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História O ANBU e o Hokage (NaruSasu) - Capítulo Único


Escrita por: Kurouchoa

Notas do Autor


Hello, my friends!

Eu quero muito aproveitar a oportunidade para declarar meu amor por Naruto (Naruto Uzumaki e Naruto anime). Eu não poderia deixar o dia do aniversário de um dos caras mais importantes da minha vida passar batido. Publiquei fanfics em homenagem ao Sasuke em seu aniversário, então nada mais justo que publicar para o Naruto também. Admito (e quem me conhece sabe) que sou loucamente apaixonada pelo Sasuke, mas Naruto é o segundo em meu coração, e o Sasuke não poderia existir sem ele. E vice e versa! Haha!
Portanto, essa fanfic é uma homenagem ao Nanadaime Hokage Naruto Uzumaki, porém, nesta fanfic, vale para o Sasuke também! (Quem ler entenderá!)

Sem mais delongas, segue o barco!

O casal mais Canon que conheço! Aproveito para também lembrar do *snsmonth23, mês SasuNaru/NaruSasu.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


A aula das crianças estava para começar, a estação ficava perto, ouvia-se o apito alegre do trem, que passava em alguns momentos do dia. 

Konoha era uma vila oriental, governada pelo terceiro Hokage, um senhor taciturno de mais ou menos setenta anos, ele costumava fumar um cachimbo e visitar as academias ninja, onde os alunos se preparavam para o futuro.

Naquela manhã, Naruto, o menino loiro de olhos azuis, viu seu amigo chegar apressado. Sasuke, o pálido garoto bonito de cabelos e olhos pretos como carvão, sentou ao seu lado.

— Eu vi o Hiruzen-sama — cochichou —, será que dessa vez ele vem na nossa sala?

— Não sei. — Olhou ao redor e depois mirou com atenção o rosto do amigo. — O que aconteceu com a sua boca? Está toda queimada!

— Ah, eu estava treinando com meu pai — Sasuke disse, levando os dedos ao ferimento.

— Nossa! — Naruto, meio assustado, tocou a ferida com um dedo.

Sasuke puxou o ar pelos dentes depressa, o toque o fez sentir dor.

— Não toque! Minha mãe passou uma pomada.

— Ahhh. — O menino loiro passou a mão nos cabelos e riu sem jeito. — Desculpe, Sasuke, mas me conta! Que jutsu é esse?

— É o jutsu mais importante do clã Uchiha! — contou, entusiasmado. — Jutsu bola de fogo! Vou ser tão bom quanto o Itachi!

— Claro que vai! Você é o máximo, 'dattebayo! — Completou com um tapa nas costas do outro.

Um chamado alto do Iruka sensei fez todos olharem na direção da porta e ouvirem o anúncio de que o Hokage iria entrar.

— Olha, Naruto! É o Sandaime!

— Sim! Estou vendo! — respondeu, se arrumando sobre o assento.

— Ele é muito poderoso, meu pai diz que ele tem jutsus de selamento sensacionais! — cochichou, empolgado, no ouvido do loiro.

— Meu pai também me conta histórias sobre ele, ainda mais que foi seu aluno.

— Hokage-sama! — Repentinamente, Sasuke levantou a mão.

— Sasuke! — Iruka ralhou. — Espere a hora certa para fazer perguntas!

— Está tudo bem, Iruka — disse o líder, calmamente. — Pode falar, rapazinho.

Sasuke mostrou um pequeno sorriso e ficou de pé.

— Hokage-sama, eu queria saber o que é preciso para ser Hokage.

— E você quer ser Hokage?

— Quero sim! Um dia vou ser! — afiançou.

— Bem, pra ser Hokage você tem que ser um bom homem, saber cuidar das pessoas e, sobretudo, ser reconhecido como um líder. Quando as pessoas confiarem em você e acreditarem que você pode protegê-las, então, você poderá ser um Hokage.

— Eu serei! — Bradou, com um sorriso pequeno, mas confiante. 

Sentou no seu lugar e levou um cutucão do amigo.

— Sasuke, eu confio em você! Sei que vai ser um ótimo Hokage!

O Uchihazinho animou-se com a fé que o amigo sempre punha nele.

Depois das aulas em sala, Iruka levou a turma para a piscina.

A criançada enlouquecida adorava as aulas de natação, era um momento aguardado, e Iruka dava treinos de velocidade e mergulho em apneia.

Sasuke era muito bom na modalidade, tinha batido o recorde da turma e ficava quase dois minutos submerso.

Os olhos azuis de Naruto confundiam-se com a água, e quando colidiram com os escuros de Sasuke, ambos sorriram um para o outro, submergidos, enquanto prendiam a respiração e seguravam as pernas juntas ao corpo, mantendo o equilíbrio.

