(P.V Fernando)
O céu está azul e o sol continua tão radiante quanto antes, são oito horas da manhã e enquanto os meus namorados estão nas suas aulas, eu estou em casa, sentado no sofá da sala de estar junto com os meus pais e o padre Mateus, ao menos, esse coelho cumpriu a promessa que fez ontem a noite.
Mateus – Então, senhor e senhora Magalhães, não sei se o Fernando comentou com vocês, mas ele quer voltar para o campo de conversão. – Olho para os meus pais, minha mãe sorri.
Corina – Sim!! Ele comentou e estamos muito felizes com isso!! – Meu pai, de soslaio, me encara desconfiado.
Fernando – Bom, eu percebi que...preciso mudar. Quero me livrar dessa doença. – Depois dessa merda de conversa, eu vou lavar a minha boca com sabão!!
Mateus – Isso é ótimo meu jovem, são poucos os que escolhem voltar para o caminho do bem e você fazer isso por conta própria mostra que você evoluiu, meus parabéns!!
Ele e minha mãe batem palmas comemorando, o meu pai, sendo o mais sincero dos três, apenas revira os olhos, deve estar me xingando mentalmente.
Fernando – Mas tipo, quando eu vou entrar?
Mateus – Geralmente os novatos começam no mês que vem, mas vou te abrir uma exceção, afinal, vejo que esses três anos naquele internato o fizeram mudar bastante.
Fernando – Sim...
Mateus – Eu vou te buscar as dezoito horas, está bem?
Fernando – Sim, claro!! – Me levanto do sofá. – Com toda licença, vou lá para cima arrumar minha mala.
Me despeço do padre e subo a escada para o segundo andar, abro a porta do meu quarto, minha mala nem foi usada de fato, só troquei de roupa uma única vez e ainda estou de pijama, como estou na casa dos meus pais, optei por usar algo mais básico mesmo, não é que nem lá no internato que eu durmo só de cueca e camiseta, é tão estranho dormir com shorts, parece que suas pernas ficam restritas aos movimentos e sinto muito mais calor.
Mas enfim, preciso pensar em algo mais importante agora que o meu plano está se concretizando de fato, como vou investigar aquela paróquia com o merda do Orion colado em mim?!
Eu sei que o Mateus não é burro e a putinha dele não é idiota, eles devem ficar totalmente colados em mim agora, só esperando eu cometer um erro para me mandar para a solitária ou pior, para a câmara de tortura. Eu sei que ele e a minha mãe estavam fingindo aquela felicidade exagerada, infelizmente eu não posso confiar em ninguém agora, quer dizer, tem a minha irmã e a Lila, mas de resto, ninguém.
“Ah, mas e o Bento, Fernando?”, o Bento seria uma opção se ele não desse com os dentes as vezes, nada impede de ele fazer isso contando para os meus pais o que estou fazendo, tudo por causa da sua preocupação comigo.
Abro meu armário e tiro uma resma de papel, coloco na minha mala e a fecho, pego meu celular, abro no aplicativo de mensagens e começo a arquivar os meus principais contatos.
Adeus Kauan, Leon, Zé, Jhonny, Bento e Luana, apenas fico com os contatos do Flipy, da minha irmã, do Dogrey e da Lila, já que vou precisar deles quando eu precisar comunicar alguma coisa. Desativo as minhas redes sociais, pego minha máquina de raspar cabelo, vou para o banheiro do meu quarto e me tranco.
Há várias memórias no espelho como, por exemplo, a marca de tinta de cabelo verde no canto inferior direito, porém nenhuma se sobressai mais que a rachadura no centro do vidro. Toco nela, começo a sentir a mesma dor lacerante que senti anos atrás.
“Eliseu – Você é uma vergonha para essa família, seu porra!! Sua mãe devia ter te atravessado com um cabide!!”
“Corina – Você...você não é o meu filho...SAI DAQUI!! SAI DO MEU QUARTO!!”
Eu odeio os meus pais mais do que tudo nesse mundo, as vezes me pergunto o porquê de eu não ter incendiado essa casa quando eu tinha catorze anos?
