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História Os Livros em Branco - Lendo Harry Potter - 03 - A Partida dos Dursley


Escrita por: Armyoconnell

Notas do Autor


Olá meus amores, como vocês estão???

Eu estou bem, apesar de chateada. Vou explicar:

Semana passada eu estava pronta pra postar o capítulo na segunda feira certinho, como de costume. No entanto, quando entrei no Wattpad pra abrir a história (porque eu edito e posto aqui e em seguida passo pra lá editado e tudo), ela simplesmente havia sumido! Acho que o Wattpad apagou a minha história, no entanto, ela continua minha biblioteca, e é isso que não entendo. Então, eu fiquei tão triste, irritada e frustrada que eu não tive cabeça nenhuma pra postar o cap 22 aqui. O que eu fiz foi recomeçar e postar os caps todos no Wattpad outra vez. Então, por isso que eu me atrasei na atualização!

Peço perdão pelo atraso,.mas agora o cap novo está aí.

*Mackenzie Foy como Astoria Greengrass.

Boa leitura ♥️♥️♥️♥️♥️

Capítulo 22 - 03 - A Partida dos Dursley


Fanfic / Fanfiction Os Livros em Branco - Lendo Harry Potter - 03 - A Partida dos Dursley

A partida dos Dursley


- Capítulo 03 – leu Astoria. – A partida dos Dursley

- Vão embora?! Ô, glória! – Harry comemorou fazendo Rony e Hermione rirem.


O ruído da porta da frente batendo ecoou escada acima, e uma voz gritou:

– Ei! Você!


Harry revirou os olhos.

- Nossa, quanta gentileza – murmurou Angelina.


Dezesseis anos ouvindo este chamado não permitiu a Harry duvidar que era a ele que o tio estava se dirigindo; ainda assim, não respondeu imediatamente. Continuou a contemplar o caco de espelho em que, por uma fração de segundo, pensara ter visto um olho de Dumbledore. Somente quando o tio berrou “MOLEQUE!”, Harry se levantou vagarosamente e se encaminhou para a porta do quarto, parando, antes, para guardar o pedaço de espelho na mochila cheia com as coisas que ia levar.

– E vem se arrastando! – urrou Válter Dursley quando o garoto apareceu no alto da escada. – Desça aqui, quero falar com você!


- Bem pirracento, do jeito que ele é – disse Rony.


Harry desceu a escada, as mãos enfiadas no fundo dos bolsos do jeans. Quando chegou à sala de estar, encontrou os três Dursley. Trajavam roupas de viagem: tio Válter vestia um blusão de zíper castor, tia Petúnia um elegante casaco salmão, e Duda, o primo forte, musculoso e louro, uma jaqueta de couro.


- Musculoso? – estranhou Harry.

- Ele vai começar a praticar box, ou já começou, eu não sei – disse Teddy.

- Coitada das crianças da vizinhança – disse Harry.


– Pois não? – disse Harry.

– Sente-se! – ordenou o tio. Harry ergueu as sobrancelhas. – Por favor! – acrescentou, fazendo uma ligeira careta como se a palavra lhe arranhasse a garganta.


- Isso aí, Harry, bota moral! – disse Fred.


Harry sentou-se. Pensou que sabia o que esperar. Válter Dursley começou a andar para cima e para baixo. Tia Petúnia e Duda acompanhavam seus passos com os rostos ansiosos. Por fim, o tio, com a cara larga e púrpura contraída de concentração, parou diante de Harry e falou:

– Mudei de ideia.

– Que surpresa – respondeu o garoto.


- Deboche? É com o Harry mesmo.


– Não venha com ironias... – começou tia Petúnia com a voz esganiçada, mas o marido fez sinal para que ela se calasse.


- O Harry irônico? Que isso, imaginação sua – disse Hermione.


– É tudo conversa fiada – afirmou ele, encarando Harry com seus olhinhos de porco. – Concluí que não acredito em uma única palavra. Vamos ficar aqui, não vamos a lugar algum.


