musashi percebeu que se tratava de uma menina de no máximo 13 anos trajando vestes simples e trazendo nas mãos uma tigela cheia até a borda com caldo de carne, arroz e variados legumes. O cheiro era magnífico. Principalmente para ele que nem sempre desfrutava do conforto de uma estalagem posto que passava a maior parte de suas noites nas florestas e comendo animais que cruzavam seu caminho. O tempero por mais comum que fosse superava o gosto fornecido apenas pelas brasas das fogueiras usadas para assar suas caças. 

- O senhor é espadachim? - Questiona a menina, filha do casal de proprietários da pousada que costumava ajudar a mãe a cozinhar e limpar o lugar enquanto o pai cortava lenha e cuidava da propriedade. Eram uma família adorável. Musashi ignorou o fato da criança entrar antes que ele confirmasse se poderia ou não adentrar seus aposentos e agora a ouvia perguntar sobre seu ofício ao encarar suas espadas repousando ao seu lado. Se limitou a erguer uma sobrancelha para a garota em uma expressão quase bem humorada esperando que ela constatasse sua própria hipótese. 

- Você conhece os mercenários Kyon? - A menina pergunta ignorando o silêncio do homem a sua frente. Ela era inocente demais para entender que conversava casualmente com um dos espadachins mais temiveis daquele continente. - Estão saqueando mansões e aldeias ao Sul daqui. Dizem que são formados apenas pela experiência em batalhas sem auxílio de nenhuma academia de espadachins. Ouvi meus pais dizendo que são inescrupulosos por lutar sem honra. Você os conhece, senhor? - Finalmente Musashi entendeu. A garotinha estava curiosa sobre os rumores. Era cômico como ela esperava que ele conhecesse o grupo de desordeiros empunhando espadas. Na cabeça da menina homens que carregam espadas se conheciam e se reuniam para tomar saquê? ela o perguntava como se ele fosse contar a ela mais sobre esse bando infame.

- Não, eu não os conheço. - respondeu sucinto,mas sem mau-humor algum na voz o que deu a menininha liberdade para continuar inquerindo-o. 

- Disseram que são impiedosos e então invictos. Será que virão para essas bandas? Meu pai defenderia a mim e a minha mãe, mas e se saqueassem nossa casa? - Perguntou a Musashi abraçando os joelhos. Ela queria ouvir dele uma resposta agradável de que nunca viriam e seriam apenas uma história que se perderá na língua dos povos conforme novas histórias surgirem em seu lugar. A menina almejava segurança, ouvia de seus pais que a protegeriam e de fato o fariam, mas a criança almejava a proteção dos pais e de seu lar também. Musashi parecia entender nas expressões e nas perguntas dela que queria apenas afastar essa possibilidade hedionda de sua realidade. Entretanto, ele não poderia tranquiliza-la e dizer que nada desagradável nunca aconteceria com ela ou com seus pais. Sabia que o mundo no qual aquela garotinha nasceu era hostil e os mais fortes sempre exerceram dominância sob os mais fracos. É algo duro demais para dizer a uma criança da idade dela. 

- Confie na proteção do seu pai e nos cuidados de sua mãe. O que virá no futuro virá independente de suas preocupações. - Diz a menina no tom mais acolhedor que a voz máscula o permitia. - Eles são excepcionais em combate? - Perguntou por fim interessado nesse detalhe.

- Sim, são muitos. Um bando tão numeroso que parece um exército.  - Diz um tanto quanto maravilhada com aqueles adjetivos. Musashi não via em um bando sem reputação digna, apenas rumores de camponeses horrorizados, uma ameaça significativa, mas precisava repor os dias que passou em recuperação com alguma dose de prática e para essa finalidade o que importa se são guerreiros ou saqueaores inglórias? 