Tiro minha camiseta, plugo a máquina na tomada, olho o meu reflexo fragmentado e aperto o botão. Se eu quero me vingar de todos e salvar os jovens que estão presos no acampamento, eu preciso fazer isso.
Começo a passar a máquina pelo meu cabelo tingido de rosa, as mechas curtas caem lentamente sobre os meus ombros e na pia, o chão fica cheio de fios cor de rosa, quando me olho no espelho, vejo um outro “eu”, um “eu” que está decidido a mudar as coisas e encerrar essa história macabra de uma vez por todas.
Retiro minha bermuda e cueca, entro no box e ligo o chuveiro, a água fria percorre todo o meu corpo, levando os fios restantes para o ralo, me sinto cada vez mais leve, é como se eu estivesse tirando um grande peso das costas. De uma coisa eu tenho certeza, quando eu terminar de tomar o meu banho, vou automaticamente pensar no meu plano que vou realizar na paróquia, vai por mim, não será algo leve e muito menos divertido.
Conversa com o Dogrey
Dogrey – Oi ja entrou na paroquia? – 08:10
Fernando – Ainda ñ – 08:11
Fernando – O Mateus ta aki em casa – 08:11
Dogrey – Poha q merda – 08:11
Dogrey – Ta em um lugar seguro? – 08:12
Fernando – To no banheiro acabei de raspar o cabelo – 08:15
Dogrey – MNTRA!! MANDA FOTO AGORA!! – 08:17
Foto enviada – 08:17
Dogrey – NEM FODENDO!! – 08:19
Fernando – Eu to feio né? ���� – 08:20
Dogrey – Ahh nem tanto – 08:20
Dogrey – Ta bunitin -08:21
Fernando – Acha que os meus boyfriends vao curtir? – 08:21
Dogrey – Ent eles curtem skinhead? – 08:21
Fernando – vsf kkkk�� – 08:22
Dogrey – Vc pediu para ser realista e eu fui – 08:22
Dogrey – Nem vem reclamar!! – 08:23
Fernando – E a aula como ta indo? – 08:26
Dogrey – Ta a mesma bosta de sempre ne – 08:27
Fernando – O Reinard e o Leon perguntaram alguma coisa? – 08:27
Dogrey – Eu sei q eles fizeram uma mobilização para te procurar ontem – 08:27
Fernando – Previsivel – 08:27
Fernando – Eles surtam muito – 08:28
Dogrey – Eles ainda ñ sabem q eu e a Krissy te ajudamos a fugir daqui – 08:28
Fernando – Ufa q bom ent – 08:28
De repente minha mãe me chama, quer que eu a ajude com alguma coisa lá embaixo, droga, nem cheguei no assunto que eu queria.
Fernando – Eu vou indo – 08:30
Dogrey – Mas ja?! Q merda – 08:30
Fernando – Flw cara – 08:31
Dogrey – Tchau Fê – 08:31
Dogrey – Cuidado aí cara – 08:32
(P.V Fernando, acabou)
Internato Zoolu – 08:35
(P.V Kauan)
Eu juro, eu nunca mais vou ouvir o Jhonny quando o assunto for: “Vamos ver mais um filme e vamos dormir!!”, resultado: Nós fomos dormir às duas da manhã, só consegui acordar a tempo, no caso, na metade do primeiro tempo de aula, por causa do despertador do Samuel, o salvador da Pátria!!
Kauan – Jhonny, acorda!! ESTAMOS ATRASADOS PORRA!!
Jhonny – Ah véi, nham, deixa eu dormir mais um pouco. – Tiro o edredom dele e me afasto com o tecido em mãos, Jhonny enfim começa a despertar.
Kauan – Vamos logo, senão vamos nos atrasar!!
Jhonny – Argh!! Tá bom.
Kauan – Toma banho rápido e depois eu vou.
Jhonny – Ou podemos tomar banho juntos, o que acha “Baby”?
Kauan – Primeiro, não me chame de “Baby” e segundo, a ideia é tentadora, mas não quero arriscar.
Jhonny – Ahhh, vai vida, por favor!! Eu juro, só dessa vez!!
Kauan – Sem essa, vai logo meu amor. – Cruzo os braços.