Era sempre assim, ao final da aula competiam em um crawl desajeitado, batendo os braços com força e espirrando água para todos os lados. Sasuke sempre vencia e saíam rindo. Abraçavam-se, caminhando juntos para o vestiário.

— Acho que você bateu o recorde, 'dattebayo! Quanto foi, Sasuke? — quis saber, segurando o pulso do Uchiha para ver a marcação do tempo de apneia no cronômetro do relógio.

— A última foi… — Demorou mexendo nos botões. — Dois minutos e um segundo!

— Então foi um novo recorde! — Animado, Naruto segurou os ombros dele e o puxou para um abraço.

Naruto era seu melhor amigo e torcia por ele, sentia grande orgulho e admiração pelo Uchiha. E Sasuke, que não gostava de contatos físicos, aceitava os vindos do Uzumaki e até ansiava por isso. 

 

#

 

Os braços fortes perfuravam a água com precisão e vigor, a velocidade da natação era surpreendente, aquele homem parecia ter nascido para alçar grandes distâncias em pouco tempo, era seu passatempo favorito e, se não fosse o Hokage, seria um nadador profissional com absoluta certeza.

Apoiou os braços na borda da piscina olímpica que havia sido construída atrás da Torre do Hokage. O próprio Sasuke foi quem elaborou o projeto, fez cotações e arrecadou fundos para a área esportiva no grande espaço, antes sem serventia, próximo à Torre. Agora havia pista de corrida, ginásio de esportes e piscina coberta, tudo liberado ao público gratuitamente. 

Claro que por motivos de segurança havia horários reservados somente a ele, normalmente bem cedo, antes do expediente.

Com um impulso, saiu da água e caminhou pela borda, sentindo as gotas abundantes escorrerem por seu corpo treinado e musculoso. Abaixou-se para apanhar um roupão — das mesmas cores do manto que usava como governante. Estava sozinho no espaço aquático, passou as duas mãos pelos cabelos pretos, jogando-os para trás, retirando assim o excesso de água. Foi para o vestiário, tomaria um banho e rumaria para mais um dia cheio de trabalho.

Sasuke havia mudado muito nas últimas décadas. 

Aos dezenove anos passou a estudar ferrenhamente para assumir o posto de Hokage. Depois da morte de Hiruzen, Tsunade assumiu o posto, e foi durante o seu governo que houve a coalizão. Com isso, os Uchiha assumiram destaque não somente na segurança, mas em outras esferas do governo. Após alguns anos de muitas negociações, o clã do Sharingan conseguiu tirar a Senju do poder e colocar Fugaku como Rokudaime, mas seu poderio não perdurou, uma vez que Sasuke já tinha tudo encaminhado para ser o próximo governante. E sendo apoiado pelo serviço secreto de Konoha — e Itachi, o shinobi mais poderoso do esquadrão e líder da ANBU — foi empossado e nomeado como Nanadaime. 

O governo de Uchiha Sasuke já durava dez anos. 

Ele estava em sua sala, olhava para os documentos atentamente, muito focado, não tinha vida social. Era o que dizia a população da Folha e os países aliados: Sasuke era extremamente dedicado ao trabalho e vivia para Konoha. 

Muitos eram contra o seu governo e o chamavam de populista, quase autoritário. Contudo, a Vila da Folha nunca estivera melhor, a segurança era exemplar, não havia crimes, e todas as crianças estudavam. Não faltavam empregos e nem alimentos. Todos viviam bem e a economia ia de vento em popa.

Um dos capitães do esquadrão ANBU entrou na sala após ser liberado pelo segurança.

— Você leu meu relatório, Nanadaime-sama? — A voz rouca e tão conhecida ecoou pela sala.

— Uhum. — Sem ao menos olhar para o homem trajado com o uniforme da organização e uma máscara de raposa, continuou analisando um arquivo importante.

O caçador ANBU, sentindo-se um pouco enervado com aquele desmerecimento, deu um passo à frente.

O Uchiha levantou uma das sobrancelhas e o observou com desdém. Suspirou e disse:

— Você pode ir, Naruto-san — disse, chamando-o pelo próprio nome ao invés de usar o codinome.

O mascarado continuou encarando o líder da Vila da Folha atrás daquela mesa em sua frente.

O Nanadaime, que um dia fora seu amigo — seu melhor amigo —, agora o tratava de forma fria e distante. Conforme os anos foram passando e o “golpe” dos Uchiha foi dado, Sasuke se distanciou completamente de Naruto. Apenas se encontravam esporadicamente em reuniões ou após missões importantes que a ANBU realizava.

