Por Madara
Eu não estava muito a fim de ir a essa janta de hoje, especialmente porque o Hashirama estará lá e nós não estamos nos falando. Mas Orochimaru insistiu, disse que Jiraiya está considerando retornar à universidade e que este jantar vai ajudar na sua decisão. Como Orochimaru está ocupado demais e recusou participar de meu projeto, eu preciso de outro grande pesquisador, e este alguém terá que ser Jiraiya.
Hashirama e eu não nos falamos desde que ele me acusou de ter um caso com a Ino, a bolsista dele. Ele sequer falou comigo quando desconfiou da possibilidade, mas armou uma situação para tentar me desmascarar. Só de lembrar disso, enxergo vermelho de raiva. Imagine confiar cegamente em alguém e esta pessoa não retribuir nem 1% da sua confiança?
Se não fosse a ligação que Ino recebeu, eles teriam nos flagrado em outra posição, em que ela estava vendo meu brinco novo, e teriam entendido tudo errado sem sequer termos tempo de nos explicarmos. Seja lá quem a alertou, essa pessoa tem minha gratidão.
Toco a campainha da casa que vi Karin sair no fim de semana passado e aguardo até que alguém a abra. Eu havia mandado mensagem para Orochimaru avisando que estava chegando e ele me disse que seu filho Sasuke estava na sala e abriria a porta para mim.
— Boa noite. — respondo quando um dos filhos do Orochimaru abre a porta. — Você deve ser o Sasuke.
— E você é o senhor que levou minha irmã para uma festa. — ele diz sem fazer rodeios.
— Eu dei uma carona a ela. — o corrigi. Só o que me falta se espalhar o boato que eu me relaciono com alunas, primeiro o mal-entendido com Ino e agora esse da Karin. Ambos causados por Hashirama.
— Eu sei o que você fez, eu tava na festa. — ele diz e abre espaço para eu passar.
O que ele quis dizer com isso? Se ele estava na festa, ele sabe que eu não estava com a irmã dele. Ou será que ele está jogando verde achando que eu vou confessar algo?
— Obrigado. — agradeço ao passar por ele, mas não sentia gratidão nenhuma pela sua recepção acusatória. — Onde estão os adultos?
— Na sala de jantar. — ele diz, mas não se move para me mostrar onde seria a sala de jantar.
— É minha primeira vez aqui. — informo a ele.
— Que bom que a Karin não te convidou para entrar naquela noite então. — ele responde, cruzando os braços.
Respiro fundo, vai ser uma noite daquelas. Enquanto tento formular minha próxima frase sem chamar o garotinho de abusado, a campainha toca novamente.
Sasuke não pede licença para me dar as costas e abrir a porta para Jiraiya e um adolescente.
— E aí, tio. — Sasuke o cumprimenta. — Meu pai e os outros tão lá na sala de jantar. Vem Naruto, vamos jogar no meu quarto.
Jiraya e Orochimaru não são irmãos, por que Sasuke o chamou de tio?
— Seus irmãos não estão em casa? — o tal Naruto pergunta. — Eu queria conhecer eles.
— Acho que tão estudando, tá cada um no seu quarto. — ele diz, sem parecer ter certeza. — Vamos logo.
— Já veio aqui antes, Madara? — Jiraiya me pergunta quando os garotos nos dão as costas.
— É assim que você me cumprimenta depois de todos esses anos? — pergunto abrindo os braços.
— Você virou um homem de abraços, Madara?! — ele se surpreende, mas se aproxima e cerra seus braços em minhas costas. — Tá mudado mesmo.
— Eu abri uma exceção para você. — digo. — Você faz falta no departamento.
— É assim que você admite estar com saudades? — ele sorri.
— Respondendo à sua primeira pergunta: nunca vim aqui. Sabe onde é a sala de jantar?
— Deve fazer uma década que eu não venho aqui, mas acho que lembro onde é, me segue. — ele diz confiante.
— Era seu filho aquele rapaz? — pergunto, puxando assunto enquanto ele me guia, passamos do hall para a sala de estar.
— Meu afilhado, filho do Minato. Lembra dele?
— Aquele aluno que também gostava de anfíbios?! — pergunto.
Logo que começamos a lecionar, tivemos um aluno que teve grande afinidade com Jiraiya por também se interessar pelo estudo das espécies de sapo, e quando o rapaz perdeu os pais num acidente, Jiraiya o acolheu em casa.
— Ele mesmo, se casou logo que terminou a faculdade. Quando teve o filho, você nem imagina minha surpresa quando ele me chamou para ser padrinho. — ele diz com certa emoção na voz.
— Consigo imaginar. — minto. Por ser muito fechado, obviamente nenhum amigo acredita que eu seja bom com crianças o suficiente para ser padrinho de uma. Não que eu tenha muitos amigos com filhos, mas Orochimaru, por exemplo, tem 5 filhos e não me chamou para ser padrinho de nenhum deles.
— Jiraiya! — Hashirama exclama quando passamos da sala de estar para a sala de jantar.