Jhonny – Eu compro todos os livros que você quiser. – Merda, isso é golpe baixo!!
Kauan – Tá, você venceu... – Ele começa a rir.
Sem hesitarmos, nos abraçamos e começamos a nos beijar, sua língua se entrelaça na minha, minhas mãos vagam pelas suas costas e as dele se revezam em apertar a minha bunda e acariciar o meu pau que já crescia aos poucos, eu o guio para o banheiro do nosso quarto, ele abre a maçaneta e entramos.
Nos separamos por falta de ar, nos despimos de forma ágil e fomos para o boxe, Jhonny fica atrás de mim, liga o chuveiro e o fecha rapidamente. O meu namorado pega o seu sabonete e começamos a nos ensaboar, devo dizer que há um carinho no toque do meu amado urso polar, suas mãos ensaboadas espalham o sabão pelas minhas costas já molhadas enquanto eu cuido da parte da frente do meu corpo.
De repente, sinto suas mãos roçando e ensaboando as minhas nádegas, em seguida seus dedos adentraram a minha bunda de forma rápida e continuaram a se mexer.
Jhonny – Sabia que eu sonhei com isso hoje, Kauan? Eu e você, juntinhos embaixo do chuveiro e fodendo loucamente... – Sua outra mão de repente pega no meu pau, acho que já sei o que ele quer.
Kauan – Porra...ai Jhonny... – Falo de um jeito lascivo, isso parece o excitar.
Jhonny – Quer que eu te foda?
Kauan – Eu... – Ele me interrompe.
Jhonny – É um sim, né? – Ele mordisca a minha orelha e me penetra com um dedo.
Kauan – Ai, ahhhh...
O dedo de Jhonny começa a se mover dentro do meu cu, seu dedo vai girando, me abrindo e me penetrando aos poucos, ele explora o meu buraco quente e um pouco molhado. Ele colocou o segundo dedo e se moveu com mais agilidade, a dor começa a dar espaço para o tesão, Jhonny sabe como me domar.
Kauan – Ai amor...isso...
Jhonny – Isso, aperta os meus dedos Kauan... – Ele beija o meu pescoço. – que gostoso...
Ligo o chuveiro e Jhonny retira os dedos, enquanto a torrente de água cai, ele me penetra, grito de dor e me seguro na parede, o urso segura o meu quadril e inicia os movimentos, aquela rola me preenche, me rasga, sua mão continua a me mastubar, a única coisa que posso fazer nesse momento é aproveitar. Viro o meu rosto para ele e nos beijamos, meu corpo é pressionado contra a parede gelada do banheiro, a torrente de água é como uma cachoeira caíndo no meu corpo sensível.
Jhonny – Toma seu puto, toma!! – Ele desfere tapas na minha bunda, gemo em resposta.
Meu namorado retira o pau, me vira de frente para ele, em seguida se abaixa, me pega pelas pernas e me ergue, minhas costas colidem contra a parede e seu pau me penetra mais uma vez, a segunda rodada começou. Jhonny beijou a minha boca e começamos a nos devorar com gosto, seu pau estocava com mais força e nossos corpos molhados se esfregavam, são tantos estímulos, tantos prazeres sendo trabalhados!!
Jhonny – Vou gozar, ai eu vou gozar... – Disse de forma tresloucada.
Jhonny dá uma última estocada e goza dentro de mim, ele me solta e assim que coloco os pés no chão, nos beijamos mais uma vez, ele desliga o chuveiro assim que nos separamos por falta de ar.
Jhonny – Ah, você não gozou...desculpa.
Kauan – Não precisa se desculpar, apenas termine o serviço.
Jhonny continuou com o corpo colado ao meu e selou seus lábios nos meus, chupei a sua língua enquanto sua mão direita segurou o meu pau e começou a me masturbar, acabei fazendo o mesmo com o dele e copiei seus movimentos. Apertei levemente, me movi para cima e para baixo, massageei a cabeça, nos afastamos por falta de ar e ficamos nos olhando enquanto punhetávamos um ao outro, acariciei suas costas, senti a ardência vindo e gozei na sua mão, com Jhonny aconteceu o mesmo.
