Elizabeth Wright
Meu corpo tensionou no exato momento em que ouvi aquelas palavras.
‘’Apaixonado’’
‘’Apaixonado por você’’
Elas se repetiam em minha mente como se eu estivesse ouvindo um eco dentro de uma caverna. Meu estômago embrulhou e meu coração disparou, fazendo-me engolir em seco, e deixando-me totalmente sem reação. Encarei os olhos castanhos de Justin e franzi o cenho, apertando minhas mãos em seus braços, quase enterrando minhas pequenas unhas em sua pele clara. Minha expressão devia ser de tamanho espanto que Justin me olhava confuso, sem conseguir entender a minha reação... Ou melhor, ausência dela. Não, ele não podia estar apaixonado por mim. Isso não era possível. Ou era? Nós nos conhecemos há pouco tempo... Nós... Eu não conseguia nem formular uma maldita frase em minha mente sem que um grande branco aparecesse no meio, impedindo-me de terminar a minha linha de raciocínio.
Peguei-me olhando o quarto de Justin a minha volta com seu corpo ainda por cima do meu. Como se eu tivesse levado um choque, tirei minhas mãos de seus braços e puxei o lençol, cobrindo meu corpo rapidamente. Forcei-o a sair de cima de mim e num pulo, saí de sua cama. Andei de um lado para o outro no quarto, enquanto passava uma mão pelo cabelo e com a outra, ainda segurava o lençol cobrindo meu corpo nu. Minha respiração ficou ofegante de repente e eu já começava a sentir dificuldade em respirar, como se eu tivesse desaprendido tal ato simples.
‘’ Vamos, Elizabeth! É uma tarefa simples! Apenas inspire e expire. Você pode fazer isso. Vamos lá, garota! ‘’ – repetia aquilo em minha mente, como se aquela instrução fosse capaz de me ajudar e me acalmar, mas nada naquele momento parecia funcionar.
Oh, céus!
Virei meu corpo e encarei Justin que estava sentado na cama, quase totalmente vestido. Somente seu tronco estava descoberto. Quando ele havia se vestido? Como ele havia feito aquilo tão rápido? Percebi que eu já estava naquele transe por tempo demais, já que Bieber me encarava sério e com a confusão ainda estampada em seu rosto. Repentinamente, minhas mãos começaram a suar e consequentemente, eu as esfreguei uma na outra, com meus braços apertando o lençol fortemente por debaixo de minhas axilas.
- O quê? – juntei coragem não sei de onde e consegui pronunciar aquela simples pergunta com a voz mais falha do mundo.
Eu devia estar o encarando com a expressão mais assustada da face da Terra já que Justin suspirou e se ergueu, ficando há alguns passos de distância de mim.
- Foi isso mesmo que você escutou. Eu estou apaixonado por você. – falou com a maior naturalidade, com as mãos nos bolsos da calça de moletom.
Encarei-o atônita e comecei a gargalhar, ainda não acreditando naquilo.
- Você está brincando comigo. – afirmei, apontando em sua direção – É claro que está! Okay, Justin, já pode parar. Isso é uma brincadeira de muito mau gosto.
- Eu nunca faria brincadeira com algo assim. – deu de ombros, com sua voz calma.
Enquanto ele demonstrava a maior tranquilidade através de suas expressões faciais, eu devia estar parecendo uma louca que fugiu do manicômio. Eu sentia que sim.
Fiz careta e voltei a segurar o lençol com uma das mãos.
- Qual é? – ri novamente. Meu riso era de nervosismo, é claro, com uma pitada de incredulidade. – Isso é uma brincadeira, sim! Justin Bieber não se apaixona!
Ele me olhou sério como se eu tivesse dito a maior burrada do mundo e cruzou os braços.
- Repita, por favor.
- Justin Bieber não se apaixona. – repeti pausadamente.
- Se eu não me apaixono, que porra de sentimento é esse que eu tenho por você, Elizabeth?! – ele explodiu, dando-me um susto – Será que você pode me explicar? Porque pelo que eu vejo, você acha que não sou capaz de distinguir meus próprios sentimentos.
Olhei-o desacreditada e ri novamente.
- Foi você quem inventou essa droga de sentimento agora! Diga-me, Justin, desde quando você sente isso? Por que não contou antes? Por que...
- Porque eu não sabia! – ele gritou, interrompendo-me. – Eu estava confuso! Eu descobri que gosto de você mais do que uma simples amiga, mais do que uma mera colega de apartamento há pouco tempo. Eu...
- Eu não acredito nisso. – o interrompi, balançando negativamente a cabeça. – Como é possível? Como...? Você deve estar confundindo as coisas. Às vezes, você está simplesmente...