- Tá bom, então. Fiquem e morram quando Voldemort e os comensais invadirem o lugar.


Harry ergueu os olhos para o tio e sentiu uma mescla de exasperação e surpresa. Válter Dursley vinha mudando de ideia a cada vinte e quatro horas nas últimas quatro semanas, carregando o carro, descarregando-o e recarregando-o a cada mudança. O momento favorito de Harry tinha sido quando o tio, sem saber que Duda guardara os pesos de musculação na mala desde a última vez que fora descarregada, tentara colocá-la novamente no porta-malas e desequilibrou-se, soltando urros de dor e xingando horrores.


Harry caiu na risada fazendo os outros rir com ele.

- A risada é igualzinha a de Lily – disse Héstia em voz baixa.

- Eu tava falando isso hoje de manhã! – exclamou Emmeline sorrindo. – Até mesmo os olhos que ficam apertadinhos iguais os da mãe.

Harry não notou o sorriso carinhoso das duas pra ele.


– Pelo que me conta – disse Válter Dursley, recomeçando a andar pela sala –, nós, Petúnia, Duda e eu, corremos perigo. Por conta de... de...

– Gente da “minha laia”, certo.


- “Gente da sua laia”? – Héstia repetiu indignada.

- Ah, nem se aborreça, Héstia – disse Harry. – Se meus tios vivessem na época da Caça as Bruxas, com certeza fariam parte da Santa Inquisição.

- Isso é horrível!

- Eu sei.

- Como você aguentou sem ficar surtado? – Tonks perguntou.

- E quem disse que ele não ficou?

- Cala a boca, Rony!


– Pois eu não acredito


- Então não acredite.


– repetiu o tio, parando outra vez diante de Harry. – Passei metade da noite refletindo e acho que é uma armação para você ficar com a casa.


- Que?! – exclamou Harry.


– A casa? – perguntou Harry. – Que casa?

– Esta casa!


Harry revirou os olhos.


– gritou o tio, a veia da testa começando a pulsar. – Nossa casa! Os preços das casas estão disparando por aqui! Você quer nos tirar do caminho, fazer meia dúzia de charlatanices e, quando a gente der pela coisa, as escrituras estarão em seu nome e...


- Quanta baboseira – disse Pansy Parkinson.


– O senhor enlouqueceu? Uma armação para ficar com esta casa? Será que o senhor é realmente tão retardado como está parecendo ser?


Harry sorriu de lado.

- Harry, você é muito filho de seus pais – disse Remus.


– Não se atreva!... – guinchou tia Petúnia, mas, novamente, Válter fez sinal para a mulher se calar: ofensas sobre sua personalidade não se comparavam ao perigo que identificara.


- Ela vai mesmo aceitar ele ficar silenciando ela?! – exclamou Cho Chang.


– Caso o senhor tenha esquecido – disse Harry –, eu já tenho uma casa, meu padrinho a deixou para mim.


- Deixou? – perguntou Harry impressionado.

- Não sei, eu ainda não morri.

- Grosso.


Então, por que eu iria querer esta? Pelas boas lembranças que guardo daqui?


- Definitivamente não. Capaz até de eu tacar fogo nela.


Fez-se silêncio. Harry achou que impressionara o tio com esse argumento.

– Você quer me dizer que esse tal lorde...

– Voldemort – completou Harry impaciente –, e já repassamos isso cem vezes. E não é o que quero dizer, é um fato, Dumbledore lhe disse isso no ano passado, e Kingsley e o sr. Weasley...

Válter Dursley encolheu os ombros encolerizado, e Harry imaginou que o tio estivesse tentando exorcizar as lembranças da inesperada visita de dois bruxos adultos, logo no início de suas férias de verão.


- Deve ter quase infartado.


