Segunda–feira, 28 de outubro de 1790
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Os dias na mansão do Conde Uzumaki, eram entediantes. O proprietário da residência era visto apenas no café da manhã, mas Hinata jurava que havia detectado sua presença em seu quarto enquanto dormia, ou enquanto cochilava durante o banho. O que era com certeza fruto da imaginação fértil dela.
As criadas eram muito poucas, que vinham depois que o sol estava a pino e iam antes que ele se pusesse. Talvez fosse devido a propriedade ficar muito longe do vilarejo. Em seus momentos livres tocava piano, lia na biblioteca imensa, ou apenas sentava-se na cozinha com a Senhora Chiyo enquanto ouvia os contos que ela tagarelava sem parar. A serviçal era alguém muito próxima do Conde, sendo a única que além dele, residia no castelo. Nos momentos em que conversavam, era quase como se precisasse ser contida a todo momento para não perguntar sobre o Uzumaki. Ela possuía muitas perguntas, mas tinha tanto medo de fazê-las.
O impacto do encontro com o Senhor Conde de Kent ainda estava fresco, nunca em seus mais desvairados sonhos imaginou que o cavalheiro que ela costumava encontrar em suas cavalgadas matinais, o qual achava se tratar de um simples camponês, na verdade era o homem mais importante do vilarejo, conhecido por ser recluso. Não conseguiu refrear o pensamento sobre o que Kurenai diria ao saber sobre a coincidência. Era quase como se alguma força tivesse orquestrado aquele encontro.
Em contrapartida, enquanto seu noivo em potencial não se fazia presente, o Senhor Uchiha aparecia em todas as refeições, e foi durante uma dessas que soube que ele era meio irmão do Conde, mas ao que tudo indicava não mantinham uma boa relação, já que ele morava do outro lado do país. Ele ia e vinha de tempos em tempos para auxiliar com os negócios, entretanto não parecia inclinado a mudar de vez. A jovem achou peculiar a relação dos homens, tão diferente da que mantinha com Hanabi.
Naquela manhã diferente das outras, havia sido convidada a cavalgar com o agente de cobrança pela propriedade, mais especificamente pelo interior da floresta que contornava os vários hectares. Ela se alegrou imensamente com isso, porque de fato estava sentindo falta de seu esporte matutino. Como não havia trazido nada de sua casa, foi levada até a outra extremidade da mansão em um aposento que pareceu estar fechado por muitos anos. Quando ela e a Senhora Chiyo entraram, uma família de ratos correu para uma fresta na parede, fazendo com que a jovem desse um gritinho assustado. Ambas caíram na gargalhada com a cena.
O quarto era ainda maior do que o dela, com muitos retratos pintados, e uma série de roupas absolutamente imaculadas penduradas. Aquelas vestes dariam inveja até na rainha. Elas afundaram mais para dentro não podendo deixar de se aproximar da grande pintura que estava em uma das paredes.
Uma mulher de cabelos vermelhos como sangue e olhos azuis posava ao lado de um homem que se parecia em sua totalidade com o Conde. Com certeza, eram os pais dele. Aquele deveria ser o quarto do casal. Os pares de olhos azuis a prendeu e sentiu como se estivesse sendo vigiada. Um arrepio correu por sua espinha, fechando suas pálpebras lembrando dos próprios olhos azuis do Senhor Uzumaki. Foi somente nesta ocasião que percebeu que apesar de todo o requinte do castelo do Conde, embora houvesse diversos artigos de arte, não havia retratos, sendo aquele o primeiro que encontrava no local.
“Esses são...” Um vinco profundo surgiu na tez da moça.
“Sim, Conde Minato e Condessa Kushina, pais do atual Conde de Kent.” Chiyo informou como se recitasse uma receita, Hinata percebeu que a mesma tentava conter algo naquelas palavras.
“Você os conheceu?” A serviçal baixou os olhos e os voltou para o retrato.
“Ah, sim... eu cuidei de Kushina quando ela veio para esta casa...” Naquele instante a similaridade da mulher do retrato e da jovem ao seu lado se abriram para ela.
Assim como a Senhorita Hyuuga, a pimenta Uzumaki foi trazida para algo específico, no caso da mulher de cabelos vermelhos conceber o herdeiro Namikaze, e no final ela e Minato se amaram perdidamente. Como quem quer esquecer as lembranças ela bateu com as mãos no avental que estava por cima do vestido simples, rodopiando nos calcanhares indo para o outro lado do quarto.
Hinata ergueu a cabeça e ficou por uns minutos contemplando os olhos do homem na pintura. Tão azuis e profundos quanto de Naruto. Ondas de calor foram atingindo seu corpo ao recordar-se a forma que ele beijava sua mão todas as vezes que se encontravam no desjejum, ocasionando uma sensação nova no meio de suas pernas, ele era cheiroso, bem vestido, e absolutamente atraente. Quase hipnótico. Jamais havia estado na presença de um homem tão imponente. Contudo, aquela beleza e altivez caiam por terra quando se lembrava da forma grosseira e nada gentil que ele se referiu a ela no primeiro dia que compartilharam uma refeição.
Pelo que soube, as intenções do Conde era casar, este foi o acordo com seu Pai. Dar uma das filhas para que fosse sua mulher. E pela forma surpresa que ele reagiu quando se conheceram, acreditava que ele não sabia que ela era a filha do marquês, uma vez que nunca se apresentaram em seus encontros breves.
