Um pouco distante das muralhas de Midland, numa taberna quase que escondida na pequena floresta, havia um vilarejo conhecido como Aserófe, também dominado pelas leis da igreja e pelo tirano. Caska, Judeau e Corkus estavam á espreita de campana entre algumas árvores, vigiando um dos possíveis soldados da tropa principal do rei, pai da princesa Charllote. Vestidos com mantos marrons por cima de suas armaduras; os quais lembravam muito as vestimentas dos clérigos, bruxas e feiticeiros, conseguiram explorar o local e perseguirem o soldado sorrateiramente sem que fossem reconhecidos pelos outros guardas em ronda ou até mesmo pelos servos que eram fiéis ao severo regimento.
Esperavam algum movimento do homem, já que o mesmo permanecia parado e flertando com duas camponesas do lugar.
_Será que ele nos viu e por isso parou para tentar nos enganar?_ a pergunta de Corkus foi direcionada á Caska e a mulher rebateu com confiança. _Nem pensar! Se percebesse já teria fugido ou até mesmo nos atacado. Ele parece muito relaxado, vamos esperar mais um pouco.
Permaneceram escondidos por um bom tempo, por causa do fascínio e do desejo aparente que o jovem homem demonstrava, ao conversar com as mulheres.
O movimento de plebeus, camponeses e mercadores no local eram quase que inexistente. Há não ser pelos próprios moradores de Aserófe e por alguns viajantes de passagem, que também eram pouquíssimos. As duas mulheres pobres, porém bem vestidas demais para estarem naquele lugar simples e humilde, gargalhavam e acariciavam o guarda, cheias de más intenções e o homem mesmo percebendo a malicia delas, pareceu estar à vontade com aquilo, como se não fosse à primeira vez que se viam. E após cochichos ao pé do ouvido do rapaz, os três adentraram á taberna.
_O que faremos agora? Esperamos ele sair? _ Judeau perguntou e esperou as ordens da guerreira serem dadas.
_Vamos em frente. Se o perdermos de vista, ele pode achar alguma brecha para nos despistar e fugir e então nosso esforço terá sido totalmente em vão. _ ela responde saindo dentre as árvores seguida pelos rapazes e logo adentram também o lugar.
Ao empurrar da porta, o som da sineta acima ecoa titilante pelo espaço médio e rupestre. Alguns olhares meramente “normais” são lançados para eles, seja por causa das vestes que cobriam grande parte do rosto ou até mesmo pela espelunca não receber muitos visitantes diariamente e por assim dizer, a presença do trio havia chamado a atenção e a curiosidade dos demais. Uma reação passageira, que depois de alguns segundos, havia sumido e todos voltavam os olhos para suas próprias mesas e seus assuntos medíocres.
No balcão uma senhora, aparentando um peso acima do normal, com os cabelos grisalhos num coque desleixado e engordurado, os recepcionou. _Sejam bem vindos! O que vão querer? _ a velha perguntou, com um sorriso nada encantador, de alguém que parecia ganhar a vida ás custas de enganar pessoas do bem ou necessitadas.
Sentaram-se bem á frente do balcão, tentando manter a todo o instante a naturalidade e enquanto Corkus respondia, fazendo um pedido de qualquer destilado, os outros dois disfarçadamente olhavam de canto para o salão á procura do homem. Viram beberrões desmaiados sobre o próprio vômito, numa das mesas ao lado e a contar pelas quantidades de garrafas vazias jogadas em volta, era possível entender a felicidade da dona do lugar, que lucrava muito com esse tipo de gente, que ingeria álcool como se fosse algum elixir da juventude ou até mesmo água. Um pouco mais atrás, um grupo de mercenários iniciantes, falavam sobre seus recentes contratos e discutiam formas de matar suas vitimas e ganhar a recompensa pelo trabalho. Então, por um momento Caska acreditou ter ouvido o nome do falcão ser pronunciado por um dos homens envolvidos na conversa, mas não levou á serio e por fim pensou estar imaginando coisas que não haviam acontecido e tratou de terminar sua olhadela pelo local. E bem no canto direito, quase que escondidos, avistou o guarda e as duas mulheres.
As gargalhadas esbanjando luxuria e satisfação, enquanto o rapaz tomava canecas e mais canecas de cerveja. De fato elas compactuavam com a dona do estabelecimento e queriam embebeda-lo para que pudessem roubar tudo que ele possuía de valor. O guarda totalmente bêbado e indefeso tentava por vezes tocar o corpo das plebeias, mas elas tinham suas artimanhas e escapavam facilmente como víboras, do assédio e das investidas dele.
_ Que idiota! _ comentou Corkus, se divertindo ao ver o rapaz soluçar empanturrado de álcool, enquanto as mulheres riam e Caska lhe lançou um olhar ameaçador como que dizia “Se não calar a boca, arrancarei a sua língua aqui e agora”. E ele mudou rapidamente de expressão.
O sino tocou novamente anunciando outro cliente e ao perceberem quem era, as ladras correram e fugiram afobadas para detrás do balcão.
