História Parque (Cassandra x Rapunzel) - Capítulo único

  O sol já estava se pondo enquanto elas esperavam a sua vez no brinquedo, Rapunzel continuava quieta, o que era preocupante para ela, mas como qualquer tentativa de conversa falhava miseravelmente ela desistiu de insistir. Para tentar se distrair ele começou a pensar em como fora o seu dia…

  Cassandra estaria mentido se dissese que não ficara nervosa quando recebeu uma ligação da loira  a convidando para sair, elas não se viam pessoalmente a quase dois anos e mal conversavam, desde que Rapunzel começará a sair com Flynn ela havia ficado em segundo plano, mas de algum modo ela tinha culpa nisso.

  Ela havia apresentado os dois, afinal, o que daria errado se ela apresentasse seus dois melhores amigos um para o outro? Ela já tinha percebido a troca de olhares, mas mesmo depois de receber a notícia ela não podia imaginar que seria esquecida por eles…

 Entretanto quando se encontraram na entrada do parque Rapunzel estava sozinha, o que era um contraste quase gritante já que ela e Flynn nunca se separavam, parecia que tinham sido colados um no outro.

— Sozinha? — perguntou forçando um sorriso — Essa é uma coisa que eu não pensava que veria nessa vida.

 Para sua surpresa, e alegria, Rapunzel deu a ela a notícia que mais desejava em seu âmago, ela e Flynn não estavam mais juntos, já faziam alguns meses, Cassandra teve que fazer força para não sorrir naquela hora. Isso a fazia parecer uma pessoa egoísta? É…ela também pensava isso, mas era inevitável. Ela gostava de Rapunzel, mais do que apenas uma amiga, tinha planejado contar a ela antes de se formarem no ensino médio, porém Flynn surgiu antes…

 Cassandra esperava que a outra fosse começar a chorar ou ao menos parecer triste enquanto dava a ela essa notícia. Só que ela parecia radiante enquanto contava os detalhes bem resumidamente. Como Cassandra esperava eles haviam enjoado rapidamente um do outro, era de se esperar, ela pensou, eles atropelavam algumas fases de um relacionamento, pareciam um carro desgovernado. Pareciam um daqueles contos de fadas da Disney, onde em poucos minutos os personagens já estão apaixonados e planejam se casar…

 — Uou…isso é ruim — sim, não conseguiu dizer outra coisa.

 Rapunzel fez uma careta, disse que era melhor irem logo ao parque antes que ficasse muito tarde, ela segurou a sua mão e a puxou para dentro. Cassandra sabia qual seria o primeiro brinquedo, Rapunzel sempre ia nele primeiro e depois de ir nos outros ela voltava para ir várias vezes nesse, a montanha russa.

 Cassandra nunca foi uma grande fã desse brinquedo, mas ela adorava ver a cara de felicidade que Rapunzel tinha sempre que ia nela. Aquilo fazia valer a pena cada volta.

  Ela suspirou, mesmo após tudo aquilo ela ainda era apaixonada pela sua melhor amiga, por isso aceitou o convite para sair sem pensar duas vezes. Ela sorria como uma idiota e para piorar Rapunzel não soltará a sua mão, não que ela tivesse alguma objeção quanto a isso…

  Quando a vez delas chegou Rapunzel parecia não conseguir se conter, ela tamborilava os dedos no ferro do carrinho enquanto as demais pessoas entravam. Cassandra estava um pouco desconfortável, ela não gostava daquele brinquedo e, mesmo que estivesse ali por Rapunzel, ela ainda se sentia mal. Era inevitável impedir a dor de cabeça que sentia após dar uma volta naquele brinquedo…

  Quando o carrinho começou a se mover e a ganhar velocidade os gritos das pessoas começou. Rapunzel gritava e ria junto com elas,  Cassandra riu, as bochechas ficaram quentes e ela não pode evitar. Após alguns minutos, que mais pareceram horas na opinião de Cassandra, elas saíram do carrinho. Novamente Rapunzel puxou a sua mão e a puxou para outro brinquedo, dessa vez o favorito de Cassandra, o tiro ao alvo.