Apesar disso, até o momento ainda não haviam discutido o assunto, talvez por causa de seu jeito rude ele imaginava que ela não precisasse saber de mais detalhes. Não sabia como se sentia sobre isso, por um lado seria Condessa de Kent, o que causaria inveja em muitas das filhas das amigas de sua madrasta, inclusive na própria megera. Por outro lado, sabia que se casar para pagar uma dívida era algo negativo. Sempre imaginou se deitar com alguém por amor e não por uma transação comercial.
“Pode escolher qualquer roupa...” A criada informou a retirando de seus devaneios.
“Preciso apenas de uma blusa de manga comprida para a cavalgada, nada mais...” Ela sorriu para a mulher mais velha que indicou o aposento onde as roupas femininas estavam todas penduradas como em uma modista.
Hinata poderia ter aproveitado a oportunidade e se vestido ricamente, ainda assim se limitou a pegar uma camisa de manga comprida com rendas e detalhes brocados. Deixaram o aposento, que foi trancado novamente, e a jovem não conseguiu deixar de perguntar.
“Senhora Chiyo, o Conde não vai se incomodar?” Ela segurou a peça com delicadeza, era da mãe dele, e teria o maior cuidado possível.
A Senhora deu um sorriso simpático. “Foi Vossa Excelência mesmo que pediu que a trouxesse para escolher uma veste...”
Aquilo foi algo inesperado, o Conde não parecia ser alguém que se preocupava com o bem estar de outra pessoa, nem ao menos parecia se importar com a estadia dela na mansão. Ele sempre a observava, o que causava um certo desconforto na moça, mas em outras vezes sentia o rosto esquentar com a presença dele. Admirou-se pelo fato dele estar ciente do passeio que daria com o meio irmão dele.
“Ele nunca se casou?” Escapando de seus lábios as palavras pularam, ela ficou indignada consigo mesmo, uma atitude ousada e vergonhosa.
“Oh! Não... O Senhor Conde sempre foi solitário, após a morte do Pai ocasionada por uma enfermidade, ele apenas se recolheu em sua dor, afastando até mesmo o meio irmão...” A mulher segurou com força o molho de chaves percebendo que havia falado em demasia.
“Ele deve ser tão solitário...” A jovem baixou os olhos, cílios espessos caíram com uma feição que denotou a sua tristeza com as dores do passado do Senhor Uzumaki.
“Sim, ele é.” A criada respondeu pesarosa.
“Senhora Chiyo, o que aconteceu com a mãe do Senhor Conde?” A mulher fechou os olhos como se apenas ouvir a pergunta fosse dolorosa demais.
“Faleceu após ser... atacada... Senhorita.” Ela expressou um pesar através de um suspiro. Hinata sentiu o coração se afundar em côncavo com as palavras dela. Era algo irrefutável, o Conde era mais do que apenas antropófobo.
“Oh!” Horrorizada com as palavras da serviçal, os olhos opalinos de Hinata pareciam que iriam escapar. Em seu interior uma profunda tristeza se formou pensando em quanta dor e sofrimento o Conde enfrentou.
O homem de cabelos negros estava do lado de fora com ambos os cavalos selados aguardando a sua chegada. Após a cumprimentar com um beijo em sua mão, que assim como o Conde havia feito anteriormente o fez de forma preguiçosa, foi conduzida ao animal de pelagem negra enquanto ele ficou com o outro de pelos castanhos. Cavalgavam em silêncio por um tempo enquanto aproveitavam o frescor da manhã.
“Acredito que tenha muitas perguntas Senhorita Hyuuga.” Ele disse após avançarem mais pelo bosque.
“Na verdade, não, eu apenas queria saber quando o Conde pretende informar a data de nosso casamento...” Sasuke desviou o olhar deixando os ombros caírem.
Ela sabia que havia um plano, algo traçado para ela que ia além de um enlace matrimonial, podia sentir em seus ossos, até em sua medula, mas nenhum dos dois diziam com todas as palavras.
“Não estou em posição de lhe contar...” O timbre baixo e áspero dele a fez semicerrar os olhos. “Então queria propor algo...”
“O que Senhor?” Ela o fitou com curiosidade.
“Que venha comigo para minha propriedade... poderei me tornar Barão, então posso... oferecer-lhe conforto, uma boa vida, e uma vez que aceite pagarei os débitos de seu pai.” Ele disse categórico.
“Me sinto lisonjeada com sua proposta... mas sempre busquei algo mais que conforto... E não sei se o Conde iria concordar com isso de qualquer forma.” Ela deu de ombros e ele bufou.
“Com meu irmão eu posso lidar.” Sasuke não gostou da resposta e o sabor em sua boca o fez responder de forma mais grosseira do que planejava.
“Diga-me, o Conde sempre foi insociável?” Ela mudou o rumo da conversa de maneira magistral, o companheiro de cavalgada ficou aborrecido por ela citar o irmão mais vezes do que o necessário naquela conversa. Não era isso que havia planejado.
“Oh!... Sim, sempre, mas nas últimas décadas ficou pior.” Ela pode perceber o rancor na voz dele pelo fato dela ter descartado rapidamente a insinuação de um pedido de compromisso. “Muitas coisas aconteceram... e ser um Príncipe...”