Em passos largos e pesados, aparentemente por causa da armadura grossa, o homem sentou-se a mesa de frente para o rapaz bêbado e a principio o encarou por um tempo, totalmente sério. Ele possuía uma aura negativa, quase negra e intimidadora. Sua aparência era mediana, cabelo ruivo e pele morena com muitas cicatrizes onde se podia ver e uma delas se destacava; uma grande queimadura traçando toda a vertical do pescoço, de orelha á clavícula e ele não portava nenhuma espada, assim como o outro. Mas isso não impedia que todos os demais ali, tremessem e permanecessem de cabeça baixa, evitando encarar os olhos e a face do misterioso homem.
E foi tudo muito rápido. Quando perceberam o estranho já atravessava a porta de madeira, arrastando o rapaz bêbado, de forma bruta e violenta, quase o enforcando.
Eles correram para fora em seguida e ainda conseguiram ver o caminho que a dupla estranha tomava e então voltaram a persegui-los.
_Quem era aquele cara? _ o rapaz das adagas perguntou, enquanto acompanhava a guerreira á passos apressados.
_Pela armadura, é certeza que também faz parte da tropa do rei, mas reparei que ele possui um emblema diferente em sua braçadeira, como se fosse de uma posição superior. Um comandante talvez, em seu dia de descanso... _a mulher responde á ele e completa _ É a nossa chance de ouro. Esse deve ter conhecimento das informações confidencias do reino. Não podemos permitir que fuja, porque será ele quem nos revelará a fraqueza daquele castelo. _ e o olhar da guerreira ansiava por sangue. Ela precisava assim como Guts vingar a queda de Griffith e Judeau se surpreendeu quando viu o brilho refletido naqueles olhos negros, daquela para qual ele nutria os mais puros sentimentos.
Ω
Chegaram ao fim da rua de terra, que para a surpresa era sem saída. Estavam parados em frente ao casebre pequeno, construído em madeira, que parecia bem desgastada pelo tempo.
Antes avistaram os homens entrarem na casa e mesmo que, talvez, estivessem indo de encontro á uma terrível armadilha, não se dariam por vencidos e só sairiam dali com o que foram buscar.
Caminharam em fila indiana, com Caska liderando o caminho e a todo o momento mantinham suas mãos firmes sobre os cabos de suas armas, prontos para sacá-las se fossem surpreendidos. Tentavam a todo custo andar sem fazer barulhos, mas foi inevitável o som que se produziu debaixo dos pés da guerreira quando ela ao pisar na grama seca, quebrou ao meio um graveto podre. As caretas foram instantâneas e se entreolharam, esperando que os homens saíssem da casa, alertados pelo som, porém foi como se o ruído houvesse sido insignificante e insuficiente para chegar até os ouvidos deles.
Á pedido de Caska, Corkus ficou na lateral rente á parede de guarda, enquanto ela e Judeau prosseguiam até a parte traseira da casa, onde encontraram ao chegar, uma janela entreaberta, facilitando a entrada para eles.
O loiro de fato estava preparado para entrar e fazer o serviço sujo. Ajeitava suas facas afiadas e se posicionava para atravessar á janela. _ Não! _ foi o que Caska exclamou e ele olhou para ela. _Eu irei. Preciso que fique aqui de vigia e se algo acontecer lá dentro e algum deles tentar escapar, os recapture e se não for possível, mate.
Judeau não ficou contente com o perigo que a guerreira se dispôs a correr e não imaginaria como explicaria á Guts e Griffith, se algo acontecesse á ela, tampouco se perdoaria pela covardia de não ter feito nada para impedir a morte de quem amava, mesmo que a pessoa em si não soubesse desse amor. Mas ela ainda era a capitã, então ele aceitou sua decisão e não tentou argumentar. _ Tudo bem! Mas por favor, tome cuidado Caska. _pediu o rapaz, enquanto a via saltar para dentro da casa.
Ω
O interior fedia a mofo e para todos os lados, podia se encontrar grandes quantidades de pó de madeira, indicando que havia uma infestação de cupins pelas extremidades da casa. A impressão que aquele lugar escuro e gelado passava, era de que fosse ruir a qualquer instante, apenas por se respirar lá dentro. O cheiro de vômito azedo misturado com álcool impregnou-se em seu nariz ao passar por um cômodo que indicava ser o banheiro, no corredor principal.
Agora, com sua espada em punho, caminhou lentamente observando tudo ao redor e logo seus olhos vidraram no último quarto do corredor. A cada passo dado, mais se aproximava e conseguia enxergar a luz vibrante e amarelada da vela acesa, pela fresta da porta. E com o silêncio angustiante, sua audição ficou aguçada e logo captou estranhos barulhos abafados, vindo de dentro do cômodo e ao empurrar a porta o suficiente para ver, um arrepio correu por sua espinha e persistiu em se alojar na sua nuca.
Que diabos é isso? _ a mente da guerreira se assombrou com a visão. Como poderia ver tal coisa asquerosa, se antes, ambos os homens pareciam humanos normais?