- Não venha com a sua psicologia para o meu lado, Elizabeth! Isso não é hora para o caralho da sua análise! – Justin estava muito nervoso. Ele gritava e seu rosto vermelho estava me deixando assustada. Eu só queria ajudá-lo. Eu só queria ajudá-lo a se encontrar, a se entender. Ele riu de repente e eu o encarei com a testa franzida. – Engraçado que quando você estava de quatro por aquele otário do Henry Carter, você tinha certeza de que era paixão, huh?! Por que comigo é diferente? Por que comigo é uma mera confusão da minha cabeça? Como se eu não fosse capaz de gostar verdadeiramente de alguém, como se eu não fosse capaz de...
Quando ele se autointerrompeu, eu disse:
- Continue, Justin.
- Como se eu não fosse capaz de ficar com alguém além do desejo sexual. – sua voz saiu mais baixa e um tanto quanto reflexiva, como se ele estivesse falando consigo mesmo e refletindo sobre os seus relacionamentos até aqui.
Respirei fundo e olhei para meus próprios pés descalços.
- Eu sei que tudo isso é estranho e que eu posso ter me envolvido demais com toda essa situação em que nos encontramos de viver sob o mesmo teto, convivermos juntos e estarmos tão presentes na vida um do outro, mas por favor, não diga que eu não posso me apaixonar. É difícil, talvez até raro, mas é possível. Já aconteceu uma vez, por que não aconteceria de novo? – sua voz soava mais calma e eu sentia seu olhar pesando sobre mim. – Eu só não contava com a ideia de que você seria a escolhida.
Olhei em seus olhos, observando a intensidade com a qual eles brilhavam, e senti meus olhos arderem, anunciando o choro que nascia. Minha garganta ardeu e com os olhos lacrimejados, eu balancei a cabeça lentamente em forma de negação.
- Desculpe. – disse baixo quase num sussurro.
Justin me olhou tristemente e tentou se aproximar de mim, mas eu me afastei e abri a porta do quarto, saindo em seguida, não deixando que ele falasse mais nada. Fui até meu quarto e antes que eu fechasse a porta em um baque e a trancasse, ouvi Justin chamando por meu nome. Com a porta fechada, eu encostei meu corpo a ela e fechei meus olhos, sentindo as lágrimas descerem quentes por minhas bochechas. Eu estava muito confusa. Eu não sabia o que pensar. Aquilo tinha me pegado totalmente desprevenida. Eu nunca iria imaginar Justin dizendo aquelas palavras para mim.
E o que mais me fazia sentir culpada e arrasada... Era que eu não sentia o mesmo por ele.
Justin Bieber
Eu nunca pensei que diria isso, mas meu coração dói. E infelizmente, está doendo por causa de uma mulher. Uma mulher que entrou em minha vida sem nenhum convite e a bagunçou completamente, deixando somente a desordem para trás. É como uma das inúmeras festas em que já fui. O pobre do anfitrião é o que sempre se ferra no final, porque é ele quem tem de limpar a bagunça. Eu era o anfitrião naquele momento. Eu abri a porta do meu coração com o maior sorriso do mundo sem que eu ao menos me desse conta, e agora... Eu é quem teria de limpar os cacos de sua destruição. Depois de toda a festa – que durou pouco –, a bagunça é a única coisa que restou. Passei a mão no cabelo e suspirei, ainda encarando a porta fechada de seu quarto. Eu não me permitiria chorar. Não. Não por uma mulher.
Aquilo já havia acontecido comigo antes. Oh, sim. A rejeição já houvera me feito uma visita há um tempo atrás. E na sua primeira visita, eu tratei de trancar o coração. Eu poderia sim me ferir de novo, mas não choraria. Não me deixaria amargurar ou me magoar daquela forma de novo. Então, eu simplesmente engoli o bolo que se formava em minha garganta e continuei a encarar aquela porta, com a mínima esperança de que Elizabeth a abriria e diria qualquer coisa além daquele ‘’Desculpe’’. Entretanto, infelizmente, isso não aconteceu. No pouco tempo em que fiquei ali plantado, a porta não se moveu em nenhum minuto e apenas aceitei aquilo como um fim de conversa. Fim de exposição de sentimentos. Fim da discussão.
Virei meu corpo e voltei ao meu quarto, pegando meu celular que estava sobre o criado-mudo. Disquei o número e depois de alguns toques, ele atendeu.
- Alô, Ryan? Aquele convite ainda está de pé?
(...)