— Tem certeza de que leu, Nanadaime-sama? — perguntou, exasperado.

Sasuke, muito sagaz, notou que o ANBU cerrava os punhos enquanto lhe perguntava se havia lido aquele relatório sobre uma aldeia vizinha, que passava por sérios problemas de escassez de alimentos e saneamento precários, muitas crianças doentes e cidadãos em situação de pobreza extrema.

O Nanadaime apenas levantou a mão e acenou, em um movimento mínimo, como se o escorraçasse. 

Neste momento, Naruto sentiu-se humilhado. Talvez não se sentisse assim se o Hokage fosse outro, mas era Sasuke, seu melhor amigo por tantos anos, aquele que, um dia, ele sempre apoiou nas ideias de ser Hokage. E olha só que bela porcaria! Um Hokage que não se preocupa com os civis de outras vilas!

— Hokage-sama! — Bateu as duas mãos com força sobre o tampo da mesa, fazendo o Uchiha lhe lançar um olhar de fogo.

— Sempre insubordinado, hã, Naruto?

— As pessoas estão passando fome, Nanadaime! — Explodiu.

— Você não é o Hokage aqui, Naruto — disse, ainda parecendo calmo, beirando ao tédio.

— Você não vai fazer nada, não é? — Levou a mão à máscara que escondia sua feição enraivecida e a tirou. Imaginou que talvez, se o líder pudesse vê-lo, se comovesse e mudasse de ideia.

Porém, o olhar desinteressado de Sasuke continuou sobre ele. Aquilo o enfureceu.

— Peço permissão para ir ao senhor feudal do vilarejo e tentar uma negociação. Pelo bem da população.

— Eu disse que não, Naruto. — A voz, mais afiada do que antes, saiu firme e convicta. Sasuke se colocou de pé, usando o traje escuro e seu manto branco — com a barra e kanji azuis — que se desdobrou sobre suas costas. Ele saiu de onde estava e caminhou majestosamente pela sala.

Naruto estava quase possesso. Sentiu seu sangue arder diante da arrogância e falta de humanidade do ex-amigo que, dominado pelo poder, somente pensava no que era interessante a si próprio.

— Você constrói ginásios de esporte e piscinas e é incapaz de ver a dor verdadeira das pessoas?!

— Naruto-san, eu aprecio a sua preocupação e intenção de ajudar, mas já disse que não é o momento para liberar verbas a esse fim — explicou, olhando dentro dos olhos azuis do Uzumaki. Aquele desajeitado filho de Minato Namikaze havia se tornado um shinobi excelente, um dos melhores, poderia até mesmo afirmar que era mais poderoso e hábil do que seu irmão, o “prodígio” Itachi.

Naruto sentia raiva. E simultaneamente, certo deslumbramento. Há um bom tempo não via o Hokage tão próximo, com seus olhos profundamente sedutores, exóticos e cheios de viço. Paralisou por um momento, perscrutando o homem dominante que também o encarava com as sobrancelhas pairando alto, próximas a linha dos cabelos. 

Sasuke detinha seu olhar de superioridade, sabia que o loiro era ousado e queria mantê-lo sob seu domínio.

— Não posso aceitar essa resposta, Nanadaime. — Apoiou uma das mãos na mesa atrás do Uchiha, deixando-o encurralado entre o móvel e seu corpo potente.

O Uchiha sentiu um leve prazer ao perceber a irritação do seu amigo de infância. Haviam se apartado tanto, que os anos o tinham feito esquecer os calores que sentia quando provocado por aquele Uzumaki obstinado.

— Sempre tão persistente, não é, Naruto? — perguntou, enquanto afastava a cabeça e lhe lançava um olhar desagradável.

A aproximação explícita fez o Hokage entortar os lábios. Um micro sorriso surgiu em sua face, ele não se importava com a rudeza do ANBU, se aproximou mais e rangeu os dentes. Porém, não vencia o loiro em teimosia.

— Vou embora… porque você é o Hokage — Naruto disse com escárnio, retirando a mão e se afastando do líder —, mas quero que repense o assunto.

Sasuke, então, riu. 

Naruto recolocou sua máscara e desapareceu após cintilar do jeito ninja.

 

#

 

— Nanadaime-sama!

Sasuke ouviu a voz atrás de si. Caminhava entre alguns civis, estava na rua, quase chegando na Torre. Sua capa esvoaçava junto com os cabelos, ao passo que ele andava contra o vento. Fechou brevemente os olhos, se preparando para o açoite que viria em forma de palavras. Obviamente não seria fácil escapar do melhor shinobi de Konoha. Até duvidava do seu próprio poder quando comparado com Naruto.

— Nanadaime! — insistiu, apressando os passos.