“Príncipe?!” Ela não sabia de nenhum parentesco do Conde com a família real, por isso se assustou.
“De certa forma, ele é ... bom...” A jovem o mirou de soslaio. “Poderia ao menos considerar meu pedido?”
“Não sei Senhor Uchiha... irei pensar.” Ela piscou um pouco e Sasuke ficou atordoado com os traços delicados da moça.
Hinata soltou um risinho com a forma que ele reagiu a sua resposta, bateu as pernas dos dois lados do animal que desembestou pelo espaço correndo em disparada, ela imaginava o que ele iria dizer, sabia quando um rapaz estava inclinado a insistir em desposar uma garota. Ela mesma, quando seu pai era ainda respeitado pela sociedade, sempre recebia ofertas de casamento, que claro, recusava. Não tinha a menor pretensão em se tornar propriedade de um homem que sabia menos que ela, ou que a limitaria a usar sapatos em suas cavalgadas. Ela sempre desejou uma liberdade que nenhum dos cavalheiros que conheceu proporcionaria.
Ainda correndo se afastando, olhou por cima do ombro, o Senhor Uchiha era muito bonito, quase como o Conde, não poderia negar isso, além de ser mais educado e demonstrava um certo interesse em seus gostos pessoais. Em certa ocasião, no dia anterior, enquanto folheava um dos títulos na biblioteca pessoal do Senhor Uzumaki, ele entrou e desfrutaram de uma conversa animada sobre romancistas. Ele seria um excelente marido, entretanto... Embora possuísse muitas qualidades, ele não era o Naruto.
Seus sonhos estavam sendo invadidos pelo homem de cabelos dourados, e olhos tão azuis que arrancariam uma lágrima de qualquer dama. Havia algo no Senhorio daquela mansão que a deixava de pernas bambas. Não sabia o que sentia, talvez sua escritora favorita poderia ter a resposta, com certeza diria que ela sentia paixão, e paixão sem fundamento pode levar a consequências indesejadas.
Sua mente abundante teve as elucubrações interrompidas quando um vulto de algo que se assemelhava com um grande urso assustou o seu cavalo que se ergueu nas patas dianteiras relinchando e inclinando o corpo para cima, e dessa vez infelizmente não pode se segurar como havia feito com seu Prateado. Devido as mangas bufantes de sua camisa, acabou sendo lançada ao chão com muita força. Seus sentidos foram desfeitos, e sua visão se tornou escura e desfocada, virou o rosto para ver de relance o vulto negro que se afastava, tendo a olhado com olhos vermelhos e algo na boca que se parecia com um cervo.
“Senhorita?” Senhor Uchiha ajoelhou ao lado dela, tocando-lhe a testa e suas mãos. “Está muito fria, se machucou?”
“Eu, eu, estou bem...” A jovem tentou se levantar, mas uma dor em sua costela a impediu quase sendo lançada novamente para trás ao solo lamacento.
“Venha, vou levá-la de volta.” Ele a pegou no colo sem nenhum esforço, enquanto os braços delicados passaram pelo pescoço do jovem. Hinata deitou em seu peito aproveitando o calor emanado dele, de alguma forma se sentiu desconfortável pela situação. Em todos os anos de sua vida, jamais havia caído de um cavalo, era uma excelente amazona. Algo havia o assustado, talvez um lobo, já que a noite as criaturas uivavam pesadamente embaixo de sua janela.
Sasuke avançou com a bela jovem em seus braços, ela o olhava enquanto aproveitava o calor de seu corpo, somente naquele momento percebeu que sentia frio, o outono em Kent poderia ser quase tão gélido quanto temperaturas amenas, como se o inverno estivesse sobre suas cabeças.
“Eu a levarei irmão...” A voz rouca do Conde chegou em seus ouvidos a fazendo se sobressaltar entre os braços do agente de cobrança.
“Eu estou fazendo isso com precisão.” O Senhor Uchiha informou com certa rispidez.
“Sasuke...” Hinata virou a cabeça e viu o Conde apertar os olhos e cerrar os punhos em desagrado. “Eu a conduzirei aos seus aposentos.”
“Não acho que seja necessário, estou me sentindo melhor.” A garota soltou-se dos braços do moreno ficando em pé com os braços esticados para demonstrar equilíbrio. “Vejam...” Como se a brisa fosse forte demais, o corpo miúdo dela foi empurrado para frente, com uma tontura que enevoou os sentidos. Braços fortes a agarraram antes que tocasse o chão.
“Você é tão teimosa...” O timbre rouco e rude arrepiou seus pelos. O Conde a pegou sem qualquer relutância a jogando por cima de seus ombros duros como pedra.
“Ah!” Ela gritou com o susto em ser suspensa por ele, dando tapinhas em suas costas. “Poderia agir como um homem civilizado, parece um ser das cavernas!!”
“Desculpe meus modos.” Ele apenas grunhiu os dentes como se os rangesse em desagrado por ter sido chamado a atenção. Em seguida a deitou confortavelmente entre braços gélidos, o que a fez perceber a diferença de temperatura entre ele e o Uchiha. Achou algo bem... peculiar. Por algum motivo muito descarado, ela se sentiu adorável com a atitude dele, quase como se estivesse com ciúmes. E diferente de como se sentiu nos braços de Sasuke, naquele momento ela se sentiu segura e protegida.
