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História Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - Uma batalha de crises!


Escrita por: Valerei

Notas do Autor


Olá, pessoal! Finalmente estou de volta com mais um capitulo da fanfic!
Obrigada a todos que votaram no capitulo anterior, eu decidi seguir o conselho do @ChanderNoDragon e fazer o capitulo metade com a batalha do festival e metade com o arco das garotas, então espero que gostem.
O @Drama_King me ajudou a escrever o inicio dessa batalha, pois eu estava completamente empacada e ai ele deu inicio e despertou minha criatividade, então, essa é uma das minhas batalhas favoritas até agora! Então, vou deixar o link de uma das fanfics do Rafa nas notas finais e vocês confiram lá por favor.
Ah, e eu comecei um projeto novo com mais 9 escritores desse site maravilhoso, uma história de Pokémon completamente nova, e diferente de TUDO, eu disse, TUDO que vocês já leram. Cada um dos escritores escreve um capitulo, dando continuidade ao capitulo anterior e nós não combinamos NADA, e só lemos o capitulo do nosso colega quando ele posta, então é um mega desafio, cheio de escritas diferentes e muita criatividade. LINK DESSA HISTÓRIA MARAVILHOSA NAS NOTAS FINAIS!
Brenda na capa <3 e o nome desse capitulo é uma incógnita, na verdade, quero ver quem consegue decifrar o porque desse nome.
Boa leitura e espero que gostem!

Capítulo 47 - Uma batalha de crises!


Fanfic / Fanfiction Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - Uma batalha de crises!

< Por Blue >

Nós quatro nos dirigíamos de volta para o zoológico, faltavam dez minutos para a hora da nossa batalha final. Green estava quieto, como sempre, andando ao meu lado, Red e Yellow vinham de mãos dadas um pouco atrás de nós, a loira parecia estar animada e eu podia sentir a ansiedade que exalava de Red, que vira e mexe, encarava Green com um olhar determinado. Eles poderiam voltar a serem os melhores amigos do mundo, não acho que essa rivalidade um dia mudaria, e isso me incomodava um pouco, afinal eu saí de Pallet também, como eles, mas não acho que um dia eles chegaram a me considerar como uma rival a altura, e era hora de eu provar aos dois que eu era.

Mas a quem eu queria enganar? Estava tão nervosa que tinha até dificuldades para respirar. Esse era o momento que eu tanto esperei... o momento em que eu lutaria contra o Green. Seria algo que nunca havíamos feito antes, e eu não entendia ao certo porque isso era tão importante pra mim... achava que ele seria o meu maior teste, até agora, queria mostrar pra ele que eu era forte também.

Havíamos combinado que se a dupla que fosse sorteada para mostrar seus Pokémons primeiro escolhesse um dos Pikachus, ou uma das evoluções dos Nidorans, a outra dupla não poderia escolher os mesmo Pokémons... afinal de contas, nenhum de nós queria perder a batalha por desistência, já que nossos Pokémons apaixonados se recusariam a atacar um ao outro...

Alguns minutos depois, já no campo de batalha...

Estávamos apostos, cada dupla em uma extremidade do campo, ambas as arquibancadas estavam lotadas e a plateia estava eufórica. O telão iria sortear quais de nós revelariam seus Pokémons primeiro. Era estranho encarar Green e Yellow do outro lado do campo, mas eu precisava me acostumar, pois isso poderia acontecer na Liga Pokémon.

Nossas fotos passavam pelo telão rapidamente, enquanto o mesmo realizava o sorteio. Quando duas fotos ficaram fixas na tela, eu respirei aliviada. Green e Yellow iriam escolher seus Pokémons primeiro, e Red e eu teríamos a vantagem.

Minha dupla rival trocou um olhar rápido e assentiram um para o outro, como se soubesse exatamente o que fazer nessa situação.

— Haunter! – bradou Yellow, lançando sua Pokébola no ar e revelando o fantasma roxo, que rodopiou feliz.

