“Para Olívia, meu amor”, ele escreveu em preto com sua melhor letra, milimetricamente diagramado naquele pedaço de papel. Encaixou-o por detrás de uma fita de cetim vermelha, que julgou ele combinar com o presente.
E combinava. Vermelhos ficariam os lábios de Olívia de tanto beijá-lo. Vermelho ficaria seu rosto quando o presente fizesse efeito, de modo que suas bochechas, seus cabelos e seus lábios pareceriam uma coisa só. Vermelha era a cor do sangue que fazia o coração de Vitório bater só por ela.
Uma fita vermelha para enlaçar o primeiro presente para ela na nova casa. Na nova cama. E na nova vida que teriam.
Dentro do embrulho de presente, um pote de vidro dentro, parecido com uma embalagem de geleia. O conteúdo que havia dentro do pote também se parecia com uma geleia, mas definitivamente não era para comer, ainda que tivesse o sabor fosse bom e ele fosse sim cair de boca.
A receita era nova. Nunca havia imaginado fazer receita pra outra boca, mas deixou o puritanismo de lado por pura diversão. Ele mesmo já se acalorava sozinho, apenas de imaginar o que sua nova receita prometia fazer com o corpo de Olívia.
Numa de suas recentes viagens a São Paulo, Vitório encontrara amigos cozinheiros para trocar receitas e matar as saudades. Os papos foram todos regados um amigo nortista cozinhou um prato que, além de dar um estalo em seu paladar, deu também em sua cabeça.
“Gente! Mas o que é isso? Minha boca está dormente!”
“Sim, é o jambu que faz isso.”
“Jambu?”
“Sim, é uma erva do Pará.”
Vitório conseguira todas as informações de onde conseguir a erva e qual a maneira certa de transporta-la até Roseiral e tudo que era possível fazer utilizando tal iguaria.
Até que ele criou a receita. A tal receita que agora estava dentro do pote de vidro, que estava dentro do embrulho embalado por uma fita vermelha.
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