A poça de sangue na beirada da cama aumentava de tamanho a cada segundo que passava, pelas gotas de fluído que escorriam do pescoço do guarda embriagado. Ele ainda respirava e parecia apenas estar desacordado. A outra figura por cima dele, era o comandante das cicatrizes e o mesmo se movimentava descontroladamente. As marcas arroxeadas de socos e arranhões no corpo nu e o sacudir da cama que rangia, demonstrava a brutalidade com que a criatura tomava o corpo abaixo de si.
Copulavam como animais selvagens e os rosnados guturais do homem ruivo eram assustadores para Caska. Os sentidos do comandante hibrido estavam tão confusos pela relação que tinha , que não percebeu a presença da guerreira no quarto. Seu foco era continuar o ato animalesco, enquanto se alimentava do sangue do outro.
_Ei aberração. Pare com isso, se não quiser morrer. _ a intenção da mulher ao interromper aquilo, não era por pena do que estava sendo violado. Para ela pouco importava se eles se matassem. Era chocante e sobrenatural, claro, mas precisava de respostas e mesmo que a situação fosse macabra, gritou com sua espada apontada para ambos.
_Eu sei que você serve ao rei de Midland. Me diga agora, o que ele planeja contra o bando do falcão e quais são suas ordens? _ perguntou totalmente enraivecida.
_Quem é você? Esse cheiro... Você é uma mulher não é? Meu olfato nunca me engana e esse odor nojento poderia ser sentido a quilômetros. _ o sanguessuga respondeu com a boca lambuzada de sangue e permaneceu enfiando seu pênis com rapidez dentro do rapaz.
Então num salto, a criatura caiu de pé em frente á mulher. Os dentes pontiagudos exibidos num sorriso maldoso. E sem que pudesse perceber o ataque, foi agarrada pelo pescoço com força pelas garras do homem e suspendida. _Eu até poderia me alimentar de você, sugar até a última gota enquanto presencio sua vida se esvair, mas eu vomitaria. Você pode tentar agir como um homem, lutar feito um, ter os músculos de um, mas no fim será apenas mais uma mulher á procura de alguma felicidade, de algum honrado homem que a possa resgatar desse mundo cruel. _ ele apertou mais forte e Caska gemeu pela dor e pela falta de ar. _Portanto fique tranquila, te darei uma morte indolor e seu sofrimento neste mundo acabará. _ a criatura falou, baforando seu hálito ferroso e quente no rosto da mulher, que quase desmaiando, conseguiu unir forças e reagiu.
Ela jogou a espada para cima e a agarrou de forma contrária, com o cabo desferiu um golpe certeiro e forte nos dentes da besta, que á soltou totalmente aturdido. E sem dar nenhuma chance para que o monstro pudesse contra-atacar, a guerreira movimentou sua lâmina no ar e a girou na direção do pescoço, fazendo um corte profundo e perfeito que decepou a cabeça completamente, deixando o corpo estrebuchando e esguichando sangue, como se houvesse uma chuva vermelha no quarto e por fim viu o saco de carne morta tombar ao chão.
_Que merda. _ ela murmurou ofegante, enquanto encarava o corpo, conferindo para ver se não se mexia e ao levantar os olhos, foi surpreendida pelo rapaz que era estuprado, sentando á cama. Em suas mãos ele tinha a cabeça decepada do comandante e Caska pode perceber as lágrimas nos olhos daquele jovem ao avistar todo o sangue espalhado pelo lugar. Para sua surpresa aquele choro não era porque ele estava vivo e livre, mas sim uma lamentação de alguém que perdeu uma pessoa especial em sua vida e ao presenciar o homem acariciar os cabelos ruivos e beijar os lábios frios daquele pedaço de carne sem vida. Ela teve a certeza de que aquele mundo era amaldiçoado e de que as pessoas eram seres distorcidos, capazes e suscetíveis á tudo.
Ω
Judeau estava impaciente e preocupado, quase indo contra as ordens e invadindo a casa.
Foi quando viu a capitã retornar pulando a janela e de cara percebeu que algo ruim tinha acontecido pela quantidade de sangue em seu manto.
_O que aconteceu? Esse sangue é seu ou deles?
_Calma. Não é meu. _ ela respondeu com um semblante meio triste e o loiro suspirou aliviado, mas permaneceu com um olhar interrogativo.
_Vamos embora daqui. No caminho explico o que aconteceu. Agora o mais importante é avisar á Guts sobre o que o rei planeja._disse e os três saíram do local já ao entardecer. E após caminharem por algumas horas pelas estradas de terra, retornaram á colina e já era noite quando cruzavam o rio, que levava ao casebre de Godo.
Quando chegaram, Guts os levou diretamente para o quarto onde Griffith estava. A guerreira ao encontrar o albino acordado e estável, não aguentou a tamanha emoção e correu até a cama, se jogando sobre o corpo do rapaz. O abraçou e chorou em seu colo, enquanto os outros três sorriam, também demonstrando felicidade pela evidente recuperação do falcão.
