História O mistério de Jaqen H ghar - Uma missão para Arya Stark

   Após o castigo dado por Jaqen, Arya Stark pensou que não teria chance alguma nas próximas missões. Ainda não havia aprendido a ser ninguém, não estava pronta emocionalmente para enfrentar algumas circunstâncias que haveria de passar. 
   Mesmo o coração pedindo para vingar a família, sabia que teria que passar por vários testes. Teria que abandonar todas as emoções para seguir. 
   A noite em Braavos, sempre é fria... Neste momento Arya estava em seus aposentos e pensou se Jaqen um dia já teve uma família ou se já amou alguém. Ou se era até um ser mágico ou um deus antigo ou novo. Nunca revelava as suas emoções ou conhecimentos. Sua face nunca demonstrava a razão em viver dessa forma. 
   Os dias se passaram, e a rotina retornou. Limpava o chão, lava os corpos, olhava as famílias tristes com a perda dos seu entes queridos. Olhava o poço e a água, que traria a vida... Mas que vida? Vida nova aos mortos ou vida nova as famílias que estavam sofrendo? 
    Jaqen passou e ela o seguiu. Passou por várias colunas de rostos, e andou até uma outra porta, bem ao fundo. Quando ele abriu e a deixou passar, na sala só havia um sofá, uma prateleira com alguns livros, e uma escrivaninha com duas cadeiras. 
   Ele olhou para ela e disse: 
   - Essa missão, muitas não voltaram. E as que voltaram, não conseguiram prosseguir. Preciso que você tire um pouco de lágrima de uma pessoa. Ela é dona desse festival. Sempre está na cadeira principal recebendo os  seus convidados. 
   Ele vasculhou o bolso da túnica e entregou o convite com selo de cera, com um brasão de uma coruja. 
   Ela tomou da mão e leu: " Srta  Doran .Venha ser minha convidada no melhor festival da ilha de Thyrosh, uma vez no ano aprecie a melhor música e comida. No fim dessa carta está onde será sua hospedaria. Não se esqueça da roupa de gala com mascará. Agradeço Sra. Layla Turne.
   - Um pouco de lágrima? Como farei isso sem que ela sofra? Tipo, eu não tenho ideia de quem ela deve ser... me dê suas caracteristicas físicas.
   - Ela se chama na verdade Layla Targeryen, uma das últimas, da família, por isso ela tem esse nome. Exatamente isso que eu quero que descubra, como deve tirar a lágrima. Você vai embarcar no próximo navio para ilha de Thyrosh. Não é muito longe daqui. 
   Arya virou as costas e ele disse: 
   - Você vai precisar da agulha e de um vestido de baile. Retire-a espada do esquecimento, e siga para a ilha. Não se esqueça, tem que trazer de qualquer jeito. 
   A garota Stark, saiu das salas, e foi direto ao porto com o vestido de baile e a agulha. Mas fez questão de roubar uma das faces, para não ser reconhecida. Ainda estava tentando entender, o porque ainda a manteve, pois falhou em sua primeira missão. Pensou que ia mata-la, mas havia algo maior nessa missão.
   Ela pensou que Jaqen, devia está dando outra chance, já que ela deu uma quando ele estava preso. Mas também havia temor em ele cobrar pelo preço. Mas que não seria injusto, lá pelo menos estava tendo um lar e um amigo. Nem sabia como estavam o seus irmãos. 
   Após ter ido para Braavos, ela perdeu todo o contato com as notícias de Witerfell.
   -Tenho que deixar isso de lado. Não sei o que Jaqen pode fazer comigo, caso eu falhe. 
   -Ultimo momento para embarcar para Thyrosh! - gritou um sujeito de aparência esquisita e suja -  Vamos suas mocinhas, hoje o vento está em nosso favor. 
   O Comodor, tinha os dentes estragados, parecia ter ganhado uma grande quantidade de dinheiro pela mercadoria. Duas mulheres da vida, estavam semi nuas em seu lado. Arya olhou aquilo com desaprovação, começou a pensar que talvez a Sansa estivesse na mesma situação, não porque ela queria, mas obrigada.Mesmo com a diferença de ideias, sentia falta de sua irmã e de Jon Snow. 