— Machoke, prepare-se para a batalha! – fora a vez de Green lançar sua Pokébola, revelando o imenso Pokémon lutador. Mordi os lábios nervosa, eles realmente haviam pensado em tudo.

Não tínhamos se quer um Pokémon que levasse vantagem contra o Haunter. Seria desvantagem para Red usar Poliwrath, Snorlax, Eevee e até mesmo Ivysaur seria uma má ideia, então para ele só sobrava o Pikachu. Eu tinha certeza que Green escolherá Machoke para me deixar em uma situação complicada, me forçando a escolher Pigeotto que ao mesmo tempo, não poderia usar seus ataques normais em Haunter, mas o fantasma também não conseguiria atacar meu pássaro com seus ataques stab. Então, eu teria que me focar em Machoke, deixando Haunter para o Pikachu, mas ao mesmo tempo, seria esperado que ambos os Pokémons que voavam acabassem se encontrando e impedindo mais facilmente um o ataque do outro... aquela seria uma batalha interessante.

Sem nem olharmos um para o outro, Red e eu chamamos nossos Pokémon.

— Pidgeotto! – bradei eu.

— Pikachu! – disse Red.

— Os quatro finalistas já escolheram os Pokémons que irão protagonizar essa final! Se segurem em suas cadeiras, senhoras e senhores! Essa batalha promete ser espetacular! – o locutor bradou, fazendo a plateia ficar ainda mais agitada.

Os poucos segundos que se passaram depois de sua voz, pareceram horas intermináveis. A plateia gritava eufórica, esperando ansiosa pelo inicio da batalha. Nós quatro ficamos nos encarando, enquanto eu suava frio e sentia meu corpo tremer diante da situação.

— Podem começar! – o juiz ordenou do lado de fora do campo, sacudindo uma de suas bandeiras.

— Machoke, Foco de Energia! – fora Green quem agiu primeiro, dando a ordem ao lutador, que começou a concentrar uma energia avermelhada em volta de seu corpo.

— Haunter, proteja o Machoke de Green a todo custo! – sabendo que o ataque demoraria a ser concluído, Yellow ordenou que seu Pokémon protege-se o parceiro, afinal, Machoke estava aumentando suas chances de conseguir um ataque critico e isso era essencial para eles conseguirem vencer a luta.

O fantasma se movimentou de forma ágil, se colocando na frente do lutador com uma feição provocadora e agressiva, enquanto Machoke continuava se concentrando em acumular energia. Eu não sabia o que fazer, mas precisávamos agir. Olhei para Red em busca de esperança, ele assentiu com a cabeça na minha direção, dando a entender que tinha compreendido meu pedido de ajuda.

— Vamos lá, Pikachu, use a Esfera Elétrica! – ordenou ele.

O rato elétrico formou uma bola energizada na ponta de sua cauda enquanto saltava com muita destreza. Poucos segundos foram o suficiente entre a canalização e o lançamento. Foi aí que percebi uma brecha onde eu poderia me encaixar.

— Haunter, aguente firme! – bradou Yellow, ordenando que o fantasma continuasse a proteger Machoke.

— Pidgeotto, use a Rajada no sentido da esfera do Pikachu! – ordenei.

O bater de asas incessável do pássaro teve exatamente o efeito que eu esperava: empurrou o movimento de Pikachu e o acelerou. O espanto da outra dupla foi inevitável, assim como o de Red, que rapidamente se transformou em ânimo. Mas, entre todos, Haunter foi o que mais se desesperou e olhou para sua treinadora de forma a perguntar o que fazer.

— Que combinação incrível! Pidgeotto usa seu ataque para aumentar ainda mais a velocidade e poder do ataque de Pikachu! Vai ser difícil parar aquela Esfera Elétrica agora – exclamou o narrador.

— Deixa comigo! – Green foi quem chamara a responsabilidade, sem tirar seu olhar competitivo de mim e de Red. – Use o Golpe de Caratê na Esfera! – ordenou a Machoke que parou de focar sua energia. Pelo menos isso havíamos conseguido impedir que ele fizesse.