- Onde mesmo você disse que eles estavam? - Perguntou e viu o rosto da menininha se iluminar para contar os detalhes que descobriu antes de vir trazer seu jantar. Musashi gostava da garota. Era empolgada e alegre com cabelos negros arrumados provavelmente pela mãe. Ele ouviu com certa atenção as informações e os acréscimos animados dela, era graciosa tagarelando embora aquelas coisas não lhe fossem úteis de verdade a menina parecia ter esquecido um pouco de seu temor.

- Se descobrir mais alguma coisa venha me contar. - Disse e ao vê-la acenar positivamente com a cabeça enquanto um sorriso determinado bordava os lábios. Ele não tinha absoluto interesse nesse bando de infratores exatamente. Pelo que a menina falou eram simplórios, indignos de sua lâmina, mas precisaria mesmo seguir para o sul em sua viagem portanto a chance de encontrar com esses homens era possível.

O jantar já estava morno, passaram minutos conversando e o alimento perdendo calor enquanto Musashi a ouvia. Levantou seu tronco com cuidado para não interferir na recuperação da perna. Estava parcialmente curada, mas os movimentos bruscos comuns aquele homem causavam incômodo. Consumiu o conteúdo da tigela antes que estivesse frio. Tornou a deitar e adormecer tranquilamente.



O nascer do Sol era primoroso. Os raios iluminando os homens, as plantas e a vida no Japão era revigorante. Musashi descia as escadas da velha estalagem para pagar por sua estadia e finalmente deixar aquele lugar. ofereceu o pagamento a um homem de cabelos negros curtos de pele clara e olhos escuros. Os mesmos olhos que lembra-se de ver no rosto da garotinha que costumava levar suas refeições. Eram absolutamente parecidos. Podia ouvir a voz alegre da menininha ecoando da cozinha enquanto ajudava sua mãe. Musashi não pretendia admitir a nenhuma alma viva, mas gostava do quão calorosa parecia aquela vida e aquelas pessoas. Deixou o lugar sem se despedir da menininha, não era preciso ela era uma criança e logo o esqueceria. Segiu pelo árduo caminho que precisava percorrer. Enquanto o sol subia nos céus Musashi andava sobre a terra. Seu ferimento estava sarado, deveria poupar-se o esforço físico, mas já havia perdido dias demais com os cuidados dedicados a seu machucado. A longa caminhada poderia flagelar ainda mais o corte recém cicatrizado, mas precisava seguir. O sol havia chegado ao ponto mais alto no céu e desde então vinha caindo portanto parando de castigar a pele do espadachim gradativamente. Passava agora por uma plantação de arroz cultivada por mulheres jovens. Particularmente não lhes dava atenção, não era tão dado aos atributos das moças quanto seu amigo Matahachi. A lavoura se extendida por alguns quilômetros de terra, mas no fim do arrozal havia uma pequena cidade. A vila em questão era populada pelos agricultores. Musashi podia ver inúmeras crianças brincando nas vielas, não pareciam mau cuidadas portanto não eram crianças de rua, possivelmente tratava-se dos filhos pequenos dos moradores que não possuíam idade para acompanha-los ao ofício. O vilarejo não possuíam nada de atrativo ao espadachim que sequer planejava parar para descansar ou passar a noite naquele lugar. Entretanto, o acaso por capricho ou coincidência fez a estadia de uma criança acompanhada por uma mulher naquele vilarejo simplório ser contemporânea a passagem de Miyamoto Musashi. 