Ela olhou para ele que estava um pouco descabelado e com roupas meio rasgadas, assim como ela havia presenciado em tantas manhãs naqueles meses, em seus encontros casuais. Deitou a cabeça no ombro dele, forte era puro eufemismo para aqueles pares de bíceps que quase saltavam do pobre tecido, o cheiro dele era como de um animal peludo que havia rolado em algum lamaçal misturado com uma colônia almiscarada. Ela não conseguiu reter a vermelhidão de sua face quando ele entrou pela casa sendo questionado pelos criados o que havia acontecido.
Ainda com ela no colo, ele subiu as escadas a deitando na cama com docilidade. Uma Chiyo muito afoita irrompeu pelo aposento com uma bacia e água morna colocando um paninho em sua testa. Sasuke entrou logo em seguida se prostrando ao seu lado e segurando sua mão com muito afeto, e ela pode ver dentro do olhar que ele lançava que aquela era a feição de um homem aficionado. Observou a expressão do Conde, e ele parecia irritado... não soube ler o que ele sentia.
“Saiam.” O timbre firme fez com que todos se assustassem, entretanto o Uchiha sustentou o olhar para o irmão que apenas fitava a moça deitada pálida demais.
“Naruto...” O irmão mais jovem começou, porém, a expressão de ódio no Conde o fez morder a própria língua.
“Você colocou tudo em risco...” Ele exclamou mirando o irmão.
“Ele não fez nada, o cavalo...” Ela tentou defender Sasuke, porém calou-se quando este se afastou seguindo as ordens do homem loiro e boçal. Pelo jeito ele não era bom em disputas de qualquer forma...
“Como você se sente?” O Conde sentou-se na cadeira próxima ao local onde o irmão estava minutos antes, estendendo a mão e tocando a de Hinata. O contato provocou uma reação visceral, fazendo seus pelos e poros se arrepiarem. Ele afagou as costas de sua mão enquanto mantinha um sorriso gentil nos lábios.
“Senhor Conde, eu estou bem, eu ...” Ela se sentiu incerta sobre ceder ao ímpeto de perguntar sobre as intenções verdadeiras contidas nas entrelinhas daquele acordo. “Preciso que me diga, qual o plano aqui...?”
“Plano?” Ele soltou a mão dela gentilmente parando de acariciá-la, o que deixou Hinata um tanto chateada.
“Sim, quero que me diga realmente o que planeja... eu sei que tem algo que não estão me dizendo...” Ele se manteve absolutamente calmo com as argumentações da jovem, começando a se perder pelo cheiro que ela emanava.
“Senhorita, seu pai me devia uma grande quantidade de coroas, e precisava receber, lamento muitíssimo que tenha que ser dessa maneira...” Ele deslizou a mão pelos cabelos e ela ficou observando a cena como se tudo estivesse ocorrendo em câmera lenta. A camisa do Conde estava um pouco aberta, e ela podia ver com nitidez os pelos masculinos no peito musculoso, e quando um raio de sol tocou o mesmo, todo o aposento pareceu reluzir.
“Eu sei que estamos no século dezessete, e que as mulheres são apenas meras peças no jogo dos homens... entretanto Senhor Conde, não me parece ser esse tipo de cavalheiro.” Ela havia perdido completamente a razão, estava decidida iria descobrir o que estava acontecendo.
“Por que acha que não sou o tipo de homem que tomaria uma mulher apenas por uma dívida?” Ele cuspiu as palavras, fazia muito tempo que ninguém o desafiava daquela forma.
“Me recuso a acreditar que se casaria apenas porque alguém o deve...” Hinata sentia pisar em um campo minado, um ímpeto a alcançou e continuou seu escrutínio questionador. “O Senhor sabia que, eu, era filha do marquês?”
“Não...” Ela acreditou nele, na verdade ela já sabia daquilo, apenas queria ter certeza.
“Você pediu exclusivamente por uma que fosse mais jovem?” Esse era outro ponto que precisava saber, se realmente seu pai optou por Hanabi por predileção a ela.
“Nunca faria um pedido desses...” Ele a olhou com desgosto, era essa a impressão que ele passava, de ser um cretino?
Assim que seu gênio deixou a frase escapulir, arrependeu-se amargamente ao constatar a feição dura dele, que deu um tapa na própria coxa parecendo querer descontar a raiva fulminante que crescia. A resposta dele fez com que seu coração se afundasse mais, seu pai realmente era um homem cruel. Como ela gostaria de ver a cara dele quando descobriu que suas ordens não a alcançaram.
“Lamento, precisava ter certeza...” Um pesar a atingiu, pois agora percebia que não poderia voltar a ser a mesma, não depois que seu mundo colorido ruiu, então prosseguiu com seus questionamentos. “Diga-me toda a verdade. Seja ela qual for.” Ele não respondeu de imediato, primeiro houve um suspirar profundo refreando as palavras.
“Então, a Senhorita se acha muito esperta...” Ele riu, uma risada fraca sem humor. “Vou contar-lhe, e espero que tenha estômago forte.” Os olhos azuis dele começaram a ficar vermelhos, como se uma onda de poeira houvesse o atingido provocando uma irritação.
“Garanto que tenho, Vossa Excelência.” Olhos opalinos atentos se prenderam na rigidez corporal do homem, que agora exibia um sorriso macabro.