— Evasiva Haunter! – gritou Yellow o mais rápido que pode, ao ver Machoke preparando seu ataque por de trás do fantasma.

Haunter evadiu o ataque de Pikachu por um triz. Machoke acertou a Esfera Elétrica que vinha em alta velocidade na sua direção com seu punho envolto de energia. O contato dos dois movimentos causou uma não tão leve explosão gerando um pouco de fumaça, que fez a plateia se levantar das cadeiras e gritar eufórica.

Eu me contentava em encarar a fumaceira um tanto aflita, enquanto Red tinha em seu rosto uma expressão séria. Quando a fumaça baixou, o Pokémon de Green jazia em pose de batalha, com sua mão direita aberta e erguida no ar, respirava de forma pesada.

— Maravilhoso! Machoke conseguiu parar o ataque do rato elétrico, apesar de sofrer alguns danos, mas estes só conseguiram o deixar ofegante! Blue e Red vão precisar de muito mais para derrubar o lutador! – mais uma vez a arquibancada enlouqueceu.

< Por Yellow >

— Tá tudo bem contigo, Machoke? – indagou Green preocupado.

— Está sim! – ouvi sua voz grossa dentro da minha cabeça, quando ele se virou para Green e assentiu.

— Ele disse que está bem – informei a Green, enquanto tornava a encarar Red e Blue. – Então, pra cima deles, Haunter! – ordenei.

— Avance também! – ouvi Green seguir minha deixa. – Lançamento Sísmico no Pikachu, Machoke!

Tanto o meu Pokémon quanto o de minha dupla partiram em alta velocidade no sentido dos dois alvos, que seguiam em postura de batalha aguardando pelo sinal de seus treinadores para reagir.

— Pidgeotto, defenda o Pikachu! – bradou Blue, sabendo que conseguiria parar Machoke facilmente.

— Exatamente o que eu esperava... – murmurei. – Lambida, Haunter!

Na iminência do choque entre o lutador e o pássaro, Haunter acelerou e conseguiu chegar antes de Machoke para atacar, desferindo uma grande e gosmenta lambida no corpo da ave. A mesma estremeceu no ar, caindo no chão em seguida ao lado de Pikachu, completamente imóvel. Estava paralisado.

— Caminho livre agora, Machoke! – exclamei feliz.

— Que sincronia, senhoras e senhores! Parece que a base dessa batalha está no trabalho em equipe! Entre proteger e ajudar o companheiro! A dupla que conseguir desempenhar melhor tal tarefa, de fato, levará a melhor! – pontuou o narrador.

— Não vai ser assim tão fácil! Pikachu, Choque do Trovão! – falou Red, ao ver Machoke pronto para agarrar o rato elétrico, a fim de fazer o Lançamento Sísmico.

Ambos os movimentos foram efetuados e tiveram o efeito desejado. Machoke abraçou Pikachu com força, na mesma hora em que o rato emanava sua poderosa eletricidade, envolvendo diretamente o corpo do lutador. O Pokémon de Green pulou no ar, fazendo uma cambalhota impressionante para quem estava levando um poderoso choque. Machoke lançou o Pokémon de Red violentamente no chão, levantando certa poeira, mas na hora do lutador fazer sua aterrissagem, acabou se desequilibrando e caindo no chão também, seu corpo fragilizado pelo poderoso choque que levará.

Não pude deixar de me preocupar: não era legal ver o Pikachu sofrer danos dessa intensidade, apesar dele ser meu oponente, eu gostava muito dele. Suspirei discretamente ao ver o rato elétrico se levantar, mesmo que com certa dificuldade, e assentir para seu treinador quando o mesmo perguntou se estava tudo bem. Machoke também estava levantando. Ambos os Pokémon pareciam que não iriam conseguir aguentar muito mais.