Otsu estava tensa. Jotaro, em sua habitual mania de se gabar em nome de seu mestre costumava irritar homens mais velhos que ele, mais fortes que ele e mais inescrupulosos que ele. A situação que se desenrolava mediante o olhar de Otsu era consternadora. Jotaro havia escutado um homem corpulento de feições desagradáveis e portando uma espada longa vangloriando-se de suas habilidades e sua arma para três moças trajando chapéis de palha e roupas simples, provavelmente eram agricultoras, após ouvir a série de bravatas proferidas pelo homem Jotaro limitou-se a dizer que ele seria facilmente derrotado por seu mestre e insinuar que sua espada sequer era tão poderosa quanto havia pintado para as moças. Quem ouvia as falas do menino poderia dizer que ele nutria uma admiração cega por Musashi, mas Otsu sabia que não havia adulações nas falas do garoto. Havia respeito e inspiração sem falsa lisonja. Entretanto, após Jotaro deslustrar a glorificação autoimposta do homem e constrange-lo perante mulheres bonitas, que por sinal abandonaram a cena, o espadachim aprontava a ponta afiada da lâmina para o garoto e parecia motivado por sua recente humilhação a fazê-lo pagar por suas palavras. Otsu em um supetão colocou seu corpo a frente da figura pequena de Jotaro em uma tentativa de dissuadir aquele indivíduo de machuca-lo.

- Queira desculpar o menino ele é só uma criança não tinha intenção de insultar- Seu ego frágil, completou mentalmente. O homem por sua vez não parecia acatar a tentativa de apaziguamento da moça a sua frente. Pelo contrário sentia-se ainda mais insultado. Cogitava desferir um golpe de sua lâmina no rosto da mulher, não seria o suficiente para ceifar sua vida, mas daria a ela uma cicatriz permanente e estragaria a bela forma de sua face. Afastou a espada dela apenas para dar impulso a investida. Essa mulher desarmada e frágil não teria reflexos para desviar de uma ofensiva tão vil. Otsu não teve tempo de temer a lâmina de seu algoz pois ouviu o sonoro encontro de duas lâminas. Ao seu lado encontrava-se o braço masculino firme segurando bravamente sua espada na posição de defesa impedindo o contato indesejado da arma de seu rival com o rosto da mulher. Otsu não acreditava no desdém de seus olhos ao vislumbrar Musashi perto de seu corpo. Pelos deuses os lábios rubros judiados pela incidência dos raios solares, as sobrancelhas grossas adornavam o rosto de feições formosas, o nariz esculpido em sua face o faria parecer um nobre em qualquer lugar dessa nação sendo apenas desmentido por suas vestes maltrapilhas, a testa estava franzida e tensa e os olhos projetavam a figura do homem a sua frente um olhar assassino, uma promessa inaldivel de que se arrependeria de seus atos. Otsu e Joutaro estavam em busca dele seguindo apenas o rastro de seus conflitos e haviam parado naquela cidade para descansar afinal ainda eram uma criança e uma mulher jogados na estrada sem lugar para ir ou para voltar. A única finalidade dos dois era Musashi. Para Joutaro era seu mestre, mas para Otsu era o homem que habitava seus pensamentos e desejos. Otsu fora sua amiga e por ele nutria muito carinho nessa época, mas era inegável que o queria como mulher. Estava apaixonada por ele. Havia partes nela que clamavam em uma frequência inaldivel por ele e pela companhia dele. Conversavam quando crianças e comiam as frutas colhidas no vilarejo na companhia um do outro, Matahachi não era indesejado ainda, mas Takezo e Otsu quando estavam a sós estavam confortáveis. Ela tornou-se mulher e almejava pertencer a ele. O caminho da espada o tirou dos braços dela e frustrou seus desejos. Ela seria sempre concorrente da espada e sempre seria derrotada por ela. A arma portada por Musashi derrotava rivais e seu futuro ao lado da mulher que o amava. Entretanto, agora a estava protegendo.

