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História O Vermelho Significa Que Eu Te Amo - Quanto menos eu durmo, mais penso.... Assim menos esqueço


Escrita por: Gorecake

Notas do Autor


Então, enquanto Dead Plate não entra como uma categoria, deixo como original. Mas Dead Plate pertence a Rachel.

Essa fanfic se passa depois de todos os eventos do jogo, assim terá spoiler e isso é um dark romance, então terá gatilhos e um relacionamento tóxico

Capítulo 1 - Quanto menos eu durmo, mais penso.... Assim menos esqueço


 

Dois anos se passaram desde que Rody viveu a experiência mais assustadora de sua vida.  

Ele havia entrado na mira de um perigoso psicopata que conseguia esconder sua personalidade sádica atrás da máscara de um carismático chef de cozinha, todos os seus exageros eram vistos como genialidade ou apenas como uma paixão gigantesca pela profissão.  

Tudo começou normal, mas terminou com Rody lutando por sua vida, ele ainda tinha marcas do confronto contra Vince, o famoso chef.  A marca mais visível estava em seu rosto, tinha perdido uma orelha enquanto lutava, felizmente isso não ficava tão visível por causa de seus cabelos ruivos que escondiam a cicatriz.  Pelo seu corpo haviam algumas cicatrizes, mas a pior marca eram as memórias. Ele nunca escutou os gritos de Manon, sua ex -namorada que tinha se tornado uma vítima de Vince… Mas sempre que fechava os olhos, conseguia escutar seus pedidos de socorro, além de conseguir ver ver a cena dela chorando e implorando por sua vida… Ele também podia imaginar o sorriso sádico de Vince…

 

Quanto mais pensava, mais ele se lembrava e quando mais lembrava mais doía. 

 

Ficar na capital parecia um erro, tudo o fazia lembrar de Manon e Vince. Tudo o machucava, tudo consumia sua sanidade e o deixava mais perto de um lapso mental. Por isso ele escolheu voltar para sua cidade natal no interior da França. 

O rapaz havia crescido em Cassis, uma pequena vila de pescadores que ficava mais ao sul da França. Não era nem de longe tão grande como a capital, além de que a vida era bem menos caótica. Rody reconhecia os rostos quando andava pelas ruas e por algum estranho motivo se sentia mais seguro quando estava na casa de seus pais, o mundo parecia não ser tão hostil.  

 

Esses dois anos vivendo no litoral fizeram bem para ele, porém sua mente ainda estava uma bagunça, foram muitas as vezes que acordou durante a noite, sempre o mesmo pesadelo. Ele podia sentir a faca de Vince deslizando por seu pescoço devagar e rasgando sua garganta. Ele sentia seu coração sendo esfaqueado e escutava os gritos de Manon. Sempre que fechava os olhos os pesadelos começavam. Vince estava morto, mas ele seguia vivo nos pensamentos de Rody. Os esforços para esquecê-lo eram constantes… Só que nunca deram certo.  

Isso era tão injusto. Rody teria que passar o resto de sua vida sendo apenas uma sombra por causa das escolhas de outra pessoa, ele teria que passar  o resto de sua vida se questionando se as coisas poderiam ser diferentes, teria de passar o resto de sua vida sendo manipulado por Vince em seus pensamentos. 

 

Rody se esforçava tanto para esquecer o ocorrido, que optou por nunca ler nada sobre o ocorrido. Não ficou tanto tempo em Paris para saber como a história do incêndio foi contada, ele preferiu se isolar do mundo e ele sabia que tudo seria contado como uma tragédia que interrompeu a carreira promissora do brilhante Vincent Charbonneau. 

Talvez os jornais tenham contado que um fã maluco invadiu o estabelecimento durante a noite… Provavelmente o corpo do chef foi encontrado carbonizado no meio dos destroços… Sim, ele provavelmente foi descrito como uma vítima.

Claro que Rody podia ficar e dar seu depoimento… Mas seria a palavra de um garoto fodido do interior contra o corpo carbonizado do seu chefe. Pode não parecer mais existe uma diferença social gigantesca. Aquele corpo carbonizado tinha contatos, era amigo de pessoas importantes, já havia cozinhado para pessoas importantes e famosos … Enquanto Rody… Um garoto problemático que nasceu em uma vila de pescadores, largou a faculdade e agora estava desesperado para juntar dinheiro, todos na cozinha sabiam dessa informação e viam o seu desespero…. Provavelmente algum investigador usaria esse fato para acusá-lo de algo.  