— Pidgeotto, Rajada, agora! – ordenou Blue, provavelmente pensando que um ataque super efetivo seria o suficiente para tirar Machoke da batalha, mas Pidgeotto não se moveu, apenas olhou preocupadamente para sua treinadora.

— Não vai funcionar, Blue! – Red a repreendera aflito e num tom ríspido de voz. – Pidgeotto está paralisado, não vai conseguir se mover por um tempo. É com você, Pikachu, Time Duplo!

Algumas poucas cópias do Pokémon começaram a surgir. Em questão de segundos, era uma equipe de seis deles com centelhas saindo das bochechas, prontos para atacar. Confesso que eu suava frio, apesar da vantagem clara que tínhamos pelo menos pelos próximos minutos.

— Faísca! – ordenou Red.

Os seis Pikachus saltaram no ar, se espalhando, enquanto reuniam energia em seus corpos, fazendo com que pequenas faíscas os envolvesse, mas só o verdadeiro podia atacar... Qual seria? Era impossível saber!

— Noite Sombria neles! – bradei a Haunter.

O fantasma se posicionou no ar e começou a invocar uma escuridão que emanava do seu corpo se espalhando pelo ar, em direção aos Pikachus. Assim que o ataque tocava as copias elas sumiam imediatamente, uma a uma, até não sobrar nenhuma. Fiquei completamente desconcertada... Onde estava o verdadeiro Pikachu?

— AGORA! – gritou Red, e só então eu vi surgindo em meu campo de visão pela lateral esquerda do campo o verdadeiro Pikachu, que descarregava todo seu ataque em Haunter.

— Mas como? – indaguei ao ver o fantasma flutuar com dificuldades e Pikachu aterrissar sem nenhum arranhão.

— ESPLENDIDO SENHORAS E SENHORES! PIKACHU DA UM SHOW DE COMBINAÇÕES DE ATAQUE! VEJAM O REPLAY NO TELÃO! – o narrador estava aos berros, juntamente com a plateia. Voltei meu olhar para o telão atrás de mim, onde um replay em câmera lenta do ataque de Red era passado. – No exato momento em que as copias surgem, Pikachu fica mais atrás e usa o Agilidade para sair do campo de visão, enquanto Red pede para ele usar o Faísca, fazendo com que suas seis copias pulem no ar atacando, chamando completamente a atenção dos adversários que nem desconfiavam que o verdadeiro Pikachu não estava ali! Então, ele ataca Haunter pela esquerda sem nenhuma dificuldade! – explicou o narrador, eu não pude acreditar ao ver o replay, foi uma jogada incrível!

— Uma jogada totalmente ensaiada! – bradou Red alegremente.

— Não vai ser o bastante para nos derrubar! – falei. – Raio da Confusão!

— Evada com o Agilidade! – ordenou Red para seu Pikachu.

— Não vai, não! Machoke, impeça-o com o Chute Baixo! – o lutador, que já havia se recuperado do ultimo golpe, se moverá rapidamente na direção do rato elétrico.

— Acho que se esqueceram de mim! Pidgeotto, Ataque de Asa! – o Pokémon pássaro levantou voo com suas duas asas brilhando intensamente, desceu em um rasante rápido na direção de Machoke o acertando em cheio e o lançando aos pés de Green, causando danos sérios, mas não o suficiente para deixa-lo fora de combate. O ataque de Blue não havia parado por ali, Pidgeotto deu a volta no ar e acertou Haunter com muita força, fazendo o fantasma perder muita altitude.

— AGORA PIKACHU! APROXIME-SE DELE E DE O SEU MELHOR CHOQUE DO TROVÃO!

Era o fim para Haunter. Eu sentia seu cansaço, sabia que ele não aguentaria mais esse ataque. Então, era hora de fazer uma ultima jogada.

— AMALDIÇOAR! – o fantasma invocou, imediatamente, uma escuridão que começou a perfurar seu corpo, lançando, em seguida, uma caveira de fumaça em Pikachu que vinha correndo em sua direção enquanto carregava o Choque do Trovão. Haunter ficou fora de combate antes de Pikachu acerta-lo. O rato cessou sua corrida e sentiu a maldição lhe arrancar um pouco de seu HP.