  Uma garota de cabelos coloridos as recebeu com um sorriso desafiador, em um resumo breve ela explicou as regras e mostrou alguns prêmios que elas podiam ganhar. Ela entregou a Cassandra três bolas vermelhas, a sua frente haviam três torres de latas, todas com três latas. Após desejar boa sorte a Cassandra, Rapunzel não disse mais nada, sabia como ela agia nessas horas, se concentrava o máximo que conseguia antes de fazer o arremesso. Ela lançou a primeira bola que, para seu desgosto, derrubou apenas duas. A garota riu, o que Rapunzel já sabia que apenas deixaria Cassandra com mais desejo de ganhar e faze-la engolir a risada, Flynn aprenderá da pior forma possível.

  Seu olhar se concentrou na segunda torre, a determinação em seu olhar era quase difícil de se encarar sem se intimidar, ela respirou fundo e lançou a segunda bola.

— Parabéns — a garota disse após a última lata cair — O que você vai querer? — perguntou enquanto ostentava um urso de pelúcia em uma mão e uma cobra de pelúcia na outra.

 Já lendo os pensamentos da amiga ela escolheu a cobra de pelúcia, possivelmente ela iria querer levar ela para o seu camaleão, sim parecia uma coisa um pouco infantil, mas elas não ligavam.

— Aqui — disse enquanto enrolava a cobra de pelúcia no pescoço de Rapunzel como se fosse um cachecol, sentiu o rosto queimar quando recebeu aquele olhar dela, os olhos pareciam ter um brilho diferente, mas o que realmente fez seu coração sair dos eixos foi o sorriso. Era um sorriso tímido, o que era estranho já que Rapunzel nunca havia sorrido assim para ela antes, somente para Flynn…

 Antes que sua mente se organizasse o suficiente ela mais uma vez foi puxada pela outra. Elas só pararam quando chegaram na fila da roda gigante, Cassandra estranhou, Rapunzel nunca gostará desse brinquedo, sempre se queixava que ele era lento demais para ela. Cassandra tentou falar alguma coisa, mas qualquer tentativa de conversa acabava com ela sendo ignorada por completo.

  Quando entraram na pequena cabine de aço Rapunzel foi a primeira a se sentar, em suas mãos ela apertava a cobra de pelúcia, Cassandra nem havia notado quando ela a havia tirado do pescoço. Com um forte solavanco elas começaram a subir, aos poucos iam tendo uma visão do alto de todo o parque. Rapunzel continuava em silêncio, aquilo irritava Cassandra, se ela tinha feito algo ruim era só ela dizer, não precisava fazer essa tortura silênciosa.

— Eu…— Rapunzel começou, sua cabeça baixa dava a impressão de que a pelúcia em seu colo era a coisa mais interessante naquele momento.

— Eu sinto muito — Cassandra disse enquanto encarava um ponto qualquer do parque — se eu fiz algo errado ali…eu sinto muito.

— Não, você não fez nada. Na verdade está longe disso.

— Jura? — o tom irritado em sua voz fez com que Rapunzel se encolhesse — Desculpe então se eu entendi mal o momento em que você simplesmente saiu correndo me arrastando e depois não respondeu nenhuma pergunta minha.

 Rapunzel ergueu um pouco a cabeça, apenas o suficiente para que seus olhares se encontrassem. Cassandra pode ver insegurança neles.

— Eu nunca quis fazer isso — disse —, mas ter você tão perto me fez…me fez sentir aquelas coisas outra vez.

— Outra vez? 

— Está me dizendo que nunca sentiu? Não é normal amigos quererem passar a noite toda conversando, sentindo o coração bater rápido toda a vez que recebem uma mensagem ou uma ligação. Ou sempre tomar o caminho mais longo e demorado para casa porque não querem parar a conversa…eu não posso ser a única a sentir isso.

— A quanto tempo você sente isso? — foi o que ela conseguiu perguntar.