Eles se abraçam e aproveito o momento para ir cumprimentar à reitora sem ter que cumprimentá-lo.
— Boa noite. — aperto a mão dela.
— Boa noite, Madara! — ela diz animada.
— Boa noite, Orochimaru. — cumprimento o anfitrião. — Eu trouxe um vinho. — entrego a sacola presenteável com a bebida a ele.
— Obrigado, Madara! — ele agradece, tirando a garrafa da sacola. — Você tem muito bom gosSsSto.
— De nada, e você tem uma bela casa. — continuo com as formalidades.
— Eu tento. — ele diz humildemente.
Como ele tem uma família grande, eu esperava que sua casa fosse bagunçada. Pelas peças que passei (o hall e a sala de estar) eu nem diria que ele tem cinco filhos. Sei que três de seus filhos estão na universidade, mas só conheço Karin. E ela é bem organizada, nunca deixa nenhum material fora do lugar na sala de pesquisa. Talvez todos seus filhos sejam organizados como ela. Eu acreditava que isso fizesse parte da sua personalidade, mas será que é da sua criação?
— E as crianças, Orochimaru? — Jiraiya interrompe meus pensamentos anunciando a sua pergunta.
— Estão crescidos. — ele sorri. — O Juugo, a Karin e o Suigetsu já estão na universidade. Eu tive mais dois desde que você se mudou: o Sasuke, que você conheceu ontem, e o Mitsuki, que está na aula de judô. Logo mais a van escolar o deixa aqui e eu te apresento ele.
— Aqueles três já estão na faculdade?! — ele diz surpreso. — Nossa, como o tempo passa.
Ouvimos passos apressados descendo as escadas:
— Eu ouvi a voz do tio Jiraiya? — um garoto de cabelos alvos entra na sala de jantar, mas espera na porta para gritar: — KARIN, JUUGO, O TIO JIRAIYA TÁ AQUI!
O garoto corre até Jiraiya e o abraça.
— Olha como você tá grande, Suigetsu! Eu lembro quando eu virava você de cabeça para baixo! — Jiraiya parece realmente chocado com o quanto o garoto cresceu em mais de dez anos.
É assim que as pessoas que levam jeito com criança reagem? Não era esperado que ele crescesse tanto?
— Espera só até você ver o Juugo. — o garoto sorri.
— Tia Tsunade, você também tá aqui! — Suigetsu se dirige a ela. — Ah, na verdade você agora é reitora Tsunade, né?
— Eu te vi engatinhar, vou ser sempre tia para você! — ela sorri e abre os braços para um abraço, ele a cumprimenta de imediato.
Eu sabia que Tsunade, Jiraiya e Orochimaru eram amigos no passado, mas realmente não fazia ideia do quanto. Então a amizade deles é o que faz seus filhos chamarem seus amigos de tios?
Ouvimos mais passos pela escada e um jovem alto de cabelos ruivos alaranjados entrou na sala, seguido de Karin, que mirou seu olhar diretamente em Jiraiya:
— Tio!!! — eles disseram juntos.
O jovem mais alto o abraçou primeiro e foi a primeira vez que vi Jiraiya precisar olhar para cima para cumprimentar alguém: o filho mais velho de Orochimaru deve ter mais de dois metros.
— Caralho... — foi a primeira vez que vi Jiraiya falar um palavrão. E, fora o palavrão, ele estava sem palavras.
— Quanto tempo, tio! — era estranho ver um homem do tamanho dele chamando outro de tio, mas ele é apenas um jovem adulto.
— Juugo, o que o Orochimaru colocou na sua dieta? — Jiraiya ainda estava perplexo. Juugo sorriu e deu espaço para Karin cumprimentá-lo.
Por ser bem mais baixa, ela ficou na ponta dos pés para jogar seus braços ao redor de seu pescoço, e Jiraiya a levantou do chão no abraço, a girando no ar:
— Karin! Quanto tempo, pequena? — ele a coloca no chão. — Digo, nem tão pequena. Você também cresceu. Menos que os meninos, mas cresceu.
— E aí, tio. Voltou pra cidade para ficar? — ela pergunta.
Noto Juugo cumprimentando Tsunade, enquanto Suigetsu se apresenta para Hashirama, mas prefiro não prestar atenção: como Jiraiya já teve um histórico de se envolver com garotas jovens, fico alerta à sua proximidade com Karin.
— E você deve ser o professor Madara. — o garoto do cabelo branco me obriga a desviar a atenção. — Eu sou o Suigetsu, estudo Engenharia Hídrica. Tô na turma do meu pai de Bio Celular.
— É um prazer. Sou o Madara sim. — aperto sua mão.
Juugo vem logo após Suigetsu.
— Eu sou o Juugo, estudo Veterinária e também estou na aula de Biologia Celular. — ele aperta minha mão de modo firme.
— Prazer. — respondo.
— Espera, vocês dois estavam na festa de artes, não? — Suigetsu aponta para mim e Hashirama. — Vocês fizeram uns passos de dança coreografados na pista!
Karin se vira para prestar atenção.
