História Os Sete Líderes do Inferno - (Interativa) - "Eu os libertarei e vocês serão meus servos"

KALAHARI

Cárcere do Azazel.

Azazel escoltava Izumi junto com seu grupo de soldados com armadura. 

- Antes de ir para sua cela, deixe-me informá-lo sobre o cárcere, como sempre faço com os recém chegados - Azaz parou de caminhar e olhou para o ruivo. Começando a explicar: - Temos uma única regra: nunca, nunca pronuncie o nome Dele, Deus não é bem-vindo aqui. 

Os lábios do Izumi estremeceram e seus olhos demostraram  medo. Azazel continuou: 

- Estamos no continente africano, meu querido, portanto tenha cuidado com as doenças infecciosas, como pneumonias e malária. O Kalahari é o quinto maior deserto do mundo, possui, aproximadamente, 930 mil km² de extensão, por isso o escolhi. Essa região do deserto é mais seca, com menor quantidade de vegetação e vida animal. Não precisei matar e desmatar, foi bastante fácil - deu uma pausa pequena, como se esquecesse do resto, estalou os dedos. - Sim! Kalahari tem seus altos e baixos, infelizmente esse não é um deserto extremamente árido. Em alguns curtos períodos do ano ocorrem chuvas, favorecendo o desenvolvimento de vegetação e possibilita a existência de algumas espécies de animais. É, acho que é só. A aula acabou, hora de ir para casa. Ah! Não mate nem devore nem estupre seu colega de cela, já aconteceu antes, foi horrível.

- Quem é você? E porque me capturou? - indagou Izumi, em meio a um rosnado. 

- Meu nome é Azazel, o pecado da ira, um dos príncipes do inferno, o líder dos grigoris, seu patrão e pior inimigo - disse, vaidoso, sinalizou com a mão e os guardas o puxaram. 

Grigoris? Izumi perguntou a si mesmo em sua mente. Recordou-se do Natanael explicando sobre os Vigilantes: "São Grigoris, eles são chamadas de vigia ou vigilante no livros apócrifos de Enoque. Os Grigoris era uma legião de 200 anjos te abandonaram sua habilitação original no céu e desceram à terra para se misturar as filhas dos homens, criando assim os chamados nefilins" Sua voz ecoou de um jeito que Natan pareceu estar acompanhando Izumi no momento mais assustador de sua vida.

 - Não, esperem! Isso é um erro! Eu não deveria estar aqui, eu não quero estar aqui! - Izumi gritava enquanto era empurrado violentamente pelos guardas que o levavam até sua cela. - Me deixe ir! 

Ele acertou um potente soco em um dos demônios, e caiu logo em seguida, abrindo um espaço para fugir, Izumi tentou passar por eles, estremeceu e olhou para a lâmina que trespassou seu ombro arrancando sangue e um grunhido de dor e raiva. Izumi levou a mão ao ombro sentindo o líquido espesso ensopar sua camiseta. Foi surpreendido pelas mãos dos guardas e  agora estava sendo arrastado. As botas pretas arranhavam o piso pedroso e os outros prisioneiros gritavam insultos e riam dele e sua tentativa estúpida de escapar.

 - Por..favor..- súplica de cabeça baixa. - Eu sou filho dele…- tenta completar, mas, seu sangue vermelho rubi que descia de seu ombro ao chão não deixou, Izumi estava hipnotizado por ele. 

Azazel deu ordens para os guardas pararem e ficou observando Izumi por um instante em silêncio contemplativo, caminhou em passos largos até Izumi, enterrou seus dedos no cabelo escarlate e obrigou Izumi a olhá-lo.

- Filho de quem? - indagou curioso, com um sorriso. 

- Eu sou filho do Mamom, o príncipe do inferno - revelou chocando todos do cárcere, inclusive Azazel, parado a sua frente. - Eu peço sua piedade pelo nome do meu pai - Izumi nunca imaginou que estaria implorando por sua vida, muito menos que estaria tirando vantagem de ser filho de um homem tão cruel quando mamom.

Os guardas entreolharam-se quietos e incrédulos. Azazel desatou a rir até quase perder o fôlego, uma risada estridente. Estava com o corpo encurvado, debruçado sobre a própria barriga. Ergueu os olhos para ver se os dois lacaios o acompanhavam naquela gostosa gargalhada, eles começaram a rir falsamente após o olhar de repreensão. 

- Só pode estar de brincadeira comigo. 

- Não estou, sou mesmo filho dele! - insistiu Izumi, tentando desvencilhar-se das mãos dos demônios

Temendo pela sua vida, lágrimas grossas correram pelo rosto dele. Como ele queria matá-lo naquele exato momento. Queria ver seu sangue jorrar na parede de pedras e ver seus olhos perderem o foco. E ver seu corpo, queimar na mais incandescente e brilhante chama que Izumi poderia produzir. 