Ele ponderou o que diria, nunca antes havia chego naquela parte, as jovens trazidas eram apenas para alimentá-lo após rolarem nos lençóis com seu meio irmão, ele mesmo não sentia interesse sexual há muito tempo, então jamais conversava com as garotas, que não percebiam o que acontecia quando eram mordidas. Elas eram trazidas, e depois cumpriam seus propósitos. No entanto, Hinata não era em nada o que havia imaginado, e sim, ele pensou na jovem que sempre encontrava pelos limites de sua propriedade, o que não imaginava era que iriam se conhecer em circunstâncias tão inerentes.
“Eu não vou mentir para você.” Ele suspirou cansado, como se a explicação fosse algo que repetia pela milésima vez. “Você se casará comigo, ah, sim... mas..."
“Mas?” Ela o olhou com cautela, não estava gostando do tom daquela conversa.
“Dentro de três noites, a lua atingirá o seu pico máximo desse século. E poderei realizar uma espécie de ritual.” Ele rolou os olhos para os lados buscando um ponto que não fosse os olhos perolados, precisava se controlar e fitá-la o deixava agitado.
“Ritual? Algo como uma bruxaria?” Ela se endireitou sobre os travesseiros retirando o pano que ainda jazia esquecido na testa feminina.
“Não... é como um rito de passagem.” Nesse momento ele perdeu completamente os últimos fios de contenção que possuía, então estreitou os olhos a olhando profundamente.
“Eu-eu... não entendo... por favor Senhor, seja específico. Qual o meu papel nesse tal ritual?” Hinata sentou-se por completo na cama, a conversa havia atingido um grau em sua curiosidade que precisava saber tudo.
“Você servirá como a peça central que proporcionará que eu me torne um Vampiro Superior, assim como meus pais foram. O último do clã Namikaze.” O sorriso demoníaco que ele lançou a fez petrificar no lugar.
“O-o-o que?” O susto atingiu seu corpo resultando na perda de sua fala, aquele homem era louco, sim ele estava desvairado.
“Não vou enganar você.” Ele se aproxima do rosto dela que está sem uma grama de cor, apenas pálida como se o sangue tivesse esvaído com as informações.
“Você está mentindo... vampiros não...” Ela recua sob os lençóis tentando se afastar.
“Existem?” Ele completa a frase. “Ah, garota, nós existimos, criaturas noturnas que bebem sangue, se alimentam de animais, promovem rituais para nossa ascensão e poder...” Ele a cheira fungando pesadamente o aroma de sua pele. “Seu cheiro é tão forte, um aroma que me dá água na boca.”
“Vampiro Su-superior?” Ela nunca acreditou nas histórias contadas por míticos e escritores que juravam terem tido alguma experiência com as criaturas, para ela era apenas fruto da imaginação de pessoas que ganhavam a vida com charlatanismo.
“Oh! Sim, transcender assim como meus ancestrais fizeram, atingindo o ápice de meu poder, adquirindo conhecimento vasto em ocultismo, assumindo meu papel de Príncipe finalmente, e de quebra poderei me reproduzir...” Hinata estava estupefata com as explicações do Conde, agarrou os lençóis a sua volta e fechou os olhos com pavor em encará-lo.
“O que espera que eu faça...?” Medo, a resposta dele poderia selar de uma vez por todas seu destino, nem conseguia entender como conseguia proferir frases inteiras, tamanha era a sensação de insegurança.
Todas as histórias de jovens sendo drenadas por um homem que por vezes se transformava em animal eram verdadeiras, Chiyo não contou fábulas, ela estava alertando para o perigo.
“Eu vou sugar você garota, como se fosse um coelhinho...” Ele lambeu seu pescoço, deixando um rastro úmido, e ao contrário do que Hinata imaginou, aquele contato fez com que desejasse mais. Virou a cabeça na direção dele, que lambeu seus lábios entreabertos. Um som constrangedor saiu de sua boca e o conde riu. “Hummm, eu disse para meu tolo irmão que você é diferente... tem uma natureza selvagem.” A última palavra que ele proferiu fez com que ela relaxasse esquecendo do perigo que corria.
“O-o, Senhor... vai... me matar?” A voz estrangulada saiu de seu peito com muito esforço, apesar de seu corpo ter voltado à posição anterior. A beleza do Conde atraia e repelia na mesma intensidade, um certo fascínio a cercou incapaz de correr.
“É o que acontece geralmente.” Então ele se recostou no assento da cadeira novamente. “Diferente do que esperam, eu vou deixar que escolha. Meu pai me dizia que quando a fêmea escolhe participar, pode ser mais auspicioso o futuro...”
“Escolher participar... ?” Ele estava dando a chance dela decidir por si só, ou estava tentando enganá-la, não sabia decifrar.
“Se escolher ficar, a dívida de seu pai estará paga, assim como todas as outras, se escolher partir, irei cobrá-lo até não sobrar nem rastro do nome do Marquês Hyuuga.”
E assim ele se retirou do aposento.
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Terça-feira, 29 de outubro de 1790
Ela teria mais um dia para decidir o que fazer, no outro poderia ser tarde. A vida era injusta, e traiçoeira. Estava sendo cortejada pelo meio-irmão charmoso do Conde, ao passo que era mantida na mansão do homem que seria seu marido, que era um vampiro, que precisava dela apenas para um ritual, que poderia matá-la no processo. A sua pobre mente dava voltas, a fazendo enjoar com tantas informações.
