História Perdón! - Encontro inevitável

Fernando não sabia o que fazer, também não sabia porque sentia tanto medo, mas algo o fazia temer aquela estranha situação, talvez sua consciência pesada estivesse tomando voz. E dominado pelo medo que sentia saiu daquela salinha que guardava tantas lembranças, voltando para a presidência para em seguida ir em busca de “sua Lety”... mas seu caminho foi interrompida pela porta principal que se abriu logo em seguida e por ela pode ver aquela a quem tanto desejava!

“Lety....” Fernando logo estampou um largo sorriso em seu rosto... “minha Lety... Graças a Deus!” Ele a tomou em um abraço forte, seu corpo esguio quase a cobria por completo... Ele envolveu seus braços naquele pequeno corpo que lhe era tão aconchegante. Suas grandes mãos descansavam próximas a sua fina cintura que era perfeitamente disfarçada pelas roupas que usava, apenas Fernando conhecia realmente o formato daquele corpo, e sempre entrava em uma espécie de transe apenas em lembrar de suas curvas.

“Ai minha Lety... eu senti tanto a sua falta!” Fernando segurou aquele rosto tão amado por entre as mãos e tomou seus lábios em um beijo desesperado, repleto de saudade e desejo.

No momento em que se sentiu tocada Letícia teve vontade de gritar, queria fugir daquele momento, se sentiu mais uma vez suja apenas por ser tocada por ele, ela estreitou os olhos e seu estomago revirou, ela aos poucos se desvencilhou do beijo e daqueles braços.

“Seu Fernando... aqui não, o senhor não quer que desconfiem da gente não é?!?! Ainda mais agora que está cada vez mais próximo do senhor cancelar o casamento e terminar de vez o seu noivado...”

Ao ouvir tais palavras Fernando se paralisou, seu rosto se estreitou, o fatídico dia estava cada vez mais próximo.

“Éh...você tem razão, nós não podemos facilitar...”

Fernando se afastou e lhe deu as costas no exato instante em que tais palavras foram ditas, ele sabia que a verdade estaria estampada em seus olhos e por isso preferiu não manter com ela esse contato, e Letícia também sabia disso e propositalmente fez uso de tal arma para que ele se afastasse.

“Mas Lety... eu fiquei preocupado com você, liguei para sua casa ontem, mas você estava descansando... O que aconteceu? Você passou mal?”

“Bom... para ser sincera, sim!!! Seu Fernando eu tenho trabalhado muito, na segunda quando fui embora estava enjoada, com dor de cabeça... e ontem quando acordei não me senti disposta, por isso não vim trabalhar.” Letícia tinha força estampada em seu rosto.

“Lety... e você foi ao médico, por Deus Letícia, não devia ter vindo trabalhar hoje, porque não me disse nada?”

“Bom... eu não queria preocupá-lo, o senhor também tem trabalhado muito, não precisa se preocupar comigo.”

“Mas eu me preocupo... você não sabe o quanto minha Lety!” Fernando se aproximou mais de Letícia enquanto a olhava nos olhos...

“Mas agora eu estou bem... já podemos voltar ao trabalho!” Letícia desviou seu olhar e seu corpo do caminho que Fernando percorria...

“Mas Lety... a sua sala... o que aconteceu?”

“Eu resolvi... desocupar um pouco a minha sala”

“Mas... os presentes? Você jogou fora?”

“Claro.... claro que não Seu Fernando, eu vou levá-los para a minha casa, não acho seguro deixar todos os presentes e os cartões aqui na empresa, até porque, alguém poderia encontrá-los e descobrir o nosso segredinho...” Fernando a olhou meio desconfiado, nunca havia lhe visto assim, tão decidida e com uma voz tão firme! “Mas agora, se o Senhor me permite... eu preciso terminar alguns relatórios, com licença!”

“Claro... tem toda!”

Fernando ficou parado no meio de sua grande sala, sem expressar nenhuma reação, havia se surpreendido bastante com a postura apresentada por Lety, nunca a viu tão decidida e prática, poderia até se arriscar a dizer que aquela não era sua Lety romântica e apaixonada de sempre.

Letícia por sua vez, adentrou em sua sala, tentando buscar um abrigo seguro onde pudesse se refugiar do hipnotismo exercido por Fernando, respirou algumas vezes buscando auto-controle.

“Ele não vai me enganar... Não sou mais aquela boba apaixonada, agora eu serei o seu pior carrasco!”

E com a ajuda das mangas de sua roupa limpou os lábios, como se quisesse apagar dali o gosto daquela droga que a entorpecia... Fernando era a pior das drogas, pois era feito à sua medida.

Fernando ainda estava confuso com as atuais atitudes de Letícia, durante o dia sempre que conseguia olhar em seus olhos não enxergava mais a mesma menina dócil e apaixonada de sempre, em seu lugar estava estampada uma segurança absurda, algo que a tornava sedutora e ainda mais apaixonante para ele, pois aquela Letícia ele ainda não conhecia, mas se sentia tentado a experimentar.

