1. Spirit Fanfics >
  2. Oi, Vizinho >
  3. Capítulo Único

História Oi, Vizinho - Capítulo Único


Escrita por: Tikki-chan

Notas do Autor


Boa tardeeeeee! Como vcs estão?
Essa aqui é a minha one de presente para a pessoa que eu tirei e vou confessar que foi mais difícil que pensei kkkkk. As músicas de referência não me deram mt inspiração e acabei recorrendo as fanarts. A história é baseada no compilado de fanarts da artista gabzilla e tanto as fanarts da capa quanto a capa do capítulo são dela. Deixarei o link ali embaixo!
Minha terceira one em terceira pessoa :))))))))
Minha amiga secreta foi @AmordeHyuga11
Bom, espero que gostem, principalmente a amiga secreta.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Oi, Vizinho - Capítulo Único

 

Naruto tinha uma queda por sua vizinha.

 

Era uma jovem com mais ou menos a idade dele que morava no apartamento em frente ao seu. Tinha os cabelos preto-azulados com uma franja na testa, olhos grandes e de um tom de azul tão claro que chegava a parecer cinza, além de possuir um rosto delicado e um sorriso tímido.

 

Nas poucas ocasiões que conseguia encontrá-la no corredor, pode observar que ela era reservada, preferia roupas longas e não saia muito. Deveria estudar na mesma faculdade que ele e ter um estágio por perto, pois, uma vez ou outra, a encontrava chegando pela noite em casa.

 

Naruto, entretanto, não conseguia chegar nela. Seu coração acelerava sempre que deparava com ela saindo do apartamento de olho no relógio, aparentemente atrasada. Quando a via no hall do prédio, algo equivalente acontecia. Porque, em vez de tentar puxar um assunto, ele admirava a beleza dela com um sorriso bobo.

 

Uma das vezes, sua expressão de fascinado foi tão evidente que o porteiro do prédio, um senhorzinho fofoqueiro chamado Araki, percebeu e falou:

 

– Uzumaki-san, eu não sabia que o senhor era gamado na Hyuuga-san!

 

O loiro deixou de fitar o elevador para encarar o porteiro que sorria malicioso com a novidade. Não corou (muito), porém sentiu um desconforto ao ter sido pego no flagra.

 

– O quê? Claro que não! – mentiu na cara dura. Era isso ou o edifício saberia sobre sua queda pela garota. – É que ela é minha vizinha de andar e nunca consigo falar com ela direito. A gente se desencontra bastante.

 

– Uhum, sei – Araki revirou os olhos e, antes que o loiro pudesse se despedir, o senhor colocou uma caixa média sobre o balcão. – Já que quer falar com a moça, vou ajudar. Poderia levar essa encomenda até ela?

 

Os olhos azuis de Naruto se arregalaram. Falar com ela? Assim, sem nenhum preparo?!

 

– Oe, por que não deu para ela agora? – perguntou, nervoso. – Por que não leva você?

 

– Ora, ela passou muito rápido, não viu? Eu levaria, mas essa aqui está pesadinha e minha coluna não é como antes, meu jovem – resmungou e empurrou o caixote em direção ao mais novo. – Agora, faça um favor para esse velho aqui e leve a entrega.

 

O rapaz relutou por um instante, mas acabou cedendo. Embora soubesse das intenções do velhinho, não custaria nada carregar a caixa até o seu andar. Pegou-a com as mãos e deu um pulinho para ajeitar a alça de sua mochila. Nem estava tão pesado assim.

 

– Está me devendo essa, velhote!

 

– Olha o respeito, moleque! – reclamou o senhor. – Ah, e o nome dela é Hinata, caso não saiba.

 

“Hinata”? Sorriu largamente. Um nome encantador como a dona.

 

Assim que saiu do elevador já no seu andar, o nervosismo atingiu-o como um tapa. Por que ele tinha que ser tão bom? Poderia ter dito não e ido embora, mas lá estava ele, caminhando até a porta de sua vizinha. Parou na frente e respirou fundo. Era só bater na porta, entregar a encomenda e cumprimentá-la.

 

“É a sua paixonite do momento, não vai deixar essa chance passar”, brigou consigo mesmo e assentiu. Deu dois socos leves na porta e esperou. Ouviu passos rápidos e seu coração deu um salto quando a porta destrancou.

 

– Ah, Araki-san, obrigada por tra-... – a voz doce se interrompeu quando viu que não se tratava do porteiro.

 

Vê-la de tão perto foi de tirar o fôlego. O rosto delicado parecia ainda mais gracioso com pequenas sardas no nariz. Os olhos brilhavam como estrelas na luz amarelada do corredor. O cabelo estava preso em um coque apressado e, ainda assim, parecia sedoso e macio ao toque. As bochechas alvas ganharam um tom rosado que a deixou mais adorável.