O quão delirante ela estava por não ter corrido assim que ele informou os planos que mantinha era realmente algo surpreendente, e maior era a própria surpresa em ainda estar avaliando qual decisão tomaria.
Quando duas criadas entraram em seu quarto para encher a tina com água quente e ervas que continham um cheiro agradável, foi comunicada que passava das quatro horas da tarde. O seu tempo estava esgotando rápido demais. Havia andado pela terra por dezenove anos, se considerava muito jovem para partir, porém, pensou em sua irmãzinha. Como seria a vida dela se o pai fosse destituído do título, e caíssem em desgraça.
Provavelmente seriam vendidas na casa dos prazeres, enquanto a marquesa indubitavelmente partiria com algum velho rico que providenciasse vestidos e uma mesa farta, e seu pai?... Bem, ele não sobreviveria a mácula em seu nome. Hinata tentou lembrar de sua mãe, mas não conseguiu, a mulher havia morrido há tantos anos que não conseguia se recordar de sua face, muito menos o que ela faria em seu lugar. Então pensou em Kurenai, sua criada que a tinha como uma filha, certamente ela lhe diria que mais vale um pássaro na mão que dois voando.
E foi nesse instante que pensou nas pessoas que viviam na casa de seu pai, todos aqueles que dependiam dos proventos de suas mãos calejadas para levar alimento para casa. Pensou especialmente em sua amada Kurenai, que após seu pai se tornar viúvo cuidou dela como uma filha que a vida havia impedido de ter. O que aconteceria com ela se os Hyuuga simplesmente perdessem tudo que tinham? O próximo empregador seria amável com ela? Devido a idade avançada julgava que seria particularmente difícil que ela conseguisse um outro trabalho. Seu músculo cardíaco se apertou com todos aqueles pensamentos. Quantas vidas seriam afetadas se ela voltasse? A vida dela era mais importante que todas as outras? Um sentimento de solidão a invadiu e deixou que as lágrimas salgadas lavassem seu rosto.
Enquanto estava espremida naquele espaço apertado com apenas a água em volta de si como sua testemunha, uma onda de desespero a atingiu misturada com uma sensação estranha de liberdade, uma vez que ela ainda poderia decidir. Ela queria voltar, mas desejava ficar. Suas emoções estavam conflitantes naquele momento, e entendeu que mesmo que fosse para casa, mesmo que a dívida fosse saldada de alguma forma, ela não seria mais a mesma. A experiência a moldou, e Hinata despreocupada não existia mais. A angústia que emergia dentro de si, externava que o catalisador de transformação que foi estar na presença do ser noturno, havia a modificado para sempre.
Submergiu deixando que os sentidos fossem tapeados pela pressão do recipiente, pensou no fato de que o Senhor Uchiha queria propor um compromisso que culminou em seu acidente, o que o Conde diria se soubesse que o meio irmão a cortejava? Sorriu perversa com a imagem do homem loiro vendo ela ser carregada pelos braços fortes do agente cobrador. A expressão raivosa, quase que obsessiva. Ela adorou a forma com a qual ele ordenou que todos o deixassem a sós com ela, o jeito que ele a pegou nos braços quase como se fosse sua por direito. Então ela pensou em algo...
Terminou seu banho, e vestiu-se com um lindo vestido enviado pelo Conde, de cor vermelha como sangue. Se olhou no espelho admirada com sua beleza, beliscou ambas as bochechas e desceu até o escritório dele. Ela não sabia nada sobre criaturas noturnas, mas sabia que quando alguém quer algo de você, ele apenas o toma, se ainda não havia sido tomada pelo homem, e ainda por cima havia recebido a oportunidade de escolha, talvez ele quisesse algo mais do que apenas ingerir seu líquido vital.
O loiro estava sentado em sua cadeira com um estofado aveludado rodeado de diversos papéis, ela nem se deu o trabalho de bater, apenas entrou confiante. Ele levantou o par de safiras a fitando com ar admirado pela interrupção. O timing da garota era absolutamente perfeito. Naquele instante estudava a dívida do marquês que não havia dado muita importância há meses atrás, quando Sasuke sugeriu que caso ele não saldasse a dívida, aproveitasse para ofertar um casamento. Na ocasião lembra-se que achou engenhosa a ideia dele em tirar vantagem do homem que estava falido e a um triz de perder o título nobre. Nenhum dos dois poderia imaginar que uma das filhas que o Senhor Hyuuga possuía, era a adorável amazona que ele encontrava em suas manhãs antes da aurora, ao retornar de suas caçadas, não até que ele se deparou com ela em sua sala de jantar.
Poderia acusar o irmão de armar para ele, mas não havia como, não dessa vez. Nas ocasiões em que ambos estavam juntos e esbarravam com ela pelo caminho, o Uchiha se mantinha em sua forma bestial, o que diferente dele, o fazia perder a consciência, e era justamente por isso que o conselho determinou há tantas décadas que os lobos não poderiam caçar naquela região, mas nunca se pronunciaram sobre se alimentarem dos restos da caçada do Conde. E quando a natureza realmente o chamava viajava para aproveitar a liberdade que ali não teria. Ao menos por ora os uivos embaixo da janela dela cessariam.