Virei mais um copo de tequila, não conseguindo evitar fazer uma careta quando o líquido desceu por minha garganta. Bati o copinho no balcão e pedi mais uma dose para o barman, que assentiu.
- Wow, vamos com calma aí, irmão. – disse Ryan ao meu lado. Ignorei seu comentário e virei o copo novamente quando o mesmo já estava postado à minha frente. – Ok, cara... O que está acontecendo com você? Você só bebe assim quando a situação está tensa.
- E está. – disse simplesmente, fazendo um gesto e pedindo mais bebida.
- Justin. – ouvi a voz de Olivia me chamar e virei meu rosto, vendo-a me encarar com uma expressão preocupada. – O que aconteceu?
Suspirei e abaixei a cabeça.
- A Elizabeth aconteceu. – levantei o rosto e bebi mais uma dose de tequila.
- Como assim? – Ryan perguntou, logo levando sua bebida à boca, fazendo uma careta em seguida.
Sentindo um calor repentino subir por meu corpo, eu tirei minha jaqueta e a joguei no balcão ao meu lado. Passei minhas mãos no rosto e respirei fundo.
- Eu tive uma conversa com ela que não teve um final muito excitante. – disse sarcástico – Engraçado que minutos antes, eu estava a fodendo no sofá. – soltei uma risada. Droga, o álcool é foda.
- Ahn, okay... Nós não precisávamos saber disso. – Liv fez careta, bebendo um gole de seu refrigerante. Quem vem para um bar e bebe refrigerante?!
- É claro que precisávamos. – interviu Ryan – E aí, cara? Ela é boa de cama? É gostosa?
- Ryan! – Olivia o repreendeu e eu lancei um olhar sério na direção do idiota que eu considerava meu melhor amigo. A que ponto eu fui chegar, huh?
- Ouse perguntar isso de novo e eu quebro os seus dentes. – levantei o punho cerrado em sua direção e Butler apenas levantou as mãos em rendição, dando de ombros em seguida.
- Ok, eu não pergunto mais. Mas que aquela moça que se faz de santinha e ingênua deve ser um estrago na cama, isso deve ser...
Sem conseguir me conter, ergui minha mão e dei-lhe um tapa na parte de trás da cabeça.
- Seu filho da puta, não faça mais isso. – ele quase gritou, devolvendo-me o tapa. Com o efeito do álcool, minha cabeça pareceu quase estourar e eu acabei gemendo com a tontura que senti, levando as mãos à cabeça. – Cara, foi mal... – Ryan começou a dizer num tom preocupado, mas sem que eu lhe desse tempo, ergui novamente a mão e devolvi o tapa. Sempre foi assim, ganhava quem dava o último tapa, soco ou chute.
Quando Ryan ia me bater de novo, Olivia se meteu em nosso meio.
- Será que as duas crianças podem parar com isso?! – falou num tom irritado – Quase trinta anos na cara e ainda agem com tamanha infantilidade.
Bufei sendo acompanhado por Ryan e voltei minha atenção para o barman, pedindo outra bebida. Hoje eu ia beber até não aguentar mais só para esquecer da Elizabeth e daquela carinha linda, daquele sorriso magnífico, daquele corpo que me deixava excitado como eu nunca havia ficado na vida... Daquele jeito intelectual e...
Espera! Era para eu estar a esquecendo, e não pensando nela! Droga, preciso de mais bebida.
Eu estou começando a odiar essa droga de sentimento que acabei alimentando por aquela mulher. Nem sei quando comecei a sentir essa porra, mas só pelas complicações que estou vendo em meu caminho, seria melhor fingir que eu nunca senti e nunca tive a coragem de expressá-lo em palavras para Elizabeth. Tudo teria sido tão mais fácil se eu tivesse ficado de boca fechada. Antes eu tivesse transado com ela em meu quarto e pronto. Sem palavras sentimentais, sem conversa, sem discussão... E sem porta na cara.
- Justin? – balancei a cabeça ao ouvir a voz de Liv – Eu já estou te chamando há um tempo. No que estava pensando? Oh, não, espera! Eu já sei! Elizabeth... Estou certa? – sorriu de canto, de forma maliciosa.
Rolei os olhos e assenti.
- Você ainda não nos disse o que aconteceu, cara. – disse Ryan.
- Acontece que eu abri a boca e falei demais. Contei hoje para ela que eu estou apaixonado... Por ela.
- Ahá! Eu sabia! Sabia! – Olivia quase saltitava enquanto apontava para mim. Franzi o cenho e a olhei como se ela fosse louca.
- Quem é a criança agora? – zombei, lançando suas próprias palavras contra ela.
Ela deu língua e sorriu.