 

Deus, como era linda!

 

– Er... eu – limpou a garganta e tentou dar o seu melhor sorriso. – Meu nome é Uzumaki Naruto, sou o seu vizinho da frente. Araki pediu para te entregar.

 

– Ah, s-sim, o-oi, vizinho – gaguejou a garota e pegou a caixa ligeiramente. – O-obrigada. Eu, hm, me chamo Hyuuga H-Hinata.

 

– Eu sei – respondeu e, no segundo seguinte, notou que aquilo parecia estranho. Os olhos azuis claros da moça se arregalaram e ele se assustou ao vê-la corar mais. – Não, não foi isso que eu quis dizer! Não sou nenhum stalker ou algo assim, foi o Araki que me passou, eu juro.

 

A morena anuiu e apertou a encomenda contra o corpo.

 

– Hm... o-obrigada mais u-uma vez – e fechou a porta na cara dele.

 

Naruto murchou. Agora, ela deveria achar que ele era um tipo de perseguidor! Aí, toda vez que o visse, sairia correndo de medo. Bateu-se mentalmente. Droga, havia estragado tudo!

 

 

 

Do outro lado da porta, Hinata estava encostada na parede ao lado, segurando a caixa. O retumbar em seu peito rompia o silêncio do ambiente, assim como sua respiração ofegante. Havia prendido o ar por tanto tempo que não fazia ideia de como não tinha desmaiado na frente do vizinho.

 

Vencida peça curiosidade, deixou o caixa no chão e correu para espiar pelo olho-mágico. O loiro já estava de costas, contudo, era nítido que seus ombros estavam caídos, desanimado ou constrangido pela atitude dela. Fechar a porta na cara dele foi uma falta de educação extrema.

 

“Logo ele”, deu um tapa em sua testa e afastou-se da entrada, suspirando.

 

A verdade era que Hinata também tinha uma queda por seu vizinho.

 

A cara da porta da frente parecia ser exatamente o tipo de pessoa que ela nunca ficaria a fim. Não pela beleza, inclusive, que mulher em sã consciência ignoraria um homem alto de os cabelos dourados medianos, olhos azuis divertidos e sorriso maravilhosamente sincero?

 

O motivo por ter pensado que nunca teria um interesse pelo loiro era justamente porque ele era meio chamativo. Inúmeras foram as vezes que acordou com um estrondo vindo do corredor e, por uma frestinha na porta, descobria que era o jovem chegando de uma festa, cambaleante e desculpando-se com os vasos de planta. Em outros momentos, quando ele tirava o dia para arrumar a casa, deixava a música altíssima e ainda cantava junto.

 

Sem contar os amigos! Incrivelmente lindos e igualmente barulhentos. Um dia desses, encontrou com um moreno alto de olhos escuros. Estava mal-humorado (embora fosse 7 horas da manhã) e esmurrava a porta do vizinho com força.

 

– Anda, Naruto, seu idiota! – foi como a Hyuuga descobrira o nome dele. – Abre essa merda e me dá a porra do meu livro!

 

Era só ela que se incomodava com as pessoas gritando em plena manhã?

 

O rapaz, então, havia se virado para ela e, se ficou assustado ao vê-la parada observando-o, escondera muito bem. Em vez disso, abriu um sorriso torto que se semelhou ao sorriso de Joey em Friends. Faltou apenas o “How you doin’?”

 

Antes que pudesse espantar o pensamento, a porta fora aberta abruptamente e Hinata sentira todo o rosto queimar com o vizinho carrancudo, cabelo desarrumado e sem camisa. Naquela manhã, a garota constatou que poderia ser um foguete quando queria.

 

Ainda assim, ela gostou dele. Admirava seu jeito escandaloso, suas cantorias desafinadas e seus largos sorrisos. Era como se ele fosse seu próprio Sol, iluminando os astros ao redor. E, claro, ela nem pensava que teria chance com o loiro, afinal, os dois eram bem diferentes e a morena não era de acreditar em ditados como “os opostos se atraem”.

 

Voltando a atual situação, Hinata sentou no seu sofá, desapontada. Se um dia teve uma probabilidade de ficar com Naruto, essa hipótese acabou de zerar. Sua animação com a nova encomenda foi para um lugar remoto.

 

– Por que eu tenho de ser assim? – sussurrou e cobriu o próprio rosto.

 

Dois jovens-adultos interessados um no outro e crentes que haviam perdido a única chance de se aproximarem. Só que, talvez, o acaso teria outros planos para eles.