A reação da mulher era compreensiva. O rosto corado e demonstrando vida, totalmente diferente do rosto pálido e inerte como se estivesse morto, que viu antes de deixar o acampamento era surpreendente. Ele parecia ter retornado do mundo dos mortos.
Ficaram na presença do albino por algum tempo, porém não tocaram no assunto do ataque ao castelo de Midland á pedido de Guts, que havia os alertado que mesmo que o falcão estivesse melhorando, seria bom poupá-lo do estresse e que quando chegasse o momento iria conversar com ele. Eles concordaram e após usufruírem de uma simples refeição na casa, foram para o acampamento descansar.
No dia seguinte, o mercenário reuniu todos dentro da casa e fizeram uma reunião, sem a presença do falcão. E ali se iniciou os preparativos para a emboscada e ataque das tropas ao redor do castelo. Que pelas informações não seriam muitas naquele dia.
Num dos quartos da casa, onde o ferreiro guardava armamentos sem uso, ou que haviam sido devolvidos. Guts encontrou várias espadas, alguns escudos e outras peças de guerra, como se Godo tivesse adivinhado que elas serviriam de uso algum dia, as mantendo ali.
Na reunião ele jogou todas as armas no chão e pediu para que todos pegassem as que lhe fossem adequadas, de forma que pudessem manejá-las sem dificuldades na hora da batalha e todos o fizeram. Pediu para que se preparassem, comessem e dormissem o suficiente, porque na primeira lua cheia colocariam o plano em ação e invadiriam as muralhas.
Após terminarem de conversar, todos foram treinar, mas Caska e Judeau ficaram junto ao mercenário. Nessa hora ela o deixou a par de todas as informações que descobriu e tudo coincidiu de acordo com o que o ferreiro tinha lhe avisado, porém a noticia de que Charllote, a princesa, tinha desaparecido do castelo deixou Guts curioso. Boatos corriam; alguns diziam que a mulher foi mandada para o exílio em outro lugar além da fronteira. Outros afirmavam que ela após ter sido corrompida por Griffith e tê-lo ajudado a escapar das masmorras, havia enlouquecido de saudades e na noite seguinte fugido sem que ninguém a visse. A verdade era que nenhuma pessoa sabia realmente o que tinha acontecido. A única certeza era que ela nunca mais havia sido vista.
A informação para Guts foi boa. Claro que antes de tudo ele não tinha nada contra a tola garota, porém agora era diferente. Não perdoaria nem mesmo á ela, quando iniciasse sua matança pelos corredores do reino, mas Griffith tinha pedido pela vida da mesma e no fundo ele sabia que o falcão á usaria novamente, se casando com ela para apaziguar as relações entre os reinos e a igreja, após tomarem á força o trono. Porém agora com as novas circunstâncias, a situação estava á seu favor e isso o incentivou ainda mais em dar a Griffith aquele reinado, com a certeza de que o falcão nunca mais iria precisar se humilhar ou sacrificar seu corpo para obter o que queria, assim como havia se sujeitado á Charllote e Gennon.
Ω
Dias se passaram e tudo estava pronto. O plano de ataque fora perfeitamente arquitetado e planejado minuciosamente nos mínimos detalhes para que não houvesse nenhum erro, nenhuma baixa do bando e principalmente visando no final à vitória. Mas mesmo que tudo parecesse já conquistado para Guts, o guerreiro permaneceu inquieto nos últimos dias. Griffith não poderia ir com eles e por isso teria que permanecer na casa, sozinho pela escassez de soldados que dispunha a tropa. Por mais que estivesse insatisfeito e quisesse o levar consigo, ele era a liderança, com isso a decisão de deixar o outro escondido na casa era a mais sensata, já que se o levassem, acabaria sendo um estorvo na emboscada. O momento era decisivo e correr aquele pequeno risco era preciso.
Na véspera da lua cheia, reforços de madeira foram pregados nas portas e nas janelas do casebre de Godo, afim de que aumentasse um pouco a segurança que o local não tinha. No mesmo dia, Guts foi até o quarto do falcão e conversou com ele á respeito das estratégias e do que iriam fazer passo –a –passo. Griffith ouviu tudo e concordou com a decisão de permanecer ali até que a invasão terminasse, mas pediu que quando fossem buscá-lo, que deveria ser Guts a ir e o pedido feito foi seguido de um sorriso terno, que para o mercenário foi entendido como uma demonstração de confiança, como se Griffith lhe dissesse “Confio minha vida á você” somente por esboçar os traços de um sorriso.
O falcão estava em paz agora e em seu coração sabia que dessa vez Guts retornaria em qualquer circunstancia ou estado, que veria aflito aqueles ombros largos se afastarem novamente, mas que os instantes de dejá vu seriam soterrados quando o grande homem o encarasse com o rosto suado e com o corpo totalmente banhado em sangue estendendo-lhe a mão para levá-lo dali, para que pudessem iniciar uma nova era juntos. Sua confiança em Guts era tão forte como seu amor pelo guerreiro.
