Assim que bateu o sinal Stiles e Scott pegaram suas coisas e saíram correndo, loucos para ir embora de uma vez. McCall planejava ficar com a ex-namorada, não tão ex assim, Allison; e Stiles para... fazer o que ele sempre faz. Qualquer coisa que não seja ficar na escola.
Eles saíram do prédio. Scott ia até o suporte onde sua bicicleta estava trancada. Já o outro garoto tinha um longo caminho pela frente, pois seu querido jipe ainda estava em posse da polícia local, para análise. O veículo era parte da cena de um crime, o assassinato de um mecânico que Stiles presenciara e que ainda lhe dava pesadelos a noite.
O misterioso Kanima tirara a vida de uma pessoa na sua frente. Não poderia esquecer do acontecimento sinistro tão cedo.
Restaram-lhe duas opções: ir para a escola de ônibus ou a pé. Se livrara da velha bicicleta desde que seu pai o liberara para dirigir o carro. Como não gostava da primeira opção, Stiles preferia fazer todo o percurso caminhando.
Scott ia oferecer para carregar o amigo na bike, quando sentiu uma mão sobre seu ombro. E Stilinski apertava com certa força.
– O que foi?
– Ei, Scott... é impressão minha ou o Derek está parado ali entre aquelas árvores parecendo um psicopata...?
O rapaz olhou na direção apontada e franziu as sobrancelhas. Sim, era o Derek parado ali, com uma expressão das mais assassinas.
– O que será que aconteceu...?
– Cara, dá um jeito de segurar ele aqui, por que eu tenho certeza que ele veio me matar – Stiles sussurrou para Scott, rezando para que o outro lobisomem não escutasse.
– Te matar...? Mas ele não é seu namorado? – McCall perguntou.
– Acho que isso não vai valer de muita coisa – Stiles respondeu olhando para os lados e calculando a melhor rota de fuga.
– Stiles, o que foi que você fez?
– Eu fiz um favor para a humanidade. Mas tenho certeza que o Derek não vê as coisas bem desse jeito... depois a gente conversa.
E o garoto fugiu dali tão rápido quanto o Coiote caçando o Papa Léguas. Scott assistiu em silêncio. Depois pegou a bicicleta e se aproximou do local onde Derek continuava parado com uma das mãos no bolso e a outra segurando um embrulho de papel.
– O que foi?
– Nada, Scott. Nada que seja da sua conta.
– Stiles acha que você vai matá-lo – afirmou divertido – A morte do meu melhor amigo com certeza é da minha conta.
O mais velho estreitou os olhos que brilhavam em vermelho de forma ameaçadora.
– Stiles acha que eu vou matá-lo? Não. A morte é um castigo suave para o que ele me fez! – praticamente rosnou.
– O que ele fez?
A reposta de Derek foi virar as costas e afastar-se dali, deixando Scott mordido de curiosidade.
oOo
Stiles chegou em casa ressabiado. Espiou do lado de fora e suspirou de alívio com a visão da janela de seu quarto ainda fechada. Entrou em casa e prestou atenção por alguns segundos. O silêncio era absoluto.
Galgou a escada devagar. Não podia esquecer que era namorado de um lobisomem. Não seria pego de surpresa em sua própria casa!
Abriu a porta do quarto cheio de precauções. Estava vazio!! Jogou a mochila no chão e... não teve tempo de comemorar a pseudo vitória, pois Derek saiu detrás da porta e o grudou pela camisa, empurrando-o violentamente contra a parede.
– Owt – gemeu dolorido – Derek, calma!
– Eu. Vou. Matar. Você.
– Eu posso explicar tudo!
– Explicar? – o lobisomem rosnou – Explicar?!
– Sim – Stiles abriu um sorriso abusando da própria sorte – Se não rasgar o meu pescoço. Com os seus dentes.
– Stiles! – Derek parecia furioso – Você trocou o meu condicionador por shampoo anti-pulgas! Que explicação tem para isso?
Hale sentia sua raiva aumentar! Como ia imaginar que seu namorado sem noção, iria aproveitar a primeira oportunidade para fazer a pegadinha, esgueirando-se pelo banheiro recém reformado da mansão e trocando os frascos dos produtos? Quando sentira o aroma era tarde demais! Seu cabelo estava cheio de espuma de sampoo para cachorro!
– A culpa é sua! Eu disse que encontrei pulgas na minha cama e pedi educadamente para usar algo que acabasse com elas, mas vocên não me deu ouvidos! Tive que improvisar...