A chegada de Kingsley Shacklebolt e Arthur Weasley à porta da casa fora um choque extremamente desagradável para os Dursley. Contudo, Harry tinha de admitir que não era de se esperar que o reaparecimento do sr. Weasley, que no passado demolira metade da sala, deixasse seu tio feliz.


Os irmãos Weasley mais Harry e Hermione caíram na risada, enquanto Arthur ficava envergonhado.


– Kingsley e o sr. Weasley explicaram tudo muito bem – salientou Harry sem piedade. – Quando eu completar dezessete anos, o feitiço de proteção que me resguarda se desfará, e isto me põe em risco e a vocês também. A Ordem tem certeza que Voldemort visará o senhor, seja para torturá-lo e descobrir aonde fui, seja por pensar que, se o fizer refém, eu tentarei vir salvá-lo.


- E você iria? – perguntou Gina.

- Sim – Harry suspirou. – Afinal, apesar dos pesares, eles são minha família.

- Não imaginaria você tomando outra decisão – disse Gina.

Harry a olhou surpreso.


O olhar do tio encontrou o de Harry. O garoto teve certeza de que naquele instante os dois estavam se perguntando a mesma coisa. Então, Válter recomeçou a andar e Harry continuou:

– O senhor precisa se esconder e a Ordem quer ajudar, ofereceu uma sólida proteção, a melhor que existe.

Tio Válter não respondeu, continuou a andar para cá e para lá. Lá fora, o sol batia diagonalmente sobre a cerca de alfeneiros. Na casa ao lado, o cortador de grama do vizinho parou mais uma vez.


- Que cortador de grama vagabundo.


– Pensei que houvesse um Ministério da Magia! – exclamou o tio bruscamente.


- Existe, nem por isso é confiável em tempos de guerra – disse Hermione.

- Ou em tempo algum – disse Harry que não se esqueceu que no futuro o ministro iria difama-lo e dizer que ele era pirado.


– Há – respondeu Harry, surpreso.

– Então, por que não podem nos proteger? Parece-me que, como vítimas inocentes, cujo único crime foi dar guarida a um homem marcado, deveríamos ter direito à proteção do governo!


- O governo não tá nem protegendo Harry que é o Eleito, quem dirá a família dele – disse Dédalo.


Harry riu; não conseguiu se conter. Era tão típico do seu tio depositar as esperanças nas instituições, mesmo as de um mundo que ele desprezava e não confiava.

– O senhor ouviu o que o sr. Weasley e Kingsley disseram. Achamos que o inimigo está infiltrado no Ministério.


- E estará mesmo.


Tio Válter foi até a lareira e voltou, respirando com tanta força que ondulava o enorme bigode negro, seu rosto ainda púrpura de concentração.


- Púrpura como Thanos? – perguntou Denis Creevey.

- Quem? – perguntou Harry confuso.

- É um personagem da Marvel Comics, ele é um grande vilão! – o primeiranista comentou empolgado. – Ele apareceu pela primeira vez na Iron Man #55 lançada em 1973! Ele é chamado de Titã Louco e ele foi inspirado no deus grego da morte, Thanatos!

- Eu acho que não chega a ser como esse cara não, Denis – Harry disse duvidoso.

- Ahhh – o garoto falou então ficou quieto.

Harry olhou na direção de Astoria que entendeu.


– Muito bem – disse ele, parando mais uma vez diante do sobrinho. – Muito bem, vamos considerar a hipótese de que aceitemos essa proteção. Continuo sem entender por que não podemos recebê-la do tal Kingsley.


- Mas que folga! Pega o bom que eles estão se dignando a protegê-los e ainda quer escolher?!


Harry conseguiu não erguer os olhos para o teto, mas a muito custo. A pergunta já tinha sido respondida meia dúzia de vezes.

– Como lhe expliquei – disse entre os dentes –, Kingsley está protegendo o trouxa, quero dizer, o seu primeiro-ministro.


- Ou seja, gente bem mais importante.