“Eles querem te ver” Foi exatamente o que o mercenário disse em seguida á Griffith, se referindo aos membros do bando, que desde que o capitão saiu da masmorra não tinham visto seu rosto. Entretanto, os olhos do falcão se entristeceram. Não se sentia confiante em aparecer para eles. E Guts percebendo que o mesmo estava mal, tocou em suas mãos e as puxou para si, abraçando Griffith pela cintura. Era um abraço contido, mas reconfortante e o mercenário elogiou a beleza do falcão, garantido para ele que mesmo que o retalhassem e que ficasse totalmente desfigurado, ainda assim seria o mais belo e o mais habilidoso espadachim que o bando já conhecerá em suas vidas. Que os homens que o aguardavam, não estavam ali para julgá-lo, mas sim para jurarem sua lealdade mais uma vez, antes que partissem para lutarem por ele. E concluiu dizendo que ele ainda era um líder. Que nada poderia apagar seus feitos, muito menos sua condição física.
Então Griffith segurou os cotovelos de Guts e o encarou. Suas mãos foram de encontro ao rosto do moreno e seus dedos começaram á percorrer sobre a cicatriz no topo do nariz, explorando curiosamente a área e em meio ao toque disse ao mercenário que aceitaria ir até o acampamento e finalizou debochando da forma como ele o derrotava tão facilmente.
Em desejo pela proximidade Guts age por impulso e leva seus lábios de encontro á boca do falcão, empurrando a mão do outro com o rosto na investida, mas o albino o para.
_Melhor não._ ele diz. E o outro consente com a cabeça, totalmente desconsertado.
_Eu preciso guardar forças e me baseando na última vez que me beijou... Você não conseguiu parar e eu desmaiei. _ ele continuou e Guts enrugou a testa.
_ Lógico que não odiei. Só de te olhar eu sufoco por dentro. Naquele momento eu pensei que você iria me quebrar, mas estava tudo bem porque eu gostei da pressão, da dor que seus braços me causavam. Mas agora o momento é critico e preciso que você se mantenha focado no objetivo. Ordeno que volte vivo para mim, mesmo que sejam seus últimos minutos de vida, se arraste e morra em meus braços._ concluiu o albino sorrindo.
O único que está sendo derrotado aqui sou eu. _pensou Guts, retribuindo com um breve sorriso.
E sem tardar levou Griffith para o acampamento.
No momento em que saiu do quarto, fez questão de chegar ao campo de pé. Claro que por conta própria seria impossível, mas com o apoio do mercenário ele se forçou e conseguiu se arrastar até os fundos do casebre.
A noite era fria e o céu estava limpo, sem nenhuma estrela aparente, entretanto a lua por sua vez já reluzia tão grande e redonda como se fosse um holofote sobre Griffith, o iluminando.
_Vejam! Griffith... _ anunciou o rapaz ruivo e seus outros dois companheiros o seguiram, gritando entusiasmados ao avistarem o falcão se aproximar.
Todos os remanescentes estavam ali reunidos.
Uma fogueira média queimava em labaredas altas bem ao centro do local e Corkus á alimentava com finas lascas de madeira para que o fogo pudesse durar mais algumas horas.
Logo Judeau, o anfitrião perfeito vai ao encontro deles e também oferece seu ombro para ajudar o albino, que aceita se apoiando nele.
Griffith conseguia ver a silhueta dos outros em meio à luz vibrante e estranhamente duvidou de si mesmo, com medo de que pudessem ver muito dele, ainda que fosse noite.
_Não precisa se preocupar. _ Guts sussurrou ao seu ouvido, quando o ajudava a sentar-se sobre um toco talhado de árvore. O albino não havia deixado aparentar em seu rosto o nervosismo, nem sua falta de confiança, porém Guts pareceu ler seu interior, como se compartilhassem dos mesmos pensamentos.
Quando a grande figura robusta de Guts deu um passo para o lado liberando seu campo de visão, bem mais nítido ele pode ver os rostos que o encaravam. Os olhos de Caska ainda brilhavam e provavelmente ardiam com mais intensidade do que as chamas quentes da fogueira que esquentava seus corpos naquela noite. As outras reações foram atônicas, sem nenhum movimento de inicio.
E por causa disso...
A fisionomia de Griffith como que feita de pedregulho nem se alterou, porém o conflito interno vinha à tona tão intensamente que se não fosse pela presença marcante de Guts ao seu lado, sucumbiria novamente á escuridão.
O medo de ser visto como um inútil, de olhá-los e ver a pena refletida naqueles olhos o retalhava por debaixo da pele. A sensação de dormência no corpo começava a surgir e envergonhado pôs a mão sobre o rosto, escondendo as cicatrizes feias.
No fundo ele esperava essa reação, sabendo que sua imagem deteriorada impactaria os que antes seguiam á um guerreiro perfeito.
