•✩。:*•.───── • ❁ 4 anos antes ❁ • ─────.•*:。✩•
— Como a senhora está se sentindo? — a criada perguntou, ajeitando os grampos que prendiam o vestido na cintura da princesa coroada.
— Estou bem — disse, mas seu olhar era vago.
— Qual o problema, minha princesa? Ora Kanae, não minta para mim, sei que está chateada.
Kanae olhou para longe, pela janela.
— A felicidade dos meus pais, era eles saberem que um dia eu me tomaria rainha... Mas para isso... — ela suspirou fundo e se entristeceu.
— Ah, Kanae. Não pense nisso, neste momento você está se preparando para ser exatamente o que os seus pais queriam. — a mulher a animou. — Não está ansiosa para sua coroação? —ela fez uma pausa — Ou para o seu casamento — a serva piscou um dos olhos para Kocho e deu uma risada.
Kanae fez uma expressão de chateação.
— Eu...
— Você? — a serva a questionou — Não está animada?
— Não sei, sempre sonhei em me casar — ela desceu do pedestal — mas não dessa forma. Quero dizer, no final das contas sempre soube que meus pais escolheriam um noivo para mim, mas achei que eles fariam isso ainda em vida, assim pelo menos eu acredito que poderia contestá-los caso fosse uma escolha absurda. Mas mortos...
— Não pense nisso, minha querida. Sabe que seus pais jamais fariam uma escolha ruim para você. — a criada andou até a Kocho e colocou a mão em seus ombros.
— É, eu sei — ela caminhou lentamente até a sacada e observou uma pessoa logo abaixo. Seu primo e suas duas esposas. — Mas me pergunto porque esse foi o pedido deles para mim antes de morrerem.
A futura Rainha Das Borboletas foi criada desde sempre para ser o espelho da mãe, e se casar com um homem que fosse um espelho do pai, uma visão um tanto narcisista dos pais? Talvez. Mas eles eram pessoas incríveis, tanto como pais quanto como reis.
Caminhando pelo corredor do palácio das borboletas, Kanae observou por sua janela uma caravana se aproximar. Ela foi rapidamente até a sacada e observou vindo pela rua principal a caravana com uma grande bandeira com um símbolo. O Clã Do Vento.
Kocho mordeu o lábio em nervosismo.
— Senhorita — Alguém atrás da mulher a chamou
Ela se assustou.
— Aí. Por Deus — Kocho levou a mão ao coração.
— Perdão milady — o mordomo da mansão reverenciou — A caravana do Clã Do Vento se aproxima, eles verão a coroação e...
Kanae encarou o homem com uma certa tensão
— Está na hora de conhecer seu noivo — Ele disse por fim.
Kanae fechou os olhos e respirou fundo.
— Estou indo.
As portas da sala do trono abriram, logo após a escadaria, estava o trono que Kanae se sentaria como rainha, em breve. Ela respirou fundo, vendo suas irmãs a esperando ao lado dele.
Com passos delicados e firmes, a mais velha caminhou segura até o trono, seu logo vestido roxo beijava o chão, enquanto sua capa, aberta na frente e bordada como asas de borboletas atrás, davam a impressão que faria ela voar como uma. Kanae estava com os cabelos soltos, coisa que era difícil de se ver. Mas ela ficou magnífica daquela forma. Já em frente ao trono, a mulher sorriu para as irmãs e se virou para o salão, esperando a comitiva de seu noivo.
— Eles já estão aqui, senhorita — O mensageiro sussurrou para ela.
— Abram os portões — ela disse baixo.
— Abram os portões! — o homem gritou.
A cada ranger dos grandes portões do salão principal, o coração da mulher se descompassava, como um galopar de um animal sem direção, sua mente estava assim durante aqueles segundos.
O portão se abriu e a comitiva se dirigiu à sala do trono. Logo à frente, dois embaixadores, que assim que se aproximaram das escadarias, se curvaram para as Kochos.
— Futura rainha das Borboletas, e princesas. É um prazer.
— Obrigada, digo o mesmo. Sejam bem vindos — Kanae riu para eles
— Sem mais delongas, eu lhes apresento o governador e o seu filho, senhores do segundo domínio do Clã Da Água. — um deles disse, e então ambos deram espaço para o governador e seu filho.
Era ele, diante dela, o homem com quem Kanae se casaria. O filho do prefeito.
Ao olhar a imagem do homem, Kanae congelou enquanto dezenas de pensamentos se passavam por sua cabeça. O homem era alto e musculoso — e não havia problema nenhum nisso — porém, sua afeição era séria — para não dizer assustadora. — Seu rosto era marcado por cicatrizes, certamente era um jovem violento e revoltado. Kanae fechou as mãos uma na outra contendo o nervosismo.