- Mestre! Viu!? Esse é o meu Mestre. - Vociferou um envaidecido Joutaro contente em constatar que suas palavras não eram vagas. Realmente possuia um mestre e esse poderia derrotar facilmente. O homem por sua vez ao perceber que não haviam blefes na fala do garoto afastou a lâmina da de Musashi e deu passos para trás desacreditado e temendo por sua vida. Não queria enfrentar aquele espadachim que o olhava como se houvesse cometido o inominável e não fosse digno de piedade ou do oxigênio que exalava. Ao perceber sua postura covarde juntou as migalhas de sua honra e preparou o melhor que pode a postura defensiva segurando a espada a frente de seu corpo. Otsu podia ver as mãos do homem tremularem no cabo da arma claramente desejando não enfrentar Takezo. Que por sua vez desejava cortar as mãos daquele infeliz enquanto ainda segurava sua arma. Musashi havia evoluído em sua bestialidade, mas aquele homem quase feriu Otsu. Quem aquele miserável poderia ser para causar dor aquela mulher? o pensamento destilava raiva em sua corrente sanguínea. Entretanto, seus pensamentos violentos são interrompidos pela mão de Otsu apoiada em seu peito. O contato o forçou olhar para ela que agora estava a sua frente encarando-o.

- Por favor vamos embora, esse homem não vale a pena. Não manche sua espada com o sangue dele eu te peço. - Ela implorou em nome daquele indigente que encontraria seu fim nas mãos do espadachim. As vestimentas de Musashi estavam desgrenhadas, partes de seu  peito estavam desnudas e partes cobertas pelo tecido. A palma de Otsu encostava em frações de seu corpo vestidas, mas a ponta dos dedos ia de encontro a pedaços de pele exposta. Era um contato simplório e talvez seu efeito fosse imperceptível a qualquer pessoa que não o próprio Musashi. Ele estava rendido por ela. Seu pedido. Seu belo rosto e sua mão delicada espalmada sobre ele o desarmava as mãos e a alma. Aquela mulher com as mãos nuas conseguia o que soldados e guerreiros experientes armados até os cabelos não conseguiram em anos de treinamento. Otsu era sua fraqueza em absoluto. A ela o homem indecoroso devia a vida posto que depois de sua súplica Musashi abaixara a espada vagarosamente não por ter sua raiva eliminada de si, mas por não desejar contrariar um pedido tão meigo quanto o dela. Otsu tinha um coração bondoso a ponto de pedir pela integridade física do homem que estava prestes a feri-la. Ao perceber que sua interrupção fizera efeito a mulher recolhe sua mão para junto de si e presenteia Musashi com um sorriso amável e grato. 

- Mestre, eu sabia que o encontraríamos! o senhor estava indo para o Norte não é? eu sabia falei a Otsu que estávamos indo pelo caminho certo. - Musashi não estava indo para o Norte, caminhava para o Sul, mas o sorriso orgulhoso no rosto do garoto inibia qualquer correção de sua parte.

- É, você acertou, Joutaro. Quem era esse homem e por qual motivo ele estava atacando vocês? - indagou Musashi ao perceber que o homem se esgueirava para longe deles embora se quisesse alcança-lo e fatia-lo ainda poderia.

- Nem imagina como isso tudo começou. Eu e Otsu vinhemos comprar o jantar então o encontrei...- imediatamente Joutaro interrompe sua narrativa e seu rosto irradia uma nova idéia. - Mestre, quer jantar conosco? tenho muito a contar. Por favor, Otsu, ele pode? deixa Otsu eu tô pedindo deixa. - Pediu em um só fôlego empolgado com o encontro com seu mestre. 

- Pode, ele pode nos acompanhar no jantar. - Otsu diz entre risos divertidos com o bombardeio de informações que o discipulo despejava sobre o mestre. Joutaro prosseguiu em seu monólogo sobre como havia provocado e escapado de investidas ofensivas feitas por homens mais velhos que ele, mais fortes que ele e não tão corajosos quanto ele. Musashi esperou que alguém o perguntasse se ele aceitava o jantar, mas Otsu não o daria chance de recusar e Joutaro estava com a boca suficientemente ocupada por palavras demais para ter tempo para proferir cordialidades. Se bem que o espadachim não recusaria a oportunidade de ter a companhia de Otsu e Joutaro mesmo que fosse apenas por uma noite. Eram o mais próximo que ele tinha de uma família.



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