Ah, meu trevo
Você sabe que me mudou?
Trevo
Tudo parece um presente que você me deu
Eu via o mundo como algo simples
Mas é tudo lindo agora
Tão adorável, meu único trevo
Clover
Yoon Jisung
Querido pedaço de papel, prometi a mim mesma que jamais voltaria com estes velhos hábitos, entretanto, medidas drásticas precisam ser tomadas e no momento, você será meu confidente temporário.
Tudo começou quando a casa ao lado ficou a venda. Nunca pensei que alguém fosse querer mudar—se para cá, Konoha não é um dos lugares mais badalados para se morar, muito menos uma grande capital, apesar do doce aconchego. É uma cidade do interior, simples, calma, tendo vez ou outra, suas agitações como qualquer outro lugar. Entretanto, estava enganada; alguém, de fato queria mudar—se para Konoha!
Papai disse que eram velhos conhecidos, da época da escola, que mudaram—se assim que a primeira oportunidade de emprego surgiu. Ele estava feliz, de fato, Hyuuga Hiashi estava feliz e bom humorado. Não contestei, dias assim, a gente comemora, porque papai fica bondoso o suficiente para encher meu bolso com uma quantia gorda de dinheiro extra, para que me divirta, segundo ele. Com o que, eu não sei exatamente, mas nunca recuso e guardo junto as minhas outras economias, para qualquer futuro interesse capitalista.
Conheci ele no mesmo dia, em uma noite de segunda—feira, uma semana depois das férias começarem. Uzumaki Naruto; cabelos louros – que eu jurava, no primeiro contato que eram pintados –, olhos de um azul intenso e vibrante, pele bronzeada e um sorriso tão branco que realmente acreditei que estava em um comercial de pasta de dente. Hanabi gostou dele, minha irmã nunca gosta de ninguém.
Acreditei firmemente que ele tinha algum poder sobrenatural, porque onde fosse que passasse, as pessoas eram envolvidas pelo seu charme descomunal. Apelidei—o carinhosamente de garoto do feromônio, porque é justamente o que ele é. Desde que mudara—se para a casa ao lado, não houve mais nenhum momento de paz; garotas corriam atrás dele como cachorros correm atrás de um graveto. Hanabi disse que era normal, porque o Uzumaki era um tremendo gostoso. E tinha um sorriso travesso no rosto, sorriso que conhecia muito bem. Pensei comigo mesma, contanto que isto não interfira na minha vida, afinal, não tinha motivos para interferir. Mas o garoto feromônio resolveu passar todas as tardes de ensolaradas quarta—feiras lavando o carro do pai, como também o dele, sem camisa, um enorme atentado ao pudor!
Sentia sempre minhas bochechas queimarem na mais pura vergonha e tesão, segundo a minha melhor amiga, Tenten. Não contestei, porque sabia que era verdade. Sempre sentia que Naruto tinha algum tipo de sexto sentido biônico, fora do normal, porque sempre era pega observando—o lavar o carro. Não importasse em qual cômodo da casa estivesse, meu olhar sempre encontrava com o do Uzumaki, que, de maneira descarada e muito provocadora, sorria e acenava. Eu virava um completo pimentão.
As fãs do Uzumaki sempre estavam lá, observando, abanando—se, fingindo estarem perdidas, muitas vezes tropeçando propositalmente nos próprios pés, tendo contato direto com aquele peitoral dos Deuses. E o cretino ajudava, parecia não enxergar as segundas intenções, o que deixava—me indignada.
Na época, não percebi que a indignação era o mais puro ciúme e inveja. Então, resolvi tomar uma atitude, claro que tinha, não é mesmo? Passei a acompanha—lo nas lavagens de carro, fingindo não ter nada para fazer, inventando milhares de desculpas. Aos poucos, as fãs foram diminuindo, pensavam que namorava com Naruto, nunca neguei quando perguntada também. Acho que ele sabia das minhas intenções. Claro que ele sabia.
Descobri, um pouco depois, que de lerdo Naruto não tinha nada. Foi em uma noite de uma quinta—feira, quando ele me chamou para comer um simples lámen. Hanabi insistiu para que eu usasse ao menos alguns brincos, talvez arriscar no perfume, diferenciar e acatei, mentindo para mim mesma que era apenas porquê estava inspirada, não tinha nenhum motivo relacionado a Naruto. Mas obviamente, claro que era para impressioná—lo. Sentia meu coração bater freneticamente quando o vi, encostado no carro, as mãos enfiadas no bolso da calça, olhando para o chão, ansioso. Quando me viu, sorriu.