Logo, algumas vozes se exaltaram e Griffith ergueu novamente os olhos para frente. E a cena que viu com certeza foi marcante e daria para divertir muitas pessoas no futuro, apenas por comentar sobre o fato. Seria como um daqueles acontecimentos estranhos e inusitados que todos os pais têm para contar aos filhos.
A impressão que ele teve no momento foi de que o tempo tinha regredido ao que era antes. Quando patrulhavam pelo território de Midland, quando após as batalhas ficavam a toa sobre as montanhas apenas passando o tempo e admirando a natureza. Do tempo que mesmo em meio á um mundo perdido e de anarquia, ainda conseguiam se divertir e sorrir como pessoas normais. O mesmo tempo em que achou que seu belo rosto e sua bela voz eram o suficiente para dobrar a vontade de qualquer um e os transformar em servos fiéis, prontos para morrerem a seu comando. Sua tolice foi achar que tudo isso não teria um preço á ser pago.
E as gargalhadas dos soldados transmitiam uma energia melancólica e tão calorosa que sem perceber sorriu.
Guts fez uma cara de incomodado ao observá-los e Judeau se esforçava para segurar a calça de Corkus. A vulgaridade do homem só afetava Caska, a única mulher entre eles. Ela não hesitou e virou-se de costas para os rapazes, totalmente indignada.
O louco teimava em tentar arriar sua calça, deixando a vista sua ceroula meio esfarrapada e desbotada._Me solte... Eu só quero mostrar ao capitão minha cicatriz de guerra.
_Enlouqueceu de vez? Quer deixar todos enjoados? Ninguém quer ver seu traseiro marcado. _ O loiro argumentou com ele, forçando a base do tecido para cima. A fim de cobri-lo.
Até que uma gargalhada conhecida soou em seus ouvidos e viram quando o som saiu da garganta do falcão.
Pasmos, seus olhos lacrimejaram e suas feições se tornaram tão serenas quanto às tardes do outono ao som suave do canto dos pássaros. A semente da esperança parecia brotar outra vez.
_Judeau deixe que ele me mostre. _ a voz do falcão os trouxe de volta a realidade e pediu ao rapaz para que soltasse Corkus. Guts ao ouvir aquilo o encarou sério.
_Se você tem estômago para ver isso... Eu vou me juntar á Caska, ela é a única sensata por aqui. _ avisou o rapaz em um tom debochado, largando a calça do outro e foi em direção á guerreira.
Guts lançou um olhar demorado e mortificador para Corkus, que estremeceu e abriu a boca, mas a fechou em seguida.
_Vamos guerreiro, abaixe suas calças. _e o homem ruborizou com o pedido do albino. Não sabia o que fazer. De inicio ele queria se exibir ou quebrar o gelo, mas o olhar poderoso de Guts o fazia repensar em sua decisão.
Por fim ele virou de costas e revelou sua bunda e na nádega direita havia uma cicatriz pequena, tão pequena que o falcão precisou estreitar os olhos para que conseguisse enxergá-la e a mesma era enrugada como se tivesse sido mal costurada.
Com o rosto vermelho quase que explodindo de vergonha, ele permaneceu parado por alguns instantes na vista dos olhos de quem quisesse olhar. Claro que a parte desnuda de Corkus não provocou nenhuma reação em Griffith, mas Guts perdeu as estribeiras.
_Chega. Já basta Corkus._as palavras dispararam da sua boca como se fossem tiros, forçando Corkus á se vestir logo.
O homem ficou tão sem jeito que nem quis refutar ou brigar com o mercenário como sempre fazia. Vestiu-se e sentou em seu lugar ao redor da fogueira.
O moreno logo se tornou pensativo. Havia se exaltado por algo tão idiota e na frente de todos.
_É uma marca e tanto Corkus...Digna de um soldado do bando. _comentou Griffith, sorrindo.
_Po-pode ser... Mas a minha não chega aos pés dessas aí._ apontou para o rosto do albino de forma desinibida. _São tão maneiras e estranhamente o deixou mais belo. _ completou o homem envergonhado, mirando a fogueira enquanto falava e todos ao redor concordaram.
_Dignas de um bravo líder!_exclamou Guts com naturalidade na voz, encarando os olhos azuis de Griffith, que oscilavam pelas chamas da fogueira refletidas.
No mesmo instante Corkus bufou. Parecia um galo querendo marcar território._ Porque você está sentado ai? Você é um pouco grande demais e ao lado dele parece maior. Sai..._implicou com Guts e o mercenário deu de ombros.
E assim a noite foi passando entre discussões e risos. Até que o frio se intensificou, anunciando a chegada da madrugada e quando a fogueira se apagou, deixando apenas brasas, todos seguiram para suas tendas.
Eles deveriam descansar, mas Guts estava inquieto, encurvado sobre seus joelhos, sentado à beira da cama. _Hoje mesmo que pouco, a confiança deles se renovou quando te viram... Você fez certo em ir._ falou como se agradecesse.
_Eu não queria ir. Porém de alguma forma tudo fluiu bem tanto para eles quanto para mim. Obrigado por insistir.
