História Parceiros - Caos no deserto - Parte 3

Tobias conseguia ver, era magnifica, ele sabia que a nave não transportava soldados, mas ele não conseguia entender, enquanto Azir e Cho'Gath duelavam, mais exatamente enquanto o imperador tentava segurar a criatura.

A grande nave se aproximava da luta enquanto uma pequena saia de umas das partes e vinha ate Tobias e Sarah, ao mesmo tempo que Warwick percebia sua liberdade e corria ate eles.

Sarah alcançou o braço de Tobias e começou a puxa-lo dali, não era suficiente, mas era mais do que permanecer parado, as mãos do mago pegaram a carta que brilhava amarelo e no segundo depois ela voava rasgando o ar em direção a Warwick, ela atingiu e o parou por poucos segundos.

Ele ainda sentia o sangue deles.

Eles continuavam correndo enquanto a pequena nave se aproximava deles, Sarah aproveitou a distancia e começou a atirar contra a fera, os tiros dela o feriam, o sangue manchava a areia que Azir não havia usado ainda, as feridas ficavam evidentes no pelo dele, mas mesmo assim, ele corria ate eles sob quatro patas, rugindo e com os olhos tão vermelhos quanto os cabelos de Sarah.

Tobias reparou em uma tecnologia nas costas do lobo, mesmo sendo de ferro ela estava tão vermelha quanto os olhos dele, ela soltava fumaça e parecia deixar Warwick ainda mais raivoso, os dois se encararam, e ao mesmo tempo entendiam.

O mago energizou três cartas em sua mão, duas brilhavam um forte amarelo e uma um vermelho ironicamente parecida com o de Warwick, Sarah ergueu suas armas e esperou Tobias.

A pequena nave pousava atrás de ambos, Tobias não havia nem sequer reparado, e por isso ele não hesitou em atirar as duas cartas amarelas ao mesmo tempo, cada uma voou alto, cada uma em uma direcão mas atingindo o mesmo ponto, as costas de Warwick, que rugiu de raiva e pareceu se cegar.

Sarah tinha poucas munições, mas o suficiente para distribuir uma chuva de balas alaranjadas e flamejantes, as balas de pólvora formavam um cone mortal a frente dela e atravessavam Warwick, atrás de ambos, uma imagem familiar saiu e decidiu ajuda-los, um corpo alto e forte com um escopeta se aproximou de Warwick e aproveitou a deixa criada por Sarah e Tobias.

O mago o reconheceu na hora e sorriu aliviado, ele atirou sua outra carta e impediu qualquer chance de Warwick de fugir, a carta vermelho diferente da amarela ia em direcão ao corpo da besta e depois se prendia aos seus pés, o deixando lento.

Os fogos de Sarah acabaram e a fera ainda estava de pé, não por muito tempo, Graves deslizou sob a fera, sem medo nenhum do que seja lá o que for aquilo, a fera tentou alcança-lo e proteger suas costas, mas Graves disparou e explodiu o mecanismo nas costas do lobo, o mesmo rugiu a sua raiva pareceu triplicar, Tobias e Sarah temeram, tanto por Graves quanto por eles, mas o atirador se manteve firme, sua escopeta disparou seu segundo e ultimo tiro no rosto da fera, que teve sua mandíbula deslocada no mesmo instante.

Ele abriu sua arma e rapidamente enfiou mais dois cartuchos de munição, ele deslizou para trás e ergueu a escopeta com a mão mecânica, Tobias viu a arma carregar e uma enorme explosão surgir depois, jogando Graves para trás e cobrindo Warwick em chamas e sangue.

O lobo começou a rugir a suas costas tremiam e seu corpo convulsionava, ninguém ali entendia o custo da criação de Zaun, mas o desespero era claro nos olhos do lobo, as chamas de Graves ainda o queimavam e o alto som da explosão ainda ecoavam, Tobias sacou mais cartas, e começou a atirar todas contra o lobo, que estava sem sentidos e sofria ainda mais com cada carta que batia em seu corpo.

A fera começou a ceder, seu corpo começou a cair e não levantar mais, ate que sua respiração era impossível a os brilhos sangrentos de seus olhos virassem nada amais que um pesadelo distante, Tobias jogou sua ultima carta na garganta de Warwick, e o lobo caiu de vez, ele tentava mesmo cego ir atrás, mas com o tempo, seus esforços diminuíam, até que ele parou e suas forças acabaram.