   Arya entrou no navio, e ficou em uma pequena cabine com mais duas garotas. O barulho do Comodor com as meninas se espalharam pelos corredores.As garotas que dividiam a cabine, as duas bem mais altas já pelo corpo mulheres formadas, não parava de falar com a outra sobre o belo festival da ilha de Thyrosh. Falava da comida, dos homens, dos vestidos de gala, dos homens. Perturbava a sua mente e tranquilidade. Apenas estava a trabalho, e dessa vez teria que fazer o serviço completo, e agora sem erros.  
   Após três dias de viagem longas, com uma tripulação mal cheirosa, já estava chegando  O navio atracou no pequeno porto, que estava com pessoas de todos os cantos do mundo. não só pessoas mas como animais, tecidos, vinho e muita comida. 
   Atras do convite, havia um endereço de uma hospedaria bem próximo ao castelo central da ilha. Arya ficou aliviada em que não iria se hospedar junto com a meninas da cabine e nem em uma casa de banho. 
   Um rapaz roliço pegou suas malas e a levou até o quarto. A face que ela estava usando, e o melhoramento dos seus modos, fizeram que aquela face se tornasse real para todos a sua volta. 
   A noite ali, parecia diferente do que ela estava acostumada. O céu era muito estrelado, e de uma cor roxeada e de clima mais quente. A lua era vermelha , e grande, como uma lua de sangue, mostrando os maus presságios que estaria por vir naquelas terras. 
   Mas pelo que viu, ninguém na rua estava se preocupando com isso agora. Mas sim estava preocupada com suas roupas de festas, suas mascaras, feitas do melhor tecido. Percebeu que nem todos que estava lá, iriam entrar na festa, mas isso não importava, todos ali pareciam felizes pelo grande festival do lugar, que parecia místico.  
   Arya vestiu o vestido e colocou máscara do baile. 
       Realmente as pessoas estavam felizes, rindo e bebendo. "Olhando como uma águia" pensou Arya. Como na época que Syrio também de Braavos, a ensinava como combater. Ele ficou no lugar dela e a salvou. Mas não era a hora de ter lembranças e sim fazer um trabalho bem feito. 
   O castelo era algo totalmente diferente da onde ela veio. Nem Braavos era dessa forma. O Castelo, era de mármore claro, com as torres de cor azul, com um belo pátio também com mármore claro. A porta de entrada tinha madeira de aparência pesada, também pintada de azul escuro.
   um dos guardas olhou para ela, e retirou o convite de sua mão e disse:
   -Srta Doran, seja -bem vinda a festa. 
   Arya fez a reverencia e entrou em uma fila. Essa fila iria até um trono, na qual Jaqen havia falado a ela. O salão principal, era enorme, com longas mesas de madeira para sustentar a fartura de comida e vinho. A música tocava sem parar, no ritmo que a festa ia se aquecendo.  
   -O nome da senhorita? - perguntou uns dos guardas. 
   -Doran, de Braavos. 
   - Madame,  a senhorita Doran de Braavos. 
   -Como o vestido ficou elegante em você. 
   -Obrigada senhora Turner. A sua festa é de extrema elegância. Tenho certeza que irei aproveita-la. 
   -Fique a vontade. - Fazendo uma nova reverencia com a cabeça. 
   E Arya fez reverencia a dona da festa, que também estava de máscara. Vestida com um belo pano azul, em bordados a mão nunca vistos por seus olhos e seus cabelos loiros refletiam sua bela postura, como de uma verdadeira dama que faria parte da corte dos Targeryen. E as damas ao seu lado, mesmo com as mascaras pareciam também ter uma beleza sem igual. 
   "Por isso que aparece tantos homens, parece que a beleza é sem igual" pensou. Mas ainda estava tentando arranjar um jeito com que pudesse ficar as duas sozinhas, para que assim, ficasse mais fácil de conseguir o que queria. 
   Ela reparou que uma das meninas olhou para ela, e fez um comentário, não se sabia se era sobre o vestido ou se havia uma desconfiança, havia feito também. Mas a garota de vestido bege, de cabelos castanhos como o dela, se levantou e foi em meia a multidão. Arya estava se servindo de uma maça quando a garota olhou para ela e disse em seu ouvido: 
   -A minha senhora quer muito conversar com você em particular. Achou você encantadora. Me siga para uma das salas. 