Ele levou seu dedo médio e indicador para a minha boca e eu provei da minha carga, chupei e lambi seus dedos de forma lasciva, quando soltei, o urso polar pegou minha palma e lambeu com gosto, beijou, engoliu meus dedos e saboreou o gosto de si mesmo.
Após alguns minutos trocando carícias, nós saímos do boxe bem satisfeitos, nos secamos com as nossas toalhas e saímos do pequeno cômodo, vestimos os nossos uniformes e saímos do quarto 714 de mãos dadas.
Jhonny – Ei Kauan, desculpa por ter...feito a gente dormir tarde.
Kauan – Tudo bem, mas não vamos fazer isso de novo, tá bom?
Jhonny – Sim, mas nos fins de semana e nas sextas-feiras podemos?
Kauan – Bom, não tem aula no sábado e nem no domingo, então sim.
Jhonny – Eba!! Vamos maratonar filmes pra caralho!!
Pois é, o novo hobbie do meu namorado é ver filmes até tarde nos fins de semana e nas sextas-feiras, meio que eu o influenciei nisso e ontem a noite vimos alguns filmes de comédia, também tivemos a companhia do Samuel e do Flipy que se juntaram a nós para assistir.
Samuel foi o primeiro de nós quatro a ir dormir, Flipy (que estava deitado no chão), acabou dormindo lá mesmo enquanto eu e o Jhonny ficamos até às três e trinta da madrugada acordados.
Como já perdemos metade da aula de português, fomos direto para o refeitório que por sorte ainda estava aberto e ainda tinha comida, nos servimos e nos acomodamos em uma mesa perto das grandes janelas do espaço. Além de nós, tinham alguns alunos dormindo e um grupo de amigos reunidos em volta de um aglomerado de três mesas na extremidade oposta a nossa do refeitório.
Jhonny – Nossa, tem pouca gente hoje.
Kauan – É normal o pessoal ficar aqui antes da aula começar?
Jhonny – Bom, tem gente que fica, principalmente o pessoal do terceirão, tá vendo aquele grupo ali, – Ele aponta discretamente para o grupo de sete. – eles são do terceiro ano.
Kauan – Ah tá.
Jhonny – Como ainda temos tempo...fez a tarefa de inglês?
Kauan – Sim. – Pego o meu caderno da minha mochila e coloco o caderno em cima da mesa. – Pega aí.
Jhonny – Valeu vida!!
Um fato aqui, descobri faz um mês, que o Jhonny tem um pouco de dificuldade com o inglês, desde que a professora entrou no novo conteúdo, os exercícios ficaram mais complexos e difíceis, eu consigo fazer boa parte deles, mas o Jhonny sempre fica empacado nos iniciais, então eu acabo o ajudando nas tarefas.
Jhonny – Ei, sabe o que eu descobri?
Kauan – O que?
Jhonny – O Flipy fala dormindo. – Ué, que assunto aleatório.
Kauan – Ah...ok...
Jhonny – Mas sabe o mais engraçado, é que ele entrega algumas coisas. – Meu namorado tira o celular do bolso da bermuda e colocou na mesa.
E-ele gravou um áudio do Flipy falando sozinho?! Que bizarro!!
Kauan – Jhonny, se o Flipy descobrir...
Jhonny – Ele nem liga amor, tem vezes que quando ele fica bêbado, o cara mete o louco e começa a mandar áudio irritado para os outros. Eu mesmo recebi um no dia da minha festa de aniversário.
Aperto o botão de iniciar e o áudio começa a tocar, ao fundo consigo ouvir o som do filme que era exibido.
“Kauan – Já volto, vou no banheiro.” – Ah, tá explicado porquê eu não sabia disso.
Ouço passos se afastando.
“Flipy – Purra Fernuando...”
“Jhonny – Flipy?”
“Flipy – Eu...eu...já falei cara...eu num vou...cuntar para ninguém...”
“Jhonny – Ele fala dormindo...? Que coisa hein...”
“Flipy – É o siguinte Fêr, eu...eu...num vou falar para ninguém sobre isso, afinal tu que quer matar um coelho padre...”
O Flipy claramente tá falando com o Fernando em seu sonho, ao mesmo tempo que isso é bizarro, é bem valioso para o Leon e o Reinard.
