Mãe, eles estão vindo... Invadiram Porto Real e a qualquer momento invadirão meu quarto. Rhaenys estava agarrada a minha saia, assustada, e Aegon chora sem parar. Falhei como mãe, Senhora, eu sei... Por não poder proteger meus únicos bens lhe peço perdão.
Agradeço aos Sete deuses por terem me permitido sentir o que é ter o amor incondicional, o amor sublime, o amor de um filho por mim. Rhaegar conseguiu esconder Lady Lyanna em algum lugar seguro, mas eu temo por ela também!
Uma mulher em seu estado não pode passar por situações como as que eu estou passando neste momento. Mãe, se puder protege-la como protegeu à mim durante todo este tempo eu a agradecerei eternamente.
A porta de meu quarto esta seno arrombada, Aegon esta agarrando meus cabelos, e Rhaenys chora sob meu colo. Estou sentada próxima à janela fechada, pedindo sua proteção.
- Mamãe!- choraminga minha filha, erguendo seus olhos castanhos em minha direção.
- Mamãe está aqui, meu amor... – garanti, trazendo-a para meu colo, afundando seu rostinho pequeno em meu peito. – Mamãe vai sempre estar aqui...
Então eles conseguiram entrar... Um homem alto, monstruosamente alto, trajado em cota de malha e armadura, seguido de um homem mais baixo, porém não menos assustador. O mais baixo agarrou Rahaeys enquanto o maior agarrou-me pelos cabelos.
Nunca gritei tanto em minha vida. Gritava, chorava, pedia pela vida de meus filhos... Mas nada os deteve. Aquele que prendia Rhaenys atravessou o corpo pequenino de minha menina com a espada, silenciando seus gritos de desespero, fazendo com que seus olhos –sempre tão cheios de vida, tornassem-se opacos. Mortos.
Um grito maior saiu de minha garganta quando vi aquela cena, e o mundo passou a mover-se em câmera lenta. Vi quando o homem largou-a no chão, ensanguentada, gelada, morta. Vi quando o brutamontes que me capturou arrancou meu pequeno Aegon de meus braços; senti na pele a dor de ver meu bebê ser esfaqueado por um homem sem coração... Um monstro em forma de homem...
Meu cérebro pareceu parar de funcionar. As imagens turvaram-se. Os sons desapareceram. Já não ouvia mais as risadas malignas, o som de metal contra o piso de pedra, ou mesmo os insultos que me eram direcionados.
Não senti nada quando o gigante jogou-me sobre o mesmo chão de mármore manchado pelo sangue dos meus dois filhos, e violentou-me seguidas vezes, até dar-se por satisfeito e, finalmente, transpassar a lâmina de sua espada maldita por meu peito, atingindo-me próximo ao coração.
Minha cabeça pende para o lado, as lágrimas escorrem de meus olhos, enquanto posso ver os corpos sem vida de meus maiores tesouros... Rhaenys, minha menina meiga e delicada, de cabelos castanhos e olhos cor de âmbar... E Aegon, tão pequeno, de olhos que me lembravam os de Rhaegar...
A Morte vem sutil, acolhedora, e minha última ação é esticar meu braço até perto de meus bebês, conseguindo tocar apenas algumas mechas do cabelo ondulado de Rhaenys, antes de sucumbir à escuridão profunda, e perder meu fôlego junto da consciência...
.
.
.
Mãe, Proteja à todas as filhas deste mundo. Mãe, proteja à todas as esposas deste mundo. Mãe, proteja todas as mães deste mundo.
Insubmissos, Não Curvados, Não Quebrados. Quando todos eles foram desmentidos, eu me libertei do dever de meu sangue.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.