Tratou—me como uma princesa. Dentro do carro, durante todo o percurso, a conversa fluía facilmente, assunto não acabava.
Admito, aquele fora o melhor lámen que comi em minha vida. Deixei claro, óbvio. E, com os cantos da boca, sujos devido ao caldo, com a pior das expressões que poderia fazer para uma primeira saída, ele beijou—me. Francamente, todos aqueles filmes de comédia romântica mentiram para mim; de doce o beijo não tinha nada. Era puro sabor de lámen, mas, admito, que o frio na barriga existiu, que as bochechas rosadas aconteceu e, que o calafrio e a vontade de prolongar persistiu até o último minuto. Naquela noite, descobri que ele lavava o carro sem camisa de propósito, pois sabia que o observava. Admitiu, que sabia claramente das segundas intenções das fãs – levou um soco por isto – e deixava acontecer pois divertia—se com as minhas expressões.
Outros cinco beijos aconteceram ainda naquela noite e a despedida, fora tão melosa quanto nos filmes, talvez pior. Mas a sensação que ficou fora uma das melhores.
Dois dias antes das aulas começarem, oficializamos namoro. Tia Kushina – a mãe de Naruto – vibrou de felicidade. Meu pai apenas afirmou com a cabeça, dizendo que confiava na criação dos melhores amigos. E Hanabi simplesmente entregou em minhas mãos um saco de camisinhas. Não lembro bem o que aconteceu depois, mas Naruto afirmou e meu pai também, que tinha desmaiado pelo choque. A obriguei a limpar a casa sozinha durante um mês inteiro.
Quando finalmente as aulas voltaram, ninguém acreditava que o novato gostosão estava namorando comigo. As fãs ficaram decepcionadas ao extremo, ficando em uma espécie de estado de luto durante uma semana inteira, logo desencanando e tendo como alvo, agora, Uchiha Sasuke, mas também se decepcionaram; um dia após o fã—clube se estabelecer, o melhor amigo do meu namorado assumiu namoro com Haruno Sakura, minha amiga melhor amiga.
Entretanto, não estou escrevendo neste pedaço de papel sem motivo. Prometi para mim mesma que jamais escreveria algo parecido com um diário, todavia, este é o meu último ano como colegial. Nossa turma resolveu fazer uma capsula do tempo, e eu não tinha um pingo de noção do que colocar dentro. Quando encontrei meu antigo diário, pensei, porquê não?
Resolvi separar 5 envelopes. Dentro de cada um, uma história diferente; este, fala do meu primeiro amor – não gostar, pois são coisas completamente diferentes – e de como Uzumaki Naruto conseguiu fazer meu coração palpitar sem que nem mesmo eu percebesse. Quando disse minha ideia, Hanabi simplesmente disse ‘’Mas como você sabe que daqui a 20 anos estarão juntos? Não tem sentido escrever sobre isto’’. Não, eu não sei se daqui a 20 anos estaremos juntos, mas a Hinata do futuro provavelmente vá querer relembrar as sensações que o primeiro amor forneceu. Vai gostar de relembrar da Hinata em seus 17 anos, apaixonada e completamente boba de amores pelo maior pateta da escola.
São memórias, de toda forma. E memórias merecem ser relembradas.
Naruto quis deixar a marca dele aqui também (vai entender); Olá, Hinata do futuro! Como você está? Espero que ainda mais bonita do que aos 17 anos. Espero que esteja feliz e, obviamente, casada comigo. Se, este não for o caso, e estiver bem ao seu lado, ao menos por perto, peço me dê um grande beliscão. Eu mereço, por ser um completo idiota ao não estar casado com a garota/mulher incrível que eu sei que se tornou! Diz para o meu EU, do futuro, um muitíssimo obrigado. Não tenho tato com a escrita que nem você, por isto não vou deixar uma carta para o Uzumaki do futuro, mas pode dizer que estou orgulhoso demais pelo que se tornou. E, bem, te amo!
Carinhosamente, Hyuuga Hinata com a intromissão de Uzumaki Naruto.