“Senhorita...” Ele iniciou, mas ela ignorou de qualquer forma. Deslizou até a cadeira em sua frente, sentando-se elegantemente com as mãos no colo. Ele engoliu em seco, sentia um temor que após ter a assustado ela simplesmente fosse embora, fugisse, ou aceitasse a proposta de seu irmão. Ora, ele ouviu cada palavra do traidor Sasuke, e óbvio precisou interromper o passeio assustando o pobre animal, não imaginava que ela cairia, achou apenas que com o susto ambos fossem retornar à mansão, afinal ele sabia que ela era uma excelente amazona, já havia visto aquela jovem em situação similar.
“Senhor Conde, gostaria de perguntar algumas coisas...” Ele franziu o cenho soltando a pena no tinteiro.
“O que deseja saber?” Ele resmungou, ela apenas sorriu inocente.
“Se vou servi-lo em seu propósito, acredito que possa dar as respostas que procuro.”
“Justo.” O homem ajustou as mangas da camisa, em um ato para desviar a atenção da bela criatura sentada defronte a ele. “Três perguntas irei lhe conceder.”
Hinata franziu o cenho com um pouco de desânimo, não havia se preparado para outras duas perguntas. Ela alisou um brocado da saia com os dedos delicados, então levantou a cabeça decidida.
“É verdade que esteve na casa dos prazeres?” Droga! Foi o que ela pensou quando deixou a pergunta estúpida escapar, ficou nervosa e não avaliou. Hanabi você me paga.
“Que espécie de pergunta é essa?” Ele riu, realmente aquela jovem era de outro mundo, havia contado que era um vampiro que ansiava sugá-la até a morte e o que queria saber era se ele era um libertino.
“O Senhor não respondeu.” O comando na voz dela o fez sorrir ladino.
“Sim...” Simples e direto, sem muitas informações. Ela não precisava saber que era pra lá que as filhas dos camponeses que ele e o meio irmão aproveitavam as levavam após cumprirem seus papéis. Em sua defesa, ao menos eles pagavam uma boa quantia as famílias pelos infortúnios.
“Desde que cheguei, não vi o cão que sempre o acompanhava em suas caminhadas.” Que inferno! Ela não conseguia pensar em mais nada útil para questionar, havia tanto que queria saber e diante dele, proferia besteiras. Espremeu os olhos em desagrado consigo mesma. “Onde ele está?”
“Viajou.” A resposta seca a fez concatenar que talvez o cachorro fosse de Sasuke e por isso não estava no castelo. “Você tem apenas mais uma pergunta.”
Certo, agora ela precisava acertar, mesmo com um certo pavor, precisava saber a resposta, este era o momento que poderia fazer com que sua bravura se desvanecesse como cinzas.
“O que acontece se eu sobreviver ao ritual?” Ela levantou as mãos tocando no próprio pescoço, subindo os dedos para uma mecha de seu cabelo que havia se soltado, propositalmente, de seu coque.
“Bem...” Ele engoliu a saliva que começava a se apresentar enquanto assistia a esbelta moça ajustar o babado da gola do vestido, deixando sua veia aparente. “Se, e digo isso com o maior respeito, se, você sobreviver, passaria pela transformação, uma vez que se tornasse vampira, estaríamos unidos pela eternidade.”
O Conde não fez menção ao fato de que não havia como sobreviver ao ritual, para isso o mesmo deveria ser interrompido, desistindo de sua transcendência, e para se unir a fêmea ainda teria que marcá-la. Não chegariam a isso de qualquer forma, por isso achou prudente não informar. Ele estava sob muita ameaça quanto ao fato de que ela poderia ir embora, e dessa vez estaria realmente perdido, sem ajuda para encontrar outra moça naqueles termos, a verdade que ele não conseguia negar a si mesmo, é que queria que ela ficasse. Ele desejava que ela escolhesse ficar.
“Diga-me Senhor Conde, eu seria... sua?” Ela inclinou o tronco para frente e seu decote acabou engolindo o pingente do colar que usava, fazendo os seios fartos saltarem um pouco do vestido.
O homem levantou-se e encostou na parede atrás de si em um ato desesperado, os olhos fixos nela, agarrando o parapeito do vitral com muita força, aquela garota devia ser louca para estar o atiçando desta maneira. Sua boca salivou, e antes que ela ouvisse a resposta levantou com muita graciosidade e caminhou até ele. Tocou o rosto áspero com os dedos delicados, deslizando até os lábios carnudos, então se virou para deixá-lo sozinho.
Os cinco sentidos do Conde se tornaram nublados com o cheiro dela, o toque, o som daquela voz, a visão daquela jovem que mais se parecia com uma sacerdotisa reencarnada, então ele não pode refrear o que fez a seguir. Agarrou a cintura dela com ambas as mãos a trazendo mais para si, ele a farejou e com um esforço tremendo a soltou em seguida. Ela aparentava estar assustada, mas manteve-se ereta e com uma postura invejável.
“Vossa Excelência ainda não respondeu minha pergunta.” Ela segurou o cordão do colar entre os dedos dançando sobre ele de um lado para o outro, então percebeu que estava certa. Ele queria algo mais, talvez algo que nem ele mesmo estivesse ciente que desejasse. “Diga-me... Naruto... eu seria sua?”