Sasuke também acelerou, mas ao cruzar a grande porta, sentiu seu braço ser agarrado.

— Ainda bem que o alcancei! Não estava me ouvindo?! — Dessa vez usava o uniforme, mas estava sem a máscara característica.

Virando-se e enxergando os belos olhos azuis, Sasuke sorriu. Percebeu que Naruto sabia perfeitamente que ele o ouvia chamar, mas fingiu não saber. E ele faria o mesmo.

— Me desculpe, Naruto-san. Não ouvi.

Qual seria o motivo para o Uchiha ter se tornado um homem intolerável? Naruto não fazia a menor ideia. Sempre se deram bem até a adolescência, aliás, muito bem. Andavam grudados, faziam tudo juntos, não havia segredos entre eles e hoje… Naruto sentia muito a sua falta.

Para Sasuke não havia tempo para pensar em nada que não fosse o seu cargo, o trabalho, a Vila e todas as responsabilidades que ser Hokage carregava.

— Preciso muito falar com você, Nanadaime-sama.

— Tenho certeza que sim… — murmurou baixinho.

— Trouxe algumas informações novas sobre a vila da qual eu lhe falei. Relatos dos aldeões e até algumas fotos. — O ANBU era realmente obstinado, e apesar de irritante, essa era uma qualidade que Sasuke admirava nele.

— Por favor, Naruto, não insista. Vou dizer pela última vez–

— Proponho um desafio! — interrompeu, com um sorriso atrevido.

Recebiam alguns olhares curiosos dos civis que andavam por ali naquele momento. Sasuke os ignorou, preferia continuar olhando atentamente para os olhos de Naruto, que brilhavam em expectativa.

— Um desafio? — Só neste momento, Sasuke se deu conta que o caçador ainda segurava seu braço, então o puxou, libertando-se. — E qual seria? — Vacilou um pouco, sentindo-se balançado pelas palavras de Naruto.

— Você tem sido um líder desumano, Uchiha! Não basta ser Hokage! — afirmou. — Lembra do que o terceiro disse a você?

O coração de Sasuke acelerou, viu os lábios do loiro se apertarem um sobre o outro em uma gana desenfreada. Lembrou do que disse Hiruzen. Há tanto tempo não pensava naquele passado.

 

“Bem, pra ser Hokage você tem que ser um bom homem, saber cuidar das pessoas e, sobretudo, ser reconhecido como um líder. Quando as pessoas confiarem em você e acreditarem que você pode protegê-las, então, você poderá ser um Hokage.”

 

Arregalou os olhos e tentou não mergulhar naquelas piscinas azuis celestes que Naruto sempre ostentou, mas era tarde demais, o coração estava abalado. Sentiu-se como nos velhos tempos, quando descobriu seus reais sentimentos pelo amigo de olhos anis…

— Lute comigo, Sasuke! Como antigamente. — Naruto tinha um entusiasmo palpável no rosto. — Se eu perder, saio em missão permanente e você nunca mais me verá. Agora, se eu ganhar, você vai auxiliar aquela vila. Ah, vai, ‘dattebayo!

O Hokage respirava forte agora, ofegava e começou a tremer levemente. Cerrou os punhos e um vinco se formou entre suas sobrancelhas, estava tenso. Embora irritado, seu espírito competitivo falou mais alto, sentiu uma sensação que há tempos não sentia, estava cheio de energia, e seu corpo louco para extravasá-la. Queria muito estourar a cara do Uzumaki e vê-lo ensanguentado no chão.

Mera ilusão… sempre aquela atração irresistível em desafiá-lo e estar perto dele.

— É muita insolência! Um reles ANBU propôr lutar com o Hokage. Humpf!

Sentiu um arrepio, um furor, um calor dentro do seu ventre, precisava daquela sensação, queria se sentir vivo!

— Mas eu aceito, usuratonkachi!

 

#

 

Naruto tinha acabado de tirar sua máscara e a espada das costas, acondicionou-as no solo, perto de uma rocha, e foi quando viu o Hokage caminhando em sua direção no meio das árvores, no local marcado dias antes.

O Uchiha não usava o manto habitual e nem as roupas fechadas que vestia diariamente como um uniforme. Invés disso, usava um happi sem mangas, cruzado na frente e preso por um obi, calças e sandálias.

Naruto, decorosamente, o avaliou, olhando-o de baixo, meio de esguelha. Achava o cúmulo da audácia haver alguém assim tão belo. Sem dúvida aquele maldito clã havia sido glorificado com uma genética privilegiada. Por que diabos a pessoa mais deliciosa da Vila também tinha que ser a mais intragável e inalcançável?

— Nanadaime — disse, tentando tirar aqueles pensamentos indecentes de sua mente.