— FOCO DE ENERGIA E DEPOIS SEU MELHOR GOLPE DE CARATÊ! – percebendo a brecha que eu havia criado, Green ordenou que seu Machoke atacasse o Pikachu, e assim o lutador o fez, mesmo que estivesse muito fraco, correu em direção ao rato e o acertou com a lateral de sua mão direita, enquanto seu corpo brilhava com a luz vermelha do foco de energia. Pikachu foi lançado no ar com um belo ataque critico e antes de atingir o chão foi afetado mais uma vez pela maldição. Quando atingiu o solo, o rato elétrico já estava fora de combate.

— Haunter e Pikachu estão fora de combate! – anunciou o juiz balançando a bandeira vermelha para os dois lados do campo.

— Somente Machoke e Pidgeotto sobram na batalha! O lutador parece que não irá aguentar muito mais, mas não quer se dar por vencido! Mesmo com Blue tendo Pidgeotto quase sem dano nenhum e ainda com a vantagem! Como será que a batalha irá se desenrolar? – questionou o narrador.

Red e eu recolhemos nossos Pokémons, enquanto observávamos Green e Blue se encarando seriamente, até o juiz recomeçar a partida.

< Por Brenda >

Naquele mesmo instante, não muito longe dali...

O chacoalhar do navio me fazia ficar um tanto enjoada, apesar disso eu não tinha saído da popa desde que embarcara no S. S. Anne. Debruçava-me sobre a amurada de barras de ferro, enquanto sentia o vento marítimo soprar meus dreads para trás e o cheiro salgado invadir minhas narinas, eu olhava para o chacoalhar das ondas e para o sol no horizonte, que pintava algumas nuvens com um tom alaranjado.

Aquela coloração, automaticamente, me lembrou dos cabelos de Rebecca, abaixei minha cabeça e me permiti deixar algumas lagrimas escorrerem pelo meu rosto e irem de encontro ao mar lá em baixo. Estava chorando de tristeza e de raiva. Rebecca pensava que perder só era difícil para ela? Pois ela estava muito enganada! Se soubesse o quanto eu me cobrava, e o quanto tudo aquilo me atingia... Ela nunca teria feito o que fez.

< Por Narrador >

Há 6 anos atrás...

Uma garoa fina caia levemente, como se as pequenas partículas de água simplesmente viessem flutuando antes de atingir o chão. Em uma das janelas, das diversas casinhas da cidade de Pewter, havia uma pequena garota observando a garoa que caia. Ela tinha a pele negra, seu cabelo castanho estava amarrado em trancinhas que desciam até seus ombros e seus olhos grandes tinham um tom de verde. A garota estava em cima de uma cama e se debruçava sobre o parapeito da janela, onde apoiava o cotovelo e segurava a cabeça, encarando a garoa com uma cara de tédio. Até que uma silhueta humana entrou em seu campo de visão, e parecia rumar em direção a casa. A garota arregalou os olhos e esboçou um enorme sorriso, pulando da cama e correndo em direção a porta do pequeno quarto, sem se dar ao trabalho de calçar os chinelos.

— O BRUNO CHEGOU! – gritava, enquanto atravessava a casa correndo, em direção à porta da entrada, que dava em um cômodo onde a sala e a cozinha eram juntas.

— Brenda, já disse para não andar descalça pela casa! Está muito frio! – bradou uma mulher que estava em pé na cozinha. Ela tinha a pele branca, longos cabelos pretos e olhos puxados da mesma cor.

Mas a garota não deu atenção àquelas palavras, escancarou a porta da frente bem na hora que um rapaz jovem, musculoso e alto havia chegado. Ele tinha a pele parda, seus cabelos castanhos estavam amarrados em um rabo de cavalo espetado, e seus olhos eram puxados e pretos, exatamente iguais aos da moça na cozinha.