_Eu não me lembro de ter insistido. Só falei uma única vez que eles queriam ter sua presença._ ele virou seu rosto para a cama e olhou dos pés á cabeça, o albino.
_Posso te fazer uma pergunta?
_Uma segunda pergunta você quer dizer e sim, faça.
_Você realmente acredita que eu seja capaz de liderar nesse ataque? Digo... Você me conheceu antes e sabe que não mudei em nada. Eu sou uma arma e nunca tive pessoas me seguindo ou esperando algo bom de mim, então me assusta saber que amanhã os terei sob meu comando. _ ele falou baixo, revelando nas palavras o sentimento de culpa e o temor pelas vidas dos que sobraram do bando.
_Eu percebo que você está onde quer estar. Conforme for, permita que Caska lidere amanhã e apenas faça o que sempre faz de melhor que é matar... Mas eu enxergo que sua capacidade é imensa e mesmo que não vença, eu sei que você deu tudo de si e é essa perseverança que queima ai dentro que um dia fará multidões se curvarem sem que precise derramar sangue._ a voz do albino era branda e as palavras dele para Guts sempre eram de extrema importância porque o mercenário conhecia sua inteligência e sua sinceridade.
_Eu o invejo muito por isso. Você nunca desiste, não importa o que aconteça... _Griffith se remexeu na cama, enquanto o moreno refletia sobre o que tinha escutado.
A visão das costas de Guts sempre era o suficiente para causar um pavor interno ao acinzentado. Ele jamais poderia se esquecer de quando o espadachim se afastava indo embora e os demônios ainda o fizeram relembrar da forma mais dolorosa e cruel aquele momento repetidas vezes em seus pesadelos. Queria ver seu rosto a todo instante. Era como se temesse esquecer o formato, a feição de Guts e ficar incapaz de reconhecê-lo. Então sem que percebesse, estava puxando a roupa do outro. _ É melhor se deitar. Tudo vai acontecer como tem que acontecer.
_Não perca seu tempo tentando me convencer de que existe um destino. Eu sempre disse que não acredito nisso e que sou eu mesmo que faço o meu. _ ele foi imparcial em suas palavras e Griffith o soltou.
Depois disso Guts se deitou, mas viu que o falcão tinha virado para o outro lado e rapidamente se conformou em apenas admirar aqueles cabelos compridos.
-Chegue um pouco mais perto. _ a voz sussurrante o surpreendeu, mas logo que assimilou o pedido, ele se moveu diminuindo a distância que havia entre os corpos.
Para Guts estava ótimo assim. Aquela proximidade já conseguia transmitir o calor de ambos e o cheiro de ervas que exalava do outro era como um calmante para dormir, que no seu caso só o deixava mais agitado.
Griffith logo sussurrou outra coisa, entretanto ele não conseguiu entender e pediu para que repetisse.
_Você se importaria de me abraçar enquanto durmo?_ como o homem poderia recusar se na única vez que provou daqueles lábios, já se tornou um viciado. _Tudo bem. _ ele respondeu. Passou seu braço esquerdo sobre o corpo do albino e enquanto ajeitava o direito para que não ficasse dormente, Griffith virou seu corpo, ficando de frente para ele.
_Eu preciso ver seu rosto para que eu possa me lembrar. Olharei bastante pelo tempo que tenho. _ e Guts ficou sem jeito com a encarada que Griffith lhe dava. E mais assustado ainda com o desejo primitivo incontrolável que o tomava por dentro ao fitar os lábios avermelhados e rachados do homem á sua frente.
O que é isso? É tão diferente de tudo que já senti... É intoxicante. _ ele pensou em meio ao caos que acontecia dentro de si.
Já Griffith permanecia o admirando em silêncio.
Eram apenas os dois se olhando.
Guts não deixava transparecer a guerra que era travada em seu interior, mas o seu olhar não podia enganar, muito menos á Griffith que se lembrou daquele mesmo brilho nos olhos do mercenário quando o tinha beijado.
A fome nesses olhos... Atraindo-me como uma presa fácil. _ele compartilhava dos mesmos pensamentos.
_Er. Como está seu ferimento no pescoço?_ perguntou Guts, procurando um pretexto para que pudesse tocar a pele de Griffith e sua voz saiu rouca ao falar. A facilidade com que o albino virou a cabeça para lhe mostrar a ferida, o deixou mais atiçado.
Ele tocou com as pontas dos dedos a pele saliente do corte. _ Dói? _ perguntou percebendo que ainda estava muito sensível, pela expressão que Griffith havia feito.
E o albino respondeu que só doía um pouco. Nisso os lábios de Guts foram parar sobre a área machucada e o rapaz apertou os olhos pela quentura daquela boca. Um beijo suave e seco, mas que quando terminou produziu um estralo tão excitante que o fez desejar por mais.
A respiração de ambos se tornava pesada e apressada. As batidas do coração se aceleravam.