– Exatamente: ele é o melhor! – exclamou o tio, apontando para a tela escura da televisão. Os Dursley tinham localizado Kingsley no telejornal, andando discretamente às costas do primeiro-ministro em visita a um hospital. Isto, e o fato de Kingsley ter aprendido a se vestir como um trouxa, sem esquecer da segurança que transmitia com sua voz lenta e grave, tinha levado os Dursley a aceitarem Kingsley de um jeito que certamente não se aplicara a nenhum outro bruxo, embora fosse verdade que eles nunca o tivessem visto de brinco.


Kingsley sorriu de lado. Seu brinco de ouro reluziu em sua orelha.


– Ele está ocupado – disse Harry. – Mas Héstia Jones e Dédalo Diggle estão mais do que qualificados para esse serviço...


- Somos sim, muito obrigada – disse Héstia.


– Se ao menos tivéssemos visto os currículos deles... – começou tio Válter, mas Harry perdeu a paciência. Levantando-se, dirigiu-se ao tio, agora ele próprio apontando para a televisão.


- Xiii – disse Hermione.


– Esses acidentes não são acidentes, as colisões, explosões, descarrilamentos e o que mais tenha acontecido desde a última vez que o senhor viu o telejornal. As pessoas estão desaparecendo e morrendo, e é ele que está por trás de tudo: Voldemort. Já lhe disse isso muitas vezes, ele mata trouxas para se divertir. Até os nevoeiros: são causados por dementadores, e se o senhor não lembra quem são, pergunte ao seu filho!


- Meu Deus, parece até que está pior que antes – murmurou Cornélio Fudge chocado.


As mãos de Duda ergueram-se bruscamente para cobrir a própria boca. Sentindo os olhos dos pais e de Harry postos nele, tornou a baixá-las lentamente e perguntou:

– Tem... mais daqueles?


- Ô, filho, tem muito mais – disse Sirius.


– Mais? – Riu-se Harry. – Você quer dizer mais do que os dois que nos atacaram? Claro que tem, tem centenas, talvez milhares a essa altura, uma vez que se alimentam do medo e do desespero...


Todos se arrepiaram. Mais dementadores das centenas que já tinha era terrível.


– Está bem, está bem – trovejou Válter Dursley. – Você me convenceu...


- Finalmente...


– Espero que sim, porque quando eu completar dezessete anos, todos eles, os Comensais da Morte, os dementadores e até os Inferi, que é como chamamos os mortos-vivos enfeitiçados por um bruxo das trevas, poderão encontrar vocês e certamente atacá-los. E se lembrarem da última vez que tentaram ser mais rápidos do que os bruxos, acho que irão concordar que precisam de ajuda.


Todos ergueram as sobrancelhas.


Houve um breve silêncio em que o eco distante de Hagrid derrubando uma porta de madeira deu a impressão de reverberar pelos anos transcorridos desde então. Tia Petúnia olhava para tio Válter; Duda encarava Harry. Por fim, o tio perguntou abruptamente:

– E o meu trabalho? E a escola de Duda? Suponho que essas coisas não tenham importância para um bando de bruxos vagabundos...


- Ô, se decide, meu anjo: seu trabalho ou sua vida? Qual vale mais?! – disse Sabrina Lewis.


– Será que o senhor não compreende? – gritou Harry. – Eles torturarão e matarão vocês como fizeram com os meus pais!

– Pai – disse Duda em voz alta –, pai... eu vou com esse pessoal da Ordem.


- Olha, só, alguém com um pouco de bom senso.


– Duda – comentou Harry –, pela primeira vez na vida você está demonstrando bom senso.


- Agora eles vão.


Ele sabia que a batalha estava ganha. Se Duda estivesse suficientemente apavorado para aceitar a ajuda da Ordem, os pais o acompanhariam; separarem-se de Duda estava fora de questão. Harry olhou para o relógio de alça sobre o console da lareira.