A pequena Brenda se lançou nos braços do jovem, que a levantou com extrema facilidade e ambos se abraçaram com ternura.

— Fico fora por uns meses e você cresce tanto assim? Daqui a pouco vai estar mais alta que eu! – riu ele, enquanto colocava sua irmã mais nova no chão, que começou a pular de alegria em volta dele.

Bruno se dirigiu até a mulher na cozinha e a abraçou profundamente, esta sumiu completamente nos braços do filho de tão pequena que parecia perto dele.

— Você chegou cedo – disse ela ainda abraçada a ele. – Como foi sua viagem?

— Incrível – respondeu, soltando sua mãe e se voltando para sua irmã. – Johto realmente é um continente maravilhoso, mas como eu já tinha terminado de explorar quase tudo e treinado bastante, decidi voltar para casa mais cedo, estava morrendo de saudades. Onde está o Brock? – indagou olhando pela casa.

— Saiu para treinar hoje cedo e ainda não voltou – respondeu ela. – Seu pai está trabalhando.

— Você capturou muitos Pokémons? Viu Pokémons novos? Como é lá? E os líderes de ginásio? – Brenda interrompeu a conversa, tamanha era sua ansiedade. Fazia uma pergunta atrás da outra, queria saber tudo que o irmão tinha passado. A pequena nunca havia saído da cidade de Pewter nesses nove anos de sua existência, e sonhava com o dia que iria fazê-lo.

Bruno se dirigiu à pequena sala e sentou-se no sofá de três lugares, colocando sua pesada mochila que trazia consigo no chão. Brenda foi correndo até ele e se sentou em seu colo. Então, o irmão começou a narrar as partes principais da sua viagem de exploração e treinamento pelo continente de Johto para a irmã, enquanto sua mãe terminava de fazer o almoço.

— E então eu me vi em uma clareira enorme e bem lá no meio dela, havia algo rosado caído no chão... – Bruno narrava uma parte de uma das suas aventuras, enquanto Brenda o encarava com seus enormes olhos. – Era um pequeno Pokémon, estava desmaiado e muito ferido! Se eu não tivesse capturado e levado até o Centro Pokémon, ele certamente teria morrido. E sabe... ele não faz muito o tipo de Pokémon que eu uso no ginásio e nem é um dos meus tipos favoritos, mas eu o trouxe comigo. Então... tenho um presente pra você.

Bruno se inclinou para sua mochila retirando uma pequena Pokébola minimizada do seu bolso lateral e a pousando na mão de Brenda, que a encarava incrédula. A cena tinha conseguido chamar a atenção da moça na cozinha, que olhava seus filhos com um sorriso enorme no rosto.

— Você está me dando um Pokémon? – indagou a pequena Brenda. Bruno apenas sacudiu a cabeça positivamente.

— Vamos! Lance a Pokébola! Quero ver o que você acha dele.

Brenda desceu do colo do irmão, e maximizou a esfera, como já vira seus irmãos fazendo milhares de vezes. Lançou a Pokébola no carpete da sala sem dizer uma palavra e esta se abriu, revelando um pequeno Pokémon rosado. Ele tinha cerca de 30 cm de altura, seu corpo era redondo, tinha uma pequena boca e um par de olhos de um rosa bem mais escuro que seu corpo, tinha mãos e pés pequenos e sem dedos, no topo da sua cabeça se formava o que parecia ser um tufo de cabelo com um topete no meio da testa.

A garota se aproximou do Pokémon, mas este pareceu não gostar muito do ato.

— IGGLY! – exclamou, enquanto inchava um pouco seu corpo fazendo cara de bravo.

— Ele é um pouco ranzinza, mas é só pose. O nome dele é o Igglybuff – explicou Bruno.

Brenda se ajoelhou no chão, o Pokémon continuou inchado. Ela acariciou a cabeça dele e ele pareceu gostar muito do carinho, se permitindo desinchar um pouco.