— Naruto — respondeu ao cumprimento, vagueando o olhar preto pelo complexo espécime que era o ANBU. A tatuagem com o símbolo da organização, localizado sobre o grande e potente músculo deltóide, dava um charme especial ao ninja, e Sasuke passou a língua pelos lábios ao contemplar discretamente a pintura.

— Tem certeza que não quer resolver isso de outra forma, Nanadaime-sama? Não quero machucar você.

O Uchiha deu um sorriso largo, os dentes brancos eram perfeitos, e Naruto riu também diante daquela raridade.

— Uau! Você é capaz de sorrir? — zombou, colocando as mãos na cintura.

— Quero ver você continuar brincando depois que eu te colocar no chão — ameaçou o Hokage.

— Então vamos começar de uma vez!

E começaram, como se estivessem brincando. Naruto desferiu alguns socos que foram desviados facilmente. Sasuke gostava de chutes, tentou acertar a cintura do ANBU, mas o ninja sumiu e, em um instante, cinco clones das sombras voaram gritando para cima dele. 

— Ainda usa esse truque idiota?! — o Hokage reclamou, saltando acima dos pedaços de árvores que voavam pelos ares, depois do rasengan quase atingi-lo.

— Sei que você gosta de uma dose extra de mim! — Naruto berrou, acertando-o em cheio com o cotovelo no rosto.

Sasuke freou sua queda com os pés e patinou sobre as folhas úmidas.

— Engraçadinho! Não somos mais crianças, idiota! — Ativou o sharingan e pulou como um gato sobre o caçador.

Naruto se arrastou pelo chão, surgindo do outro lado dos escombros das explosões de papéis bomba. Claro que nenhum dos dois usaria ninjutsus de grande extensão, estavam pegando leve, não pretendiam destruir o local escolhido para a luta, mas o nível de pancadaria tornava-se elevado.

Sasuke saltou com as pernas abertas, atingindo dois clones de uma vez. Naruto surgiu do nada, como vindo do céu em um mergulho poderoso sobre o Hokage. O impacto o fez chispar para longe, batendo forte contra o chão.

— Qual o problema? — Naruto perguntou. — Vai ficar só na defensiva?

Sasuke lançou seu pior olhar e correu para cima, o derrubando e montando sobre ele.

— Não tenho intenção de matar um dos meus caçadores ANBU — gracejou, acertando-lhe um soco no rosto. Viu o shinobi sumir. — Outro clone?!

Sasuke levou um coice nas costas e caiu de boca no chão. Alçou para cima, como se tivesse mola nos pés, e aterrissou novamente de frente para o Uzumaki, que sorria.

— Pare de brincadeira, Naruto! Não somos mais aqueles dois garotos que lutavam tentando provar alguma coisa!

— Você me excluiu da sua vida… Eu era seu amigo! — O sorriso desapareceu por completo e Naruto demonstrou sua cara de decepção. — Você tem sido um péssimo Hokage.

— Pra mim, é assim que um Hokage deve ser.

— Alguém que se isola e deixa os amigos de lado? — Pulou em cima dele, acertando vários golpes, errando outros, e a luta havia recomeçado.

Lutavam há horas e ainda trocavam golpes com a mesma força de antes. Sasuke sabia da resistência do loiro, e Naruto sabia da determinação do Nanadaime Uchiha. Estavam visivelmente surrados e cansados, e embora ambos soubessem das aptidões um do outro, estavam impressionados.

Naruto apoiou suas mãos nos joelhos e aproveitou para descansar um pouco.

— O que me diz? Quer continuar? — Quis saber. — Posso te socar assim até a semana que vem, Uchiha desgraçado!

Sasuke arregalou os olhos com a afronta do ex-amigo. Tentou usar um genjutsu, mas Naruto conseguiu quebrá-lo com grande facilidade. Parecia ser mais um talento incrível do Uzumaki que ele não conhecia. Poucas pessoas tinham a capacidade de se libertar daquele nível de genjutsu.

Arreganhou os dentes e correu para o loiro, se abaixou e ergueu a perna, acertando um chute certeiro em seu queixo. Ao derrubá-lo, sentou-se sobre ele e desencadeou uma sequência de direitas e esquerdas. Naruto sentia sua cabeça ir de um lado para o outro e o corpo do Uchiha pesar sobre o seu. Também percebeu a presença de outros caçadores ANBU. Com certeza chegavam para fazer a segurança do Hokage. 

Sasuke também percebeu. E não gostou. Parou de socar o Uzumaki e o encarou bem sério. Os dois se olhavam com olhos inchados, sangue escorrendo das bocas, narizes estourados e supercílios rachados.