– Eles estarão aqui dentro de uns cinco minutos – anunciou e, diante do total silêncio dos Dursley, saiu da sala. A perspectiva de se separar, provavelmente para sempre, dos tios e do primo era algo que ele conseguia imaginar com alegria, mas, ainda assim, havia um certo constrangimento no ar. Que se dizia a parentes ao fim de dezesseis anos de intensa e mútua aversão?


- Tchau, até nunca mais!

- Vão em paz e que Deus elimine vocês.

Victoire olhou pra Teddy que reprimia um sorriso. Ela sabia que a última frase fora dita por um dos áudios enviados pelo seu primo.


De volta ao próprio quarto, Harry mexeu a esmo na mochila, depois empurrou umas nozes pelas grades da gaiola de Edwiges. Elas produziram um som oco ao bater no fundo, onde a coruja as ignorou.

– Logo, logo estaremos indo embora daqui – disse-lhe Harry. – Então você vai poder voar novamente.


- Ela é super temperamental, não é? – perguntou Lilá sorrindo.

- E como! – disse Harry.


A campainha da porta tocou. Harry hesitou, em seguida tornou a sair do quarto e descer: era demais esperar que Héstia e Dédalo enfrentassem os Dursley sozinhos.


- Obrigada por isso – disse Dédalo.


– Harry Potter! – esganiçou-se uma voz animada, no instante em que ele abriu a porta; um homenzinho de cartola lilás fez-lhe uma profunda reverência. – Uma honra como sempre!


- Obrigado.


– Obrigado, Dédalo – respondeu Harry, concedendo um sorriso breve e inibido a Héstia, a bruxa de cabelos escuros.


- Eu mesma, maravilhosa como sempre.

- Quem te iludiu, Héstia?

- Eu vou te dar um murro, Sirius.


– É realmente uma gentileza fazerem isso... eles estão aqui dentro, meus tios e meu primo...


- Gentileza mesmo, porque pra aguentar aqueles três...


– Bom-dia aos parentes de Harry Potter! – exclamou Dédalo, feliz, entrando na sala de estar. Os Dursley não pareceram nada felizes com a saudação; Harry chegou a pensar que mudariam mais uma vez de ideia. Duda se encolheu junto à mãe ao ver os bruxos.


- Esse garoto parece até que tem trauma de bruxos! – exclamou Minerva resignada.

Harry reprimiu uma risada.


“Vejo que já fizeram as malas e estão prontos. Excelente! O plano, como Harry deve ter-lhes dito, é simples”, prosseguiu Dédalo, puxando do colete um enorme relógio de bolso e consultando-o.

“Vamos sair antes de Harry. Devido ao perigo de se usar magia em sua casa, porque Harry ainda é menor de idade, e isto poderia dar ao Ministério uma desculpa para prendê-lo, seguiremos de carro, digamos, por uns dois quilômetros. Então, desaparataremos até o local seguro que escolhemos para os senhores. Imagino que saiba dirigir, não?”, perguntou o bruxo a tio Válter educadamente.

– Saiba...? Claro que sei dirigir muito bem! – respondeu ele bruscamente.


- Aí eu tenho que dar um crédito, ele realmente é um bom motorista – Harry falou revirando os olhos.


– É preciso muita inteligência, senhor, muita inteligência. Eu ficaria absolutamente abobalhado com todos aqueles botões e alavancas de puxar e empurrar – disse Dédalo. Sem dúvida, o bruxo pensava estar elogiando Válter Dursley, que visivelmente ia perdendo confiança no plano a cada palavra que Dédalo dizia.

– Nem ao menos sabe dirigir – resmungou, entre os dentes, ondulando o bigode de indignação, mas, por sorte, nem Dédalo nem Héstia pareceram ouvi-lo.


- Pra que aprender se sabemos aparatar?


– Você, Harry – continuou Dédalo –, irá esperar aqui por sua guarda. Houve uma pequena mudança nos preparativos...


- Quais?


– Que quer dizer? – perguntou Harry, surpreso. – Pensei que Olho-Tonto viria para fazer comigo uma aparatação acompanhada, não?