“Flipy – Si alguém descubrir...sobre isso...eu vou acabar com ele ou ela ou elu...ok?”
E o aúdio acaba quando ocorre o ranger de alguma porta, no caso a do banheiro, olho para Jhonny que mantinha um semblante sério no rosto.
Kauan – Então...
Jhonny – Nós sabemos o que o Fernando foi fazer, derrotar um coelho padre.
Kauan – Sim.
Jhonny – E não vamos falar com o Leon e com o Zé sobre isso.
Kauan – Eu acho que eles deviam saber.
Jhonny – Eu também acho, mas o Flipy prometeu para o Fernando que ninguém iria saber disso, se ele descobrir que eu tenho um áudio dele, diga adeus para a minha dignidade.
Kauan – Mas tu falou que ele não liga!!
Jhonny – Se fosse um áudio normal, tipo um áudio dele ofendendo alguma merda, não isso!! Olha, eu vou guardar esse áudio bem guardadinho e nunca mais vamos falar sobre isso, tá bom amor?
Kauan – Tá, claro.
O Fernando foi fazer merda e vai acabar se fodendo bonito, minhas últimas experiências trouxeram essas expectativas para mim, desde o Assassino da Cruz até a invasão na fundação Salvatore, já tenho experiência o suficiente de dizer que isso vai dar merda.
(P.V Kauan, acabou)
(P.V Flipy)
“Samuel – Você não deveria ficar faltando as aulas Flipy, vai perder muito conteúdo.”
Ah o Samuel, o clássico cara certinho que nunca fez nada de errado além de usar drogas, para validar isso ainda mais, o coitado ainda é virgem e defende que o estudo é importante, bom eu digo que sim, o estudo é importante, mas no momento, não estou com paciência para isso. A paciência em tempos de guerra é algo que para mim não existe, ou vivemos em um mundo de paz ou vivemos em um mundo de guerra.
Acabei de sair do internato e estou seguindo para o centro de Manaus, são apenas oito horas e pouco da manhã e lá vou eu pertubar mais uma vez o Kanashimi com um pedido de ajuda, já que dessa vez, o inimigo é outro. Estou levando comigo o meu celular que tem a maioria das provas que o Fernando me deu, como o Kanashimi trabalha com a polícia, imagino que vai ser muito mais fácil falar sobre isso.
10 minutos depois...
Após entrar no elevador e subir até o décimo andar do prédio, chego no apartamento do pastor alemão, toco a campainha e ouço os mesmos resmungos de sempre. Kanashimi atende a porta, está vestindo o seu roupão cor de vinho, chinelos bem humildes e segurava uma caneca azul clara com a frase: “#Amantedaescrita”.
Kanashimi – Sim? Ah, você... – Sabe aquela cara de desprezo, então é essa a cara do Kanashimi me encarando. – Puta merda, meu dia acabou de ficar fantástico!!
Flipy – Bom dia para você também.
Entro no seu apartamento, ele fecha e tranca a porta, ao que parece, Mike, o marido dele, já foi trabalhar e ele assumiu o seu posto de escritor aposentado. Kanashimi se encaminha para o seu escritório e eu o sigo, entro na sala iluminada pelo sol e o vejo se sentando na cadeira acolchoada de mil reais, esses burgueses safados.
Flipy – Então, dormiu bem?
Kanashimi – O que você acha? – Ele levanta a sobrancelha esquerda.
Flipy – Com certeza não, sabia que sexo de manhã é bom para os ânimos?
Kanashimi – O que você veio fazer aqui? – Nossa, me deu um vácuo gratuito!! Porra, aí é foda!!
Flipy – Tá bom, serei direto. Preciso da sua ajuda de novo.
Kanashimi – Uau, não me diga!! – Ele revira os olhos e pega uma caneta. – O que foi dessa vez?
Flipy – Paróquia de Santo Brian.
Kanashimi – É...tá de brincadeira, né...?
Flipy – Eu nunca estou de brincadeira, Kanashimi.
Kanashimi – Flipy, olha eu sei que...você foi sequestrado pela Salvatore e eles fizeram experimentos em você, então pelo amor, vá descansar caralho!!
