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História O bastardo - Filho da puta mor


Escrita por: OTB

Capítulo 5 - Filho da puta mor


Embora eu geralmente responda e afronte muito as pessoas, naquele momento senti medo e a pressão sobre mim deu um nó na garganta, deixando minha voz calada.

No meio do trajeto paramos em um posto de gasolina e entregaram um uniforme parecido com um terno branco e macio com um símbolo pequeno na região esquerda superior do meu tórax, de duas espadas na frente de um coração vermelho com louros a sua volta, uma gravata preta e uma faixa branca para esconder meus seios.

Quando me virei para ir ao banheiro, senti uma mão pesada segurar meu ombro direito com força, encolhi meu corpo com a dor e recuei pedindo para que parasse.

-Antes de sair, precisamos dar um jeito nesse seu cabelo –Paulo disse e segurou meus fios com força puxando-os para trás, gritei, soltei o uniforme deixando cair no chão e levei as mãos à cabeça com dor.

Um dos motoristas se aproximou e socou meu rosto dizendo que sujei a roupa e jogando-me para o lado, caí de joelhos colocando a mão no lugar e o assistente voltou a levantar minha cabeça com ódio.

Então pegaram uma tesoura e foram cortando e fazendo o penteado curto, quando acabaram ordenaram que eu fosse logo porque iriam dar apena 5 minutos para trocar de roupa, ou tiraram-me de lá a força.

Peguei o que precisava e saí correndo para o banheiro, entrei e tranquei a porta rapidamente, porém quando olhei o espelho, vi como estava e deixei algumas lágrimas caírem mesmo que lutasse para permanecer forte.

O lugar era imundo e fedido, as portas com a madeira descascando, papel higiênico para todo lado, espelho sujo e com as bordas mucosas, haviam apenas uma janela no alto e dois boxes sujos.

Coloquei a farda rapidamente e passei a mão pelo cabelo curto querendo chorar, senti a tristeza por ter sido transformada em algo que não sou e sendo obrigada a continuar com esta máscara de merda.

Soquei a pia querendo gritar, fechando os olhos com força querendo verdadeiramente que tudo não passasse de um pesadelo, bati novamente o gesso tentando extravasar o sentimento horrível dentro de mim.

De repente, um barulho estrondoso ecoou pelo local de alguém esmurrando a porta, Paulo gritou para que agilizasse ou entraria ali a todo custo e daria um esporro em mim. A cada segundo ele soava mais aterrorizador.

Limpei as lágrimas e saí rapidamente, desviando de suas mãos pegajosas dizendo que sabia muito bem andar sozinha e não precisava ser empurrada para lá e cá, queria manter o máximo de distância possível desse cara.

Entrando no carro e de volta a estrada, percebi que aceitei ir para a escola a fim de me aproveitar deles e no final acabei caindo na armadilha e sendo usada. Porém ainda havia esperança de me livrar dessa, afinal esse tipo de vida é extremamente pública, Theodor tomaria consciência e acabaria com essa droga de uma vez.

Também considerei o fato da mídia descobrir, entretanto isto prejudicaria quem eu não tenho certeza se gostaria que sofresse as consequências de algo que não fez.

Olhei para Paulo querendo enfrenta-lo e sentindo a culpa por ter medo e não conseguir, a pessoa aqui, que afronta qualquer um batendo no peito, agora fica quieta e abaixa a cabeça, me sinto meio hipócrita.

Após algumas horas, chegamos ao reino de Quill, onde estava a escola na capital chamada Dobun no meio do território, que demorava ainda mais duas horas para finalmente chegarmos e oficializar tudo.

O caminho inteiro os homens foram conversando sobre assuntos banais e desinteressantes, enquanto o rádio tocava um rock antigo e lá fora as pessoas olhavam o carro passar pelas ruas sob o sol do entardecer, alguns caminhavam pelas calçadas, se reuniam em bares e restaurantes, ou só olhavam o movimento pelas janelas das casas.

Quando finalmente nos aproximamos do nosso destino, fiquei deslumbrada pela pompa e luxo do castelo, com o imenso jardim da frente com plantas de um verde vivo e flores de várias cores podadas minuciosamente, o chão ladrilhado com pedras cinzas e polidas, a construção enorme da cor branca, que segundo algum jornal na minha memória dizia ser feito no estilo neogótico de arquitetura, mas para mim era só um alcácer pontudo.

O carro parou na porta grande e negra, saí acompanhada infelizmente de Paulo que insistia em permanecer do meu lado, alguns vigilantes fazendo suas rondas olhavam curiosos para nós, e um deles, acreditei ser o chefe da segurança, veio ao nosso encontro.

-Olá, eu sou Escobar, responsável pela patrulha da escola –Apresentou-se estendendo a mão para o moreno e depois para mim, ato estranhado por mim até lembrar que agora sou vista como homem –Vocês são do reino Omarin?

-Sim, como avisei para a diretora, este é Jonas, filho de sua Alteza rei Theodor, o qual veio estudar neste belo estabelecimento a mando de seu pai –Falou Paulo cheio de floreios, a boca aberta mostrando os dentes e uma cortesia falsa.

Logo, o servidor guiou-nos para dentro do lugar, o hall de entrada possuía um tapete vermelho no centro, chão negro de azulejos limpos e refletindo o que estava acima, as paredes beges com quadros de reis lendários, ex-diretores e alunos ilustres, e o teto de ouro com anjos dourados nas pontas.

No início da escada branca, uma mulher elegante com cabelo castanho longo e cacheado, alta, de pele escura e olhos castanho-escuro, usava um blazer junto a uma saia azul escuros e com uma blusa branca de manga longa por baixo, salto alto preto e um lindo sorriso no rosto.

-Bem-vindos, vocês dois devem ser Paulo e Jonas, sou a diretora Conlus e espero que tenham tido uma ótima viajem –Apresentou-se graciosamente –Escobar, por favor leve o senhor Turien à coordenação para terminar a burocracia, eu me encarrego de acolher o novo aluno –Pediu encarando-me de uma maneira estranha.

Os dois então afastaram-se rapidamente, mas não sem antes o filho da puta mor dar um aperto forte em meu ombro esquerdo como um sinal de aviso. Quando sumiram da vista, suspirei aliviada e consegui relaxar um pouco os músculos.

-Algum problema? –Perguntou calmamente, porém respondi imediatamente que não, estava tudo ótimo –Se acontecer algo, não hesite em vir conversar comigo, imagino como deve ser difícil ser um filho bastardo, os julgamentos e olhares, ainda mais com seus traços mais femininos.

Engoli em seco, já tendo a paranoia de estar no meio de príncipes privilegiados, que provavelmente vão lixar-me por ser fruto de um casamento, se por alguma sorte do destino serem desconstruídos o bastante para ainda não fazer bullying por preconceito. Ferrou.



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