- Não.


– Inviável – respondeu Héstia, concisamente. – Olho-Tonto lhe explicará.


- Acho que tem a ver com Pio Thickness – disse Gina. – Porque todos os comensais ficaram contentes por Yaxley ter conseguido lançar um Imperius nele. Então ele deve ser responsável por algo assim, sabe? Com transportes mágicos como Aparatação, Pó de Flu e Chaves de Portal.

- Excelente observação, senhorita Weasley – elogiou Minerva.

- Obrigada, professora.


Os Dursley, que tinham escutado tudo com expressões de total incompreensão nos rostos, sobressaltaram-se ao ouvir um guincho alto: “Apressem-se!” Harry correu os olhos pela sala e se deu conta de que a voz saíra do relógio de bolso de Dédalo.


- Relógio maneiro.


– Tem razão, estamos operando com um horário apertado – comentou o bruxo, assentindo para o relógio e tornando a enfiá-lo no bolso do colete. – Estamos tentando cronometrar sua saída da casa com a desaparatação de sua família, Harry; assim, o feitiço se desfaz no momento em que todos estiverem rumando para um destino seguro. – E, voltando-se para os Dursley: – Então, estamos com as malas feitas e prontos para partir?

- Sim.


Nenhum deles lhe respondeu: tio Válter ainda olhava espantado para o volume no bolso do colete de Dédalo.

– Talvez a gente devesse esperar lá fora no hall, Dédalo – murmurou Héstia: era evidente que considerava indelicado permanecerem na sala enquanto Harry e os Dursley, talvez às lágrimas, trocavam despedidas amorosas.


- Pufff! Não mesmo.


– Não precisa – murmurou Harry, mas tio Válter tornou qualquer explicação desnecessária ao dizer em voz alta:

– Então, adeus, moleque. – Ergueu o braço direito para apertar a mão do garoto, mas, no último instante, pareceu incapaz de fazê-lo, e simplesmente fechou a mão e começou a sacudi-la para a frente e para trás como se fosse um metrônomo.


- O que é um metrônomo? – perguntou Astoria.

- Um metrônomo é uma ferramenta prática que produz um pulso estável (ou batida) para ajudar os músicos a tocar ritmos com precisão – explicou Hermione.

Astoria murmurou um “Ah, tá, obrigada” e voltou a ler.


– Pronto, Duzinho? – perguntou tia Petúnia, verificando, atrapalhada, o fecho da bolsa de mão para evitar sequer olhar para Harry.

Duda não respondeu, mas ficou parado ali com a boca entreaberta, lembrando ligeiramente a Harry o gigante Grope.


- Quem?!


– Vamos, então – disse o tio. Ele já alcançara a porta da sala quando Duda murmurou:

– Eu não estou entendendo.


- Novidade...


– O que não está entendendo, fofinho? – perguntou tia Petúnia, erguendo a cabeça para o filho.


- Fofinho? – perguntou Fred com uma careta.

- Ah, aí é só ladeira abaixo, Fred – disse Harry.


Duda estendeu a mão, que mais parecia um presunto, e apontou para Harry.

– Por que ele não está vindo com a gente?


Harry fez uma cara de “que merda é essa?”


Tio Válter e tia Petúnia congelaram onde estavam, como se o filho tivesse acabado de expressar o desejo de ser uma bailarina.


- Imagina a desgraça que seria.


– Quê?! – exclamou tio Válter em voz alta.

– Por que ele não está vindo também? – repetiu Duda.

– Ora, ele... ele não quer – respondeu tio Válter, virando-se com um olhar feroz para o sobrinho e acrescentando: – Você não quer, não é mesmo?


- Ah, mas não mesmo!


– Nem pensar – confirmou Harry.

– Viu? – disse tio Válter ao filho. – Agora ande, estamos indo.