 

 

❤❤❤

 

 

Não estava sendo um dia de sorte para Hinata. Acabou indo dormir tarde por causa de Strange Things e gerou consequências como: acordar muitíssimo atrasada, perder as duas primeiras aulas da manhã, esquecer o dinheiro do almoço, ficar sem carona até o trabalho e levar uma bronca do chefe pelo atraso. Ela não poderia simplesmente culpar o Demogorgon, então, aceitou tudo em silêncio e aprendeu que não deveria começar uma série às 22 horas.

 

Ainda com todos os problemas, havia algo bom naquele sexta-feira: era seu último dia de trabalho e de faculdade antes das tão esperadas férias. Poderia chegar em casa cedo e curtir os seriados, seus filmes, sua Netflix em perfeita paz.

 

Quando foi liberada, seu sorriso ia de orelha a orelha dentro do elevador. Agora, era só ir para casa. “O que poderia dar errado?”, perguntou-se, feliz, e esperou as portas de metal se abrirem para aproveitar sua liberdade. No entanto, ao ver as portas abrindo, o riso animado foi se desfazendo.

 

Bem diante aos olhos dela, caía um pé-d’água, daquelas chuvaradas que dava quando ficava mais de um mês sem ver chuva. Poucas pessoas se acumulavam na frente da entrada, esperando a intensidade da água diminuir, e outras abriam seus guarda-chuvas e saiam. Com um fio de esperança, a jovem procurou por seu muito requisitado guarda-chuva lilás e murchou ao não o encontrar.

 

Hinata se aproximou da saída e encarou a chuva forte. Eram apenas cinco quadras até chegar ao seu prédio, poderia cobrir a cabeça com seu sobretudo e ir correndo. Sabia que ainda ficaria molhada e arriscaria de pegar uma gripe que arruinaria suas férias, entretanto, queria tanto ir para casa que estava disposta a tentar. Puxou o casaco para ocultar os cabelos e encarou o diluvio.

 

As primeiras duas quadras foram tranquilas, a peça aguentou. A partir da terceira quadra, todavia, o sobretudo pesava de tão encharcado e precisou esconder-se na primeira cobertura que viu, a de um restaurante. Apoiou-se no joelho e descansou por um minuto. Apertou as roupas para tirar o excesso de água e desgostou da sua imagem refletida na vidraça.

 

– Está pertinho, uma esquina apenas! – incentivou e envolveu-se com o sobretudo. Quando estava prestes a sair em disparada, escutou barulho de algo caindo e quebrando no chão bem próximo dela. Olhou para o lado e surpreendeu-se com o pequeno beco na lateral do restaurante, algo que não havia notado. – Hã... olá?

 

O som da chuva não encobriu o baixo miado vindo do beco. Seus olhos varreram o local e localizaram uma caixa pequena de papelão no chão, aberta e rasgando na borda. Poderia ser uma caixa qualquer, mas seu sexto sentido dizia que não era. Chegou perto e espantou-se. Dentro, havia um pequenino filhote de gato preto todo molhado e encolhido.

 

– Coitado! – agachou-se e ignorou a água que caia em suas costas. – Você está aqui sozinho, amiguinho? Sua mãe não está aqui?

 

O gatinho miou.

 

– Como ela pode te deixar sozinho? – murmurou e olhou ao redor. Não havia uma viva alma atrás do filhote e aquilo deixou-a verdadeiramente mal. Aproximou um dedo ao felino, testando se era arisco ou não, e sentiu uma fraca sucção. Deveria estar com fome também. – Eu não posso te deixar aqui...

 

Devagar, pegou o bichano no colo e envolveu-o com o seu casaco. Foi para debaixo do toldo e percebeu que estava encharcada. Não importava, ela precisava levá-lo para casa o mais rápido possível. Apertou o pequeno contra seu tronco e estava saindo do lugar seguro quando um cheiro particular invadiu suas narinas e uma sombra cobriu ela e o gatinho.

 

– Oi, vizinha – Naruto sorriu diante o olhar surpreso da garota. Hinata não demorou a constatar que o loiro havia colocado o próprio sobretudo sobre os três. – Quer uma carona?

 

 

 

Mesmo com as roupas molhadas, o cabelo escorrido e a expressão preocupada, Naruto achava a vizinha linda. Estava atravessando a rua quando a viu resgatar o bicho e enrolá-lo no casado. Espiou o embrulho e notou que se tratava de um animalzinho preto. Nem todas as pessoas fariam isso e orgulhou-se ao concluir que era não era como todo mundo.

 

– Ahn... oi, vizinho – sussurrou a jovem após abrir e fechar a boca por algumas vezes. – Q-quero sim, obrigada.

 

– Vamos, então. – começaram a andar até o prédio. Ele dava passos largos e ela caminhava apressadamente para acompanhá-lo. Juntando toda a coragem que tinha, o Uzumaki puxou assunto. – O que é isso que está segurando?

