Jimim ON
Acordei com uma ressaca forte, a noite anterior foi bem agitada. Fizemos uma festa ontem aqui em casa para nos despedir das férias já que faltava dois dias para começar as aulas novamente, e com o retorno das aulas me lembro que tenho que fazer uma pesquisa de porta em porta pra saber como que os estrangeiros se sentiam aqui na Coréia, eu não estava nem um pouco interessado no assunto, mas se não fizesse iria ter sérios problemas com notas esse ano na faculdade o que não era novidade, já que eu estava fazendo aquilo pq meu pai estava me obrigando, só aceitei fazer o curso pq se não ele iria tirar o meu carro e a casa que eu moro e ainda por cima eu teria que voltar a morar com ele, que era sem dúvida o pior.
Nós tínhamos uma convivência conturbada, ele tentava ser o melhor pai do mundo, segundo ele, mas eu não me importava eu sabia que essa atitude de tentar ser o melhor foi pq minha mãe nos abandonou , ela aguentou muito por minha causa, ele bebia e era agressivo com ela, até que um belo dia encontro um bilhete em cima da minha cama dizendo ‘’ vou tentar ser feliz, desculpa por não te levar junto, mamãe te ama !’’ Depois disso eu tenho ódio dele , por ter afastado de mim a única pessoa que se importava comigo, por isso estava disposto a tornar a vida dele um inferno pra sempre.
Minha vida era resumida em ir pra faculdade ,malhar e no final do dia sair pra encher a cara e acordar no dia seguinte com uma menina diferente. Nunca me apeguei a nenhuma delas, pra mim era apenas brinquedinhos que usava apenas por uma noite, como eu frequentava academia todo dia depois da faculdade era fácil conseguir brinquedos para me divertir. Meu amigo Tae sempre me falava que não era bem assim que funciona as coisas e que um dia eu iria me apaixonar , mas nunca dei importância no que ele dizia em relação a isso pra mim essa era a vida que queria até morrer.
Escuto batidas na porta , sem hesitar vejo a porta sendo aberta
Tae – Que milagre que não tem nenhuma garota aqui hoje – fala entrando no quarto e observando a bagunça ao redor
Eu – Depois que vc saiu apressado ontem levando duas garotas fiquei meio que sem opção pra me divertir, eram as únicas interessantes da noite – falo sem muito interesse, estava morrendo de dor
Tae – Elas eram as minhas primas – fala com cara de nojo – só trouxe elas pq elas insistiram muito em vir, mas quando vi que vc ficou animado de mais.. achei melhor sair correndo já que eu sei como trata as meninas no dia seguinte , vc é desprezível – fala se sentando em uma poltrona que ficava do outro lado do quarto – falando em desprezível ... vim te buscar pra fazer aquele trabalho ridículo de porta em porta – faz cara de cansado – pq se depender de vc ... vai reprovar esse ano, já peguei a lista dos estrangeiros que temos aqui na região, consegui com um cara que conheço, pelo menos adianta boa parte do trabalho
Eu - Ah já tinha esquecido dessa droga, vou tomar banho e já vamos... – saio da cama e me aproximo de Tae para pegar minha roupa que estava na cadeira atrás dele , percebo que tem um curativo no seu rosto- o que é isso? – aponto para o mesmo
Tae – não é nada – diz olhando para o chão – só tive alguns probleminhas em casa... – esboça um sorriso fraco, sinto a raiva me consumir
Eu – não me diga que ele te bateu de novo? Vou la dar uma lição naquele velho – me dirijo até a porta mas tae me impede
Tae – Não, não foi nada – diz com a voz de choro , vejo uma lágrima cair de seu rosto
Eu – NÃO FOI NADA? SEU PAI TE BATE TODO DIA E VC VEM DIZER QUE NÃO É NADA!! – ele me larga e se vira – pq ele faz isso? – digo me aproximando dele ,já sabia a resposta mas tinha esperança que talvez o motivo tivesse mudado
Tae – Ele ainda me culpa pela morte da minha mãe – sinto uma dor no peito, sempre dividíamos a dor um do outro eu sabia de tudo que se passava com ele e ele o mesmo, tae era diferente de mim sempre tentando ter uma boa convivência com seu pai embora ele não merecesse, alegrava todos em sua volta mas eu sabia que nesses últimos dias ele estava diferente - E eu acho que ele tem razão... – diz ele triste
Eu – NÃO REPITA ISSO NUNCA MAIS, vc não tem culpa de sua mãe ter morrido no seu parto , olha pra mim – viro ele – vc é o mais inocente dessa história.. – ele mostra um sorriso fraco
Tae – ta chega, não quero falar sobre isso agora vai tomar banho logo quanto mais cedo a gente começar, mais cedo termina - diz secando as lágrimas que insistiam em sair
Eu – Verdade, mas quando quiser é só me falar que eu dou uma lição nele – ele concorda sorrindo
Tae -falando nisso já tem notícias do seu pai? – me olha debochando , eu sabia oq ele queria chegar com aquela conversa..