Seria a suas palavras, contra um cadáver… Era tão irritante saber que o cadáver ganharia… 

 

Felizmente ele apenas saiu como o rapaz que pediu demissão em uma semana e todos sabiam que o garçom não tinha o perfil do bistrô, era fácil acreditar que ele estava longe quando o incêndio aconteceu, claro que isso era uma teoria da cabeça do garoto, mas pareceu fazer sentido já que ninguém nunca o procurou nem nada do gênero.

 

Durante esses anos, se esforçou muito para esquecer, mas acabou percebendo que nunca conseguiria se ficasse preso naquela pequena vila. Quanto mais se esforçava para esquecer, menos esquecia.  

A vida podia ser confortável, mas o sufocava. Era apenas uma sombra da pessoa que ele foi um dia. 

Percebeu que havia uma escolha a ser feita. Ficar em um lugar confortável e seguro pelo resto de sua vida, mas sendo uma sombra ou tentar seguir em frente, era assustador pois ele não sabia as consequências que isso o traria, mas era o primeiro passo para deixar o passado para trás… Rody escolheu tentar seguir em frente.  

 

Sua escolha foi voltar para a faculdade, parecia um bom ponto para recomeçar. 

 

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Deixar a pequena vila mais uma vez foi um pouco mais difícil, a primeira vez que fez estava cheio de sonhos e expectativas com a capital, mas agora ele sabia os perigos e como o mundo poderia ser hostil.

Felizmente os primeiros dias foram agradáveis. Diferente da primeira vez, ele aceitou dividir um quarto no campus. Era isso ou pagar por um lugar absurdamente caro, todos os apartamentos perto da universidade eram caros demais e ir pedalando todos os dias, não era uma boa ideia, a temporada de chuva estava prestes a começar e não queria ser visto molhado todos os dias. 

Seu maior medo foi de dividir o quarto com um estranho, mas também estava ansioso para conhecer alguém novo. Tinha passado os últimos dois anos apenas convivendo com os mesmos rostos, estava empolgado com a possibilidade de fazer novos amigos. 

Felizmente seu colega de quarto era uma pessoa legal, era alguns anos mais novo que Rody, mas isso não pareceu um problema para que criassem uma amizade. Clément era um faz muito semelhante ao que Rody era no passado, porém com uma aparência bem mais saudável. Ele não veio de uma pequena vila no interior, ele pertencia a uma família importante ou algo assim, mas era uma boa amizade. Estava sempre falando, não importava o assunto, ele tinha algo para comentar, seus comentários costumam ser engraçados, pelo menos para Rody. Nessas duas semanas de convivência conseguiram criar um pequeno laço, foram muitas as vezes que o mais novo surgia no quarto com uma garrafa de vinho para que eles pudessem passar a noite bebendo e conversando.

 

O quarto que dividiram não era grande, na verdade, era o típico quarto de uma universidade, tinha espaço para duas camas e um pequeno corredor no meio que encaixava perfeitamente uma mesa. A janela quase sempre estava aberta, deixando o sol, que não era constante naquela época do ano entrar, Clément adorava ficar tomando o sol da manhã, já Rody preferia passar a manhã dormindo. Durante a noite, o mais novo tentava arrastar Rody para pequenos encontros que tinha com seu grupo de amigos, mas ele nunca parecia estar no clima para isso. Não por ser contra festas ou coisas assim, mas porque ele não se encaixava nesse grupo. Clément era um rapaz popular, ele tinha a aparência clichê de um cara popular e bonito da universidade, enquanto Rody… Bem, ele não era feio, mas ele não parecia se encaixar com aquele contexto. 

 

— Você vai sair comigo essa noite. - Anunciou o companheiro de quarto que abriu a porta do cômodo e jogou as chaves na direção de Rody, que estava apenas sentado sobre sua cama folheando um livro que tinha encontrado na biblioteca. 

— Obrigado pelo convite, mas sabe que prefiro ficar aqui. 

Clément revirou seus olhos castanhos e jogou uma de suas jaquetas na direção de Rody. 