– E por que acha que são minhas?! – Derek estreitou os olhos, fuzilando seu namorado com uma mirada que arrepiaria qualquer um.
Mas Stiles não era qualquer um. O garoto sem noção bateu com a ponta do dedo indicador no peito do lobisomem ao dar a resposta desaforada.
– Eu dormi nessa cama por dezesseis anos sem ter problemas. Mas ultimamente meu colchão parece um campo de refugiados para pulgas extraditadas e a única coisa de diferente que me aconteceu foi dividir a cama com você!
– Stiles – o nome saiu da boca de Derek como um rosnado. Ele parecia longe de se acalmar – Lobisomens não têm pulgas. Eu sou um Alpha!
– E ser Alpha garante imunidade automática contra pulgas, okay. E eu sou o número quatro.
– O quê?! – o mais velho bufou sem entender. Stiles girou os olhos e sorriu mais.
– Agora com certeza não tem – o menino provocou, mas antes que Derek continuasse o chilique completou – Que tal tirarmos a prova e eu aproveito para pedir desculpas, hein, Sourwolf?
A mão que antes batia no peito largo do lobisomem deslizou até o seu pescoço e massageou de leve, arrepiando a pele de Derek. Os olhos do Alpha escureceram e ele inclinou a cabeça capturando os lábios em um beijo profundo e possessivo que nada tinha de tranqüilo.
Stiles sorriu interiormente. Era mesmo fácil amansar o namorado. E ele esperava que aquilo acabasse com o problema das pulgas. Já não agüentava mais acordar todo marcado de picadas.
oOo
Scott fez uma careta e tomou impulso, pedalando para longe dali. Seguira Stiles apenas para ter certeza que o amigo ficaria bem. E para descobrir do que se tratava toda aquela confusão.
Quanta falta de noção!
oOo
No outro dia Stiles evitou Scott de todas as formas possíveis, mas só até a hora do treino de Lacrosse, quando se encontraram no vestiário.
McCall sentou-se ao lado do amigo, estranhando o comportamento. E algo ainda mais suspeito: estavam em pleno verão e Stiles usava uma touca de lã.
– Cara, o que aconteceu? – o jovem lobisomem foi dizendo. Tentou puxar a touca, mas o outro desviou – Stiles?
– Já ouviu falar que a vingança é um prato que se come frio? – o menino perguntou amuado – Pois esqueça. Com aquele idiota do Derek é bateu levou. Ouça o que eu digo, Scott: nunca mexa no cabelo de um Alpha.
– O quê?
O treinador escolheu esse momento para se aproximar enérgico como sempre.
– Bilinski o que pensa que a minha aula é? – perguntou alto e puxou o gorro com uma velocidade que faria qualquer lobisomem morrer de inveja – Mas que por...
Finstock calou-se. O vestiário inteiro silenciou. O queixo de Scott caiu.
O cabelo de Stiles estava colorido com uma cor absurda de rosa choque. Ou melhor, aquilo nem podia ser considerado pink. Era um outro nível de tonalidade cegante.
– Eu não vou nem perguntar – o professor soou derrotado – Meu salário não compensa isso. TODO MUNDO PRO CAMPO!! AGORA!!!
Apenas McCall e Stiles ficaram no vestiário. Scott estava seriamente em dúvida se tinha um ataque de risos com a cena ou se morria de pena do melhor amigo.
– Derek? – perguntou apesar de já ter certeza da resposta.
– Derek. No melhor estilo Mel Gibson naquele filme “O troco”.
– Cara...
– Não sei que porra de macumba é essa – Stiles apontou para si próprio – Mas não quer sair de jeito nenhum. Depois da aula vou falar com o seu chefe e pedir ajuda...
Scott balançou a cabeça ainda chocado com a intensidade do rosa. Então pareceu cair em si.
– Ei, e deu certo o lance lá das pulgas?
Stiles respirou fundo parecendo incrivelmente infeliz.
– Descobri que não eram pulgas. Eram pernilongos. Mas a minha intenção era boa. Alguém precisa ensinar ao Derek que a vingança nunca é plena, mata a alma e... e... – franziu as sobrancelhas cravando os olhos castanhos no outro – Santo deus, cara. Como você sabe dessa história?
Scott não respondeu. Apenas levantou-se e fugiu dali rapidinho, deixando um indignado Stiles para trás.
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