Era 31 de dezembro de 1952.
Essa era a primeira festa que Olívia organizava em sua nova casa, e estava ansiosa para receber seus amigos e a família de Vitório.
Depois de um Natal com muito movimento no restaurante e o pedido de casamento de Felipe à Mirella (que até agora fazia Olívia chorar só de lembrar), ela finalmente teve um tempo para arrumar as coisas do jeitinho que queria.
Pra aquele réveillon, Olívia tinha mandado fazer um vestido de saia plissada branco, que ela custava em fechar.
— Vitório, me ajuda aqui. Não tá fechando.
Ele se aproximou por trás, olhando seus reflexos no espelho, enquanto tentava puxar o zíper.
— Eu falei pra você mandar fazer esse vestido maior.
— Eu não imaginei que esse bebê fosse crescer tanto em tão pouco tempo.
— Ah, então a senhora encheu o bucho no Natal e a culpa é do bebê?
— Ai, Vitório, só me ajuda a fechar esse negócio…
Vitório conseguiu puxar o zíper. A saia ficou um pouco enrolada na parte de trás, mas o vestido havia ficado lindo.
— Não é lindo, Vitório?? — ela rodava a saia em frente ao espelho.
— É sim. — ele a interrompeu abraçando por trás e lhe dando um terno beijo na bochecha. — Mas sabe o que é ainda mais lindo?
— O quê? — ela lhe sorriu de volta. Os dois se olhavam apaixonados pelo reflexo do espelho.
— Vocês duas. — e colocou a mão na barriga de Olívia.
— Duas? Como você sabe que é menina?
— Intuição masculina.
Olívia riu, pendendo a cabeça para trás, até esbarrar no ombro do marido. Se virou e o abraçou, ficando de frente para o marido.
— Intuição masculina? Desde quando isso existe?
Olívia estava no meio do quarto mês de gestação. Vitório descobriu antes dela. Numa noite, sonhou que Olívia estava grávida e, no mesmo dia, começaram os sintomas. Ele desconfiou na hora e ela riu, dando de ombros, igual fazia agora. Depois de associar os sintomas com a não vinda das regras por dois ciclos consecutivos, ela deu o braço a torcer. Vitório soube desde o primeiro segundo. Talvez a intuição masculina, pelo menos pra ele, realmente existisse.
— Ah, agora eu sou pai, pai deve saber das coisas.
Ele se juntou a ela nas risadas.
— Ta. Então vamos supor que você esteja certo. Só uma suposição. Que nome vamos colocar nela?
— Eu pensei num nome.
— Ah, é? Qual?
— Léia.
— Léia?
— É, porque ela foi feita por causa de uma geleia. — ele sorriu malicioso, beijando o pescoço da esposa risonha.
— É bonito. Parece nome de princesa.
Ela sorria radiante. Ter um filho — ou melhor, uma filha, com Vitório era um sonho. Era um sonho para ele também, que a olhava com ternura, fazendo carinho em suas bochechas e lhe enchendo a boca de beijinhos.
— É uma princesa. — lhe deu um selinho. — A nossa princesa. — outro selinho. — Porque a mãe… — ele a olhou apaixonado, encaixando sua mão nas têmporas da esposa. — É uma rainha.
Ele a beijou com amor, sendo correspondido da mesma forma.
Desde o início da gravidez, Olívia parecia o próprio fogo. A cada vez que beijava o marido, aprofundava o beijo rapidamente, esquecendo-se sobre qualquer compromisso ou pudor. Querendo apenas fundir-se a ele a todo custo.
Vitório estava adorando essa fase despudorada, desesperada e flamejante da esposa. Ele se divertia também. Mas, muitas vezes, ele tinha que trazê-la de volta ao mundo real, onde, nem sempre, havia tempo ou era lugar de namorar intensamente.
Ela começou a beijar o pescoço do homem. Para não sujar a gola da camisa que ele havia separado especialmente para a primeira passagem de ano em sua nova casa, ela deslizou os dedos entre as casas dos botões, abrindo os primeiros com uma certa dificuldade.
Ele deslizou a mão sobre as nádegas dela, e puxou-a para agora ele beijar-lhe o pescoço. Depois de abrir metade da camisa, Olívia, totalmente embriagada, foi descendo os dedos delicadamente pelo tórax de Vitório, puxando o cós da calça dele com o dedo indicador.
— Olívia, Olívia… — ele lhe chamou a atenção, ainda que também estivesse envolvido.
— Vamos, Vitório… — ela mal conseguia respirar quando ele descia os beijos pra seu ombro e peito, puxando-a pelas nádegas, fazendo sua calça já avantajada tocar tão próximo ao seu sexo, que já começava a se molhar. — Uma última vez antes do ano acabar.
Ela abriu o botão da calça dele, mas antes que pudesse puxar o tecido para baixo, ele encaixou as mãos em suas têmporas e lhe puxou para um beijo intenso.
Vitório deslizou a mão para a lateral do corpo de Olívia, buscando o zíper que, com tanta dificuldade, havia acabado de fechar. Antes que deslizasse a cabeça do zíper para baixo, foram interrompidos por uma campainha. Os convidados estavam começando a chegar.
— Vai ter que ficar pro ano que vem. — ele respondeu, durão, mas igualmente frustrado como ela, que fazia beicinho.
Ele fechou os botões da calça e da camisa, enquanto ela se recompunha no vestido branco. Pegou o batom e rapidamente ajeitou o desenho sobre a boca.
— Vamos, minha cara? — ele lhe estendeu o braço. — Temos uma festa para dar.
Ela encaixou seu braço no dele e saíram andando, sorridentes.
— Será uma festa linda, Vitório…
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