- Eu sabia que essa hora ia chegar! Eu te falei que você estava de quatro por ela. Falei!
- De quatro, não. – olhei-a com repreensão. – Mas sim... Eu admito que estou encantado por ela. Parece que tudo nela me chama a atenção e me deixa agindo feito um bobo. Se ela me pedisse a Estátua da Liberdade de presente, eu acho que seria capaz de fazer de tudo para atender a seu pedido. – fiz careta – Isso soa tão estúpido, não?
- Ahn... – Ryan me encarou como se eu fosse de outro planeta. – Sim.
- É claro que não! – Olivia interviu – Isso é fofo! Que bonitinho, Bieber. – ela sorriu, abraçando-me de lado.
- Não é bonitinho. Isso é o fundo do poço o qual eu me encontro. Isso é uma vergonha para o sexo masculino. Eu sou uma vergonha para os meus colegas do sexo masculino.
- Okay, machista, eu posso saber por quê? – Liv cruzou os braços.
- Onde já se viu um cara como eu, tendo o passado que tenho, ficar assim por causa de uma mulher que quase acabara de conhecer? Isso é humilhante!
- Mas você já passou por isso antes. – Ryan disse dando de ombros. – Ou se esqueceu da...
- Não diga o nome dela. Já basta eu ter encontrado com ela na viagem ao Canadá. – trinquei os dentes, apertando o copinho de bebida vazio entre meus dedos frios.
- Você encontrou com a Janette?! – Olivia perguntou surpresa, mas quando a encarei sério por ter pronunciado o bendito nome, ela encolheu os ombros. – Ahn, desculpe... Mas como assim encontrou com ela?
- Nós estávamos passeando pelas ruas de Stratford... Na verdade, eu estava sendo usado como um burro de carga pelas ruas de Stratford... – lembrei-me das inúmeras sacolas e caixas que eu segurava para minha mãe. – Quando ela veio em nossa direção e bem... Vocês devem imaginar a cara de merda que eu fiz.
- Wow, cara... Que azar. – Butler comentou e eu bufei.
- Mas enfim, ela veio com aquele papo de que sentia minha falta. – rolei os olhos.
- Ridícula. – Olivia comentou, bufando. – Mas, e a Elizabeth? Ela sabe sobre a Janette?
- Sim, eu contei. Não tinha por que mentir ou esconder algo dela.
O silêncio se instalou enquanto eu bebia mais e mais. Parecia que minha vontade de beber nunca sanava e quanto mais eu bebia, mais eu queria sentir o álcool descendo por minha garganta seca. Houve um momento em que eu não me dei conta de mais nada que eu fazia. Eu agia por impulso, pela emoção e pelo momento. Eu dava gargalhadas até se um mosquito passasse a minha frente e flertava com as mulheres que passavam por mim ou me encaravam e piscavam. Perdi totalmente o controle quando – ignorando o pedido de Olivia para não ir – eu acompanhei uma mulher até a pista de dança improvisada do bar, onde muitos casais dançavam ao som da música ao vivo.
Ela envolveu meu pescoço com os braços e eu ri ao envolvê-la pela cintura, sentindo seus lábios nos meus no instante seguinte.
Elizabeth Wright
Arrumei meus óculos e continuei a ler meu livro, sentada no sofá e coberta com o meu cobertor fofo. Depois do ocorrido com Justin, eu liguei para Debbie e nós ficamos conversando. Ela me aconselhou de todas as formas possíveis, mas parece que todos os conselhos entravam por um ouvido e saíam por outro. Agora eu só dava ouvido mesmo às confusões que tomavam conta do meu cérebro, e ao turbilhão de sentimentos em meu coração. Eu não sabia o que pensar, o que fazer. Eu não sabia de nada. E esse meu ‘’não saber de nada’’ foi interrompido com fortes batidas à porta. Franzi a testa ao olhar para o relógio na parede e ver que já estava bem tarde da noite. Quem seria a essa hora? Justin havia saído, já que passei por seu quarto mais cedo e vi que não havia ninguém. Será que ele tinha esquecido a chave?
Descobri meu corpo e levantei do sofá, ajeitando meu pijama. Calcei minhas pantufas e fui até a porta, destrancando-a. Eu precisava colocar um olho mágico aqui. Vai que é um assaltante ou até estuprador e eu aqui, abrindo a porta normalmente como se dissesse: ‘’Ah, claro, senhor assaltante/estuprador, pode entrar. Você é muito bem-vindo!’’. Balancei a cabeça e abri a porta, franzindo o cenho ao ver Olivia, Ryan e... Justin parados à minha frente. Olivia e Ryan carregavam um braço de Justin em seus ombros, enquanto Bieber parecia estar morto no meio deles. Sua cabeça estava baixa e ele parecia desmaiado. Os coitados que o seguravam pareciam fazer a maior força do mundo para aguentar o seu corpo.