_Você é o único que faz eu não ser eu mesmo. Não consigo pensar direito Griffith._ ele não queria gemer enquanto sussurrava, mas os leves sons saiam da sua garganta sozinhos e para Griffith, se o pecado pudesse falar, seriam os gemidos de Guts que falaria.
Por ultimo ele disse._ Me expulse agora e eu sairei... Mas se permanecer me olhando com esses olhos em silencio, eu vou continuar. _ ele deixou que Griffith decidisse e mesmo que o controle sobre o seu corpo estivesse danificado, respeitaria a decisão e sairia do quarto.
Mas aquele sorriso tão lindo que o lembrou do passado veio seguido da voz de igual beleza. A voz que mesmo masculina era suave e gostosa. _ Só lembre-se de parar algumas vezes para que eu possa respirar._ pediu o falcão com os olhos apertados.
_Eu tentarei, mas não vou prometer nada. _ A voz dele que antes era apenas rouca, agora soava dura e áspera no ouvido de Griffith. E aquilo só o fez se entregar mais ao momento, enquanto seus lábios eram tomados pelo mercenário.
Enquanto se beijavam, Guts apertava inconscientemente as partes de seu corpo e a cada gemido resmungado que o falcão dava, ele intensificava o beijo. A língua se movendo em círculos dentro da boca de Griffith, mantendo a tortura. Eles realmente perderam toda a noção de identidade. Cada célula de seus corpos estavam concentradas naquele beijo profundo e molhado.
Mas dessa vez ao menos ele conseguia parar e se preocupava em não subir com o seu corpo sobre o falcão. Porém nas vezes que cessava com o beijo para que Griffith pudesse respirar, ele sentia falta. Eram poucos os segundos, mas para ele parecia uma eternidade. E para preencher o vazio que sentia na boca, ele investia em outras áreas do corpo de Griffith. O albino enquanto tentava regular sua respiração, arfando, espiava com os olhos trêmulos a cabeça de Guts que se mexia continuamente sobre seu pescoço, clavícula, ombros. Em todas aquelas partes ele havia marcado. Os chupões eram inevitáveis e como Griffith não reclamava ele lambia e chupava firme, com uma força descabida. A sensação era dolorida, mas doce para Griffith e aos seus olhos o outro parecia uma criança explorando um lugar misterioso.
Guts não passava daquele ponto, respeitava os limites e sabia até onde podia ir, mesmo querendo conhecer a sensação que era fazer sexo com seu antigo líder. Era impossível, mas ele parecia estar contente só com os beijos e os gemidos de Griffith. Permaneceram por quase uma hora naquelas caricias e beijos selvagens. Até que já não aguentando mais, o albino caiu no sono. E Guts ficou encarando sério, a pele branca que fora totalmente marcada pela sua boca.
Se recriminando por dentro ele subiu o cobertor cobrindo Griffith até o pescoço e permaneceu olhando para ele até que o sono chegasse.
Ω
A hora havia chegado e antes do nascer do sol todos já estavam prontos para o ataque. Montados em seus cavalos e com seus armamentos de guerra afiados e bem calibrados se preparavam para partir.
O medo no rosto de alguns só demonstrava a loucura que tinha sido aquela ideia de tomar o castelo. Não havia nem meia dúzia de soldados no bando e o rei possuía uma tropa imensa, além de que poderia pedir apoio á reinos aliados, aumentando bem mais seu exército. Seria um ataque suicida até aos de quem não entendia de guerras, mas eles confiavam suas vidas á Guts. O homem que matou mais de cem soldados, que libertou Griffith das masmorras e que lutou exaustivamente num mundo sombrio para salvar o bando e o falcão dos demônios. Se eles seguiriam alguém que não fosse Griffith, esse alguém seria Guts.
A casa já estava trancada com Griffith seguro dentro. O tempo ainda frio, com uma densa neblina fez Guts parar seu cavalo e olhar para a janela do quarto. Ele estava preocupado, imaginando que pela sua ausência Griffith poderia ter uma daquelas febres outra vez. Questionou-se se aquele ataque realmente seria o certo, se aquilo era realmente necessário. Era claro que se prosseguisse não seria por ele, mas sim por Griffith. Ele não precisava de um reino e riquezas, ele só precisava do falcão agora e isso ele já possuia. Porém se ele aplacasse a dor de Griffith com a morte do tirano que tanto o feriu e ainda por cima dar aquele reinado para ele, então valeria o risco.
_Algum problema Guts? _ Caska chamou sua atenção percebendo que o mesmo hesitava, segurando as rédeas de seu cavalo.
_Deixou alguma arma para que ele possa se defender? _ ele perguntou olhando para ela, que respondeu acenando positivamente com a cabeça._ ele preferiu uma adaga por ser mais leve que uma espada... Ele ficará bem. A colina é pouco conhecida e o caminho para cá é meio complicado para desconhecidos._ ela comentou, tentando suavizar a aflição do guerreiro.
Então partiram ás pressas desejando que tudo desse certo até o fim. E Guts foi a todo o caminho entre os galopes de seu cavalo marrom, pensando no rosto de Griffith.
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