 

– U-um gatinho – desviou o olhar da rua para o gato. – Pegou essa chuvarada toda. Parece c-com fome e fraco. Acho que está doente também.

 

– Caramba, tadinho! O que vai fazer? Levar no veterinário?

 

– Sim. Só vou secá-lo um pouco, trocar de roupa e pegar um táxi...

 

– Não seria melhor tomar um banho antes? – questionou e tratou de completar o pensamento. – Digo, você pode ficar resfriada por estar molhada nesse vento frio.

 

Naruto percebeu que pareceu invasivo e preocupado demais para um vizinho que nem conversava. Sentiu o rosto esquentar e encarou-a pelo canto do olho, discreto. As bochechas vermelhas diziam que ela também deveria ter notado e já abriu a boca para se desculpar, porém a Hyuuga foi mais ligeira.

 

– S-s-sim, seria... Você... se importaria de ficar de olho n-nele? – inquiriu, receosa. Por estar de cabeça baixa, não pode ver a felicidade estampada na cara dele. – S-se não for p-problema, claro. Eu só n-não quero que ele fiquei sozinho.

 

– Problema nenhum! Adoraria ajudar você... digo, vocês!

 

Quando finalmente chegaram, apressaram-se para dentro e nem repararam no semblante travesso do porteiro. Subiram juntos no elevador e mantiveram o silêncio até a porta da moça. Hinata destrancou-a e empurrou para abrir. O cheiro dela veio junto e prendeu a vontade de respirar mais forte.

 

– S-sinta-se à vontade. N-não repara na bagunça, acordei meio a-atrasada hoje.

 

Naruto era o tipo de pessoa que, quando alguém falava uma coisa dessas, aí que ele reparava. Uma caneca vazia na mesa, umas almofadas no chão e umas outras coisinhas fora do lugar. Se aquilo era bagunça para ela, o loiro não poderia levá-la na casa dele, tipo, nunca. Também viu uns pôsteres de séries e alguns actions figures espalhados.

 

– Que apartamento maneiro – elogiou e sorriu ao vê-la corar e agradecer. Desceu o olhar e encontrou a trouxa que esquentava o gato. – Quer me dar o gatinho para ir ou vai colocar ele em algum lugar?

 

– Ah! Isso, c-claro! – ela entregou o felino com cuidado e o rapaz deu o seu melhor para segurar como a garota havia feito. – E-eu vou buscar uma toalha para ele e já volto.

 

 

 

Hinata entrou no seu quarto, fechou a porta atrás de si e parou para respirar. No momento que entrou em casa, estapeou-se mentalmente ao ver a desarrumação que havia deixado, todavia, ainda bem que o vizinho pareceu não ligar. Ai Deus, ele estava na casa dela e havia gostado do seu gosto estranho de arrumação. Talvez fosse apenas por educação, porém gostava da ideia de não ser. Balançou a cabeça para espantar os pensamentos e foi atrás da bendita toalha velha.

 

O gatinho precisava se secar.

 

 

 

– V-voltei! Aqui! – anunciou a Hyuuga e estendeu uma toalha verde-escuro. Naruto segurou e trocou o sobretudo encharcado pela toalha de todo o zelo do mundo. Ele não notou o olhar afetuoso que recebeu enquanto fazia a troca. – V-v-vou tomar um banho r-rapidinho e já volto. P-pode sentar no sofá e l-ligar a TV, s-se quiser.

 

– Tranquilo! – viu-a se afastar novamente e foi para o sofá. Sentou-se, colocou o bichano no colo e suspirou. O aroma dela voltou a ser um tópico importante. – Ela tem um cheiro bom, né?

 

Como se um gato pudesse respondê-lo, riu. Esfregou a toalha no animal gentilmente e “conversou” com ele. Era muito pequeno, dava em uma das mãos dele facilmente. Percebeu que, ao secar as patas traseiras, ele chiou e miou sofrido.

 

– Está machucado aqui atrás – fez um carinho na cabecinha dele. – Não se preocupe, você vai melhorar.

 

Agora que estava mais seco, respirou mais aliviado ao ver que os estremecimentos do filhote diminuíram e que, às vezes, abria os olhinhos que Naruto descobriu ser verde. Ainda parecia meio abalado e cansado, mas não permitiria que dormisse.

 

Cerca de trinta minutos depois, escutou uma porta abrir e olhou por cima do ombro. Hinata, usando um casaco mais grosso e uma calça, caminhou até onde sua bolsa molhada estava e remexeu ali até achar o celular.

 

– Vamos? – perguntou e a jovem tomou um susto, quase derrubando o aparelho telefônico. Naruto riu, ela deveria estar tão acostumada a ficar sozinha que esqueceu dele. – Desculpa, não queria assustar.