Dei espaço para que entrassem e eles colocaram Justin sentado no sofá. Sua cabeça deitou-se no encosto do mesmo e assim vi que seus olhos estavam fechados. Olivia bufou e balançou a cabeça em negação para Justin.
- O que aconteceu? – perguntei receosa, abraçando meu próprio corpo.
- Problemas masculinos. – respondeu Ryan.
- Problemas de um idiota, isso sim! – interviu Olivia com impaciência. – Esse idiota que eu chamo de amigo, bebeu até não aguentar mais. Quase que entra em um coma alcoólico.
- E por quê?
Os dois se entreolharam e Ryan preferiu cruzar os braços e olhar para o chão a me responder. Olivia, por sua vez, sorriu fraco e disse:
- É melhor você e ele conversarem sobre isso amanhã quando ele estiver melhor. Acho que vocês têm uma conversa inacabada.
Engoli em seco. Ela sabia da discussão?
Fiquei em silêncio e ela deu uma rápida olhada para Bieber antes de respirar fundo e dizer:
- Acho melhor irmos, Ryan. Esse aí não acorda hoje.
Ryan assentiu e me lançou um mínimo sorriso antes de começar a andar, sendo acompanhado de Olivia. Ela me desejou uma boa noite antes dos dois saírem do apartamento e me deixarem sozinha ali... Com um ser bêbado e desacordado no sofá. Fiz careta ao me aproximar e vê-lo sentado em cima do meu precioso livro. Fiz força e consegui tirá-lo dali, colocando-o sobre a mesinha. Fui para o outro lado da sala e encostei-me à parede, cruzando os braços, e me pondo a encarar Justin. Será que ele havia bebido desse jeito por causa da discussão? Será que eu sou o motivo de sua bebedeira?
Por um momento, fiquei com pena do seu estado deplorável. Ainda o encarando, senti meu corpo tensionar ao vê-lo acordando aos poucos. Fiquei em silêncio, mas ele me notou em meio à luz fraca do abajur da sala. Coçou seus olhos e continuou a me encarar. Não sei por quanto tempo ficamos nos olhando em silêncio, mas acho que foi o suficiente para Justin se levantar e caminhar em minha direção. Seus braços pararam nas laterais do meu corpo, imprensando-me na parede. Seus olhos me encaravam profundamente, transbordando uma espécie de... Raiva?
- Eu espero que esteja feliz por me ver assim, nesse estado deplorável. Porque tudo isso é por sua culpa.
Suas palavras carregadas de raiva e veneno chicotearam meu rosto e eu engoli em seco, ainda sem reação. Suas mãos desceram até minha cintura e ele afundou seus dedos na mesma.
- Se a sua intenção é me fazer sentir culpada, esqueça. Eu não tenho culpa alguma.
Ele riu debochado.
- E me solte, porque está começando a me machucar, Bieber!
- Não mais do que você está me machucando com a sua rejeição.
Suas palavras quase me fizeram chorar.
- Meu coração não foi feito para ser pisado, Elizabeth.
- Eu não estou pisando. Você está entendendo tudo errado. Eu só estou confusa.
- Confusa? – franziu o cenho – Você não tem o direito de ficar confusa. Acho que eu deixei a situação bem clara para você!
- Justin, você não está bem. Você bebeu, está alterado... Eu acho melhor você dormir e nós conversamos amanhã.
- Eu só queria que você entendesse o meu lado. Engraçado que você foi atrás daquele cara que só te feriu, que só te humilhou! E eu que estou aqui, te mostrando meus sentimentos... Você rejeita? Você é toda ao avesso, garota! E eu odeio isso!
Quando seu aperto se intensificou em minha cintura, eu me desesperei. Eu sabia que Justin nunca ia me machucar, mas ele estava me assustando de tal forma que eu estiquei meu braço e peguei o telefone, batendo com o mesmo em sua cabeça para que ele me soltasse. Eu sabia que não poderia competir com sua força. Eu perderia, na certa.
O que aconteceu depois me deixou ainda mais assustada. Com o baque em sua cabeça, Justin me soltou, mas também caiu ao chão, totalmente apagado. Olhei-o com os olhos arregalados e larguei o telefone, levando minhas mãos à boca. Oh, céus, será que eu bati com muita força? Mas ele me obrigou a isso! Ele... Meu Deus, eu acho que acabei de matar Justin Bieber.
Ok, isso foi dramático, eu sei.
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