— Desde um pouco antes de eu e Flynn namorarmos…por isso terminei. Não podia prende-lo  enquanto não podia retribuir ele na mesma intensidade.

— Por que não contou?

— “Olá, Cassandra. Sei que isso vai soar estranho, mas eu só quero que você saiba que eu gosto de você, bem mais do que apenas como uma amiga.”, por favor…o que você teria feito?

— Eu teria aceitado.

— Você também sentia então…

— Sim…eu sentia. Mas você estava com Flynn e por mais que eu me sentisse deixada de lado eu nunca disse nada por respeito a vocês. Que tipo de amiga eu seria se o fizesse?

— Está tudo bem. Eu entendo você, você fez o que julgava certo…

— Era para dizer isso que você me convidou?

— Não...— admitiu com vergonha — Eu realmente só queria passar uma tarde com você, mas esses sentimentos voltaram com força assim que eu te vi.

 Cassandra suspirou, aquilo parecia irreal demais para estar acontecendo, parecia mais um sonho do que realidade. Provavelmente ela acordaria em breve, deitada na cama e torcendo que fosse real, mas não é, nunca era…

— Eu…sentia coisas por você. Era inegável o quanto como você me tinha na palma da sua mão. E sabe o que é pior?

 Rapunzel não disse nada, mas seu olhar parecia implorar que ela continuasse. E se aquilo fosse realmente um sonho não teria problemas em contar…

— Você ainda me tem.

  Ao dizer essas palavras ela se aproximou drasticamente da outra, fazendo com que a distância entre elas quase acabasse, seus rostos estavam praticamente colados, seus olhares fixos um no outro.

— Você pode me afastar se quiser — disse com receio.

— E se eu não quiser? — Rapuzel colou as suas testas, parecia apenas esperar um sinal para seguir em frente.

  Cassandra soltou uma risada e, mesmo que tivesse dúvidas sobre o que iria fazer aquela era a única coisa em sua mente. Fechou seus olhos e finalmente acabou com a distância entre elas. A sensação dos lábios de Rapunzel contra os seus era diferente de qualquer coisa que ela pudesse supor, era doce e suave…antes que pudesse aprofundar o beijo a pequena cabine parou de balançar e elas ouviram a porta abrir.

— Hã? Senhoritas, o brinquedo já parou. Podem descer — dissera o garoto responsável pelo brinquedo. Cassandra não podia vê-lo, mas pelo tom de sua voz ele parecia sem graça.

 Elas saíram dali e caminharam direto para saída já que já estava escurecendo e elas tinham que trabalhar no dia seguinte.

— Obrigada por vir — disse Rapunzel, seu sorriso parecia mais radiante agora — hoje foi muito…esclarecedor.

— Engraçado, posso dizer a mesma coisa — deu de ombros.

— De qualquer modo, obrigada.

 Ela segurou os seus ombros e mais uma vez a beijou, um selinho curto demais para Cassandra, só a tinha beijado duas vezes e já queria fazer outras vezes, outras muitas vezes.

— Vamos sair para jantar amanhã — disse ela e tudo o que Cassandra pode fazer foi balançar a cabeça positivamente — depois eu te mando uma mensagem com mais detalhes. Agora eu preciso ir.

 — Espera…— Cassandra disse, timidamente ela abraçou a cintura de Rapunzel, seus lábios novamente se encontraram, dessa vez elas aproveitaram o beijo com mais vontade, nenhuma delas tentou aprofunda- lo ou qualquer outra coisa, naquela hora elas só queriam que o momento durasse para sempre.

— O que somos agora? — ela perguntou quando se separaram.

— Não faço ideia — Rapunzel disse —,mas…o que você acha de descobrirmos juntas?

— Soa bom para mim — ela sorriu.

— Nós nos vemos amanhã então — ela lhe beijou a bochecha e depois saiu correndo. 

  O que havia sido aquele dia? Ela não saberia explicar, mas enfim se sentia livre após ter colocado para fora tudo o que guardava para ela a tantos anos. E o resultado? Mesmo confuso foi o melhor que ela podia ter pedido…