— Princesas — o governador diante da irmãs cumprimentou elas com uma reverecia — Fico feliz em tornar este encontro possível. Kanae, a senhorita é tão linda quanto seus pais descreveram para nós, seu povo e seus domínios são impressionantes, sei que não poderia unir meu filho a uma mulher ou povo melhor.
Kanae sorriu, um sorriso ansioso.
— Fico feliz que acha isso. Agradeço os elogios — ela dirigiu o olhar para o homem ao lado do pai.
— Mas que graça. — O homem olhou para o filho e lhe deu um tapa de leve — Cumprimente ela, Sanemi. É sua futura noiva.
Kanae olhou para o conselheiro, que fez sinal para que ela descesse até Sanemi, a mulher respirou fundo e desceu as curtas escadas. Seu semblante era sério, porém ela continuava delicada.
Assim que chegou onde Sanemi estava, ela apenas sorriu levemente para ele e acenou com a cabeça, Sanemi, por sua vez, fez menção de pegar a mão de Kanae, assim que o fez, ele beijou as costas da mão da borboleta.
— É um prazer — ele falou de forma ensaiada.
A Kocho viu nos olhos dele que não havia sido um cumprimento natural.
Não havia nada de romântico e apaixonante ali. O homem do Povo Do Vento claramente não estava borbulhando de amores pela herdeira e ela muito menos. Mas logo eles se casariam, em só mais alguns dias.
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ℂom os rosto tampado por um véu lilás liso e um vestido longo enfeitado com bordados no braço, Kocho Kanae a atual Rainha Das Borboletas entrou pelo salão, seu coração desesperado acelerava cada vez mais dentro de seu peito. A cada passo que dava a vontade de talvez não estar ali aumentava, e foi assim até se aproximar do altar, onde seu futuro marido a esperava — Sanemi Shinazugawa sentia a mesma coisa.
Assim que se aproximou, ambos ficaram frente a frente ao bispo que celebraria a união deles. De acordo com a tradição das borboletas.
Era simples. Ambos teria que tomar um vinho de mais de 100 anos em um cálice de vidro, primeiro a mulher tomava, em seguida o homem. Depois, alguém (geralmente alguém importante e influente para ambos ou para o reino) deveria trazer o fio vermelho do destino, o fio era amarrado no dedo mínimo da mão esquerda de ambos os noivos. No final da celebração o fio é cortado, e ambos devem permanecer com o fio amarrado no dedo até a consumação do casamento, ou seja, após a noite de núpcias. Após isso, ambos devem desamarrar o fio do dedo um do outro e amarrá-lo ao seus pulsos (também esquerdo) até o fim de suas vidas. Depois disso algumas palavras eram ditas como uma profecia para os noivos e eles eram abençoados com duas gotas de azeite e a celebração acabava quando o noivo retirava o véu da noiva e lhe dava um beijo na testa, e então rompiam o fio.
Nas regras nupciais, os noivos deveriam ficar 3 dias sem consumir bebidas alcoólicas e embainhar armas depois do casamento. Suas refeições eram feitas apenas entre os dois, e ambos deveriam manter-se juntos o máximo possível durante esses três dias.
E assim seria.
Kanae tremia enquanto bebia o vinho do cálice, enquanto Shinobu amarrava o fio vermelho no seu dedo, tremia enquanto eram ungidos e tentou não tremer quando Sanemi retirou o véu de seu rosto.
Linda como o nascer do dia, como um jardim. Ela deu um sorriso tímido para o homem que em poucos segundos se tornaria seu marido. A rainha suspirou fundo quando sentiu o beijo em sua testa, logo Shinobu se aproximou novamente com uma adaga e então cortou o fio que ligava os noivos, os tornando marido e mulher.
— Eu os consagro. Kanae Kocho a rainha das Borboletas e Sanemi Shinazugawa, embaixador do Povo Do Vento, agora primeiro-ministro Das Borboletas, marido e mulher. — O bispo disse por fim.
Todos aplaudiram. Sanemi e Kanae se viraram para o povo e se curvaram lentamente e o povo se ajoelhou para eles. Se ajoelharam para sua rainha e para o seu senhor. A mulher se levantou, sua expressão era indecifrável, mas no fundo de seus olhos sua irmã viu um nervosismo que jamais havia visto. Shinobu sorriu para Kanae, tentando conter aquilo, Kanae devolveu o sorriso.
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