Naquele dia, Vitório tinha ficado sozinho no restaurante, ansioso pela hora de voltar para casa e começar a ajeitar as coisas na nova casa e nos novos móveis. Ansioso para vê-la usando seu presente com ele. Embora seu grande objetivo fosse ir embora para casa logo, sua mente dispersa o fazia conseguir justamente o contrário. Toda hora se perdia nas contas de vontade de se perder no beijo de sua vespa.
Ela, por sua vez, também estava ansiosa, e resolveu abrir o presente logo. Fez uma pequena careta confusa quando desembrulhou um pote de geleia. Ela adorava as geleias de Vitório, mas aquele não era um presente de casa nova que ela esperava do marido. Ela deu uma risadinha maliciosa pensando que Vitório havia feito uma geleia de abacaxi, lembrando-se do que ele havia falado sobre o que a fruta causava nos homens, mas ainda assim, estava frustrada. Quando abriu o pote, sentiu um cheiro cítrico e o nariz começou a dar uma leve formigada. Passou o dedo indicador na geleia e lambeu, sentindo um gosto que certamente era doce demais para combinar com pão. Foi quando sua língua formigou que ela revirou os olhos sorrindo, entendendo o que era o presente.
Depois de casar-se com Vitório, Olívia passara a conhecer muito mais sobre o próprio corpo e sobre as coisas que acontecem entre homens e mulheres. Ela havia sido criada com muita rigidez e pudor. Crescera achando que apenas mulheres depravadas davam beijo francês, que a mulher era a parte romântica da relação, e que era dever dela ceder o próprio corpo para prazer do homem, já que o dela não tinha essa habilidade. Com Vitório, tudo caira por terra. Quando a língua dele invadiu a boca dela pela primeira vez, ela perdeu todo o controle. Percebeu-se gemendo sem parar, e assustada, tentou livrar-se dele, até que, rendida, deixou sua língua dançar junto à dele e abraçou seu corpo para muito mais perto de si, sentindo, pela primeira vez na vida, a vontade de fundir-se ao corpo de um homem. Ela amava a segurança que ele a dava. Sabia que era uma mulher de respeito, que abriu o próprio negócio e se livrou de um marido patife, protegendo sua família e sua vida. E o que ela fazia com sua língua não dizia respeito a ninguém. Até porque, apenas pelo fato de estar separada, já era muito mal falada por aí; beijar, com língua ou sem língua, já não faria a menor diferença. Quer dizer… faria toda a diferença para ela que, depois de um casamento de anos, descobria que homens e mulheres não tinham funções diferentes numa relação. Que o romance e o prazer faziam parte dos dois corpos, e que tal combinação era muito poderosa.
De beijo em beijo, Olívia e Vitório se casaram e ela descobriu ainda mais coisas. Que não era dever da mulher ceder o corpo para o prazer do homem, e sim, que os dois deviam sentir prazer juntos porque… ah, ela podia sentir prazer, e como podia! E Vitório sempre a ajudava para que a relação deles fosse prazerosa para ela… porque ele amava vê-la descobrindo coisas novas do próprio corpo; ele amava vê-la revirar os olhos e sorrir.
E, por isso, ele tinha feito aquele presente para ela. E, por isso, ela entendia exatamente como era pro presente ser usado.
Olívia abriu a liga de suas meias e baixou a calcinha até senti-la tocar o chão. Sentindo as bochechas — e não só as bochechas — queimarem, antes mesmo que ela desenroscasse os pés da peça de roupa, tratou de enfiar os dedos indicador e médio dentro do pote, pegando uma quantia generosa do produto. Apoiou o vidro sobre a penteadeira, dobrou os joelhos e, com a mão livre, abriu a vulva, lambuzando-a de geleia em seguida.
— Ai… — assim que o gel gelado tocou sua pele, Olívia gemeu.
Ela saiu se arrastando pelo quarto, tentando se desvencilhar da calcinha — o que conseguiu, pouco antes de deitar na cama.
Deitou pressionando as pernas uma contra a outra, sentindo seu sexo latejar. Aos poucos, ela se revirava na cama, apertando os olhos e emitindo sons com cada vez mais dificuldade. A respiração estava curta e o corpo quente, contrastando com a sensação gelada que esquentava sua vulva.
— Vitório… — ela suspirava. — Por que não chega logo, Vitório?
Seus músculos pélvicos se contraíam com muita voracidade, clamando pela presença do homem. Ela queimava, de modo que sentia vontade de rasgar toda a roupa. Se passara a tarde inteira ansiando pela chegada de Vitório, nesses últimos instantes, a angústia beirava o insuportável.
Ela passava a mão no próprio corpo, suspirando baixinho o nome do marido e imaginando que logo eram as mãos dele que iam acariciá-la. Ela puxou o decote do vestido para baixo, não obtendo muito resultado pela rigidez do tecido. Passou uma das mãos pela região dos seios da maneira que pôde, enquanto a outra apertava e amarrotava ainda mais aquele lençol que com tanto cuidado tinha escolhido e arrumado sobre a cama. Desceu as duas mãos até a bainha da saia e puxou juntos os tecidos da saia e da anágua; a saia, apesar do tecido rígido, se curvou até descobrir seu assoalho pélvico. A anágua se curvou até o meio das coxas, onde terminavam suas meias; dali para cima, o tecido grudava em sua pele já suada.
Olívia dobrou as pernas para elevar os quadris e, por fim, subir sua anágua. Fez o movimento com força e gemeu, como treinando pra refazê-lo repetidas vezes quando Vitório chegasse
Ardendo, ela esfregava uma perna contra a outra e pendeu o quadril de lado até ficar de bruços. Pegou um dos travesseiros e ajoelhou-se no meio dele. Friccionava os quadris para frente e para trás com a cabeça pendendo para trás e mordendo os próprios lábios para conter os sons. As mãos ora apertavam o travesseiro, ora o enchiam de socos. O objeto era bom, mas não era Vitório.
— Vitório, por que você fez isso comigo? Por que não chega nunca?
As coisas realmente haviam mudado para Olívia. Até pouco tempo atrás, ela jamais se permitiria se esfregar num travesseiro propositalmente. Certamente, já havia acontecido sem querer. Mas, quando percebia as reações de seu corpo, com frio na barriga e respiração alterada, parava imediatamente, assustada, envergonhada, culpada.
Dessa vez, ela sentia o mesmo frio na barriga e a respiração alterada, mas não a vontade de parar. Pelo contrário. Olívia estava imparável, agitada, sedenta. Fazia movimentos cada vez mais curtos e rápidos, combinando com a respiração. Os olhos já não abriam. A voz já quase não saía, não havia fôlego. Num sussurro quase mudo, ela chamava o marido. “Vitório… Vitório… Vitório…”
Quase que ouvindo o pedido dela, o homem adentrou o aposento. Bateu o olho rapidamente na disposição dos móveis e tudo parecia muito lindo. Mas, a imagem mais linda do cômodo era a de uma mulher com o vestido todo amarrotado, com a saia enrolada sobre a barriga e o decote largo, enquanto ela puxava o tecido tentando tocar seus próprios seios, brincando de cavalinho sobre um travesseiro.
— Se divertindo sem mim, minha cara dama?
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