— Ele é uma gracinha! – sorriu ela, com seus olhos marejados de felicidade. – Obrigada, Bruno! – permitiu-se abraçar seu irmão mais uma vez.

— O almoço está pronto! – exclamou a moça asiática. Então os três se sentaram à mesa e conversaram felizes enquanto comiam. Igglybuff também recebeu um grande pote de ração, da qual comeu bem satisfeito.

Algumas horas depois...

Brenda acordou sentindo um incomodo em sua barriga, indicando que estava com a bexiga cheia. O relógio luminoso na sua cabeceira marcava exatas 23h30. Seu Igglybuff dormia profundamente ao seu lado na cama, inchando e desinchando conforme respirava. Levantou-se com cuidado para não acorda-lo e saiu do quarto para ir ao banheiro.

Estava escuro quando saiu para o corredor, com exceção de um pequeno ponto de luz que vinha da cozinha. Viu que a porta do quarto de seus irmãos estava aberta e percebeu, com ajuda da luz do luar que entrava pela janela e iluminava o quarto, que somente Brock estava dormindo em sua cama e a outra, do irmão mais velho, se encontrava vazia. A mesma coisa no quarto dos pais, a porta estava entreaberta e ninguém dormia na cama de casal. Ouviu vozes vindas da cozinha como um sussurro. Começou a andar pelo corredor com os pés descalços como costumava fazer, mas passou direto pela porta do banheiro, encostando-se à parede quando chegou perto da cozinha e começou a ouvir a conversa entre seus pais e Bruno.

— Pretendo partir daqui a uma semana – ouviu a voz de Bruno dizer.

— Uma semana?! – exclamou a mãe – Você acabou de chegar!

— Por que quer partir tão cedo, filho? – indagou a voz do pai.

Brenda inclinou-se levemente para contemplar a cena.

Bruno estava sentado em uma das cadeiras da mesa da cozinha, sua mãe sentava-se ao seu lado e seu pai, um homem negro, de cabelos curtos e olhos bem verdes estava em pé encostado na pia da cozinha.

— Conheci um cara em minha jornada por Johto, ele me fez uma proposta. Caso eu passe em uma bateria de testes pode ser que eu consiga um novo emprego – explicou. Falava como quem tinha certeza de que os pais não gostariam da notícia.

— Mas e o ginásio? – questionou o pai, que se referia ao ginásio da cidade, do qual Bruno era líder.

— Pretendo passa-lo para o Brock... acho que ele já está pronto.

— Mas você está trabalhando no ginásio não faz nem três anos! E seu irmão é muito novo – explicou a mãe.

— Brock chegou às oitavas de final da Liga Pokémon, mãe! E ele vem treinando duro nesses meses... e eu era só um ano mais velho que ele quando assumi o ginásio. Eu vou treina-lo para isso, prometo.

— Mas eu achava que era uma honra pra você ser líder de ginásio! – esbravejou seu pai.

— Olha... ser líder por esses anos foi incrível para minha experiência como treinador, mas eu não quero passar a vida toda aqui pai... eu... eu quero conhecer o mundo, enfrentar pessoas diferentes, de todos os níveis possíveis, pessoas fortes! E esse novo emprego vai me permitir fazer isso, se eu conseguir...

— E como é esse emprego novo?

— Não posso entrar em detalhes... – sua mãe lhe lançou um olhar alarmado. – Ao menos não ainda, não até eu conseguir a vaga.

— E pra onde você vai? – voltou a perguntar.

— Não vou estar longe. É atrás das montanhas, depois do Planalto Índigo, não vou demorar.

Seus pais suspiraram pesadamente, não gostavam da ideia de o filho partir novamente, sem dar detalhes do que se tratava exatamente. “Ao menos eles deixam o Bruno ir. Ele é forte e sabe se cuidar, já eu...” pensou Brenda, enquanto encarava os seus pés descalços.