   E elas foram abrindo a multidão até uma outra porta. Lá havia uma escada em espiral, em que os vestidos se arrastavam. E pareciam que pesava mais ainda enquanto subia os degraus. Em fim, ela abriu uma outra porta de madeira. Na sala havia vários livros, uma mesa, e algumas poltronas parecendo bem aconchegante. 
   -Senhorita Doran, pode entrar. 
   Arya entrou devagar pela porta reparando em cada detalhe. Sabia que poderia ser um armadilha. Já se foi o tempo que ela ainda era uma garotinha inocente, vendo tanta morte a sua frente. 
   -Senhorita Doran, qual é o seu motivo de vir até a ilha hoje? 
   - Vim a festa e a ilha é fascinante... - disse Arya - e os rapazes são muito agradáveis. 
   -Que bom que gosta da ilha, e essa sua fascinação pelo místico, a milady, vai gostar disso. 
   A garota virou as costas, e removeu a máscara que estava cobrindo uma parte do seu rosto. A luz do luar avermelhado, mostrou um rosto que parecia familiar. Algo nela lembrava a Arya.
   -Você veio a mando de alguém senhorita Doran?  Ou veio por simples curiosidade sobre o mundo místico? 
   - Não, senhorita, fui convidada. É uma festa muito respeitada. 
   O olhar da garota que era castanho, começou a trocar por um preto, algo no olhar dela fazia a Arya ficar assustada. 
   -Você tem certeza que não foi mandada por ninguém? - Disse ela chegando próximo ao rosto de Arya. 
   -Vim por causa do convite, milady. 
   - Não... Não veio... 
   E ela pôs a mão na face de Arya e quando ela ia puxar, a agulha foi penetrada no estômago da garota. Que demonstrou dor. Layla caiu sentada no chão pelo golpe forte da garota.
   -Não sou do tipo que é tola. Sei que você é Layla Targeryen. Preciso de uma lágrima sua. E vou tirar nem que se for a força. 
   Com a voz embargada, Layla disse: 
   -Para levar para o Jaqen? O cavaleiro sem face. Como ele pode ser tão idiota de mandar ... - e ela se levantou com a espada no meio da barriga e puxou o rosto da menina, revelando a verdadeira face de Arya Stark - a minha prima. 
   - O que? - disse Arya assustada. 
   Layla tirou a espada do corpo, respirou fundo, e nenhum sangue apareceu em sua roupa, apenas o buraco no tecido. 
   - Por quê ele nunca vem até mim, e ele mesmo não tira? Já matei várias jovens por causa disso. 
   - Espera um pouco, então você é a garota que está nas minhas histórias de família... por isso achei seu rosto familiar. Mas não sabia que você era uma imortal. 
   - Digamos que sou dura na queda, quase uma imortal. Tenho 517 anos, conheço muito a vida. Não percebeu o quanto somos parecidas fisicamente. 
   - É claro, agora entendo porquê  Jaqen que não me matou. 
   - Ele te falou como deveria transportar a minha lágrima?
   - Falou que teria de ser de qualquer jeito. - disse a Arya sentando em uma das poltronas. 
   - Então, nós vamos embarcar, e iremos até ele em meu navio. 
   -Mas como ficará a ilha, deixará a ilha? E o povo que está por aqui? 
  -Que eu saiba, mesmo eu tendo o sobrenome de uma outra família, ainda sou uma Stark. A ilha será governada por quem sempre foi... digamos assim. Sempre foi muito bom, ter um testa de ferro. Os anos não passam por mim, então tenho que ser cautelosa. 

   Elas fizeram a paz em seguida. E Arya contou tudo que estava acontecendo com sua família, como sofreu e como chegou até Braavos e o seu percurso para se vingar daqueles que acabaram com a família Stark. 
   -Eu nunca vou ter muitas informações, moro numa ilha em que eu tenho que ficar reclusa. Se eu aparecer muito posso chamar a atenção. Bom, acho melhor descansar. Boa noite! 
   E então Layla fechou a porta do quarto:
   - Agora entendo porquê nossa família é tão forte.