Tobias ergueu seu olhar e viu Graves se aproximar, sujo de areia por causa da explosão, mas sem feridas e com um sorriso lindo nos lábios.

As lágrimas já saiam mesmo sem muitos motivos, Tobias correu ate ele e o abraçou, Graves o segurou forte, passando lhe segurança e ao mesmo tempo matando sua própria saudade.

-Estou atrasado – Graves disse ainda apertando seu menor.

Tobias riu e os músculos do rosto se contraindo fizeram as lagrimas de alegria sumirem.

-Senti sua falta – Tobias quebrou aquele clima saudoso e o levou para sentimental, ele não sabia por que, mas deixar claro para Graves que ele havia sentido saudade era essencial para ele.

-Eu também – Graves disse mantendo sua posição forte e que Tobias sentiu tanta falta.

Todos que olhavam Graves pensavam que era o típico homem fechado, que não demonstrava sentimentos, se relacionava apenas por prazer e que sua única amiga era a bebida em mãos, Tobias não podia mentir, essa figura já foi real, mas há tanto tempo, antes mesmo de passarem dez anos separados, e agora Graves não tinha medo de demonstrar para Tobias, demonstrar que ele era sua única razão de viver e vice-versa

Eles ainda estavam abraçados e nem mesmo criaturas lendárias e nem naves que quebram recordes tecnológicos eram suficientes para separa-los, Tobias desceu sua mão até as mãos de Graves e as subiu, analisando aquela peça de metal entre o que já foi carne e osso.

-Doeu? – Perguntou preocupado.

-Não, um colega de Ziggs cuidou bem de mim – Tobias lembrou da visita de ambos a Piltover, deuses já faz tanto tempo.

Segurando a mão mecânica ele não pode deixar de se fragilizar, as imagens de LeBlanc a decepando eram vivas demais.

-Está tudo bem, – Graves disse acariciando o rosto dele com a mão de verdade – temos que ir, tirar Sarah daqui e ajuda-la a remontar o exercito e...

-Não! – Graves ia recomeçar, de novo com essa guerra que Tobias via cada vez menos sentido, não era uma guerra para serpentinos, era algo maior, quando se envolvia Noxus e Demacia sempre e algo além – Quero ir pra casa, não aquela casa, nosso lar, em Bandopolis, com você...

Graves não entendeu de começo, mas ver Tobias com um olhar tão cansado, ter lutado tanto, sofrido tanto, para as coisas ficarem mal resolvidas havia o cansado.

-Vou te tirar desse maldito deserto – Graves o beijou calma e Tobias o segurou pelo pescoço.

Azir tentava impedir Cho'Gath e enquanto os dois estavam ali, Sarah observava cada movimento dos dois.

Seus cabelos ruivos balançavam com o vento dos impactos da luta ainda mais colossal que de Shyvanna e Sion, ela levou suas mãos ate seus olhos e os olhava indignada.

Ela queria odiar Azir, odiá-lo por ter impedido a guerra dela, mas ela sabia que estaria morta se não fosse por ele, no deserto em volta apenas corpos restavam, o que há algumas horas era um palco terrível de sangue, agora era ironicamente ainda mais sangrento, Graves a chamou para saírem dali, e ela não podia ver mais o resultado de Azir e Cho'Gath, mas ela não se importava, se a criatura vencesse, ótimo, que ela devorasse esse mundo começando por Noxus.

Ela entrou na nave junto a Tobias e Graves, enquanto o mago parecia tentar fechar os olhos e esperar o pesadelo acabar, ela mantinha os olhos nos dois enquanto Graves pilotava cada vez mais pra longe.

De longe se seguro dos impactos, ela entendeu a utilidade de Piltover e a grande nave deles, a nave atirava segura em Cho'Gath enquanto Azir o prendia com praticamente toda a areia do deserto, era assustador.

As cortinas de areia taparam a visão e Sarah se virou para frente, insatisfeita com o resultado dessa batalha, mas não importava para ela, ela queria os resultados do ataque de Vayne e Evelynn, e recomeçar seu ataque a Noxus, pra ela aquela guerra estava longe de acabar.

Ainda no deserto...

Não estava sendo o suficiente, Azir sugava cada vez mais areia e tentava segurar a besta com a magia Shurimane, mas o vazio era poderoso e sua fama de ser imparável fazia jus no momento.

Piltover usava todos os seus recursos, mas os tiros batiam na pele de Cho'Gath e não surgiam efeito, apenas deixava a besta ainda mais raivosa.