Foi a primeira vez que ela se referiu a ele por seu primeiro nome, e o som vocábulo naquela voz sedosa o deixou atordoado.
“S-sim... seria minha!” Ele voltou a agarrar sua cintura com muita brutalidade, então deitou o rosto no decote dela fungando como um animal que correu por muito tempo.
A jovem estava tremendo com o corpo alertando para o perigo daquela aproximação, e mesmo diante daquilo não se deixou ser paralisada, pelo contrário. Ela levou os dedos entre os fios dourados na nuca do homem, que levantou a cabeça surpreso, os olhos dele atingiram um tom avermelhado ainda mais intenso, mas ela havia cruzado a linha e não retrocederia. Deixou que seus orbes opalinos se prendessem no carmim, então ele abriu os lábios soltando o ar e ela sorriu.
A mecha que ela havia deixado solta escorregou e ele a tocou entre os dedos a levando para trás de seu ombro, deslizando pela pele alva, não conseguindo resistir ele contornou a orelha dela com o polegar e a respiração dela mudou completamente neste instante, os seios fartos subindo e descendo pulando do espartilho apertado. Ele queria beijá-la ali, sentir em sua língua cada batimento cardíaco, lamber a sua pele, ter certeza de sua maciez.
“Hinata...” Um suspiro foi como soou o nome dela, os dedos entre seus cabelos tremiam, poderia ser medo, excitação, os dois, não teria como dizer.
Ela deveria ficar longe dele, ainda mais depois de tudo que ele revelou, deveria se afastar, fugir dele, porque ele mesmo não estava conseguindo. Ao invés de abandoná-lo em sua solidão, ela fechou os olhos e entreabriu os lábios dando o maldito consentimento. Ele a agarrou mais firme então ele se curvou ainda mais sobre ela que era tão pequenina, ele a lambeu do colo até os lábios carnudos, concretizando o desejo que rondava a mente doente dele desde a primeira vez que a viu. Ele contornou aquele pedacinho pecaminoso macio, sugando o montinho carnudo, ouvindo o gemido escapar dos lábios dela.
O rosnado que o Conde soltou foi alto provocando um estremecer na espinha de Hinata, ele a puxou contra o corpo musculoso intensificando o beijo ainda mais, apertando um contra o outro, as línguas brigavam por espaço em busca de mais. O seu corpo pequeno e delicado se moldou facilmente ao dele, e as extremidades de ambos despertaram com o enroscar dos nervos. A fome e desespero os atingiram explorando a boca um do outro com muita indecência, os corpos se esfregavam e ela pôde sentir algo duro no meio das pernas dele tocando por cima de seu vestido, a fazendo puxar com mais força os fios entre os dedos. Ele gostou da forma firme que ela o apertava contra si, mesmo a Senhorita denotando ser um pouco inexperiente. Ela havia sido feita para ele.
“Senhor Conde...” O título saiu daqueles lábios no instante em que ele mordiscou levemente o lábio inferior, então ele abriu os olhos se deliciando com a visão dos lábios inchados e vermelhos, assim como as bochechas coradas.
Naruto plantou um beijo na maçã dela, lambendo, descendo ao maxilar, depois para o pescoço, bebendo de seu perfume inebriante que o deixava completamente vidrado, sentindo os dedos dela embrenharam ainda mais firme em seus fios, então ele chupou a pele de seu colo e ela gemeu em seu ouvido. O som o alcançou, seus sentidos estavam ficando cada vez mais confusos e enevoados, estava a um ponto de depositar os dentes na pele alva, então a empurrou se afastando. Hinata fungou chateada com a interrupção do beijo, mas nada disse, saiu correndo do aposento com a mão nos lábios inchados, em uma mistura de confusão, medo e vontade de prosseguir o que começaram.
“Maldição...” Ele grunhiu entre os dentes. Estava perdido, como drenaria o sangue daquela mulher? Se sentia atraído por ela, o cheiro sendo apenas um mero detalhe de todo o conjunto que era a Hinata Hyuuga. Nunca havia se sentido tão atraído por uma fêmea daquela forma.
Ele pediria ajuda ao seu meio irmão, mas ele não estava presente, havia viajado brevemente após o desentendimento na manhã passada, alegando que não desejava presenciar o perigo que a adorada Senhorita Hyuuga correria, a realidade é que ele havia ido se alimentar. Nem a resposta para sua proposta em torná-lo próximo Barão foi dada. Naruto estava muito ciente do encantamento de seu irmão pela jovem, e amaldiçoava a todos os ancestrais de Sasuke.
Ele havia presenciado todas as interações de ambos, e a tentativa pífia dele em propor que a jovem se casasse com ele, com certeza pagaria a dívida do velho decrépito do marquês, mas veja, ele era tão covarde que apenas se afastou a deixando para trás com a sua escolha. Um covarde, era isso que ele era, jamais estaria à altura de ter uma mulher como aquela, jamais. Ele socou a mesa espalhando os papéis por toda a parte.
Dirigiu-se até sua adega e bebeu um pouco do líquido raro de sua última safra. Apenas um pequeno gole para controlar a sede que o invadiu com a insinuação da moça. O beijo ardente que o levou a insanidade momentânea, ele chegou a pensar em... Sacudiu a cabeça espantando a ideia. Mesmo estando a um ponto de perder o controle, ainda assim ela poderia escolher.
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