— Estamos muito bem, hã? — Naruto sorriu, caçoando de si mesmo. Sabia que estava péssimo. — Eu lamento, Nanadaime. Lamento que você não queira fazer o que é certo. Não posso continuar te surrando ou vou ser preso por traição. Então… eu desisto.

Para a surpresa do ANBU, Sasuke não ficou nem um pouco feliz com aquela renúncia. Seu olhar de frustração foi notável. Mas percebeu o que provavelmente havia acontecido. Itachi deve tê-lo rastreado e enviado os caçadores para protegê-lo.

Sentiu raiva. Não precisava de proteção. Mas Naruto tinha razão e, como um jounnin altamente capacitado, trabalhava para a segurança do Hokage e não deveria estar lutando com ele. Sasuke sabia que isso poderia trazer problemas. A atmosfera estava tensa. 

— Isso é uma merda! Ainda não tinha acabado com você. — disse Sasuke, presunçoso. Saiu de cima dele e andou para a saída da floresta.

 

#

 

Os dias se seguiram e Sasuke não conseguiu tirar Naruto da cabeça nem por um minuto sequer. Os hematomas foram sumindo de seu rosto e o corpo todo quebrado foi se restabelecendo aos poucos. Entretanto, seu coração estava machucado. Aquela luta e as palavras trocadas, ora de forma jocosa, ora de forma categórica, o fizeram repensar seus últimos anos, sua forma de governar e sua forma de viver a vida. Sentia falta do Uzumaki. Muita falta, mesmo nunca tendo admitido nem a si mesmo. Até mesmo uma certeza sombria chegou a inundar seus pensamentos: Naruto seria um Hokage muito melhor.

Sentado em sua cadeira, analisava documentos, sozinho como sempre. Afundou a testa em um dos papéis, fechou os olhos e uma imensa sensação de fracasso o possuiu.

— Nanadaime. — A voz rouca invadiu seus ouvidos e ele olhou rapidamente para a porta. — Posso entrar? — Naruto o observava, ainda com metade do corpo para fora da sala.

— Naruto! — Surpreendido, ficou de pé. — Entre!

— Eu… — Entrou e fechou a porta. — Queria me desculpar. Recebi uma punição administrativa pelo ocorrido e… acho que não devo contestar suas decisões, afinal, você é o Hokage.

Sasuke viu que ele tinha um olhar diferente, estava triste… talvez, desapontado.

— O que aconteceu? Não dei punição nenhuma! — Caminhou até perto do ANBU e o analisou, parecia estar bem, assim como ele. Os hematomas já tinham sumido.

— Oh, não. Foi o… líder supremo, Nanadaime. — Mantinha os olhos baixos e aquilo incomodava demasiadamente o Hokage, queria poder ver as duas piscinas azuis. Na verdade, estava com saudade delas. 

— Itachi?

Naruto apenas balançou a cabeça.

— Preciso ir, Nanadaime — informou, sem lhe olhar.

— Não! — Sasuke o reteve pelo ombro. — Não.

Com isso, Naruto levantou o olhar para ele e Sasuke mergulhou naquele azul.

— Não quero nada disso! — Vociferou, muito zangado. — Não quero suas desculpas! — Apertou o ombro dele e gritou em seu rosto. — Não admito punição nenhuma! Itachi vai se ver comigo! — Esfregou o polegar sobre a tatuagem antes de tirar a mão do ombro dele e agarrar o colete que Naruto usava, puxando-o para mais perto. — Quero que você conteste minhas decisões! Exijo que conteste, entendeu! — gritou tão forte, que chegou a cuspir gotículas de saliva no rosto do caçador.

Naruto o observava assustado. Não esperava por aquela reação.

— Eu… — Sasuke, naquele momento, absorvia a essência existente em Naruto, o azul dos olhos dele, a pele cheia de viço, chegava a sentir seu cheiro, era capaz de perceber a índole indomável pulsando forte em cada veia do corpo daquele homem. Era impossível resistir a tamanha força da natureza. Avançou sobre ele como um bicho feroz, não podia deixá-lo escapar.

O impacto e a surpresa fizeram as costas de Naruto se chocarem na porta do escritório, e sua boca foi tomada com sofreguidão.

A última coisa que Naruto imaginou que receberia naquela manhã de trabalho era um beijo arrebatador do seu Hokage.

— Sas-ke — Resmungou, sentindo o Uchiha o apertar contra a madeira da porta e sua língua lançar-se dentro de sua boca. Uma quentura boa subiu por sua pele, então abraçou Sasuke com vontade, se aderindo a ele. 

Ah, como ele sonhou com algo assim, como ele queria aquele homem, tanto desejou Sasuke, tanto sofreu e se conformou com a situação de ambos na Vila, onde jamais poderiam se amar. No entanto, Sasuke mostrava o contrário. Também o queria, então? 