Flipy – Eu estou muito bem Kanashimi e eu só quero a sua ajuda. Você sabe que aquele lugar mata adolescentes?
Kanashimi – Eu sei disso, mas não posso fazer nada sobre isso.
Flipy – O que?! Por que não?
Kanashimi – A Paróquia é um lugar muito...importante e a polícia é obrigada a evitar esses lugares, a menos que algo escandaloso aconteça.
Flipy – Tipo?
Kanashimi – Alguma alegação de abuso, estupro ou uma pratica ilegal.
Flipy – E tem isso!! Eu tenho provas que falam que a Paróquia abriga um acampamento de cura gay!!
Kanashimi – Eu tenho certeza que isso é verdade, Flipy, mas preciso de fotos ou uma carta de alguém falando sobre isso, se acha que mensagens serão suficientes, pensou muito errado.
Caramba, hoje o Kanashimi decidiu ser um tremendo arrogante, certeza que não tá transando com o Mike e não está ingerindo açúcar, esse mau humor é falta de doce no sangue.
Flipy – Tá bom, senhor Artiewood, quando eu conseguir provas o suficiente, vou voltar aqui e te explicar que porra tá acontecendo lá, tá bom?
Kanashimi – Tá bom.
Saio do escritório do Kanashimi e do seu apartamento, caralho hein!! Hoje ele acordou com o pé esquerdo e pisou em uma jaca, só pode!!
Entro no elevador e aperto o botão do térreo, mando uma mensagem para o Fernando pedindo fotos, vídeos, arquivos, basicamente qualquer coisa que incrimine esse lugar que de religioso não tem nada.
(P.V Flipy, acabou)
A mensagem de Flipy é enviada com sucesso, enquanto Fernando prepara para se responder com um texto, o urso de pêlo verde tira um fone de ouvido de cabo do bolso da bermuda, pluga no celular e coloca em sua sequência de músicas favorita.
Flipy nem ouve o grande estrondo vindo do apartamento de Kanashimi, o pastor alemão é jogado com tudo contra a parede.
Kanashimi – Agh-porra!! – Antes de cair no chão, uma figura avança e prende seu pescoço com o antebraço direito.
É um Diabo-da-Tasmânia de olhos negros e cabelos curtos estilo moicano tingidos de vermelho, ele veste um casaco cinza escuro e calças jeans.
Kanashimi – Me solta!! – Kanashimi o ataca com a sua espada.
O marsupial salta para trás desviando do golpe, Kanashimi pisa no chão e avança com tudo, ele brande a arma branca e erra o golpe, seu oponente se abaixa e acerta um gancho de esquerda na mandíbula do cão.
Kanashimi – Urgh!!
Ele colide contra a parede e geme de dor.
Diabo-da-tasmânia – Vou perguntar de novo, cadê o Zack?! – Kanashimi olha para o lado esquerdo e encontra Flipy esperando o elevador chegar no andar.
Kanashimi – Você é surdo?! Eu já disse que não vou dizer nada!!
Kanashimi conjura um fantasma e o lança no inimigo, uma pequena explosão fere o abdômen do marsupial que urra de dor, Kanashimi aproveita para saltar na direção de Flipy, o Diabo-da-Tasmânia infla o peito e cospe uma baforada de fogo na direção de ambos.
Kanashimi – ABAIXA!!! – Flipy olha para ele e nota o jato de fogo.
Com um impulso, Flipy salta para cima e Kanashimi se abaixa, a rajada de fogo atinge as paredes e o alarme de incêndio começa a tocar.
*Kanashimi – Merda, agora fodeu!! – Ele observa Flipy sacando sua faca.
O pequeno urso pousa no chão tomado pelas chamas e avança na direção do seu oponente preparando uma facada, o marsupial segura o braço dele e o joga contra a porta do apartamento mais próximo. Flipy pega a faca com a mão direita e desfere três golpes no braço do adversário, flores de sangue começam a brotar lentamente.
Diabo – PORRA!!
Flipy – Sair por aí atacando os outros é muito rude, pior ainda quando você não revela quem é.
Diabo – Quer saber mesmo quem eu sou?! – Ele abre a boca e dispara mais um jato de fogo.