O dia transcorreu na mais notória normalidade, pessoas transitavam por entre os corredores, modelos faziam trocas e mais trocas de figurino, comerciais eram projetados e gravados sob o olhar atento do genial e temperamental Luigi Lombardi... Mas nada disso tinha a capacidade de entreter um certo presidente, que de sua sala observava uma estreita e pequena porta. Seu dia não estava completo, pois em nem um mísero segundo pode ouvir os sonoros risos que passaram a alegrar sua vida a alguns meses, mas de acordo com seus planos, aquela ausência seria logo suprida pelos planos que tinha para aquela noite.

Não muito longe dali, Letícia também traçava planos, em seus pensamentos tinha a certeza de quão asquerosa era para Fernando a sensação de tocar sua pele, ou de beijar seus lábios... e com essa certeza queria castigá-lo usando contra ele o que, para ela, era seu pior trauma.

“Ele vai sentir de mim o mesmo asco que eu sinto dele... se me tocar é uma tortura, vou fazê-lo sofrer o pior dos castigos...”

Mal sabia ela que o que pensava ser o pior dos castigos, para ele era como viajar aos céus, tocar sua pele era como desfrutar das mais magníficas glórias do paraíso, seus lábios tinham o gosto do mais puro néctar... Era como ter uma divindade em seus braços, Letícia não sabia dos encantos que possuía, e Fernando dava graças aos céus por nenhum outro ter de fato descoberto tais encantos, dava graças por poder desfrutar de tais prazeres. Talvez em sua vida tenha sido um bom homem, apesar de todos os tropeços por seu caminho, pois apenas os que são bons de coração recebem tão grandiosa benção, e era exatamente isso que Letícia era em sua vida, uma graça recebida dos céus, um anjo, dono da mais pura sedução e capaz de despertar o mais puro e sicero amor.

Seus pensamentos foram interrompidos pela mais suave e amada voz...

“Seu Fernando... se o senhor não precisa mais de mim, então eu já vou pra casa!”

 Letícia mantia sua postura firme parada em frente a grande mesa da presidência. Ao saber de sua intenção, Fernando logo se levantou, se aproximando cada vez mais de seu corpo, mas sem desviar de seus olhos.

“Pra casa? Mas Lety... eu pensei que hoje nós íamos sair... eu estou com tanta saudade de você”

Ele pausou suas mãos em volta de sua fina cintura, e aos poucos as deslizou até chegar ao seu delicado rosto, é claro, aproveitando o máximo daquela situação, Fernando o segurou com carinho e ali depositou pequenos e úmidos beijos. Letícia logo tento se distanciar daquela situação, abaixando e esquivando seu rosto.

“Seu Fernando é melhor eu ir pra casa e descansar, amanhã teremos um dia puxado...”

“Não, não, não.... você já teve um dia inteiro pra ficar em casa e descansar, mas essa noite você vai ficar comigo... Eu sei que teremos um dia puxado, mas Lety, eu só que quero te mimar um pouco, quero cuidar de você...”

Enquanto dizia, Fernando depositava leves beijos em seu rosto, os quais logo desceram até seu pescoço, aquela voz suave sendo dispersada rente ao seu ouvido a fazia delirar, era como o canto de uma sereia... Era humanamente impossível lhe negar algo estando nessas condições.

“Tudo bem... eu só preciso avisar os meus pais e ...”

“Não precisa não! Eu acabei de ligar pra sua casa, e graças a Deus a Dona Julieta atendeu... eu disse que nós temos um jantar muito importante com uns investidores e que é crucial para a empresa que você estivesse presente... e adivinha!?!? ela disse pra você não se preocupar com o Seu Erasmo e me pediu pra cuidar de você... e é exatamente isso que eu vou fazer... essa noite eu vou cuidar muito bem de você minha Lety!" 

“Tudo bem...” De uma forma brusca Letícia afastou seu corpo... “Mas o senhor ainda precisa falar com a Dona Márcia, precisa inventar uma mentira bem convincente para que ela...” Seus olhos queriam se inundar para desabafar a tristeza que a sufocava, mas como se engolisse a seco, travou todo aquele sentimento o impedindo de trasparecer em sua face.

“É verdade... você tem razão... eu preciso falar com a Márcia antes, eu não quero que, nem a Márcia, nem ninguem atrapalhe essa noite...” Fernando se curvou na intenção de tocar seus lábios, mas Letícia se desviou a tempo.

“E onde vamos? Me deixa adivinhar... talvez em alguma daquelas boates escuras que o senhor tanto gosta?"

“Não, nada disso! Nós vamos refazer uma noite tão linda que não pudemos aproveitar... Nós vamos pra minha casa, eu prometo que não vou tentar cozinhar! Eu já liguei para um bom restaurante, vamos jantar... tomar um bom vinho e....”

Antes que pudesse concluir os planos para aquela noite Letícia o interrompeu.

"Tudo bem... então o senhor fala com a Dona Márcia enquanto eu vou arrumar minhas coisas...”

Fernando e Letícia enfim se separaram, indo em sentidos opostos afim de resolverem suas pendências antes de partirem. Os planos para aquela noite não saiam de suas cabeças, mesmo que por motivos diferentes, ambos estavam ansiosos por aquele momento. (...)