 

– N-não foi s-sua culpa, n-não precisa se desculpar – sorriu com o rosto corado e aquele desejo de colocá-la em um pote voltou. – D-deixa só eu ligar para um amigo m-meu e ver se a l-loja dele ainda está aberta...

 

“Amigo?” – o sorriso dele ficou forçado. Seria só amigo mesmo ou era algo mais? Nunca tinha visto a garota com visitas e... espera, o que ele estava fazendo? Estava com ciúmes da vizinha que tinha uma queda? Muito cedo.

 

– Kiba? – chamou no aparelho e cortou o pensamento dele. Ela e o tal amigo trocaram mais algumas palavras e, aparentemente, Kiba trabalhava com a irmã que era uma veterinária. Quando conseguiu convencê-lo a esperar um pouquinho para ver o bichano, o sorriso dela foi lindo demais. A partir daquele momento, o Uzumaki soube que não conseguiria negar nenhum pedido de Hinata. – Ótimo, estaremos aí em vinte minutinhos! Beijos!

 

– Vamos no seu carro, então? – questionou, já ficando de pé e envolvendo o felino na toalha.

 

– Não tenho carro – confessou, envergonhada. – Pensei em ir de táxi.

 

– Nessa chuva? Difícil aparecer um – disse com certeza e a morena concordou, triste. Pensou por uns instantes e recordou-se de algo valioso. – Espera! Eu tenho uma amiga que mora no último andar que tem carro! Tenho certeza que ela não se importaria em emprestar.

 

 

 

Quando chegaram lá, a amiga de Naruto não deu uma resposta positiva de primeira. Na verdade, ela falou:

 

– De jeito nenhum!

 

Hinata apertou o gatinho contra o próprio corpo, assustada. Embora estivesse do lado de fora do apartamento e com a porta trancada, conseguiu sentir a intensidade da negação.

 

“Era melhor ter tentado o táxi” – pensou e temeu demorar mais que vinte minutos para chegar.

 

Dois minutos depois, o loiro abriu a porta e saiu de lá com uma jaqueta de couro preta e a chave do carro na mão. Hinata desencostou da parede e ficou perplexa com duas coisas: de ele realmente ter conseguido o carro e de como ficava impressionantemente mais belo com aquela jaqueta.

 

– Temari é apavorante na maioria das vezes, mas foi só falar que tinha um gato envolvido que ela cedeu – o vizinho sorriu e balançou as chaves. – ‘Bora?

 

(...)

 

A primeira reação de Kiba foi olhar Naruto de cima a baixo e desviar para a amiga, cheio de dúvidas. A segunda foi descer os olhos até o gatinho no seu colo e mostrar a porta da sala do consultório.

 

– Minha irmã já está esperando, entrem logo.

 

Os três adentraram e Hana, após cumprimenta-los, indicou a grande mesa de metal. Seu coração e seu pé batiam nervosamente enquanto observava a mais velha examinar o bichano. Sentiu um toque na sua mão e fitou Naruto. Ele abriu um sorriso otimista e, pela primeira vez, ela retribuiu, mais calma.

 

– Bom, vamos as perguntas – a Inuzuka falou, quebrando o climinha. – Quem o encontrou?

 

– Eu, Hana-san.

 

– Conte-me tudo. Desde o momento que o encontrou até agora.

 

Hinata contou tudo. Do beco frio que pegou o bichinho até a hora do seu banho. O vizinho acrescentou algumas informações como a patinha machucada, algo que ela não tinha visto, e os dois finalizaram na chegada ao pet-shop.

 

– Que bom que vieram direto para cá, porque, senão, creio que esse rapazinho não teria aguentado até amanhã – Hana abriu a boquinha do filhote e mostrou para eles e para o irmão. – O que vê, Kiba?

 

– Sem dentes, nem terminou o desmame – o moreno respondeu com um tom sério.

 

– Sim, exato. Esse gatinho tem duas semanas e deveria estar com sua mãe. Se não estar, ou foi rejeitado ou foi tirado dela.

 

– Rejeitado? – Naruto perguntou, espantado. – As gatas abandonam seus filhotes?

 

– Os que estão “imperfeitos”, sim, infelizmente. E não só as gatas – a veterinária sorriu triste e mostrou a pata traseira machucada. – Essa pata de trás deve ter quebrado em algum momento e, como não foi tratada devidamente, a fratura consolidou.

 

Hinata soube que não era um bom sinal quando Kiba soltou um chiado.

 

– O que isso significa?

 

– Significa que terei que quebrar a patinha dele novamente para colocá-la no lugar – tanto a Hyuuga quanto o Uzumaki empalideceram e Hana apontou para o lado de fora. – Seria melhor que esperassem lá fora. Não vão querer ver isso. Kiba, vai ficar?