Malzahar cedeu e seus joelhos se ralaram na pouca areia que Azir não havia usado para lutar, aquilo era sua culpa e ele sabia que apenas um portal mandaria Cho'Gath de volta para o vazio.

-Você esta bem? – Kassadin correu até ele e o segurou.

-Não... – Malzahar estava pálido e sem expressão – Ninguém está...

-O imperador é poderoso, ele estava enfrentando uma criatura do vazio sozinho ate pouco tempo, temos que confiar nele, é a única coisa que podemos fazer – Disse Kassadin tentando levantar Malzahar e leva-lo para longe dali.

-Não é, você sabe que não é Kass... – Malzahar virou seus olhos fracos e azuis para o mais velho, ele sabia do que o menor falava...

-É impossível, você não tem energia do vazio e nem condição física – Kassadin disse e ignorou o menor, o pegando pelos braços e começando a leva-lo dali.

Malzahar via a luta ainda pelos ombros de Kassadin, estava cada vez pior, e com Piltover cada vez mais distante de conseguir matar a besta.

-Kass, para – Malzahar tentou sair dos braços dele e cair na areia que já não era tão fofa.

-Não, nós vamos embora!

-Não podemos, – Malzahar ergueu seu olhar para ele – eu não posso, deixar aquela criatura aqui, é a minha responsabilidade.

-Não é, você não pode fazer nada, esta sem poder – Kassadin teimava marchando cada vez para longe.

Malzahar esperou segundos e olhou a expressão de Kassadin, ele estava cansado, cansado de tantas coisas, ele sabia que era pedir demais, o maior estava cansado de sofrer e isso ele entendia.

Ele se soltou dos braços dele com dificuldade e voltou a correr até luta, uma tempestade de areia cercava a luta, e uma enorme torre com o símbolo de Shurima pairava ao lado de Azir, o ajudando.

Kassadin o alcançou segundos depois.

-Vamos embora, – ele segurou os braços dele e o forcou a encara-lo – por favor, você não tem forcas para expulsar a besta, por favor, me deixa cuidar de você antes do fim de tudo – ele dizia implorando por últimos momentos.

Kassadin já havia desistido de lutar, e lhe lançava um olhar triste e derrotado.

Malzahar o mediu por completo, ele estava chorando, mesmo sob as mascaras que o deixavam vivo.

O menor acenou com a cabeça, concordando com ele e Kassadin sorriu aliviado, Malzahar levou suas mãos ate o rosto dele e abaixou a máscara o suficiente para ver os lábios dele pela primeira vez.

Estavam secos, mas ainda eram vermelhos e carnudos, completando a imagem do rosto de Kassadin.

Ele se aproximou e selou os lábios, com calma e secando as lágrimas de Kassadin, o maior o abraçou e aprofundou o contato...

Me perdoe – Malzahar pensou antes de soltar apenas um dos tubos que mantinham a energia do vazio com Kassadin, aquilo o enfraqueceria, mas isso não importava, a energia se soltou pelos ares e Malzahar a sugou prendendo Kassadin no beijo, o menor sentiu suas veias se encherem daquela magia terrível do vazio, era uma sensação horrível, mas era necessário.

Kassadin caiu no chão sem ar, ele havia perdido parte do seu poder e seus órgãos e músculos tremiam o deixando tossindo e tentando respirar na areia escaldante.

Malzahar se afastou daquele que havia beijado com dor e chegou mais pertos de Cho'Gath com as mãos brilhando em energia do vazio, ele recitava palavras incompreensíveis e a magia se espalhava pelo solo á sua volta.

Kassadin olhava cena mas seu corpo não respondia, a dor era insuportável, mas ele não conseguia odiar Malzahar, nunca conseguia e até hoje não entendia o por quê.

O mesmo portal de antes surgiu atrás de Cho'Gath, mas diferente desta vez, ele puxava energia deste plano e não emanava como quando a besta saiu.

O corpo do profeta doía, e Azir empurrava a criatura com suas areias para o portal, ela lutava contra, mas tiros potentes da nave de Piltover o empurrava mais contra o portal.

Kassadin sentia sua energia se recuperando, e ele quase se levantava, ele sabia das consequências da magia, na ultima vez havia tirado todo o poder de Malzahar e agora tiraria sua vida.

Ele começou a tropeçar em direcão ao profeta, suas pernas ainda o atrapalhavam.