Bruno fora a primeira pessoa da cidade de Pewter a ganhar uma Liga Pokémon, a que ocorreu há três anos atrás. Fora recebido com a maior festa quando retornou à cidade, conseguindo a vaga como líder de ginásio logo quando a seleção abrirá, pois o antigo líder estava se aposentando. E tudo isso, com apenas 16 anos. Atualmente com 19, ele era, sem dúvida, o maior orgulho da família. E depois de sua viagem de treinamento por Johto, partiria atrás de elevar seu nível como treinador e Brenda sabia que ele conseguiria, pois ele nunca perdera para ninguém.

Já Brock não ficava atrás. Na última Liga Pokémon, que ocorrera a alguns meses, o irmão do meio da família Rocha havia conseguido chegar até as oitavas de final. Fora que, desde pequeno, Brock tinha extrema facilidade em se aproximar dos Pokémons e viera, nesses quase três anos em que seu irmão mais velho tinha assumido o ginásio, cuidando sozinhos dos Pokémons que Bruno usava em suas batalhas, sendo que tudo o que sabia tinha lido em livros de medicina Pokémon. Seus pais achavam que ele era um verdadeiro prodígio, e que, futuramente, seria o maior Criador Pokémon de todos os tempos. E agora Brock iria assumir o posto de Bruno, como líder de ginásio, apesar de não ter nem 16 anos ainda.

E o que restava para ela, afinal? Se ganhasse uma Liga Pokémon, ótimo, Bruno já tinha feito isso antes. Se virasse líder de ginásio, seria só depois dos seus dois irmãos já terem feito. Se terminasse de explorar todos os continentes do mundo e visto todos os Pokémons existentes, Bruno já teria terminado a tarefa há uns bons anos antes, no ritmo em que estava. Se fosse uma grande Criadora de Pokémon, nunca seria melhor que Brock. Parecia que ela estaria sempre atrás deles, não importa o quanto corresse.

Sempre se sentira diferente dos irmãos. Primeiramente porque era uma garota, e apesar de os três sempre brincarem juntos, por vezes se sentira muito excluída. Segundamente que, quando ainda era pequena demais para entender, reparava que era diferente dos irmãos na aparência. Ela havia puxado completamente ao pai, enquanto seus irmãos eram uma perfeita mistura de seus pais. Por vezes, Brenda subia em uma cadeira e se colocava em frente ao espelho do banheiro e começava a puxar seus olhos, esperando que se os puxasse muito, uma hora ou outra, ficariam como os de sua mãe e irmãos. Às vezes até os prendia com fita adesiva até eles começarem a doer. Nessa mesma fase, desejava ter sua pele mais clara, uma pele parda como a dos irmãos, queria ser inteiramente como eles e não se sentir tão diferente. Não gostava quando sua mãe saía com os três e perguntavam de quem ela era filha, nunca perguntavam isso dos irmãos! Por vezes pensava que não era, de fato, filha da sua mãe. Simplesmente não entendia porque nascerá diferente.

Até sua mãe a flagrar puxando seus olhos na frente do espelho e perguntar o que estava acontecendo. Depois de dizer a verdade, sua mãe a repreendeu com um grande sermão, dizendo que só porque não havia em sua aparência traços dela não significava que Brenda não era sua filha, e que não deveria se sentir diminuída por ter puxado mais ao pai, pois ele era um grande homem de quem ela deveria ter muito orgulho.

Depois que essa fase passou, outra veio. Agora, Brenda não se sentia diferente, só se sentia inferior, e foi pensando nisso que ela correu novamente para o quarto, perdendo a vontade de ir ao banheiro, deitou-se na cama e se pôs a chorar até dormir.


Notas Finais


Muito obrigada por lerem pessoal, não esqueçam de comentar, por favor! Se vão consumir meu trabalho, ao menos o apoiem deixando aquele feedback maneiro!
Link da fanfic do Rafa:https://www.spiritfanfiction.com/historia/desbravando-hoenn-5328234
Link do projeto com os outros escritores: https://www.spiritfanfiction.com/historia/8-nos-13271636
Até o próximo capitulo gente!


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