- Não adianta tentar me enganar, criança - falou Azazel, se recusando a acreditar. Acrescentou, confiante na amizade que Mamom e ele possuíam. - Mamom não teve filhos, se tivesse ele me contaria. 

- Não estou mentindo, porra! É verdade! - disse Izumi, provocando risadas uníssonas de todos os demônios e anjos do cárcere. Ele olhou a sua volta e um sentimento de nostalgia e ódio tomaram conta de sua mente, seus olhos cintilaram e esbravejou: - PAREM DE RIR DE MIM!!! SEUS DESGRAÇADOS! EU VOU MATAR TODOS VOCÊS! EU VOU MATAR TODOS..!!

Azazel cansado daquela gritaria golpeou a cara de Izumi com um soco, ainda segurando-o com força pelos cabelos. Ele viu um filete vermelho de sangue escorrer pelo nariz dele. Izumi esboçou um sorriso.

- Vou matar todos, inclusive você - Izu olhou para Azazel, com certa diversão. 

- Guarde minhas palavras, Guardião - ele sibilou, segurou os cabelos dele com mais força ainda e pressionou sua cabeça contra a parede arranhando o rosto do ruivo. Aproximou seu rosto mais do dele, e disse em seu ouvido: - Você não é meu pior pesadelo; eu que sou o seu.

- Vai sonhando! - gritou Izumi, firme, ignorando a dor lancinante na cabeça. - Eu sou..- sussurrou com uma voz aterrorizante.

- Como é, seu idiota? O que você está tentando dizer?  - Azazel seguiu de acordo como Izumi desejava, se aproximou do rosto do Izumi para ouvir suas palavras.

Foi nesse certo instante que Izumi respirou fundo e reuniu cada grama de coragem e ousadia que lhe restava. Izumi foi impressionantemente mais rápido que Azazel, o príncipe do inferno sentiu a mão forte fechando-se em volta de seu pescoço, impossibilitando-lhe a respiração.

- Eu disse..- seus olhos ardiam como brasas, alterando sua face furiosa, para uma plácida. - que sou filho de Mamom, um dos sete líderes inferno!!! - Izumi cravou os caninos afiados no pescoço do príncipe drenando-lhe o sangue através da laceração. 

Azazel com dor, e visivelmente enraivecido, desferiu um potente chute na altura do estômago e arremessando o ruivo contra a parede. Um dos guardas com armadura preta fez menção de pegar a espada, Izumi no entanto pegou a espada de outro guarda ao seu lado, saltou sobre o de armadura e, em um único movimento instintivo, enfiou a lâmina de uma vez o peito dele, seu corpo caiu no chão, morto. Izumi se recompôs e voltou a encarar Azazel. Sua boca estava vermelha, com um líquido viscoso escorrendo pelos cantos. Seus olhos também assumiram a cor vermelha, cor do sangue que derramara ali mesmo. 

- As presas e os olhos..são idênticos a do Mamom..- Azazel o olhou demoradamente, espantando-se ao reconhecê-lo. - Não pode ser…

- Eu disse que não estava mentindo - repetiu sorrindo, limpando o sangue com as costas da mão. 

- Prendam-no.

Os guardas seguraram Izumi, um deles posicionou a espada em sua garganta, perto o bastante para atravessar a pele e fazer um filete de sangue quente escorrer pelo pescoço, enquanto outro o desarmou, e um terceiro o arrastou para baixo, pressionando ele contra o chão rochoso. 

- Levem ele daqui! - ordenou Azazel com uma mão no pescoço, estancando o sangramento. - Achou que só por que você é filho do meu amigo eu vou pegar leve com você? - Azazel riu novamente, se aproximou e apertou sua ferida do ombro lhe provocando uma dor inimaginável. - Você irá me implorar pela morte, mas não lhe darei ouvidos; tornarei as coisas muito piores. Se arrependerá de ter me conhecido, Guardião. Levem-no e garanta que ele sofra..não cuide de seus ferimentos, não lhe dê comida e nem água - se retirou. 

Os prisioneiros, bosquímanos e khoikhoi, povos habitam a região do deserto, gritavam em sincronia algo como: Salve o filho de Mamom e Ele é a nossa salvação. Izumi conseguiu o respeito dos presos que precisava e em troca os libertaria. Mas ele exigia mais uma coisa deles; sua colaboração. 

- Eu os libertarei, meus amigos!!! - anunciou causando mais gritaria entre ele. Adicionou em sua mente, esboçando um sorriso desvairado: - Eu os libertarei e vocês serão meus servos..

Continua no próximo capítulo...