E saiu da sala; todos ouviram a porta da frente abrir, mas Duda não se mexeu e, após alguns poucos passos hesitantes, tia Petúnia parou também.

– Que foi agora? – vociferou tio Válter, reaparecendo à porta.

Aparentemente, Duda lutava com conceitos demasiado difíceis para expressar em palavras. Passados vários segundos de um conflito interior visivelmente doloroso, ele perguntou:

– Mas aonde ele está indo?


- Ninguém sabe ainda.


Tia Petúnia e tio Válter se entreolharam. Era óbvio que Duda estava apavorando os pais. Héstia Jones rompeu o silêncio.

– Mas... certamente o senhor sabe aonde está indo o seu sobrinho, não? – perguntou, demonstrando perplexidade.


- Nope.


– Certamente que sabemos – retrucou Válter Dursley. – Está indo embora com uns tipos da sua laia, não é? Certo, Duda, vamos para o carro, você ouviu o que o homem disse, estamos com pressa.

Héstia estava incrédula de tão indignada.


Mais uma vez, Válter Dursley se dirigiu resolutamente à porta da frente, mas Duda não o acompanhou.

– Indo embora com uns tipos da nossa laia?

Héstia pareceu ultrajada.


- Porque eu estou!


Harry já vira essa reação antes: bruxos se mostrarem perplexos ao constatar que os parentes vivos mais próximos tivessem tão pouco interesse no famoso Harry Potter.


- Surpreendente – disse Krum.


– Tudo bem – Harry tranquilizou-a. – Não faz diferença, sinceramente.

– Não faz diferença? – repetiu Héstia, sua voz se alteando ameaçadoramente. – Essas pessoas não entendem o que você tem sofrido?


- Na verdade eles colaboraram de certa forma com isso.


O perigo em que se encontra?


- Eles não se importam.


A posição única que você ocupa no coração dos que militam no movimento anti-Voldemort?


- Não mesmo.


– Ah... não, não entendem – respondeu Harry. – Na verdade, acham que sou um desperdício de espaço, mas estou acostumado...

– Eu não acho que você seja um desperdício de espaço.


- OI?! – exclamou Harry.


Se Harry não tivesse visto a boca do garoto mexer, talvez não tivesse acreditado. Tendo visto, entretanto, ficou olhando para Duda durante vários segundos antes de aceitar, por um detalhe, que devia ter sido o primo quem falara: seu rosto avermelhara. E Harry estava, ele próprio, sem graça e pasmo.

– Ãh... obrigado, Duda.


- Olha, eu tô chocado – disse Rony.


Novamente, Duda pareceu lutar com pensamentos demasiado difíceis, antes de murmurar:

– Você salvou a minha vida.

– Não foi bem assim. Era a sua alma que o dementador queria...


- O salvou do mesmo jeito – disse Hermione.


Harry olhou com curiosidade para o primo. Eles virtualmente não tinham tido contato durante este verão ou o anterior, porque ele voltara à rua dos Alfeneiros por poucos dias e ficara em seu quarto a maior parte do tempo. Ocorria-lhe agora, porém, que a xícara de chá em que pisara aquela manhã talvez não tivesse sido uma armadilha. Embora bastante comovido, sentiu-se aliviado ao constatar que Duda aparentemente esgotara sua capacidade de expressar sentimentos. Depois de abrir a boca mais uma ou duas vezes, o primo mergulhou em ruborizado silêncio.


Harry tinha as duas sobrancelhas erguidas, incrédulo.


Tia Petúnia rompeu em lágrimas. Héstia Jones lhe lançou um olhar de aprovação que se transformou em revolta quando a mulher se adiantou rapidamente e abraçou Duda em vez de Harry.

– Que amor, Dudoca... – soluçou ela encostada no largo peito do filho –, q-que beleza de g-garoto... ag-gradecendo...


- Mas ele não agradeceu! – disse Héstia revoltada. – Ai, tô muito indignada com a sua família agora, Harry.

