POV. PERCY
Já estava escurecendo, Nico e a sra. O'Leary se preparavam para uma viagem nas sombras, Blackjack iria atrás, num ritmo mais lento, mas era a única forma que conseguiriamos chegar a San Francisco rápido, eu não gostava de ter que abandoná-lo no meio de uma estrada, mas era isso ou ficariamos encalhados ali para sempre, ele dizia para eu não me preocupar com ele que ele também era um herói, mas eu ainda temia por ele. Fiz uma oração a Poseidon, para que levasse Blackjack em segurança e que ele não se perdesse.
Quando já tinha escurecido completamente (muito escuro mesmo, afinal, estavamos num deserto) joguei vários donuts para Blackjack e então nos despedimos, ele continuou voando na mesma direção, mas Annabeth e eu montamos na sra. O'Leary com Nico e Tyson. Ela avançou. A velocidade era surpreendente, eu já viajara assim antes, com ela e Nico, o que eu temia era que Tyson vomitasse, mas ele não pareceu incomodado, os cabelos de Annabeth voavam, espalhando seu cheiro pelo ar. Ela sorria.
Avançavamos na via Cristovão Colombo Transcontinental a toda a velocidade, logo chegariamos em Hollywood, Los Angeles. De acordo com o que Nico dizia, viramos na Indio, depois no Palm Desert, o que deixou Annabeth nervosa, como se ela tivesse pego uma fobia de desertos durante a viagem, eu me sentia assim ás vezes também.
Subimos na Cidade Catedral e paramos em Palm Springs. Procurariamos algum lugar para dormir e continuariamos a viagem no dia seguinte. A sra. O'Leary ofegava, cansada, se jogou aos pés de Nico, que quase caiu em cima dela.
– Hã... levante, é só mais uma caminhada, logo pararemos, prometo.
Ela se levantou e continuou a caminhar, lentamente.
Não poderiamos parar em um hotel, além de não termos dinheiro, mesmo se Nico tivesse levado algum, teriamos que economizar para a viagem, e não acho que permitam cães infernais nos hoteis. Caminhamos até o Sunrise Park.
– Bom, é isso o que nos resta... - disse Nico, sentando-se na sombra de uma árvore.
Eu e Annabeth assentimos, Tyson observava a cidade, fascinado, era a mais bonita pela qual haviamos passado, talvez até mais bonita que Manhattan, tinha mais clubes com piscina, parques e natureza.
– Hã... Tyson. - chamei e apontei para o portão. Ele foi até o portão, sorrindo e o arrancou, abrindo a passagem.
Entramos, Annabeth suspirou, aliviada por não termos que dormir num deserto. Encontramos um conjunto de árvores, que formava uma sombra confortável, eu e Annabeth nos sentamos, a sra. O'Leary já dormia, no canto. Nico sentou-se no topo de um brinquedo para crianças e abaixou a cabeça nos joelhos, observando a cidade. Tyson passeava no parque, por perto.
– Está com fome? - perguntei a Annabeth
– Claro. - disse ela, sorrindo.
Tiramos os pacotes de donuts da bolsa, Annabeth pegou um pedaço bem pequeno de ambrosia e comeu, depois voltou-se para os donuts. Eu comi, e pensei em como seria se não estivessemos correndo contra o tempo, em direção a morte, acho que poderia ser divertido passar uma noite no parque.
Nico tirou um pacote de donuts da bolsa e começou a comer, olhava para o céu, pensativo. Eu me deitei, Annabeth deitou-se do meu lado, usamos as mochilas como travesseiro e ficamos olhando o céu estrelado, era uma noite de lua cheia e deixava o lugar ainda mais bonito. Annabeth adormeceu ao meu lado. A última coisa que vi foi Nico deitando-se na casinha na árvore, então adormeci.
Em meu sonho, eu estava no topo de uma montanha, que diabos eu estava fazendo lá eu não sabia. Um homem se aproximou, o reconheci de cara, Poseidon, uma euforia se espalhava por dentro de mim.
– Pai. - eu disse e sorri.
– Filho. - ele disse e também sorriu, seu sorriso era lindo. Ele tinha uma aparência tão bonita quanto a praia, tão bonita quanto a praia de Vancouver.
– O que estamos fazendo aqui? - perguntei, tentando não olhar para baixo.
– Não sei, foi a primeira coisa em que pensei. - ele disse e riu, eu o acompanhei. Pelo menos eu já sabia de onde tinha puxado toda essa "praticidade" vamos dizer. - Percy, eu não vim aqui te dizer nada que possa ajudar em sua missão, eu só vim porque senti saudades.
Eu sorri tanto que poderia rasgar os lábios, tenho que admitir que Poseidon era o deus mais humano de todos.
– Também senti sua falta, pai.
Ele se sentou na beira da montanha e fez um sinal para que eu me sentasse, eu fui, relutante, mas fui.
– Como estão Paul e Sally? - perguntou ele.
– Acho que estão bem, não vejo eles há uns dias.
– Ah. E Annabeth?
Olhei para o céu e torci os lábios. Ele riu da minha expressão e deu uns tapinhas de leve nas minhas costas.
– Ah, e que história é essa de Crisaor e Polifemo serem meus irmãos?
Ele riu, mas não respondeu. Então depois de um tempo ele disse:
– Vejo que não apreciou Crisaor.
– Ele não é flor que se cheire - eu disse, franzindo o nariz.
– Percy, precisa tomar cuidado com Atena. - desta vez ele me pegou de surpresa.
– Hã... eu sempre soube que ela não gosta muito de mim, mas por que diz isso?
– Olhe, estou confuso. Atena é imprevisível, ela pode ajudar muito nesta missão, mas ao mesmo tempo ela pode destruir, ela nem sempre é sábia, mas quando formula uma ideia na cabeça, boa ou ruim, ela a poe em prática imediatamente.
– Você transportou a confusão em sua mente para a minha. - eu disse - Devo ou não devo confiar em Atena.
– Faça o que achar certo, porque, como eu disse, ela é bem imprevisível, ela nunca desejaria o mal para o Olimpo, mas ás vezes ela pensa errado e age errado, não pode simplesmente odiá-la, mas também não se pode adorá-la.
– Ela te odeia. - eu disse.
Ele deu de ombros.
– Não se desiste da família.
Eu assenti. Depois de tudo o que os olimpianos haviam feito, eu nunca pensei em destruí-los.
– Bom, não tenho mais nada a dizer e você precisa acordar. - ele disse, então abraçou meus ombros e tocou minha testa. Então eu acordei. Decidi que não contaria nada daquilo para Annabeth, pelo menos não naquela manhã.
Annabeth estava colada ao meu peito, acordada, observava a rua. Quando me mexi ela olhou para mim e disse:
– Até que enfim! - e riu.
Eu ri também, olhei em volta e perguntei:
– Onde estão Tyson, a sra. O'Leary e Nico?
– Estão brincando no Estádio Palm Springs. - ela disse, sorrindo. Então me lembrei que o Estádio Palm Springs ficava logo atrás do parque onde estávamos.
– Vamos lá. - eu disse, levantando-me.
– Antes... - ela disse, puxando-me pela camisa e me beijou. - Bom dia Cabeça de Alga.
Fiquei parado ali, sem falar nada, ela me empurrou, levemente, até o estádio.
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