— Pare de ser tão chato, hoje é sexta, manhã não tem aula, podemos aproveitar um pouco.  Juro que não é um lugar extravagante nem nada do tipo. 

— Mas você sabe que não gosto de sair. 

Clément fez um som impaciente e depois se jogou sobre a cama do amigo e o chutou de leve, Rody retribuiu ao chute com um pouco de força, em poucos minutos os dois estavam se chutando e gargalhando com aquilo.

— Rody, eu sei que você é cheio de traumas ou qualquer merda assim, mas vai mesmo ficar preso nesse quarto até o fim da faculdade? 

Essas palavras deram um gatilho no ruivo, ele havia deixado sua cidade para tentar viver sua vida, porém ele estava se isolado de novo do mundo, só que agora em um quarto em uma universidade. Quando terminasse ficaria isolado em um apartamento? Iria para o trabalho e voltaria para casa, se mantendo longe do mundo… Para sempre sendo apenas uma sombra do que ele um dia já foi…

—Certo… Eu vou, só dessa vez. 

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Rody estava acostumado com um tipo de ambiente e podia se dizer que um bar underground não era seu ambiente, aquele deveria ser um lugar frequentado por pessoas com um estilo mais alternativo, e isso realmente acontecia, mas na maior parte do tempo estava repleto de pessoas ricas, pelo menos os filhos dessas pessoas ricas. Todos querendo mostrar como eram diferentes dos seus pais e não precisavam de um lugar luxuoso para se divertir nem nada do gênero. Bastava apenas um pequeno bar no porão. Roddy descia as escadas de pedra devagar e já tirava sua jaqueta, pois o ambiente estava bem mais agradável do que do lado de fora. Não era muito grande, tinha um pequeno palco ao fundo, mas seus “amigos” estavam em uma das mesas, diversas bebidas já tomavam conta da pequena mesa e Clément puxava Rody para se apresentar, ele chegou a falar os nomes dos amigos, porém o ruivo não conseguiu decorá-los, alguns já tinha visto na universidade, mas realmente não conseguia ligar o nome ao rosto de ninguém.  

A música era um pouco alta, mas não chegava a atrapalhar a conversa do grupo. Demorou um pouco para Rody conseguir se soltar com aquele grupo de estranhos, porém depois de virar alguns copos de gin puro, tudo pareceu mais fácil. Ele não parecia mais uma sombra do que ele foi um dia, na verdade, ele estava bem. Estava rindo e se divertido, em nenhum momento pensou no passado, em nenhum momento se questionou do porque tinha sobrevivendo ao invés de Manon, em nenhum momento pensou em Vince…

Infelizmente a noite ainda estava começando. 

 

Deveria passar da meia noite, quando Rody escutou a banda tocando uma de suas músicas favoritas, tinha muito tempo que não escutava Marie douceur, Marie colère. Por isso sem pensar muito aceitou o convite de Clément e foi correndo para o centro do salão, onde tinha um grupo de pessoas dançando. O garoto não era um bom dançarino, na verdade nunca teve essa habilidade, mas estava se divertindo enquanto acompanhava o colega de quarto, os dois cantavam juntos e balançavam a cabeça no ritmo da música. Tinha muito tempo que não se divertida dessa forma, nem parecia que tinha passado dois anos isolado em um quarto fugindo de tudo e todos, estava feliz por ter deixado essa vida para trás, estava realmente feliz por ter deixado aquela cidade para poder voltar a ter uma vida… Porém, como estava um pouco bêbado perdeu um pouco o equilíbrio e deu um passo em falso para trás. Seu corpo bateu contra o de um estranho e sem pensar muito Rody se virou para se desculpar, só que quando fez isso seu corpo congelou. 

Aqueles cabelos negros penteados para o lado, com a franja escondendo o lado esquerdo do seu rosto, o mesmo lado que agora tinha uma queimadora pegando seu olho e boa parte de sua bochecha, ela se estendia até sua orelha, mas o cabelo ajudava a disfarçar. 

Seu pescoço estava escondido pela gola de uma blusa preta de mangas compridas, porém Rody não parava de olhar para aquela região como se tentasse entender o que tinha acontecido ali.  

Os olhos do rapaz estavam arregalados e seu corpo paralisado enquanto encarava os olhos negros e frios de Vince. 

 



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