A cauda da criatura já estava dentro do vazio, e cada vez mais o tronco voltava para lá, estava funcionando, Malzahar ignora os gritos de Kassadin atrás de si e continuava forcando todo a magia dentro de si.

O maior estava perto, quase o alcançando e agora o que ele falava era claro.

-MALZAHAR, por favor, não faz isso comigo... – ele implorava mesmo com a voz dele sendo grossa e firme.

Malzahar ignorava, ele precisa terminar, ele precisava ser útil uma vez neste mundo, recompensar a sua vida a mercê do vazio e seus interesses.

Sangue escorreu de seus olhos, nariz e orelhas, deixando tudo pior, o sangue se misturou com lágrimas, ele via a besta quase no portal ao mesmo tempo que sua magia começava a falhar, uma de suas mãos já não brilhava mais, a magia havia se esgotado, e a outra falhava idêntico a ela, ele sabia que se Cho'Gath não estivesse totalmente dentro, ele conseguiria voltar com facilidade.

Kassadin tocou seu ombro e eles se encararam, Malzahar reparava em como ele estava sofrendo, seus olhos evidenciavam olheiras e eles parecia não conseguir respirar, o menor se arrependeu, se ele soubesse o quanto Kassadin sofria sem um dos tubos com a energia ele pensaria e não seria tão imprudente.

Mas diferente do que o menor imaginava, Kassadin o abraçou, todos os tubos que prendiam a energia do vazio estavam soltos.

Ele não conseguia entender, o aperto era tão forte, e firme, tão certo, Kassadin havia o seguido, como sempre, ele se derramou em lágrimas, o maior não conseguia viver sem a energia no seu corpo presa pelos tubos.

A energia de Kassadin circulava ambos, idêntico ao beijo.

O braço que não emanava energia agora era segurando pelo braço de Kassadin e a energia de antes estava triplicada.

Kassadin o abraçava por trás firme, segurando o corpo de Malzahar e dividindo a energia entre eles .

Com os dois juntos portal amentou sua largura e puxava Cho'Gath com mais força, Azir juntou toda a areia que conseguia e Piltover carregou seu último tiro e juntos, ambos atingiram a besta, que rugiu e tentou de todas as formas se libertar e se manter ainda naquele plano.

A besta se manteve de forma que Azir não tinha mais como empurra-lo, era apenas ele contra a força do portal, o imperador encarava besta tentando voltar mas cada vez mais distante, por fim Cho'Gath sumiu daquele plano agonizando e soltando o maior rugido que Valoran já ouviu e no segundo depois o portal se fechou.

Malzahar e Kassadin caíram no chão segundos depois, o maior estava sem seus tubos para mantê-lo vivo e ambos entendiam o que aconteceria nos próximos segundos.

-Eu... eu – Kassadin tentava dizer, mas a tosse o impedia de todas as formas, Malzahar selou os lábios dele e os soltou com calma depois.

-Shhh, eu sei – ele respirou fundo e soltou com tanta dificuldade quanto Kassadin, por conta das lágrimas– eu também..

E em seus últimos momentos, ele olhava para Malzahar, que respirava fracamente ao seu lado.

O menor o abraçou com suas ultimas forças e deitou sua cabeça no peito de Kassadin, enquanto ele sentia seu corpo parar aos poucos também , ele escutou cada batida do coração dele, cada uma delas, cada vez mais distantes umas das outras.

Nenhum dos dois tinha forcas para dizer nada e nem era preciso, as três palavras completas não chegavam aos pés do que eles tinham feitos por si hoje.

Malzahar escutou as batidas cessarem e a respiração pesada de Kassadin parar.

Ele havia ido.

E Malzahar fechou nos olhos sob o peito dele.

Seu estado era idêntico ao dele, ele sabia, mas era cruel ver Kassadin morrer em seus braços, ele sabia que era consequência de tudo que ele já havia feito.

Ele não sentiu.

Não percebeu quando ele não conseguia mais abrir seus olhos e nem sentir mais nada, seu corpo não resistiu, e parou de reagir com calma nos braços de Kassadin.

Não havia mais nada, apenas os dois, juntos em corpo e alma, pra sempre.

                               -x-

Azir em sua forma normal os encontrou abraçados logo depois, ele fechou os olhos de Kassadin com as mãos e os levou para seu palácio em Shurima.

Os dois não tinham parentes mais, Azir os eternizou, da mesma forma que eles morreram, seus corpos ficaram perto para o resto da eternidade...

Completamente, juntos...