 

– Vou, mana – levou os dois para a sala de espera e fez um sinal positivo para os dois. – Vai dar tudo certo, Hana é a melhor veterinária que conheço.

 

 

 

A porta se fechou e o silêncio reinou. A perna direita da moça começou a balançar fervorosamente e, mesmo cruzando as pernas, ela continuou. Um tique de nervosismo. Naruto notou a inquietação da vizinha e resolveu iniciar uma conversa.

 

– Tudo bem?

 

– Eu... sim – replicou baixo e mexeu em uma mecha do cabelo. – Só fico meio comovida com essas coisas. Tão pequenininho e sem ninguém para ajudar. Ela o deixou para morrer, Naruto.

 

Se o assunto não fosse triste, o loiro teria comemorado, pois aquela foi a primeira vez que ela falou seu nome.

 

– Os animais e os humanos têm isso em comum – respirou fundo e sentiu-se subitamente mal.

 

Acontece que o rapaz havia sido rejeitado pela mãe biológica. Embora não sentia vontade de conhecer os pais biológicos, não poderia deixar de se identificar com o gatinho. Então, lembrou-se do dia que foi adotado por Kushina e Minato e a angústia passou. Graças aos seus verdadeiros pais, ele era o que era e não poderia estar mais feliz que isso.

 

– Mas ele não está sozinho agora – os olhares se encontraram e Naruto sorriu largo antes de completar. – Ele tem a nós dois.

 

Os olhos claros se arregalaram e, finalmente, a perna parou de balancear. O rosto branco de Hinata ficou vermelhinho em segundos.

 

– N-nós dois? – murmurou e a fala dele mesmo rebobinou em sua cabeça, fazendo seu rosto esquentar de leve.

 

– Er... sim, nós dois – coçou a nuca e riu, constrangido. – Se eu ou você cuidar dele, nós poderíamos nos ajudar. Se não for ruim para nenhum dos dois, claro, eu não vejo nada demais. Quando um não tá em casa, o outro fica de olho e assim vai indo...

 

Ainda vermelha, a Hyuuga abriu um sorriso doce de derreter corações e foi o que houve com o órgão dele.

 

– Sua ajuda também seria bem-vinda – o loiro festejava mentalmente. Teria finalmente a chance de se aproximar da vizinha! – Aliás, muito obrigada pela ajuda de hoje, vizinho. Se não fosse você, teria sido mais complicado.

 

– Fiz nada demais, mas me chame de Naruto. É bem mais bonito que “vizinho” – gabou-se de forma brincalhona e riram juntos.

 

– Pode me chamar de Hinata também.

 

A porta foi aberta e Kiba saiu da sala, tenso. Pelo o que Hinata contou, o garoto era estagiário da irmã e gostava muito de animais. Deveria ser angustiante ver um filhote passar por um processo tão doloroso.

 

– Terminamos! – suspirou o moreno. – Entrem que Hana tem umas orientações para vocês.

 

 

❤❤❤

 

 

Tomar conta de um filhote tão miúdo de gato não parecia difícil, mas era. Para começar, Hana disse a Hinata e Naruto que, sem a mãe, o dono do filhote teria de ser a mãe e ensinar tudo o que um gato deveria saber. No caso deles, era mais complexo ainda, porque o gatinho estava com gesso na pata traseira.

 

Logo que regressaram para casa, carregando sacolas da pet-shop, os dois tiveram o primeiro desafio: fazer o leite perfeito. A veterinária havia explicado que a bebida precisava ser esquentada, porém não muito quente ou machucaria o felino. Até que descobrissem a temperatura ideal, a morena se queimou uma vez e o Uzumaki experimentou o leite do gato impulsivamente.

 

Hinata colocou o líquido em uma seringa para ver se o bichinho gostava e, quando teve certeza que ele gostou, deu em poucas quantidades até a barriguinha estar cheia. Fizeram uma massagem na barriga (para estimular o trânsito intestinal), passaram um algodão com água morna e álcool por todo o pelo dele (para simular o “banho” e limpá-lo) e despediram-se com o vizinho prometendo voltar cedo.

 

Pela madrugada, por puro medo de algo dar errado, a Hyuuga acordou diversas vezes para verificar o gatinho. A cama dele estava na sala e, a cada hora, ela ia vê-lo. Ele não podia se mexer por causa do gesso e a jovem queria ter certeza que ele não se mexia muito. Quando conseguiu se acalmar para ir dormir, o alarme tocou e lá foi ela levantar para dar o anti-inflamatório.

 

Por volta das 8h da manhã de sábado, bateram na sua porta e surpreendeu-se levemente por ser Naruto. Não esperava que ele viesse tão cedo assim.

 

– Oi, vizinho, b-bom dia – cumprimentou-o com um sorriso e colocou a mão na boca para esconder o bocejo.