Flipy perfura o pulso do inimigo que interrompe a baforada para gritar de dor, o urso acerta um chute na barriga do adversário que caminha para trás.
Flipy – Sim, eu quero saber quem é você para eu poder anotar seu nome no meu registro de mortes.
Diabo – Você tem um registro de mortes? Que psicopata.
Flipy – Disse o cara que botou fogo no prédio, o que você quer?
Diabo – Não tá óbvio, porra?
Flipy – Humm...não. Olha a faca!!
Ele lança sua arma no adversário que desvia na hora, Flipy aproveita para avançar e desferir um chute, o marsupial defende com o antebraço direito, com a mão esquerda, ele acerta um soco no quadril do urso que voa para longe e colide contra a parede.
Diabo – Eu me chamo Bowen e eu estou aqui para te capturar!!
Um jato de fogo avança na direção de Flipy, o pequeno urso desvia, rola pelo chão, se levanta e começa a correr de costas, Bowen pega a faca do seu adversário e o persegue. Flipy esbarra em Kanashimi de propósito, chamando sua atenção.
Flipy – Você se vira aí?
Kanashimi – Espera, o que cê vai...
Flipy – Vou sair com estilo, parça.
Flipy pega uma segunda faca e se joga contra o janelão de vidro, o impacto quebra a barreira frágil e ele entra em queda livre. Bowen salta na sua direção, duas asas dracônicas surgem nas suas costas e as bate, iniciando o seu voô.
Flipy – Tá de brincadeira que essa porra tem mimetismo de dragão!! Bosta!!
(Bowen, super-poder: Dragão vermelho – Permite que Bowen tenha características de um poderoso dragão vermelho, como asas, uma cauda e poderes de fogo, além disso, quanto mais dano receber, mais forte será a sua pirocinése)
Bowen avança em alta velocidade, Flipy passa a arma para a mão esquerda e cria um portal atrás de si, ele mergulha e aparece em cima de Bowen, ele cai no marsupial e perfura o ombro direito com a faca. Bowen urra de dor e bate as asas criando uma corrente de ar que joga Flipy para longe, o urso verde aterrissa com tudo em um carro estacionado na rua, duas costelas suas se quebram e ele vomita sangue.
*Flipy – Caralho, essa doeu pra chuchu...
Quem passava na rua agora corria pelas suas vidas, os olhos vermelhos do urso se arregalam ao ver Bowen inflando o peito e cuspindo várias bolas de fogo em sua direção. Flipy desvia saltando para o lado, seus pés colidem contra o asfalto quente e ele corre para o lado direito, as esferas explodem ao contato de qualquer superfície.
Cinco pedestres são pulverizados pelo ataque, Flipy entra em um beco e se encosta na parede, os gritos dos inocentes se espalham pela rua e quarteirão, o som das sirenes das primeiras viaturas policiais surgem em meio ao caos. Flipy encosta a lâmina da faca na palma da sua mão direita e antes de se cortar, começa a refletir.
*Flipy – Eu acho que a polícia não vai conseguir segurar esse cara, se eu fugir eu fico livre, mas vai acontecer um massacre...ah que se foda!!
Flipy se desencosta da parede e corre, sai do beco e observa Bowen voando, ele o nota e voa em sua direção.
Flipy – QUE MERDA!!
Bowen – Você não vai escapar!!
Uma baforada de fogo avança na direção de Flipy, o urso continuou a correr o mais rápido que podia, pegou a faca e perfurou a mão esquerda, a dor lacerante fez suas púpilas se afinam como as de um felino.
O urso cria um portal temporal na mão direita, se vira e o joga na direção de Bowen como se fosse um disco, o marsupial bate as asas mudando de direção e desviando do golpe, em seguida cospe mais fogo vindo pela lateral esquerda. Flipy encara o carro sendo consumindo pelas chamas e pula para o lado, uma explosão acaba o jogando contra o asfalto, seu cotovelo e perna são feridos no processo.
Flipy se levanta, os ferimentos em carne viva e vomitando grandes quantidades de sangue, Bowen pousa no chão e avança na direção do seu oponente preparando um soco. Flipy desvia se abaixando e perfura a faca no abdômen, em seguida gira ela e puxa para si, Bowen geme de dor e acerta uma joelhada no urso que voa para longe e freia.