— Sasuke — Empurrou-o, um pouco zonzo. — O que isso significa? — Sua voz saiu fraca, ofegante e cheia de receio sobre a resposta que receberia.

— Significa que… que te quero, Naruto. — Segurou o queixo dele com uma das mãos, impedindo-o de desviar. — Você me quer?

— Ãn… eu… — Confuso, Naruto titubeou um pouco, mas sorriu timidamente antes de balançar a cabeça. — Quero. Quero muito!

 

#

 

Aproximadamente um ano depois daquela tomada de decisão, Sasuke recebia a condecoração oferecida pelo País das Almas, onde se localizava a vila da qual Naruto havia se referido no passado. Juntamente com o Uzumaki, o Nanadaime criou uma organização para levantar fundos e auxiliar demais vilas que ainda sofriam, empobrecidas em decorrência de guerras.

Após o evento e o discurso do Uchiha, ele foi abordado pelo senhor feudal de um dos vilarejos.

— Nanadaime-sama, eu quero muito agradecer. — O velho senhor estava visivelmente emocionado e fazia reverências contínuas na frente de Sasuke.

— Oh, não precisa agradecer, senhor… por favor. — Encabulado com a demonstração de humildade e gratidão do senhor feudal, ele segurou sua mão e o fez ficar ereto. — Eu dou minha palavra que ninguém mais vai passar fome em sua aldeia, e pretendo ajudar muitas mais.

O velho deixou seus olhos vazarem e novamente se curvou em frente ao Hokage, que trajava seu manto branco e azul e o chapéu característico de líder.

— Obrigado, obrigado. 

Naruto chegou ao seu lado assim que o humilde homem se afastou ainda fazendo reverências.

— Agora você não é só uma autoridade, Sasuke, mas é também alguém influente! Um exemplo. As pessoas respeitam você por suas ações, você está mudando o jeito de governar, o mundo ninja nunca mais vai ser o mesmo! — disse, sensibilizado.

Sasuke sentiu um calor subir por seu corpo e seus lábios tiritaram. Talvez fosse só modéstia, ou quem sabe uma dose de vaidade misturada com alegria por entender que estava agindo bem. Saber que Naruto o apoiava e admirava, o fazia sentir borboletas, mariposas e joaninhas voando em seu estômago. Era gratificante e recompensador. Ele tinha pegado gosto pela coisa, sentia-se feliz em poder ajudar e ver seus esforços trazendo benefícios e dignidade para quem precisava.

— O que é isso, Naruto… — Disfarçou, sentindo que devia estar com as faces vermelhas. 

— É verdade, Sas — confirmou, enquanto passava o braço por cima dos ombros dele —, não precisa ficar tímido.

— Obrigado, Naruto — mais envergonhado ainda pela proximidade, respondeu, e deixaram o salão. Queriam voltar a Konoha antes do entardecer.

 

#

 

Naquela mesma noite, os sons aquáticos reverberavam nas paredes do local vazio e escuro, fazendo eco. As únicas luzes ficavam submersas na piscina e iluminavam o corpo dos dois homens, que se empenhavam ao máximo, com braçadas longas e pernadas que mais pareciam um motor de barco.

Sasuke tocou a borda e ergueu o braço, comemorando. Naruto, no segundo seguinte.

— Ganhei de novo — Riu o Uchiha, sacudindo os cabelos e espalhando água.

— Em alguma coisa você tem que ganhar… — Riu também, abaixando os óculos até o pescoço, mas depois fez um biquinho, que logo foi beijado por Sasuke.

— Sou muito melhor do que você, dobe! — provocou, mordendo seu lábio.

Empurrou-o contra os azulejos. Nadavam e se beijavam, sentindo os toques gostosos e escorregadios um do outro sob a água.

Alcançando o ponto mais raso da piscina (onde o nível batia um pouco acima do peito), aproveitaram para se abraçar mais apertado. Naruto deslizou as duas mãos pelas costas do seu Hokage, o beijava veementemente quando apertou as bandas da bunda firme.

Sasuke deixou um gemido escapar de seus lábios e abriu os olhos para vê-lo.

Mantiveram-se parados; faziam pequenos e lentos movimentos que criavam inconstância na água, ondinhas que se afastavam de onde estavam e aumentavam de tamanho enquanto os dois apenas se olhavam em silêncio.

— Você é sempre tão quente, dobe — Sasuke quebrou o silêncio com um murmúrio rouco. Sentia a temperatura do corpo do Uzumaki colado ao seu, e as duas piscinas extras que brilhavam em seu rosto chegavam a deixá-lo desconcertado, mesmo já fazendo quase um ano que eles sustentavam um relacionamento.