25 de abril de XXXX.
(….)
20 ANOS DEPOIS.
Segurou firmemente a pequena garota em seus braços, aninhando—a. Fazia frio, era meado de inverno. Mesmo assim, jamais perderia tal momento. Olhou ao redor, deixando a nostalgia aquecer seu coração, até que a pequena esticou os pequenos bracinhos em direção a capsula, chamando atenção da mãe que riu do entusiamos da filha, colocando no chão, procurando o mais velho, aliviando—se ao perceber que o mesmo brincava com outra garota, com idade próxima a dele, as bochechas coradas pelo frio.
– Mamãe, olha! – A garota puxou o casaco da mãe, apontando para dentro da capsula agora aberta. Retirou dali cuidosamente um amontoado de envelopes, reconhecendo a letra da mãe. Sorriu banguela, estendendo em direção a mulher. – Achei! Tem até mesmo a foto do papai! – Empolgou—se, chamando atenção do irmão mais velho, que largou a garota de lado e correu em direção a mãe. – Oni—chan, olha, são a mamãe e o papai! – Riu, apontando para a fotografia. – ‘Dindo Sasuke e a ‘Dinda Sakura, o tio Neji e a tia Tenten… – Deu uma curta pausa, reconhecendo os rostos – Nossa, a tia Ino era muito bonita!
– Por que o ‘Dindo Shikamaru tá com os olhos fechados? – O garoto perguntou.
– Porque o ‘Dindo Shikamaru estava com sono, esqueceu que ele é um grande preguiçoso? – Limpou o rosto do filho, cheia de ternura. – Um dia, vocês também farão isso, sabia?
– Podemos?
– Claro que podem, oras, não tem regra alguma que diga que não. – Sorriu, puxando ambos para um abraço.
– Quando crescer, vou escrever uma carta para a Sarada! – Exclamou, empolgado. – Será que ela vai gostar, mamãe?
– Claro que ela vai, Boruto. – Beijou a testa do pequeno. Os cabelos louros idênticos ao do pai, os olhos nem se falava. Boruto era a própria copia do pai, o que deixou a Hyuuga indignada no começo. – E você, Himawari, se pudesse, escreveria uma carta para quem?
– ‘Poh Inojin. – Abaixou o olhar, as bochechas extremamente vermelhas. Diferente de Boruto, Himawari tinha puxado e muito a Hinata, mesmo assim, os olhos e o cabelo incontrolável continuavam sendo características marcantes que herdará do pai. Boruto inflou as bochechas, não gostando nem um pouco do que tinha ouvido. Era um irmão muito ciumento. – Os abraços dele são quetinhos.
Um bico formou—se nos lábios de Boruto.
– ‘Que foi, oni—chan? – Perguntou, doce, segurando as mãos do irmão e levando até a bochecha, fechando os olhos e sorrindo de maneira fofa, os dentes de leite que caíram deixavam—na ainda mais fofa. Boruto desmanchou o bico imediatamente, derretido. Era sempre assim. Envolveu a irmã em um abraço. – Oni—chan?
– Não se preocupe, Hima—chan, seu irmão mais velho vai te proteger. – Declarou, deixando a pequena confusa, mas não pensou muito sobre isto, manteve—se no abraço.
Hinata sorria derretida com a cena, procurando a câmera na bolsa, não encontrando—a. Suspirou, frustrada, até que um flash tomou sua atenção, fazendo—a sorrir. Lá estava sua câmera, nas mãos de Naruto. Levantou do chão, segurando o rosto do marido docemente, selando os lábios, tomando a câmera de suas mãos em seguida, risonha.
– Papai! – Tanto Boruto quanto Himawari pularam nos braços de Naruto, que já acostumado, pegou ambos no colo, enchendo—os de beijos.
– Olá, meus raios de luz. – Saudou. – Fiquei apenas alguns minutos longe de vocês e estou morrendo de saudades! – Sorriu, recebendo inúmeros beijos dos filhos. – Ah, como eu amo vocês!
Hinata acabou sendo envolvida também, mas não ligou muito. Amava seu marido, amava seus filhos. Aconchegou—se no abraço da família Uzumaki, que logo fora aumentando a medida que os outros resolveram intrometer—se. Mas ninguém ligou ou reclamou. Estavam aquecidos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.