- Tudo bem, eu tô indignado com ela a minha vida inteira, mas eu já me acostumei.


– Mas ele não agradeceu! – exclamou Héstia, indignada. – Ele só disse que não achava que Harry fosse um desperdício de espaço!


- Vindo dele, isso já é muito.


– É, mas, vindo de Duda, isto equivale a dizer “eu te amo” – explicou Harry, dividido entre a contrariedade e a vontade de rir, quando tia Petúnia continuou agarrada a Duda como se ele tivesse acabado de salvar Harry de um prédio em chamas.


- Quanto drama.


– Então, vamos ou não vamos? – urrou tio Válter, reaparecendo à porta da sala de estar. – Pensei que estávamos em cima da hora!

– Claro... claro, estamos – respondeu Dédalo Diggle, que parara diante dessa troca de palavras com ar de estupefação, e agora parecia ter voltado ao normal. – Realmente precisamos ir, Harry...

O bruxo se adiantou aos tropeços e apertou a mão de Harry entre as suas.

– ... boa sorte. Espero que voltemos a nos encontrar. Você carrega nos ombros as esperanças do mundo bruxo.


- Mas sem pressão – disse Fred.

- Sim, cabe a você salvar o mundo bruxo, mas pode ficar relaxado – disse Jorge.


– Ah, certo. Obrigado.

– Adeus, Harry – disse Héstia, também apertando sua mão. – Os nossos pensamentos o acompanharão.

– Espero que tudo corra bem – disse Harry, lançando um olhar a Petúnia e Duda.

– Ah, tenho certeza que vamos acabar nos tornando os melhores amigos – disse Diggle animado, acenando com a cartola ao sair da sala. Héstia acompanhou-o.


- Desculpe, Dédalo, mas eu tenho sérias dúvidas de que isso irá acontecer.


Duda se soltou gentilmente das garras da mãe e se adiantou para Harry, que precisou conter o impulso de ameaçá-lo com um feitiço.


- Azara ele – pediu Dino.

- Bem que eu queria.


Então, o primo estendeu a manzorra rosada.

– Caramba, Duda – disse Harry, sobrepondo-se aos renovados soluços de tia Petúnia –, será que os dementadores sopraram para dentro de você uma nova personalidade?


- Sim, deve ter sido.


– Sei lá – murmurou Duda. – A gente se vê, Harry.


- Isso por acaso é um universo alternativo onde Duda é um ser humano decente? – Harry perguntou.


– É – respondeu Harry, apertando a mão do primo e sacudindo-a. – Quem sabe. Se cuida, Dudão.


- Depois disso eles nunca mais se viram – disse Harry.

Victoire e Teddy se olharam. Se ele soubesse...


Duda quase sorriu e em seguida saiu, desajeitado, da sala. Harry ouviu seus passos pesados na entrada de saibro, então a porta de um carro bateu.

Tia Petúnia, cujo rosto estivera enfiado no lenço, olhou para os lados ao ouvir a batida. Pelo jeito, não esperava se ver sozinha com Harry. Guardando apressada o lenço molhado no bolso, disse:

– Bom... adeus. – E dirigiu-se resoluta à porta, sem olhar para o sobrinho.

– Adeus – respondeu Harry.

Ela parou e olhou para trás. Por um momento, Harry teve a estranhíssima sensação de que ela queria lhe dizer alguma coisa: a tia lhe lançou um olhar estranho e trêmulo que pareceu oscilar à beira da fala, então, com um movimento brusco da cabeça, saiu apressada da sala para se reunir ao marido e ao filho.


- O que? – Harry sussurrou confuso com o olhar de sua tia.

- Acabou o capítulo – disse Astoria. – Quem vai ler agora?

- Eu – disse uma garota loira da Lufa-lufa, Hannah Abbott.


Notas Finais


E aí, gostaram????

Então, gente, eu vou continuar a rotina de postar os capítulos toda segunda feira, então, a gente se vê semana que vem 💜💜💜💜


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