Flipy – Essa luta tá maneira e tals, dá para ver que você tem MUITO potencial, mas eu vou ter que vazar.
Bowen – Não vai não!! – Suas mãos ficam cobertas por uma aura de fogo e ao movimentá-las, várias cordas de chamas voam na direção do urso.
Flipy desvia se abaixando, ele cria um portal abaixo de si e mergulha, abandonando o combate de forma repentina.
Bowen – Droga, vou ter que tomar esporro do Angus agora. – Ele pega o seu celular e manda uma mensagem para o seu chefe que não responde na hora.
O Diabo-da-Tasmânia desfaz a sua forma dracônica, olha para as casas e as ruas destruidas, coloca as mãos no bolso da calça e sai da cena do crime bem decepcionado consigo mesmo.
Internato Zoolu – 09:58
(P.V Reinard)
Porra, o professor de física enrola muito nas suas explicações, toda vez que olho para o lado, vejo alguns dos meus colegas de classe dormindo na aula.
Professor – Logo, Vm = △s/△t é igual a...
Aluna – 56 quilômetros por hora.
Professor – Muito bem, Julia!!
TRIMMM!! – FINALMENTE!! ESTAMOS LIVRES!!
Todos se levantam e saem da sala com os seus lanches, alguns em bandos e outros em duplas, trios ou sozinhos, mando uma mensagem para o Leon perguntando se ele já foi liberado, mas ele respondeu que o professor não liberou a turma para o lanche, certeza que quem tá fazendo isso é o professor de geografia.
Vou direto para o refeitório com o meu pacote de biscoitos recheados em mãos, me sento em uma mesa livre e começo a comer.
Ontem aconteceu tanta coisa que estou tentando processar ocorrido, Fernando desapareceu, eu surtei, o Flipy decidiu nos ajudar, o Kauan levou um soco tão forte que por pouco não morreu, porém, o que está mais me deixando encucado é o que aconteceu no auditório.
Eu estou defendo que eu não usei drogas ou nada parecido, eu juro que vi o Leon ser “morto” na minha frente, tudo começou com a maldita neblina vermelha e apartir daí, as coisas ficaram ainda mais estranhas e violentas.
- Ei, Reinard!! – De repente, vejo o Kauan vindo na minha direção, tá isso foi inesperado.
Reinard – Kauan, oi tudo bem?
Kauan – Sim e com você?
Reinard – Mais ou menos, sabe como é né?
Kauan – Claro, acho que com o que tem acontecido nos últimos meses, todo mundo devia ter direito de dar uma surtada.
Reinard – É, hahahaha!! Pois é, se quiser sentar.
Kauan se senta na minha frente e começa a comer o seu sanduíche de ovo.
Kauan – Já descobriram alguma coisa do Fernando?
Reinard – Ainda não, mas sinto que logo, logo, descobrirei alguma coisa.
Kauan – Sim, tenho certeza disso. – Ele sorri para mim e dá mais uma mordida no seu lanche.
Reinard – Então Kauan...
Kauan – Sim?
Reinard – Você tem sentido que...tem uma energia bem negativa nesse internato, tipo...para ser mais específico, no auditório.
Kauan – É...não...por que a pergunta?
Reinard – Nada não, é...só coisa minha.
Kauan – Então tá...
Ótimo Reinard, então é você que está delirando, o Leon estava certo, tu enlouqueceu!! Ficou dodói da cabeça, ah que merda hein!!
Kauan – Mas olha, se serve de consolo...eu sinto uma energia negativa vindo da enfermaria. – Enfermaria? Ué, isso é estranho.
Reinard – Por que na enfermaria?
Kauan – Eu não sei, é bizarro né?
Reinard – É...de certa forma sim.
Eu até contaria para alguém além do Leon sobre o que aconteceu no auditório, o mais votado por mim é o Kauan, mas não sei não, acho que vou guardar isso para mim mesmo. Não vale a pena ficar espalhando mentiras ou infortúnios pessoais com os outros.
(P.V Reinard, acabou)
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