 

– Oi, vizinha, parece cansada. – ele entrou e fechou a porta. – Ele deu muito trabalho?

 

– Não, só que eu fiquei preocupada que ele se mexesse muito e acordei algumas vezes para confirmar que não – bocejou novamente e foi até a pequena cozinha. – Estou terminando o leite dele, quer dar?

 

– Quero e quero também que vá dar um cochilo – o loiro falou e Hinata já ia contradizê-lo, todavia, foi impedida. – Não custa nada. Vou ficar com o gatinho aqui na sua sala e você pode dormir um pouco.

 

Até a hora de alimentar o bichano, o vizinho conseguiu convencê-la a descansar e foi o que ela fez em seu quarto. Ainda que fossem meros estranhos, a Hyuuga confiava que o rapaz não faria mal a ela ou ao filhote. Duas horas mais tarde, ao retornar a sua sala devidamente apresentável, Naruto olhou-a por cima do sofá e sorriu.

 

– Oi, de novo, vizinha. Acho que esse camarada aqui precisa de uns brinquedos.

 

Assim foi o fim de semana. Os dois se auxiliando a cuidar do gatinho.

 

Na segunda-feira, por ter que ir trabalhar, o Uzumaki não pode ficar com eles pela tarde, contudo, quando retornou, trouxe uma caixa cheia de brinquedos felinos. Demasiadamente cheia de brinquedos. Hinata brigou com ele pelo exagero, mas achou graça com o gato todo agitado com as coisinhas novas. O brinquedo que mais gostou foi uma pequena pelúcia de raposa que foi do próprio vizinho.

 

Passaram-se os dias e, quando o filhote completou um mês de vida, já maior e mais saudável, a morena percebeu um detalhe.

 

– Nós ainda não demos um nome a ele! – Hinata exclamou ao sentar no sofá onde estavam Naruto e o bichano, o primeiro fazendo cafuné no adormecido filhote em seu colo. – Estamos tomando conta dele há duas semanas e não escolhemos um nome para o bichinho!

 

– Pensei que fosse Kyuubi – confessou o loiro, franzindo o cenho.

 

– Não, esse é o nome da raposinha – riu e puxou o filhote para o seu colo. – Inclusive, ele está dormindo com ela agora.

 

– Sou o melhor tio, na moral – ele sorriu convencido. – Mas qual nome você acha que combina? Pretinho? Batman? Drácula?

 

– Batman? Drácula?! – gargalhou a jovem e Naruto foi junto. – Ele não é um morceguinho, Naruto, é um gatinho.

 

– Quais são suas ideias?

 

– Hm... eu estava pensando num nome diferente. Já viu Mogli? No filme, tem uma pantera negra e seria muito legal colocar o nome dela. Bagheera.

 

– E você reclama dos meus nomes?

 

Depois de muito rirem, conversarem e argumentarem, Hinata foi a vitoriosa e o pequeno filhote agora se chamava Bagheera.

 

E, deste modo, foi passando o mês de férias da Hyuuga. Algumas séries aqui, uns filmes lá, porém seu foco maior era o gato e o vizinho. Os dois se aproximaram bastante nesse mês e pegaram algumas manias de fazer coisas juntos como jantar e ver seriados. Por causa de Hinata, o loiro viu toda a série de Game of Thrones e concordaram que Tyrion era o melhor personagem e a última temporada foi bem fraca comparada as demais. Por causa de Naruto, a morena fez novas amizades e, vez ou outra, iam os dois até o apartamento de Temari, a amiga impaciente do Uzumaki que tinha uma queda por gatos, para passar um tempo com ela e o namorado, Shikamaru.

 

Mais uma mania que desenvolveram: embora conversassem falando o nome um do outro, sempre se cumprimentavam ou se despediam chamando-se de vizinho. O loiro já percebeu que era o jeito dela e ele achava até fofo. Por isso, quando Hinata abria a porta do apartamento e falava “Oi, vizinho”, seu coração se aquecia no peito e respondia “Oi, vizinha”. Naruto nem suspeitava que aquelas duas palavrinhas também afetavam a jovem da mesma forma.

 

Na última sexta-feira da folga dela, levaram o pequeno à veterinária e ficaram muito felizes ao saber que ele tiraria o gesso. Hana ficou imensamente satisfeita com a clara melhora do felino e parabenizou aos dois pela dedicação ao filhote. Naquele dia, a Hyuuga oficialmente adotou o gatinho Bagheera e tanto Hinata quanto Naruto ficaram realizados.

 

 

❤❤❤

 

 

Quando ouviu a porta bater, Hinata sabia quem era e sorriu. Mexeu no cabelo e foi abrir a porta, sorrindo para o lindo loiro de olhos azuis com duas sacolas na mão.