— Você é encantador, Sasuke… — Sussurrou, e era o bastante para que se ouvissem, tudo estava calmo e silencioso, assim como eles. 

Abraçaram-se. 

O Uchiha apoiou o queixo na curva entre o pescoço e o ombro do loiro. Podia ver a tatuagem ANBU. Alisou sua pele, contornando a curvatura do desenho com dois dedos. 

— Você é perfeito.

— Parecemos dois adolescentes, com todos esses elogios.

Os dedos de Sasuke se encaminharam para o seu pescoço e ele deu um beijo lento naquela pele bronzeada.

— Se incomoda?

— Com o beijo ou com parecermos adolescentes?

Os dois riram com a brincadeira.

Deram um beijinho esquimó, esfregando os narizes, como adolescentes mesmo. Porém, as testas se encostaram depois e pararam de rir.

— Eu amo você, Nanadaime-sama.

— Sou louco por você, Naruto. Não posso mais admitir um único dia sem você na minha vida, portanto, se prepare para deixar a organização e ser meu segurança particular.

Naruto deixou o queixo cair, mas em seguida trincou o maxilar, ouvindo com certa indignação tamanho autoritarismo esnobe.

— Você quer que eu seja seu… segurança? — Sentiu-se ofendido e empurrou o peito do Uchiha.

— Isso é só pra cumprir protocolo — falou rapidamente, se corrigindo ao perceber o descontentamento do Uzumaki —, na verdade, você vai governar comigo, no meu escritório, porque te quero ao meu lado dia e noite, sem parar. Quero ouvir tudo o que você tem a dizer, preciso dos seus aconselhamentos, do seu apoio, da sua companhia…

Naruto apenas ouvia, meio abobalhado.

— Eu te quero em todas as horas do dia, nada mais desse negócio de ficarmos escondidos, quero te foder na minha mesa todas as manhãs — pigarreou — e quem sabe todas as noites também, antes da gente ir pra casa.

— Ir… pra casa?

— Vem morar comigo, Naruto! Vamos dividir tudo! Eu te amo!

Um sorrisão gigantesco foi se abrindo no rosto do ANBU, e ele abraçou o Uchiha efusivamente.

— Claro! Vou! Vou! Hoje mesmo! — Beijou seus lábios e Sasuke jurou por tudo o que era mais sagrado que nunca tinha sido beijado daquela forma. 

Tinha certeza absoluta que Naruto era sua metade, a parte que faltava para que tudo fosse perfeito, aquela parceria havia de ser forte e intensa, seu governo com Naruto seria épico, memorável.

— Sabe, Naruto… quando a gente brinca e eu digo que sou melhor do que você… Isso… — Seus olhos vagavam de um lado para o outro, captando atentamente os dois azuis do Uzumaki. — Isso não é verdade. É você quem me faz ser uma pessoa melhor, porque você é infinitamente bom, justo, verdadeiro, e me orgulho demais em ter você ao meu lado e… — Precisou fazer uma pausa e limpar a garganta. Quase chorava. — Obrigado por ser meu amigo, Naruto. E por não ter desistido de mim.

Naruto, que também estava segurando o choro, deu um pequeno sorriso emocionado.

Sasuke continuou:

— Fui um idiota me afastando de você… e você tinha razão, eu era um péssimo Hokage.

— Era! — Naruto o interrompeu e segurou seu rosto com as mãos, percebeu que ele estava ficando com os lábios arroxeados. Começavam a sentir frio dentro daquela piscina imensa. 

— Você é meu melhor amigo… e é meu amor. Tem coisa melhor?

— Não, não tem, dobe.

— Me orgulho tanto de você, seu Uchiha teimoso… mas acho que devemos sair, a água está fria. Vamos continuar essa conversa em casa.

— Na nossa casa?

— É, Sasuke, na nossa casa. — Deram um impulso e saíram da água. — Agora ouça bem, corta essa de segurança particular, hein?! — reclamou, com escárnio na voz. — Você nem precisa de segurança! — Bufou. — Quero um super aumento de salário, Sas, e vou usar minhas próprias roupas, aliás, quero um manto… — Colocou a mão no queixo, pensativo. — Igual ao seu, mas… vermelho e branco, o que acha? — Sasuke se enxugava e o olhava, meio rindo. — Ah, e as trepadas na sua mesa todas as manhãs, exijo, entendeu?! — Iam caminhando para a saída e Naruto não conseguia parar de falar. — Quero almoçar lamen extra grande todos os dias… aquele completão… e talvez jantar também! O que me diz? Vê? Nem estou pedindo muito…

— Não, claro que não…

 



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