Eu – Ta bom, já to indo pro banho não precisava apelar .. – digo derrotado , nunca gostei de falar do meu pai , tae se aproveitava disso
Pego minhas roupas enquanto tae permanece no quarto mexendo no seu celular , desço as escadas com pressa queria terminar logo com isso e me encontrar com Suzy, uma das poucas meninas que não tinha pegado ainda. Vou até a cozinha e pego um comprimido pra dor em seguida , direto pro banho.
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Estávamos no outono, naquela manhã o que me chamava atenção eram as quedas das folhas das árvores, suas nuances amarelas e vermelhas, o tom cinza do céu, os frutos amadurecidos que, desta forma, pesam nos galhos e caem sobre a terra, o sol já quente e aconchegante . Crianças correndo no meio da rua, casais de mãos dadas andando tranquilamente, tudo estava perfeito para passar o dia com alguém especial.
Estávamos no fim da nossa pesquisa , avistamos o último lugar que entraríamos, era um prédio na cor azul claro simples próximo ao parque central , há cerca de três quadras da minha casa. Respirei aliviado pelo menos chegaria em casa rápido depois daqui. Olho para Tae que estava cansado de andar no sol quente , ele era fraco para exercícios sempre ficava morrendo em uma simples caminhada que eu obrigava ele a fazer. Entramos no prédio vi na lista e o apto era de número 102 , subimos até o 3 andar avistando a porta, respiro fundo e toco a campainha, espero mas ninguém vem, quando tento apertar de novo... escuto a fechadura da porta se abrindo..
Vejo uma garota que provavelmente acabamos de acordar ela tinha cabelos castanhos, olhos redondos e negros, uma pele bronzeada e um corpo escultural, era brasileira . Se eu não estivesse fazendo uma pesquisa pegaria ela aqui e agora.
Me apresento e quando tae começa a falar...
Tae- ela fechou a porta na nossa cara? - me olha incrédulo
S/N on
Ana me olha com olhar de reprovação
Ana – não foi essa educação que sua mãe te deu s/n , quem são eles ? – fala se dirigindo a porta
Eu – são estudantes de uma universidade , estão fazendo uma pesquisa ... – explico sem interesse algum , enquanto Ana se dirige a porta vou para cozinha pegar uma maça e ir pro quarto, ela seria mais útil do que eu na pesquisa . Entro no quarto e pego um livro pra ler já que as aulas começariam na segunda , precisava saber um pouco da matéria. Percebo vozes vindas da sala, provavelmente Ana estava falando com os meninos, coloco meu fone e não escuto mais nada apenas uma música clássica de Mozart ‘ Greensleeves ’ .
Ana ON
Abro a porta vendo dois meninos aparentemente simpáticos , porém assustados pelo que s/n fez, achei engraçado . Convido para entrarem..
Tae- desculpa incomodar é que nós precisamos mesmo fazer essa pesquisa... não queríamos acordar ninguém – diz todo preocupado , que fofo
Ana – Ah não liga, ela só esta em um dia ruim ... enfim, vamos ao que interessa – digo simpática , me dirigindo ao sofá
Tae - então.. precisamos fazer algumas perguntas... – tae me faz as perguntas e tento responder o mais relevante possível ,conversamos cerca de dez minutos, escuto passos provavelmente de s/n
Jimim – Então é isso.. muito obrigado pela colaboração , tem pessoas que tem educação ao contrario de outras... – fala se levantando do sofé, olhando para s/n que aparece na hora atrás de mim
s/n – Deixa ver se eu entendi, vc vem na porta da minha casa sábado de manhã e eu ainda tenho que ser simpática? Ah não sou obrigada – ela estava no limite aquele final de semana completava um ano que nossos pais morreram naquele acidente, ela estava sofrendo e a defesa dela era atacar as pessoas . A pego pelo braço e levo até o quarto
Ana – ta ficando doida s/n é apenas um trabalho da faculdade , não precisa disso, vai tomar um banho e se acalmar pra gente sair, comprei ingressos para o parque aquático .– mostro meu melhor sorriso.
S/n – Mentira! – pula de alegria – ela sai do quarto indo para o banheiro no final do corredor, eu volto para sala vendo só Tae .
Ana – Peço desculpas, ela não costuma ser assim... – olho para os lados e não vejo o outro – cadê o Jimim?
Tae – tudo bem ... ah ele foi no banheiro ... – antes que eu fale algo escuto o grito de s/n
Continua...
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