 

– Oi, vizinho. Como foi seu dia?

 

– Oi, vizinha. Foi bem e o seu?

 

– Bem também – ela deixou-o passar e fechou a porta. Curiosa, apontou para a bolsa de plástico. – O que é?

 

– Nosso jantar! – Naruto ergueu-os, sorridente. – É o meu pedido de desculpas pela ausência dessa semana.

 

– Você não precisa pedir desculpas, é bom visitar os pais quando dá – dispensou a desculpa e ouviu um ronronar baixo. Olharam simultaneamente para baixo e encontraram Bagheera, de dois meses, esfregando-se na calça jeans dele. – Parece que não fui a única a sentir sua falta.

 

– Hm... Ah, então, sentiu a minha falta também? – o sorriso dele alargou e Hinata sentiu o rosto corar.

 

– S-sim... er... que tal a gente comer logo? Não queremos que esfrie!

 

Depois de fugir do assunto, ambos foram a cozinha. O rapaz comprou lámen do restaurante perto do prédio e o cheiro era divino. Sentaram na sala e conversavam enquanto comia. Naruto contava como foi a semana com os pais e Hinata reclamava que o chefe pegou no pé dela durante todos os cinco dias de trabalho. O gato tentou arrancar comida deles, entretanto, foram tentativas frustradas.

 

Após terminarem e brincarem um pouco com o felino, os dois ficaram observando o filhote divertisse sozinho com uma bolinha laranja com chocalho e riram quando ele pulou de forma engraçada.

 

– Nós cuidamos direitinho dele, né? – Naruto comentou e ela concordou. Ele limpou a garganta e chamou a atenção dela. Seus olhos ligaram-se por um tempo até ela desviar, envergonhada. – Sabe, nunca falei antes, mas sempre quis falar com você.

 

– Falar comigo?

 

– É. Tipo, puxar um assunto, tentar uma amizade e eu nunca tive coragem. Na vez que eu tive, não deu certo – lembraram-se do episódio da caixa e riram. Para a surpresa de Hinata, as bochechas dele ganharam um tom rosado e ele coçou a nuca. – Para ser bem sincero, eu tinha uma quedinha por você e não teria peito para chegar em você se não fosse por Bagheera.

 

O rosto da garota ardeu e seu coração disparou. O vizinho tinha uma queda por ela?!

 

– T-tinha?

 

– Tinha – a jovem sentiu o peito murchar. – Quer dizer, eu ainda tenho...

 

A morena prendeu o ar. Então, ainda era no presente! A chance dela retribuí-lo era agora!

 

– E-e-eu também t-tenho... uma quedinha por você, N-Naruto – murmurou e os olhos dele fitaram-na, arregalados. – Já faz u-um tempinho que eu queria s-ser sua amiga, mas s-sempre o achei tão inalcançável.

 

Respirou fundo e fechou os olhos, tentando controlar os gaguejos. Falava com o rapaz há mais de um mês e ainda conseguia ser tímida. Sentiu um toque no seu queixo e abriu seus olhos, surpreendendo-se.

 

Naruto estava com o rosto tão perto do dela que suas respirações se misturavam. Ambos se encontravam corados e de coração enlouquecidos pela proximidade, mas foram se aproximando ainda mais até que seus lábios se tocassem. A sensação foi maravilhosamente singular, pois os dois, discretamente, queriam muito que aquilo acontecesse. Os dedos dele foram parar na nuca dela e os dedos dela tocavam a face dele de forma gentil.

 

Quando iam aprofundar o beijo, foram surpreendidos por gato enciumado que pulou para o sofá e afastaram-se, assustados. Encararam o bichano que chiou e gargalharam da situação.

 

– Acho que é o sinal que devo ir embora – Naruto se levantou e, se ainda não estivesse encabulada, teria pedido para ficar. Acompanhou-o até a porta com o gato nos braços e ele sorriu largo. – Você quer sair amanhã?

 

Mentalmente, Hinata estava rodopiando toda feliz.

 

– S-sim, eu adoraria – colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha por impulso. – Podemos ir ao c-cinema...

 

– Era o que eu tinha em mente! – ele inclinou para beijar a bochecha rosada dela e se afastou. – Até amanhã, vizinha.

 

– A-até, vizinho.


Notas Finais


Gente, só faço coisa fofinha, perdão pelo vacilo.
Coloquei muitas referências nessa fic, hahaha
Desculpa se tiver algum veterinário aí caso algo tenha sido feito errado e todas as informações de cuidar de um filhote de gato estão nesse site aqui: https://animais.umcomo.com.br/artigo/como-cuidar-de-um-filhote-de-gato-17425.html
O perfil da gabzilla no pixiv: https://www.pixiv.net/member_illust.php?mode=medium&illust_id=49712876

Gostaram? <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...