— O quê? — Hashirama finge não ter escutado, enquanto planeja uma resposta. Ele não quer que Karin saiba que fomos reconhecidos.
— Estávamos. — respondo, estragando a aposta dele. Se eu perdesse, deveria dar uma sexta-feira de folga para Karin. Se ela tirar folga, eu posso fazer minha parte do projeto de casa e não preciso ficar na sala com Hashirama.
— Vocês mandaram bem. — Suigetsu responde.
Karin faz contato visual comigo. Eu queria pedir a ela que não mencionasse a aposta em voz alta, pois já quase fiquei em maus lençóis com Orochimaru por causa dessa aposta. Eu estava preparado para ter que explicar para a reitora quando Karin abriu a boca:
— Professor Madara, não havia lhe visto, desculpe! — ela estendeu a mão. — Tudo bem com o senhor?
— Tudo bem sim, e com você? — retribuí o cumprimento.
— Tudo ótimo, eu havia acabado de ler seu e-mail me informando sobre a folga de sexta-feira do projeto. — ela mente ardilosamente e sou grato por ela usar essa maneira para não revelar a aposta.
— Que bom que a notícia a deixou feliz. — respondo. — Espero que aproveite sua folga.
— Aproveitarei sim. — ela se vira para Hashirama e o cumprimenta brevemente, depois indo cumprimentar Tsunade: — Tia, há quanto tempo você não vinha aqui em casa! Esses dias te vi no corredor da universidade, mas fiquei “será que eu posso cumprimentar?” e, até eu decidir, você já tinha passado.
— É claro que pode cumprimentar! — ela abraça Karin e dá um beijo em sua bochecha.
É estranho que eu seja o menos próximo da minha bolsista? Ou só é estranho que todos os outros sejam muito próximos a ela?
— Foi bom ver vocês, mas agora vamos conhecer o amigo do Sasuke, tenham um bom jantar. — Juugo informa, falando em nome dos três.
— Não vão jantar com a gente? — Tsunade pergunta.
— A gente vai pedir pizza e comer enquanto joga. — Suigetsu informa.
— Boa pizza para vocês então. — Tsunade deseja.
— Depois eu jogo uma partida com vocês, tem FIFA? — Jiraiya pergunta.
— Tem sim, vamos te esperar, tio! — Juugo responde.
Os três se retiram da sala juntos.
[...]
Algumas horas após o jantar:
Tsunade, que já estava bebendo desde antes de eu chegar (como descobri mais tarde), dormia com a testa na mesa de jantar. Por ela ser prima de Hashirama, até que somos bem próximos. Creio que essa seja a única explicação para ela perder completamente a postura de reitora em um jantar com professores: dois são seus amigos de longa data, um é seu primo e o outro... Bem, não sei o que sou. Será que sou o ex-melhor-amigo do primo dela? Será que, por parte dele, nunca chegamos ao nível “melhor” amigo?
Da minha parte, ele sempre esteve no topo da minha lista de amigos. Eu furei a orelha por causa dele! Compartilhei todos meus pensamentos com ele, incluindo quando achei que Orochimaru estivesse tendo caso com uma aluna, que depois descobrimos que era apenas um equívoco, já que a aluna é sua filha e só estava na casa dele porque ela mora lá! Lá, no caso, aqui. E, enquanto isso, Hashirama foi diretamente à sua prima quando desconfiou de mim, sem nem tentar ouvir meu lado da história.
Jiraiya conversava fervorosamente com Hashirama sobre o seu novo livro e Orochimaru estava na cozinha lavando a louça. Levanto-me em direção à cozinha, para lhe fazer companhia:
— Precisa de ajuda? — pergunto.
— Já estou terminando aqui, por que não escolhe o próximo vinho? A adega está à sua direita. — ele aponta com o queixo.
— Honestamente, acho que já deu de bebida: Tsunade está dormindo, Jiraiya também está bastante alcoolizado e Hashirama vai ficar sem beber por um tempo. — relembro a ressaca que ele teve após a festa do curso de artes.
— E você? — ele me pergunta.
— Bebi o suficiente. — respondi, degustei duas das três garrafas que ele abriu.
— Não está se divertindo. — não foi uma pergunta.
— Estou. — menti.
— Você e Hashirama não trocaram uma palavra hoje. — ele observou.
— Pois é. — foi tudo que consegui responder.
— Obrigado por ter vindo. — Orochimaru disse terminando de lavar a louça e virando-se para apoiar o quadril na pia. — Sei que está desconfortável, mas se esforçando para nos ajudar a levar Jiraiya de volta para a universidade. Então sou realmente muito grato pelos seus esforços.
— Todos temos a ganhar com o retorno dele. — justifico.
— Acho que fizemos um bom progresso. — ele diz otimista. — Agora basta a Tsunade fazer a proposta oficial.
Eu realmente espero que ele aceite. Quando ele retomar as aulas que foram distribuídas entre nós três, teremos mais horas para distribuir entre projetos. E estou com um bom pressentimento ao projeto de células-tronco que estou estudando com a ajuda de Karin.
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